História Supera - Prólogo

O responsável pelo chifre na minha cabeça tinha nome e sobrenome, Oh Sehun, eu e o indivíduo estávamos junto há cinco anos, nós se conhecemos no segundo ano do ensino médio e até hoje eu queria saber o que aquele graveto viu em mim, eu era um adolescente baixo, gordo, nerd e que não parava de ler livro e mangá ou inventar novas receitas. Em suma eu era estranho e até hoje me falta alguns parafuso a menos. 

Park Chanyeol, meu melhor amigo que também compartilhava alguns parafusos a menos e sempre levava um violão nas costas para todo que é lugar nunca gostou do “Oh desgraçado Sehun” como ele apelidou carinhosamente e nunca aprovou nosso namoro, simplesmente por implicância, o que fez com que ele ganhasse inúmeros socos, tapas e chutes que deixaram alguns hematomas coloridos por todo o seu corpo, eu poderia ser um baixinho com 1,68m com sobrepeso mas o Judô era o esporte individual que eu sempre amei e a memória muscular era algo a ser levado em conta a qualquer outra pessoa que falasse mal do meu cosplay de louva-deus nos seus  anos de ensino médio.

Oh Sehun no início do inicio do ensino médio era um daqueles meninos em que a puberdade mandou os dois dedos do meio e jogou um “ Você que lute em ser bonito Oh Sehun”. Seus braços e pernas eram grandes e ele era extremamente desajeitado, seus apelidos eram graveto, cosplay de louva-deus e raquítico boy( Esse último dado por Chanyeol um gigante de dois metro de altura também conhecido como meu único amigo), mas para mim ele era uma gracinha e seu jeito todo desajeitado era muito fofo, mas o que eu podia fazer se eu era um trouxa apaixonado que me derretia todo para aquela cara de jumento sem expressão de Oh Sehun?

Sehun foi quem tomou a iniciativa de falar comigo no inferno em que os adolescentes são mandados para aprender história, geografia e as matérias de humanas em geral. E sim eu era de biológica e amava química, e passei raspando ao som de Tokyo Drift nos 45 minutos da recuperação para não ser reprovado nessa merda de humanas nos três anos do ensino médio. Nesse dia Oh Sehun chegou em mim e me perguntou se eu queria namorar com ele e eu já fui mandado um “ Eu te conheço direito, guri? Eu tenho muita coisa para ler e cozinhar para gastar meu tempo namorando”. E eu admito foi maldade, nas nossas brigas ele sempre esfregou essa frase na minha cara e eu o mandei ir se fuder e no final nós estávamos no quarto fazendo sexo com camisinha pois eu sempre fui muito neurótico com DSTs e ISTs. 

Mas depois de ouvir esse fora, Oh Sehun não desistiu da nossa história de amor que durou 4 anos e 10 meses (iria ser 5 anos mas eu descobrir a minha galhada 2 meses antes do nosso aniversário). Ele continuou a mandar cartinhas com frases bregas e poemas de amor, acompanhados de alguns dos seus desenhos de paisagem e personagem aleatórios, e os desenhos daquele filho da puta eram incríveis são as únicas coisas que eu guardo dele além de raiva e ressentimento. Ele até tentou participar das minhas aulas de químicas avançada II para ficar um pouco mais perto de mim, porém era química avançada e só durou apenas uma semana afinal o amor é um sentimento forte, mas não tão forte como a loucura de ter aulas da matéria do inferno mais linda do mundo inteiro.

Química era o meu amor durante todo o ensino médio, mas isso mudou no dia em que eu acertei a namorar com Oh Sehun, eu tinha acabado de abrir o meu armário e primeira coisa que eu encontrei foi um pequeno pote de sorvete artesanal com uma nota escrita “ Se eu fosse inteligente o suficiente, eu dedicaria a minha vida toda para encontrar um elemento químico para denominar de Kyungsoo; para eternizar nos seus milhares de átomos sua beleza”. Se o meu coração não tinha voltado a vida com o bilhete e com o sorvete, ele ficou todo quente e cheio de carinho para o desgraçado depois de ver a folha A4 com o desenho do meu rosto sorrindo em grafite.

No mesmo dia, na hora do intervalo eu fui em direção aquele projeto de cosplay de louva-deus e acertei seu pedido de namoro e o sorriso que ele me deu em troca aqueceu ainda mais o meu coração foi a primeira vez que eu vi seu rosto inexpressivo mostrar um sorriso verdadeiro e apaixonei um pouco mais por ele.

