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História Supernatural - The Hunters - The Ghosts Inside Me


Escrita por: nuven_bipolar

Notas do Autor


boa leitura, Hunters 🌻

Capítulo 87 - The Ghosts Inside Me


Fanfic / Fanfiction Supernatural - The Hunters - The Ghosts Inside Me

Durante boa parte do caminho, eu tentei fazer com que Audrey me dissesse alguma coisa. Mas, eu duvido que ela falaria tão tranquilamente assim. 

Isso, realmente, não era algo da minha conta. Mas, eu não conseguia processar essa informação. Sam era meu melhor amigo, e ainda era meu cunhado. 

E, com Audrey por perto, eu fico agindo como irmã mais velha o tempo todo. 

Além disso, eu não conseguia segurar algumas piadinhas de adolescentes. 

— Já chega, Ali — ela riu, enquanto estávamos descendo do carro — Suas piadas são péssimas, e eu disse que o assunto morreu.

— Não para mim, querida — acenei, esperando Dean estacionar o carro, ao lado — Isso vai ser difícil de esquecer, além disso eu posso me distrair. 

— Por que estamos aqui? 

Tínhamos acabado de chegar no Tennessee, em Nashville. 

Do outro lado da rua, tinha um bar e um estúdio de tatuagem. Desde que Crowley apareceu, eu me lembrei que precisava dar um jeito na minha tatuagem.

Que, graças a Ava, estava destruída. Mas, além disso, também me lembrei que Audrey não tinha uma tatuagem de anti-possessão e não podia arriscar que caísse nas mãos sujas de alguns Demônios. 

— Paradinha para o lanche, sabe como é — Dean abriu um sorriso ladino, enquanto caminhamos até o estabelecimento — Alguém 'tá com fome? 

— Vão indo para uma mesa — acenei para os meninos — Vou até o estúdio de tatuagem com a Audrey. Vai ser rápido.

— Vai me usar como tela de rascunho? — a mulher arqueou as sobrancelhas.

— Muito engraçado. 

— Ah, é. Eu sou hilária… 

Vi os irmãos se afastando da entrada do estúdio, para se acomodarem em uma mesa do bar. 

Puxei Audrey comigo e pedi para ficar ao meu lado, mas ela logo se distraiu com um livro de desenhos, para expor alguns exemplos de tatuagem. 

Me aproximei do balcão e conversei com uma mulher que estava sentada ali. Ela tinha um dos braços, completamente fechado por uma tatuagem de tigre e outros detalhes coloridos. 

— Tem alguém que pode nos atender, agora? — perguntei à ela, sem conseguir desviar os olhos de outros esboços num grande painel atrás dela.

— Acho que sim — a mulher respondeu, olhando para seu computador — Já sabe qual vai fazer? 

— É essa aqui.

Tirei a folha dobrada do bolso da minha calça, mostrando o símbolo de anti-possessão. 

Eu tinha impresso, pouco antes de saímos da Carolina do Sul. 

A mulher estranhou um pouco, quando viu o desenho. Analisou de perto, como a maioria das pessoas faria, se visse algo do tipo. 

Era uma expressão que eu já sabia lidar há anos. Surpresa, confusão, medo… Algumas das caretas que via no rosto dessas pessoas. 

— Vou avisar ao Carl — ela acenou, para passarmos a cortina fina de algumas contas coloridas — Ele vai atender você.

— Ah, e tem uma amiga minha também — indiquei, usando o polegar — Pode ser?

— Claro, eu vou avisar ele.

— Valeu — sorri fracamente. 

Vi a mulher se afastar, indo de encontro com um homem no canto do estúdio. 

Eu me virei para o outro lado, a fim de avisar Audrey que tinha conseguido um horário. 

Fiquei perdida por alguns segundos, pois ela já não estava mais lá. Como alguém desaparece assim? Me perguntei internamente, indo a sua procura.

Foi quando, do outro lado do estúdio, avistei sua silhueta baixa de frente para um grande painel de desenhos tribais. Havia um homem ao seu lado, com jaqueta de couro e um capacete embaixo do braço. 

