― Me conte tudo! ― Ruby falou sentando-se ao lado de Emma. ― Não acredito que você namora minha chefe.
― Não tenho muito o que contar. Gosto dela. Ela gosta de mim. Estamos vendo onde vai dar.
― Em casamento ― Ruby desceu da moto e entregou o capacete para Emma.
― Pare de falar bobagens. Não estamos nisso ainda. Namoramos á poucos dias.
― Ok. Me avise quando precisar sair de sua casa.
― Você acha que vou te mandar embora? ― Emma guardou o capacete no baú da moto e cruzou os braços, achando estranho aquela reação da amiga.
― Talvez você queira privacidade.
― Ruby, já falamos sobre isso. Saia de lá quando se sentir a vontade.
― Não quero te atrapalhar.
― Não vai. Nunca atrapalhou e não será agora que isso vai acontecer.
― Antes você não tinha namorada, agora você tem.
― Se eu precisar de privacidade por uma noite, eu te aviso com antecedência, pode ser?
― Ok. Vou entrar, minha chefe já deve estar me esperando ― Piscou e Emma balançou a cabeça.
― Estou indo ver minha mãe, passo aqui mais tarde para te buscar.
― Não quer entrar e falar com a Regina?
― Ela entrou em cirurgia, vou falar com ela mais tarde. Até mais ― despediu-se da amiga e voltou a subir na moto indo para a clínica.
Era quarta feira, desde o domingo ao qual Emma acordou nos braços de Regina, as duas inverteram as posições durante a noite, ela não tinha visto a namorada.
Acordaram cedo e Emma fez o café da manhã para Henry. Omelete recheado com queijo, tomate cereja e manjericão. Regina estava com ela, embora Emma tenha dito para ficar na cama. Tomaram café juntos e a loira despediu-se de Henry e de Regina, lhe dando um beijo nos lábios. Desde então não tinha visto a morena. Conversando apenas por mensagens.
― Emma? Como você está? ― perguntou Tiana, ao ver a loira na recepção.
― Estou bem. Minha mãe?
― Está no quarto dela, ela está bem. Perguntou por você.
― Ok. Vou vê-la ― disse saindo dali e indo em direção ao quarto de sua mãe. Bateu na porta e entrou, a mulher estava sentada em uma poltrona com um livro em mãos, Emma não conseguiu ver o nome. ― Mãe? ― ao chamar a mulher, ela levantou a cabeça encarando a pessoa que a chamou. Sorriu ao ver e reconhecer sua filha.
― Oi querida ― bateu com a mão na outra poltrona para a filha se sentar ao seu lado, assim Emma fez.
― Como você está hoje?
― Bem ― passou a mão pelos cabelos, que já estavam um pouco maiores. ― Gostaria de te pedir uma coisa.
― Pode pedir.
― Corta o meu cabelo? ― perguntou baixo, Emma quase não a escutou. ― As mulheres daqui não sabem como eu quero.
― Claro. Eu vou pedir uma tesoura e já volto ― a mulher assentiu e Emma saiu do quarto. Caminhou até a recepção e encontrou com Tiana. ― Minha mãe quer cortar os cabelos.
― Ela comentou algo hoje pela manhã. Temos tesoura aqui, você quer fazer isso?
― Sim, mas não é perigoso?
― Você acha que ela pode tentar algo?
― Não sei, se quiser cortar, coloco alguém para ficar por perto.
― Eu agradeço ― Emma diz, a mulher pega a tesoura e uma maquina de cortar cabelos e volta para o quarto. ― Vamos para o banheiro? ― a mulher assente, caminhando para o cômodo indicado. Emma pega uma cadeira que estava próxima a escrivaninha e leva para lá. A mulher se senta de frente para o espelho, Emma lhe entrega uma toalha para colocar nos ombros. ― Como você quer seu cabelo?