Nosso namoro foi lento, eu era um ano mais velho que ele e o mais tímido, contudo ele foi paciente comigo e sempre me apoiou nas mais diversas situações. Foi ele quem eu confiei para roubar o meu primeiro beijo, foi ele que com um ano de namoro segurou a minha mão no jantar em que eu contei para minha mãe e o meu pai que era gay e me tranquilizou depois de vomitar tudo o que tinha comido e sussurrou com um tom firme olhando nos meus olhos que não importava qual seria a reação da minha família ele sempre estaria ali por mim. 

Foi ele quem disse o primeiro “Eu te amo” que eu ouvir de forma tão doce e amorosa acompanhado com um sorriso cheio de amor; foi ele o primeiro a me abraçar e falar que estava orgulhoso de mim por conseguir um bolsa integral para gastronomia na universidade que eu tanto desejei.

Foi ele que esperou dois anos até que eu estivesse pronta para realmente fazer sexo com ele e na mesma noite ele me beijou cada parte do meu corpo e falou que amava cada parte do meu corpo e que amava as minhas coxas gordas e minha barriga um pouco saliente e foi a primeira vez que eu falei que eu o amava. 

Foi para ele que eu comprei uma lingerie toda amarela, sua cor preferida, e rendada para comemorar o nosso aniversário de quatro anos de namoro e foi ele que quebrou o meu coração como mais ninguém.

Ver ele na nossa cama, no nosso pequeno apartamento com aquela puta chinesa, loira oxigenada quebrou o meu coração de uma forma que no momento eu realmente pensei que ser atropelado por caminhão duas vezes teria machucado menos. E sem reação eu continuei apenas olhando os dois sem que ambos percebesse, a forma que Sehun olhava para o loiro abaixo dele era o mesmo olhar que ele tinha para mim quando eu deixei que ele tirasse minha virgindade, ele o olhava como a coisa mais preciosa em seu mundo e quando seus lábios se abriram ele disse apenas quatros palavras, apenas quatro palavras que me machucaram mais que a cena em minha frente.

“Eu te amo Luhan.”

E foi nesse momento que ambos gemeram chegando junto em seus orgasmos e a minha primeira lágrima por Oh Sehun caiu.

Luhan foi o primeiro a me notar e seu olhar de puro êxtase se transformou em arrependimento e terror assim que me viu, ele empurrou Sehun para o lado esquerdo da cama forte o suficiente para que ele notasse que não estava mais sozinho no apartamento. Por um momento uma sombra de culpa cruzou o olhar de Sehun, mas foi substituída por sua expressão determinada que expressasse que toda a cena na minha frente não foi um engano, foi real.

E deus... Como aquele olhar doeu, pois eu estava há quase cinco anos com Sehun e mesmo que eu acabasse de presenciar ele me traindo na nossa cama, eu ainda conhecia todas as expressões e as peculiaridades que o fazia ser Oh Sehun, pois ali na minha frente estava o homem que ao longo desses cinco anos eu aprendi amar e confiar.

E com apenas um olhar em seu rosto me confirmou que Oh Sehun não me amava mais que o seu amor agora pertencia ao homem ao seu lado que tentava colocar as suas calças de forma afobada e foi com essa visão que eu me virei de costa e foi direção a cozinha. 

Foi em direção ao armário ignorando as sacolas de compras que continham Rámen Miso da única loja que podia competir com a minha própria comida segundo Sehun e peguei um copo de uísque enchendo o copo e bebendo todo líquido em apenas um gole, repetir a mesma ação enquanto ouvia vozes no quarto discutindo, porém dessa vez não tive pressa em beber o álcool na minha frente, nem olhei para frente quando ouvi sons de passos em direção à porta do apartamento e muito menos levantei o olhar quando Sehun chamou o meu nome pela primeira vez.

Eu estava entorpecido pela cena de uma forma que eu nem me reconhecia e nunca as palavras “calmas antes da tempestade” fizeram tanto sentido, mais um gole da bebida e eu levantei os olhos para Sehun olhando diretamente em seus olhos sem nenhuma hesitação. Seu rosto e expressão corporal que para muitos continuava estoica, para mim gritava que ele sabia que tinha feito uma merda muito grande mas não se arrependia e nossa senhora como deu vontade de matar o desgraçado.

“Kyun-“ mas ele não terminou de dizer o meu nome pois teve que ser rápido em desviar do copo que joguei em sua direção “ Você está louco?” Ele disse com um olhar assustado no rosto.