— Dá uma licença aqui? — fui ao seu encontro e encarei Audrey — Eu vou precisar roubar ela, por alguns minutos, cara.

Acenei para ela vir comigo e deixar esse homem para trás. Audrey o olhou rapidamente e veio logo, apoiando os braços no balcão. 

— Fala sério, aquele cara? — fiz uma careta, avaliando o sujeito que tinha chegado a pouco.

— Só estávamos conversando. Sabe o que é isso? — ela sorriu, zombando claramente de mim — Criar uma amizade, entende? É normal isso acontecer.

— A não ser que você tenha uma tatuagem escrito " amizade " na sua bunda, ele não estava procurando outra coisa — cruzei os braços, com um sorriso presunçoso. Ela riu fraco. 

Finalmente, aquela mesma mulher, com uma tatuagem cobrindo todo o seu braço voltou para o salão principal e acenou para nos aproximarmos. 

Audrey entrou na minha frente, enquanto eu continuava olhando outro algum de tatuagens. Afinal, o mesmo cara iria nos tatuar e seria rápido.

Quando a Dawson se sentou na cadeira, parecia bem calma. Ela entregou o desenho para o tatuador e indicou onde queria fazer; ergueu a bainha da blusa e apontou para o quadril. 

— Só não vai chorar, Auddey — eu a provoquei, mostrando um sorriso fraco.

— Já fiz uma tatuagem antes — ela revirou os olhos, orgulhosa e ergueu a manga da camisa — Aqui, olhe. 

— Essa é legal — apontei para o desenho em sua pele e acenei — Tinha quantos anos?

— Foi no meu aniversário de vinte anos — ela sorriu fracamente — Comemoração do extermínio do Primeiro Ninho. 

Ela piscou para mim e entendi o que quis dizer. Foi quando ela matou um ninho inteiro de vampiros, sozinha. 

A tatuagem era um revólver bem detalhado, com uma rosa saindo do cano da arma. Um círculo pontilhada na rosa e outro, mais forte, em volta do revólver. 

Era bem interessante e achei que era a cara de Audrey. Delicado, porém bruto ao mesmo tempo — ou quando precisa ser. 

Mas, finalmente o tatuador começou a desenhar em sua pele. Logo, seria minha vez e acho que custaria mais para arrumar a minha. 

… 

Pouco tempo depois, voltamos para a parte do bar. Foi mais rápido do que eu tinha imaginado, o cara era muito bom. 

Em um canto do bar, avistei os irmãos. Dean estava jogando dardos e Sam estava sentado em uma mesa próxima, com a cara enfiada no notebook. Enquanto, na mesa, tinha algumas garrafas de cervejas para acompanhá-lo.

— Salvar senhas, caçar internet — eu me sentei na cadeira e o olhei -, o negócio do Sam. 

— Quanta criatividade, Ali — ele me olhou, e tentou esconder seu sorriso — Vocês foram rápidas. Ele já terminou?

— Era só o símbolo de proteção — a Audrey explicou, se juntando a nós — E, foi fácil para o cara arrumar a tatuagem da Ali. 

— Bom, pelo menos agora, estão protegidas dos caras do Crowley — eu acenei vagamente para Sam — Acha que não?

— Castiel colocou sigilos em nós — eu falei, apoiada contra a mesa — Também achava que era o bastante, mas Crowley nos achou no hotel. Então, é melhor prevenir antes.

— Eu detesto concordar com a Allison, mas é verdade.

Dean comentou, embora estivesse concentrado em seu jogo de dardos. Ele atirou mais um deles e acertou a ponta do alvo.

— Aquele filho da mãe nos achou e nem precisou suar para isso — ele continuou, atirando uma última vez — A não ser, que não esteja sozinho. Crowley pode estar trabalhar para alguém. Ou com alguém. 

— Disseram que Zachariah queria que Lilith rompesse o último selo — Audrey comentou, seguindo nossa linha de raciocínio — Quanto anjos, vocês acham que concordam com ele?

— Sinceramente, eu espero que nenhum — o caçula concordou — Mas, como sabe sobre isso?

