História Sunshine - Capítulo 8 - Something is off

Capítulo 8 - Something is off

“Algo está errado, eu não posso explicar,

Tudo mudou quando os pássaros vieram”

the Neighbourhood, Prey.

Quando meus olhos ousaram se entreabrir, e logo se fechar com a claridade que entrava pela minha tenda, senti uma sensação de desconforto, de algo estava fora do lugar. Percebi que tinha adormecido sobre minhas próprias lágrimas, e logo me lembrei do meu pesadelo em forma de memória. Não soube como reagir e fiquei paralisada, revivendo mentalmente o meu pesadelo, eu tinha feito de tudo, tudo o que eu podia, e mesmo assim aquela memória tinha voltado.

Senti meu corpo estremecer, eu estava com medo. Talvez Aslan fosse o único que sabia o que estava acontecendo com as minhas memórias, era fato que uma hora elas iriam voltar para me assombrar, mas porquê agora? Para me lembrar da horrível pessoa que eu fui? Não fazia sentido algum.

Me senti vazia, me sentia ninguém. Porque eu tinha apagado a minha história, e tinha apenas resquícios dela.

Entretanto, todo o meu mau estar, não tinha exatamente tudo a ver com o meu pesadelo. E sim com magia. Sentia uma magia forte ficar enfraquecida, logo enfraquecendo a minha magia também. Foi aí que eu percebi.

A magia de Aslan estava fraca.

Me levantei as pressas, vesti uma camisa de botões social branca, uma calça preta, botas e um colete e mesmo com os cabelos desarrumados eu saí da tenda. Não me importava se eu estava arrumada como sempre, me importava com o fato da minha magia estar morrendo, e com Aslan.

— Onde ele está? — eu gritei assustando os narnianos. — Onde Aslan está?

Pedro saiu de sua tenda e arregalou os olhos ao me ver. — Rose, você parece estar acabada.

Eu mordi o lábio inferior, algo que eu raramente fazia, somente quando estava muito nervosa. Não me importava se eu estava sem magia, ela era quase nada em relação a Aslan.

Aslan fora o único que teria coragem de acolher alguém como eu em seu pai, e eu sabia que sem o leão, nunca derrotaríamos a feiticeira.

— Rose, está tudo bem? — o loiro se aproximou de mim tocando o meu ombro de leve, o que me fez recuar. Desviei seu olhar a todo custo, eu estava frágil e quebrada, aquele não era o meu melhor dia.

Estava tão atordoada, que olhava em volta com o olhar perdido aérea. Ia acontecer tudo de novo, a minha infância, adolescência. Tudo de novo.

— Rose? — ouvi a voz de Edmundo, e virei o meu rosto para poder encará-lo. O moreno estava preocupado comigo.

— Aslan sumiu. — a minha voz saiu por um fio.

— Como você sabe disto? — um centauro perguntou.

— A magia dela, — um dos narnianos respondeu. — a magia dela está fraca. Isso significa que…

— Não vamos nos precipitar. — Pedro anunciou para os narnianos que já se afligiam. — Mandaremos um grupo de busca atrás de Aslan, Susana e Lúcia. O restante irá se unir conosco para enfrentarmos Jadis.

Eu retorci o meu lábio de leve com a ideia dos dois Pevensie tão despreparados em uma guerra. — Não aconselharia isso.

Pedro me olhou de relance.

— Alguém tem que parar essa mulher.

Eu franzi a testa de leve.

— Sim, somente eu ou Aslan podemos fazer isso. De resto, é suicídio.

— Mas Aslan está desaparecido, e que eu saiba, você não tem magia nem para se manter de pé. — o mais velho disse, já começando a ficar irritado.

E de certa maneira, aquela discussão também estava me estressando.

— Você não conhece Jadis como eu. — minha voz saiu raivosa.

O fato de Pedro achar que eu, uma garota, não podia lutar me irritava, oh se me irritava.

— Rose, — Edmundo chamou pelo meu nome suavemente. — por quê não se junta ao grupo de busca?

Um sentimento de mágoa me atingiu em cheio, não queria demonstrar que estava magoada com eles por duvidaram das minhas habilidades. Me virei de costas para eles furiosa e me juntei ao grupo de busca.

Se os Pevensie achavam que eu iria ficar parada, eles estavam mais do que errados.

~•~

Estar naquele cavalo enquanto eu podia estar em campo de guerra, com a minha espada e usando os meus poderes era extremamente tentador. Mas agora eu me encontrava montada em um cavalo com o cabelo preso em um trança de peixe.

Eu não podia estar mais irritada e mais frustrada do que isso, embora eu prometi aos Pevensie que eu não correria ao campo de batalha, eu não era, e nunca fui boa com promessas. Os garotos teriam que lidar com isso.

“Eles precisam de você Rose, vá.”

A voz de Aslan soprou ao meus ouvidos, me senti confusa. Podia jurar que ele estava morto, podia jurar que Jadis tinha o matado.

Tudo fez sentido depois, Aslan teria se sacrificado por Edmundo - pelo simples fato de eu ter ajudado ele a fugir dela -, e Jadis provavelmente o matou em algum local com Magia Profunda.

Se Jadis não sabia o que era a Magia Profunda, muito menos eu sabia. A única coisa que eu talvez soubesse, fosse que aquela magia era muito superior a magia de Charn, era a magia de Aslan e de Nárnia.

Fiz um leve impulso para o lado e caí do cavalo chamando a atenção dos outros narnianos, ensaiei um gemido de dor. Aquela era a minha deixa.

— Feiticeira! Você está bem?

Um falso choro se entalou na minha garganta, coloquei a minha mão sobre o meu pé.

— Por Aslan, — choraminguei — acho que torci o meu pé.

Os quatro narnianos me olharam com pena, era nesse exato momento que eu deveria usar meu poder de persuasão.

— Céus, eu não irei conseguir achar Aslan desta maneira. Está doendo tanto. — algumas lágrimas desceram pelo meu rosto.

— Vamos ter que deixá-la aqui.

— Mas o Rei Edmundo disse que seríamos…

— Mas ela está com o tornozelo torcido!

Era exatamente o que eu queria que eles fizessem.

— Me deixem aqui, usarei meus poderes de cura, e logo alcançarei vocês. — dei o sorriso mais confiante possível, e os narnianos sorriram de volta.

— Ela tem razão.

— Rose logo nos acompanhará, agora vamos!

Eles me deixaram sozinha no meio da mata e seguiram a em frente, dei um sorrisinho ao me levantar, estava cansada de cavalgar.

E agora, uma guerra me esperava.