― Curto, igual eu usava quando você era pequena ― Emma assentiu, um pouco espantada por a mulher se lembrar de como era seu cabelo. Emma começou a cortar, quando era adolescente fez um pequeno curso de corte de cabelo, às vezes aparava as pontas dos seus, mas á muito tempo não cortava o cabelo de outra pessoa. Em dados momentos olhava para o reflexo da mulher através do espelho e ela estava parada, sem esboçar nenhuma reação.
― Pronto ― disse ao terminar de passar a maquina atrás. Estava curtíssimo, do jeito que a mãe sempre deixara. ― Gostou?
― Sim... obrigada.
― Vou devolver isso para Tiana, eu já volto ― disse saindo do cômodo e voltando para a recepção. ― Terminei.
― Como ela está?
― Disse que gostou. Tiana preciso perguntar uma coisa. Será que é seguro contar para ela que eu estou em um relacionamento?
― Por que não seria?
― Não sei, queria apenas ter certeza.
― Sei que sua mãe não é exatamente a mulher que você costuma se lembrar, ou até mesmo a mulher que ela costuma se lembrar que um dia foi, mas é importante continuar conversando, visitando.
― É complicado. Pelas coisas que aconteceram no nosso passado, acho que o certo seria nem vir.
― Entendo Emma. A escolha é inteiramente sua.
― Ok. Vou falar com ela e obrigada.
Ao entrar no quarto da mãe a mulher estava de volta a poltrona, Emma lembrou-se de quando tinha seus dezesseis anos e a mulher ficava exatamente desse mesmo jeito em casa.
― Eu queria te contar uma coisa ― a mulher volta a lhe encarar, Emma esta encostada na porta. ― É... eu estou namorando... uma pessoa. Gostaria que a conhecesse.
― Namorando? ― perguntou, franzindo a sobrancelha.
― Sim, ela é uma pessoa incrível. Tem um filho também.
― Ela?
― É, o nome dela é Regina ― disse sem conseguir se mover, esperando a reação explosiva da mãe, reação essa que não veio.
― Eu preciso descansar um pouco ― levantou-se e caminhou para a cama. Pode fechar a porta ao sair?
― Posso trazê-la na próxima semana?
― Claro ― disse baixo, Emma fecha a porta deixando a mulher sozinha.
― Como foi? ― Tiana pergunta ao ver a mulher aproximando-se da recepção.
― Depois que contei ela ficou pensativa, perguntei e poderia trazer a Regina na próxima vez e ela disse “claro” mas não falou mais nada.
― Talvez ela esteja pensando sobre. Ela sabe que você namora mulheres?
― Não sei se ela se lembra.
― Qualquer coisa eu aviso á você, mas tente trazer Regina na próxima vez.
― Ok. Obrigada Tiana ― despediu-se da mulher e caminhou para o estacionamento, indo para casa.
Ruby tinha lhe mandado uma mensagem dizendo que iria sair com Dorothy, provavelmente dormir lá, Emma aproveitou para mandar uma mensagem para Regina, convidando a mulher para uma noite de pizza e filmes em sua casa. A morena logo aceitou e marcaram para que a mulher chegasse em sua casa ás vinte horas, já que precisava dormir cedo para Henry ir á escola no dia seguinte.
Ás dez para as oito horas a campainha de Emma toca. A mulher corre para atender, sabendo quem é. Ao abrir se depara com sua namorada. Emma não cansava de admirar a beleza de Regina, a mulher trajava uma calça preta de cintura alta, uma blusa vermelha com decote em V lisa, os cabelos amarrados em um rabo de cavalo. Estava linda e cheirosa, mesmo um pouco distante Emma conseguiu sentir o cheiro de seu perfume, amadeirado, seria carvalho?
― Oi Emma. ― Henry diz tirando a mulher de seus pensamentos.
― Hey garoto. Entrem ― o garoto rapidamente entrou e sentou-se no sofá.
― Oi ― Regina diz, parando á sua frente. Emma leva a mão na cintura da morena, lhe dando um abraço.
― Oi.
― Senti sua falta ― Regina diz baixinho, aproximando-se para dar um beijo nos lábios da mulher.