— Eu contei 'pra ela — confessei a Sam, dando os ombros — Achei que fosse melhor ela saber. Do que ser pega se surpresa, porque eu sei que isso é um saco. 

— 'Tá falando de mim, é? — Dean resmungou, bem atrás de nós, concentrado em seu jogo — Eu só fiz, o que achei que era certo.

— E é por isso que você não toma decisões sozinhos — mostrei um sorriso labial, levando uma das garrafas até os lábios — Pelo menos, não mais. 

Eu já imaginava que Dean logo iria começar a reclamar de alguma coisa, mas tínhamos prioridades. 

E, particularmente, eu queria encontrar algum caso para resolver para que minha mente pudesse se concentrar em outra coisa, além de querer me torturar. 

Audrey pediu um whisky e mandou deixarem a garrafa. Eu entendia o sentimento de afogar os problemas no álcool, mas achava que era melhor se manter um pouco sóbria — por enquanto. 

Enquanto Sam e Audrey pareciam estar conversando, algo começou a me incomodar. 

Curtas visões começaram a aparecer, de repente. Um endereço apareceu na minha mente e ficou indo e voltando várias vezes. Como se fosse um alerta, para que eu prestasse atenção. 

Pisquei rapidamente, para acharem que estava tudo bem. Mas, algumas vozes começaram a falar na minha cabeça, como naquele dia que Bobby foi até nós, no Mississipi. 

— Ei, chega aqui, Kiddo! 

O grito de Dean me chamou atenção, meus pensamentos se dissiparam no mesmo instante. 

Ele atirou mais um dardo e acertou em cheio o alvo. 

— Joga um pouco, você 'tá precisando — Dean sorriu, indo buscar os dardos.

— É, pode ser. 

Eu sorri, tirando minha jaqueta. Fiquei do seu lado e peguei quatro dardos de sua mão, assim cada um teria quatro tentativas. 

Dean pegou um dos dardos e atirou no alvo, alto demais. E então, era minha vez de atirar. Acertei o alvo em cheio e sorri, quando fui olhá-lo. Claro que estava me gabando, mas ele merecia.

Lhe dei espaço para tentar outra vez, e olhei brevemente na direção de Sam. Eu via o quão a vontade ele ficava na presença de Audrey. Quase me fazia ficar incomodada.

— Qual seu problema? — ouvi o Winchester atrás de mim, aos risos — Com ciúmes, Ali?

— Cala a boca — sorri pra ele, com descrença — Eu ‘tô feliz por eles, eles se entendem bem. 

— É, sei — Dean continuou debochando e acenou — Sua vez, vai. 

Dessa vez, ele acertou o alvo. E quando atirei outro dardo, notei que acertei novamente. O loiro fez uma careta e me empurrou, usando o cotovelo.

Tentei evitar, mas não pude. Meus olhos se voltaram na direção de Audrey e Sam. Eles sorriam um para o outro e o assunto parecia ser bem interessante, ambos estavam concentrados em seu notebook.

— Isso é ótimo ‘pra mim, sabia? — Dean perguntou novamente.

— O que? — confusa, eu me virei para ele — Do que esta falando?

— Ver você com ciúmes dele, é impagável — ele riu novamente, bebendo pouco de sua cerveja — Agora, sabe como eu me sinto.

— Num sentido completamente diferente — arqueei minha sobrancelha, atirando outro dardo, sem olhar para onde -, você achou que eu dormi com seu irmão. O que ainda me faz rir, quando lembro disso. 

O Winchester fez uma careta de desgosto, tanto para o que eu lhe disse, quanto por ver que eu acertei o alvo com o dardo, mais uma vez.

— Eu vejo o Sam, como meu irmão  — falei a ele, o que já havia dito uma vez — E, a Auddey sempre foi uma irmã ‘pra mim. Sei lá… O que é isso, estou ficando maluca?

— Vindo da mulher que já morreu duas vezes e mata Anjos?

Desse jeito, ele não estava ajudando muito, mas acabei sorrindo de qualquer jeito. Dean me encarou, como se estivesse pensando e depois balançou a cabeça, diversas vezes.

— É bem possível que você esteja ficando louca.

— ‘Tá legal… Obrigada, querido. 