“Desde quando?” A pergunta cortou o ar e fez com que os ombros de Sehun encolhessem, cinco anos de namoro e foi a primeira vez que observei Oh Sehun se acovardar com uma pergunta “Kyungiie eu-“

“Quanto tempo Oh Sehun?” Minha voz saiu ainda mais grave e cortante.

“Desde que você conseguiu o estágio no restaurante você quase não tinha mais tempo par-” Mas ele parou com a minha risada rouca e que não continha nenhum ponto de humor.  “ Eu não queria, mas estar com Luhan me fez sentir algo que eu nunca sentir com você, Kyungiie” 

Doeu. Doeu muito.

“Então a culpa é minha, Oh Sehun” Não era uma pergunta, era uma afirmação que fez o outro se encolher novamente e seus olhos brilhavam com culpa e o pedido de perdão silencioso.

“N-não, Kyungiie não é assim, e-eu apenas, o que e-eu vivencie com ele f-foi diferente. E-eu juro, eu juro que não queria que as coisas fossem assim, e-eu queria-“

“O que você queria Sehun?” Disse um tom mais alto “O que você queria que acontecesse?” Repetir a pergunta novamente batendo no balcão da cozinha, fazendo com que ele recuasse um passo de distância.  Eu olhava bem em seus olhos e fiz questão de transmitir a centelha de raiva que começava a queimar em mim através do meu olhar e minha voz.

“Eu queria que você tivesse mais tempo para mim” Sua voz saiu estranhamente fina e rápida como uma criança aterrorizada tendo que explicar para um adulto. Uma criança que jogou fora cinco anos de relacionamento para dormir com uma puta. 

“Nós dois sabemos o quão difícil esse ano seria para nós Sehun” Minha voz tremia de raiva enquanto eu o observava abaixar a cabeça tentando desviar do meu olhar. “Nós tínhamos discutido sobre o meu estágio e o quanto eu ficaria ocupado com a faculdade, isso não era novidade Sehun”  E por um momento me sentir cansado, cansado pelas noites mal dormidas para concluir os trabalhos e estudar para provas finais, por trabalhar no restaurante a semana inteira e ser testado junto com outras dez pessoas para conseguir a vaga para o emprego de meio período e até mesmo cansado por aumentar 10 minuto de caminhada para comprar o maldito rámen que Sehun tanto gosta para recompensa-lo por ser paciente comigo e comemorar a vaga de emprego que eu consegui no restaurante que estava estagiando.

“Sabe o que mais machuca” Minha voz saiu fraca no final e o seu olhar voltou-se  para mim “Não é ver o homem que eu amo desde o ensino médio me traindo é...”  E eu tenho que pausar para respirar fundo porque dói, dói admitir isso como o inferno do caralho, “É Olhar para você e perceber que você ama outro homem. E eu simplesmente não sei Sehun, eu não sei quando os seus toques se tornaram falsos e seus eu te amo se tornaram mentiras” Eu respiro novamente “ Porque eu sempre acreditei que você de todas as pessoas iria permanecer junto comigo e eu... fui tão tão idiota Se-hun” Eu não podia deixar de soluçar o seu nome.

“Desculpa Kyungsoo, mas eu o amo muito ”

“Eu sei Sehun pois eu te conheço bem, eu sei que você o ama e que jogou cinco anos de relacionamento no lixo” A culpa é pesada em seu olhar e isso me dar um pouco de força para continuar a abrir a boca e continuar falando “ E eu espero que você suma desse apartamento e leve suas coisas” Minha voz é cortante e não abre espaço para negociação  “ E se por acaso eu ver você ou aquela...puta na minha frente” Minha voz treme novamente e o ódio emana de cada poro do meu corpo apenas em pensar no outro homem “ Eu juro por tudo que é sagrado que a ultima visão que vocês vão ter no mundo vai ser umas das minhas facas enfiadas em seu coração “ o arrepio que corre todo o seu corpo é satisfatório.

“Isso é uma ameaça?” Ele perguntou com a voz baixa, cheia de medo e rio, rio tanto que tenho que me assegurar na bancada.

“Isso é um aviso” Eu falo olhando no fundo dos seus olhos, o meu tom é firme e calmo. “ Ameaça vai ser quando eu pegar vocês e espero que vocês mantenham seus corações batendo  longe de mim, caso contrário se considere avisados.”

Depois de 30 minutos Oh Sehun sai do nosso apartamento com suas malas e um aviso que irá mandar outra pessoa pegar suas coisas que restaram amanhã à tarde. E meia hora depois com meia garrafa cheia de uísque na mão Kyungsoo liga para a única pessoa que tinha razão o tempo todo.