― Tem crianças na sala, assim, apenas avisando ― Henry resmunga e Emma sorri, afastando-se de Regina.
― Que criança?
― Eu sou uma criança Emma, a única criança da vida de vocês e que vocês mais amam ― Emma virou-se par encarar Henry e Regina aproveitou para lhe abraçar por trás.
― Tem razão, amamos você, mas criança você não é e eu tenho o direito de dar um beijo na sua mãe ― Emma piscou para ele e sentiu Regina apertar mais o seu corpo e lhe dá um beijo no ombro.
― Eca
― Você quer um também? ― Emma pergunta, afastando-se um pouco de Regina e indo em direção a Henry no sofá.
― Claro que não. Emma nem vem ― diz tentando afastar-se da loira, mas já era tarde, ela o alcança e lhe dá cócegas, fazendo-o cair no chão e começa a lhe dar beijos no topo da cabeça.
― Tudo bem eu nunca mais reclamo dos seus beijos com a minha mãe.
― Muito esperto garoto. Agora pedi pizza, escolhe um filme na netflix enquanto falo com sua mãe por cinco minutos lá no quarto.
― Vocês não vamos fazer nada indecente para meus ouvidos inocentes ouvirem não é?
― Claro que não ― Emma diz olhando para Regina que guardava o seu celular no bolso da calça.
― Ok. Vou escolher o filme.
― Ok. Já voltamos. ― Emma sai de perto do menino e caminha em direção ao seu quarto com a mãe dele a seguindo.
― Você é bem organizada ― comenta, observando o quarto da loira.
― Obrigada. ― Emma encosta a porta e tranca com a chave, segura nas mãos de Regina e a trás para si.
― Me trancou aqui com você apenas para me beijar? Lembre-se que meu filho está no cômodo ao lado.
― Não foi somente para isso, mas não custa nada aproveitar a oportunidade. ― segurou na cintura da mulher, a abraçando. ― Amo o cheiro do seu perfume.
― Eu sei, por isso coloquei ele hoje ― responde, sentindo os lábios de Emma em seu pescoço, dando leves beijos, fazendo sua pele arrepiar. ― Em-ma...
― Oi ― disse baixo, ainda dando beijos.
― Estou com saudades ― Regina lhe afastou de seu pescoço e capturou seus lábios. Rapidamente Emma andou com a mulher até a beirada de sua cama, Regina virou os corpos e deitou Emma no colchão, subindo em cima dela.
― Henry esta logo ali ― disse beijo, sem afastar os lábios dos da morena.
― Não vamos fazer nada demais, quero apenas matar a saudade.
― Nos falamos todos os dias.
― Mas não são todos os dias em que eu te beijo.
― Pode me beijar agora.
― Com todo prazer ― Regina deu uma leve mordida no lábio inferior da loira, para logo em seguida iniciar o beijo onde havia troca de línguas e pequenos chupões. Emma soltou um gemido baixo, tocando nas costas da morena com a ponta dos dedos ― Emma? ― disse baixo, mexendo-se um pouco ― Melhor nos descemos.
― Sim ― disse beijando novamente, Regina levou uma das mãos para a cabeça de Emma, acariciando seus cabelos. ― Amo o seu filho, amo mesmo, mas é uma pena ele está lá na sala agora ― Regina sorriu.
― Entendo o sentimento ― disse afastando-se e sentando-se na cama. Emma fez o mesmo. ― sobre o que você quer falar?
― Bom... Visitei minha mãe hoje.
― Como ela está?
― Tem dias melhores que outros. O que eu queria saber é se você quer conhecê-la? ― Regina encarou a namorada.
― Ela sabe que você esta namorando uma mulher?
― Sim, eu contei para ela. Ela não teve reação, ficou quieta.
― Entendo.
― É cedo? Se achar cedo podemos esperar mais.
― Não, não é cedo. Eu adoraria conhecer sua mãe.
― Mesmo? ― Regina pegou nas mãos de Emma e depositou um beijo ali.
― Mesmo.
― Ok. Então próxima quarta feira? Mas você trabalha.