— Sempre que precisar. 

Dean passou rapidamente por mim, e me beijou. Se preparou para jogar outro dardo, e errou mais uma vez. Logo atrás dele, eu me posicionei e atirei o meu dardo, acertando em cheio. 

— Eu não jogo mais com você — ele me olhou, bebendo sua cerveja — Não tem graça, você sempre ganha. 

— Nossa, que pena — encolhi os ombros e cobri meus olhos — O último, e quem perder paga a bebida hoje. 

— Ah, para… — Dean riu, com deboche — Nem mesmo você, pode acertar agora, Kiddo. 

— Temos uma aposta, então? 

— Com certeza!

Como tinha prometido, fechei meus olhos e ainda usei minha outra mão para atirar o dardo. Quando olhei o alvo, meu dardo tinha chegado tão perto e pude começar a ouvir ele se gabar. 

Ergui as mãos. demonstrando que ele tinha razão — talvez eu não seja tão boa assim -, mas nunca diria isso em voz alta. Iria ferir o meu ego. 

— E prepara a carteira, eu vou ganhar isso aqui, baby!

— Não comemore antes da hora, Perdedor — sorri, um pouco antes de levar a garrafa até meus lábios.

O Winchester fez todo seu cenário, alongou os braços e ameaçou jogar o dardo diversas vezes — estava enrolando e fazendo graça, para me distrair, porque ele já sabia que eu tinha ganhado.

E, embora não tenha acertado o alvo certeiro, pelo menos, eu cheguei perto. Diferente dele, que acertou apenas um. 

— E lá vai!

Dean gritou, anunciando para quase todos sua jogada. Ele continuou apontando para o alvo por mais alguns segundos. Quando olhei na mesma direção, eu quis dar risada. 

— Não passou nem perto, Dean — estendi a garrafa de cerveja pra ele, aos risos — Aqui, vamos consolar a sua perda. E, sabe o que eu tenho a dizer sobre isso? — ele me olhou, sério — Só lamentos. 

— ‘Tá, ‘tá — ele bufou, me seguindo até a mesa — Eu perdi, já entendi. Não precisa ficar se gabando o tempo todo, Ali. 

— Eu acho que merecia uma bebida grátis — comentei, enquanto andávamos — Ah, espera. Eu já ganhei uma.

Eu continuei rindo, indo até nossa mesa. Dean fica me desafiando, sobre a maneira de como eu atiro e se minha mira é realmente boa, ou se não passa de sorte. 

Pois bem, agora ele já sabe. E eu pretendo esfregar isso na cara dele. 

— Mas, você não vai ficar se gabando por muito tempo! 

Dean falou logo atrás de mim e, literalmente me agarrou por trás, quase me fazendo derrubar a garrafa no chão. 

Ele grunhiu contra meu pescoço, enquanto seus braços envolviam meu corpo. Dean deu largos passos, para nos levar até a mesa e me levava com ele, como se eu não pesasse absolutamente nada. 

— Aproveitem hoje — falei ao Sam e Audrey, assim que chegamos na mesa -, bebidas grátis do Dean, para vocês!

— Como assim? — o caçula nos olhou, sorrindo. 

— Dean perdeu a aposta — contei a eles, me sentando à mesa — E, ele vai pagar as bebidas hoje. 

— Aí, eu não falei? — a Dawson se gabou, olhando para Sam — Me deve cinquenta pratas. 

Audrey e eu tocamos as mãos, para comemorar nossa vitória contra os irmãos Winchester. Sam olhou para Dean, desapontado por ter feito ele perder a aposta e apenas recebeu uma carranca por parte de seu irmão. 

Ele mexeu no bolso traseiro e retirou sua carteira, para pagar Audrey as cinquenta pratas que haviam apostado. 

— Mas, enquanto vocês estavam se divertindo — a mulher se voltou para o notebook, ainda orgulhosa pelo dinheiro que ganhou -, nós achamos um caso perto daqui. Parece ser algo interessante. 

— O que? — Dean franziu o cenho, se sentando ao meu lado — Não, não. Primeira regra de uma noite de sexta-feira: nada de casos, trabalho ou qualquer coisa que signifique colocar uma arma apontada para a minha cara!

Eu senti um arrepio pelo meu corpo, quando Audrey virou o notebook em nossa direção e mostrou o endereço — apesar dos protestos do mais velho. 

Eles começaram a falar entre eles, Dean insistia para ser um fim de semana de folga, enquanto Sam e Audrey insistiam em ser algo importante.

Afinal, era um caso

Mas, era como se eu não estivesse com eles, minha cabeça pareceu rodar por alguns segundos. As vozes ficaram abafadas e pude ouvir apenas uma delas; a que estava na minha cabeça.

Dizia claramente que eu deveria ir até lá, como se fosse minha obrigação. 

— É um hotel velho, Dean! — seu irmão insistiu — Isso não te intriga, não?

— Não, porque você acabou de provar que eu estava certo.

Ambos os irmãos se encararam, inclinando-se contra a mesa, rebatendo argumentos que deveriam ter algum valor para eles.

— Quando a gente chegar lá, uma arma vai ser apontada para a minha cara — ele continuou resmungando — E, eu não ‘tô a fim de passar por isso, de novo. 

— Temos que ir, isso é um caso — a Dawson afirmou — Cinco corpos foram encontrados, nos últimos cinco dias. 

— Kiddo, me ajuda aqui! 

Foi a súplica do Dean que me trouxe de volta a realidade. Olhei para os lados, procurando saber a direção de onde ele me chamava.

Senti que estava sendo observada. Foi quando eu percebi que era Audrey. ela me analisava e notou que tinha algo estranho. 

— Mas, isso é… — a própria Dawson se interrompeu e me olhou — O que eu estava falando mesmo?

— Sobre o hotel? — Sam encolheu os ombros, confuso. 

— Ah, sim. É, o hotel — umedeci os lábios, inclinada contra a mesa — Eu vou pegar o endereço e pesquisar um pouco mais, mas não nesta noite. 

Ergui minha garrafa de cerveja, e entreguei outra para o Dean. Fechei a tela do notebook, para que o assunto fosse encerrado. Eu não precisava anotar o nome do lugar, porque ele já estava gravado na minha mente.

Que pesadelo. Pensei comigo mesma, mostrando meu melhor sorriso. Nesta noite, todos precisavam descansar, incluindo a mim.

As visões estavam começando a ficar mais recentes e claras, eu podia ver pequenos detalhes — os quais eu não conseguia ver antes. Talvez Crowley esteja certo e as histórias de Castiel também, eu não passava de uma cobaia do Céu e dos Arcanjos. 

… 

Mas, é claro que não tinha sido encerrar o assunto. Sam ficou animado com o caso que encontrou, e implorava para irmos o mais rápidos possível. 

Eu mal dormi a noite. Era como ter aquela diabinha — Ava —, em minha cabeça novamente. Imagens, flashes e vozes ficavam rondando em minha mente.

Era desgastante, sufocante. Eu precisava de espaço, de tempo para digerir. Ou, melhor ainda, um jeito de me livrar disso. É um fardo desnecessário, um peso inútil. 

Quando estacionei meu carro no estacionamento improvisado do hotel, eu já sentia algo estranho. Um tipo de vibração, eu não sabia exatamente o que era.

Mas, não podia ser algo bom. 

— Olha só para isso — Dean apontou, parado ao meu lado, observando a construção um pouco mais a nossa frente —, parece um hotel de filme de terror. Que coisa mais idiota, como esse negócio continua aberto? 

— Algumas pessoas tem medo do que não conhecem — falei a ele, retirando as malas do carro — Outras pessoas, são atraídas pelo desconhecido. O que é, particularmente, estranho. 

— " Particularmente ", não — ele me olhou — Isso é estranho. Por que alguém correria para um lugar assombrado?

— Interessante você dizer isso, Dean — fechei o porta-malas, jogando minha mochila nos ombros — O que viemos fazer aqui mesmo?

— Touché. 

Audrey também retirou sua mochila de dentro do carro, enquanto Sam terminava de apanhar seus pertences dentro do Impala. 