― Podemos ir em meu horário de almoço.
― Ok. Passo lá para te pegar ― Regina assentiu e depositou um beijo nos lábios da loira.
― Agora vamos ir assistir com Henry.
― Ok. Ele já deve estar agoniado.
― Sim, não duvido disso. ― ambas as mulheres levantaram e caminharam até a porta. ― Há outra coisa, vai ter uma festa em uma casa que alugaram no litoral para minha prima Isabelle. Gostaríamos que você fosse.
― Gostaríamos?
― Sim, minhas mães perguntaram de você. Zelena quer te conhecer e Isa também. Ela está fazendo vinte e um anos. Vai ter apenas a família. Sua irmã, seus pais e alguns primos e minhas mães.
― Ok. Eu adoraria. Mas preciso saber o dia.
― Será no feriado prolongado. Vocês vão abrir?
― Sim. Mas consigo falar com Se-ri para conseguir ir.
― Certeza?
― Sim. Agora vamos lá que o garoto já deve estar cansado de esperar.
― Ok. ― Regina lhe deu outro beijo nos lábios e saíram do quarto. Assim que saíram a campainha tocou.
― É a pizza.
― Deixa que eu pego. ― Regina caminhou até a bolsa que estava no balcão.
― Já está pago, é só pegar.
― Ok. Já volto. ― caminhou até a porta e Henry encara Emma.
― O que foi? ― Perguntou aproximando-se
― Sua cara ta vermelha. É de vergonha ou foi por beijar a minha mãe por todo esse tempo?
― Henry eu... ―Emma parou de falar ao perceber que o menino estava rindo. ― Você é muito engraçado sabia.
― Não sou eu que estou com a cara manchada de batom.
― Henry, pare de provocar Emma ― Regina disse colocando as pizzas no balcão e indo para o lado de Henry. Emma caminhou até o banheiro e voltou com um lenço.
― Sim, quando você começar a namorar, vou te envergonhar ― disse passando um lenço umedecido no rosto.
― Não fará isso, não vou namorar tão cedo.
― Com toda certeza não, você é meu bebê. ― Regina disse dando um beijo no rosto do filho.
― Viu Emma, sou um bebê, minha própria mãe diz e o que ela diz é lei.
― Então já que o que eu digo é lei, levanta-se daí e coloque pizza para nós, já que provocou Emma.
― Mãe? ― resmungou, mas sorrindo, já levantando-se para fazer o que a mãe pediu.
― Isso é para você aprender a não mexer com a namorada de sua mãe ― Emma diz sentando-se ao lado de Regina. Henry revirou os olhos, mas ainda sorria.
― Vocês estão se aproveitando de uma criança.
―Claro que não garoto. Você está apenas nos fazendo um favor. Já escolheu o filme?
― Sim. Pânico.
― De novo?
― Esse é o quatro ― respondeu de longe.
― Tem medo? ― Regina pergunta, encostando a cabeça no ombro da namorada.
― Não, e se eu tiver minha namorada me protege.
― Juro por tudo o que é mais sagrado, nunca vou namorar. ― Henry volta com os pratos com pizzas e volta para pegar os refrigerantes.
― Henry não faça promessas. ― Emma entregou um prato para Regina e segurou o seu.
― Ok, um dia vou namorar. ― voltou para a sala com os refrigerantes e sentou-se ao lado da mãe, pegando sua pizza.
― Certo, mas enquanto esse dia não chega você ficara aqui sempre com a gente vendo filmes e comendo pizza. ― Emma diz e Regina lhe sorri.
― Esse plano é ótimo. ― E assim foi a noite dos três, entre filme, pizzas e provocações. Emma em muito tempo não se sentia assim, como se pertencesse á algum lugar, a alguém. Ela sentia-se em casa, assim Henry que embora as provocações, adorava a loira e adorava ainda mais que a mulher estava fazendo sua mãe feliz. E Regina que encostada nos braços de Emma sentia o carinho da mulher por seu filho. E orgulhava-se por ter tomado a decisão certa.
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