Eu segui na frente, caminhando entre o caminho de pedras escuras, e com a grama alta tocando minhas pernas — causando arrepios desconfortáveis. 

O Winchester estava no meu encalço, sem desviar os olhos do chão, tomando cuidado onde pisava. Eu sentia que, a qualquer momento, daria um passo em falso neste caminho de pedras tortas. 

Estava prestes a subir a pequena escadaria que levaria até às portas de entrada do enorme casarão, quando uma mulher apareceu no topo da escada.

Minha visão parecia ter falhado, mas era a mesma mulher que vi em alguns flashes na minha cabeça. Ela era um pouco mais baixa que eu, era negra e os volumosos cachos chamavam a atenção em seu rosto. 

Apesar do lugar dizer o oposto, seu sorriso transmitia confiança e segurança. Ela veio nos receber, de braços abertos. 

— Sejam bem-vindos, meus jovens — ela levantou a barra do vestido, para se aproximar — Venham e entrem, vou arranjar um quarto para vocês! 

— Eu espero que valha a pena cruzar o país, para passar uns dias nesse lugar caído de Milwaukee — Dean resmungou, subindo as escadas ao meu lado. 

— Se for um caso, vale a pena — tentei soar confiante, enquanto eu mesma queria dar o fora deste lugar. 

— É, essa eu quero ver.

Assim que ele tocou o corrimão para subir a pequena escadaria, o pedaço de ferro ao chão causando o maior barulho na propriedade quase abandonada. 

Subitamente, ele se afastou e olhou diretamente para seu irmão, deixando uma mensagem clara para Sam que, a culpa de estarem aqui, era toda dele. 

— Isso é uma merda.

Era impossível não concordar com ele, e tinha bons motivos. A casa estava caindo aos pedaços, a pintura estava se desfazendo e as janelas ficando enferrujadas. 

Quando entramos no lugar, a mulher estava nos esperando para fechar e nos conseguir um quarto. 

— É bom receber visitantes aqui, novamente — a mesma mulher que nos recebeu lá na frente, agora estava atrás do balcão, com um sorriso glorioso — Faz um tempo que ninguém se hospeda por aqui.

— Eu nem faço ideia do porquê — o mais velho encolheu os ombros, cínico, ao olhá-la. 

— Bom, quantas quartos irão querer? 

— Três, por favor — Audrey respondeu prontamente, surpreendendo a nós. 

— Certo, aqui está as chaves — ela me entregou um dos chaveiros — Vemos os valores, no final da estadia. Aproveitem os quartos! Meu nome é Susan, qualquer coisa podem falar comigo.  

Eu assenti para agradecê-la, e acenei para Dean a direção onde ficaria nosso quarto. 

Quando ele apanhou sua mochila do chão, duas garotinhas passaram correndo por ele, provavelmente brincando uma com a outra. Uma delas, era bem parecida com Susan, os cabelos e a pele negra, vestindo um belo vestido azul bebê. 

E a outra, que passou antes. De cabelos presos com dois rabos de cabelo na cabeça, era um pouco mais alta que. Ela estava usando um vestido preto, com um casaco vermelho por cima. 

— Ah, me desculpem por isso — Susan se apressou, com outro sorriso gentil — Desde que começamos a mudança, não consigo evitar isso.

— Entendemos — Audrey lhe devolveu o sorriso e olhou pelo corredor que elas passaram — Ela é uma garota muito bonita. É sua filha?

— Sim, aquela era a Candy.

Susan saiu de trás do balcão e acenou para o corredor, como se chamasse por alguém.

Eu fiquei confusa, por não ter falado nada da outra garota. Mas, talvez fosse apenas uma amiga de sua filha e decidi ignorar. 

— Jimmy, venha aqui! 

Um homem mais jovem apareceu, aparentava estar cansado. Susan acenou para nossas malas e ele as tomou em mãos, para nos guiar até o quarto.

Sam agradeceu a Susie por todos nós e seguimos o jovem sem contestar. 

Por enquanto

Quando nos acomodamos, deixei minha mochila na pequena mesa. Tirei minha jaqueta e a deixei junto das minhas outras coisas. 

— Esse lugar ainda é estranho 'pra mim — ouvi Dean reclamar novamente, tirando sua jaqueta — Eu sei lá, acho que tenha algo errado.

— É por isso que estamos aqui, Dean. 

Me aproximei dele por trás, envolvendo minhas mãos ao redor de sua cintura. Me forcei a ficar na ponta dos pés, para beijar sua nuca e me afastei brevemente. 

— O que está tentando fazer, Ali? 

— Dando um abraço no meu namorado — recostei minha cabeça em suas costas e fechei os olhos, apreciando seu perfume. 

O Winchester se virou lentamente na minha direção, se sentando na ponta da mesa que tinha no quarto. Seus braços me cercaram, mas ele nem se atreveu a desviar os olhos dos meus. 

Mantive minhas duas mãos em seu peito, inclinando pouco a pouco meu rosto em sua direção. Dean se aproximou mais e acabou com o pouco que restava entre nós, encaixando seus lábios perfeitamente nos meus.

O beijo se alongou por mais tempo, me obrigando a me afastar para poder tomar fôlego. 

— Dean.

Ele apenas grunhiu, me puxando para mais perto ainda. Seu ato me fez rir, Dean não queria me soltar. 

— Temos que trabalhar antes… — me forcei a me afastar dele, segurando seu rosto entre minhas mãos — Eu vou até o saguão e falar com a Susan. Ajude seu irmão com as pesquisas. 

— Ali, depois de todo esse tempo juntos, você ainda não entendeu que eu odeio livros?

— Eu sei disso, mas eu sinto muito — beijei seus lábios brevemente — Vou tentar ser rápida, temos que descobrir o que houve. 

Me afastei de Dean, indo em direção a porta do quarto. Desci a pequena escadaria até o saguão, onde encontrei Susan empacotando alguns objetos, como quadros e utensílios de cozinha. 

Me recordo claramente dela comentar sobre mudança, mas eu queria saber o porquê. Quando estávamos a caminho de Milwaukee, Sam disse que este hotel era de família e estava aqui há anos. 

Talvez seja porque uma quinta pessoa morreu de forma misteriosa. 

— Oh, olá — ela se virou, ao me ver e sorriu — Algum problema com o quarto, precisam de algo?

— Não, está tudo ótimo, Susan — tentei assegurá-la e sorri — Eu queria saber, por que há tanta coisa empacotada por aqui?

— Ah, minha querida, o ramo de hotelaria é difícil - a mulher cruzou as mãos na frente do corpo, de forma lamentosa — Você e seus amigos são meus últimos hóspedes. 

— Sinto muito, mas é um belo prédio — caminhei com ela até o balcão, me debruçando ao seu lado — Eu soube que teve alguns acidentes aqui, os rumores são verdadeiros?

— Infelizmente, sim — ela suspirou ao meu lado — Ultimamente, apenas pessoas curiosas e a imprensa quiseram entrar aqui e eu não tive escolha, a não ser deixar o prédio da minha família. 

Então, era verdade. O prédio era uma herança de sua família, talvez algum parente tenha voltado, com raiva. Alguém se irritou com o fato de Susan estar deixando a propriedade. 

Em alguns minutos, ela avisou que tinha que procurar sua filha e terminar seus afazeres. 

Voltei para meu quarto e notifiquei os meninos sobre o que encontrei. Esperava que Audrey tivesse algum sucesso ao analisar os corpos no necrotério.

Mas, graças ao que Susan me contou, nossa pesquisa foi dividida ao meio, tínhamos um caminho e mais pistas para seguir. 

— Existe alguma lenda local, sobre este hotel? — perguntei aos meninos, desviando meus olhos da tela do notebook — Ou talvez um boato?

— Olha, eu achei alguma coisa assim — Dean se manifestou, virando seu notebook para mim — Alguns dizem que o hotel é assombrado por um homem velho, que era o dono da casa, antes de o matarem. E agora, ele assombra o hotel.

— Parece muito ruim, para ser de verdade — Sam o olhou, negando com a cabeça — Sabemos que lendas podem vir a existir, se as pessoas realmente acreditam nelas. 

— Mas, não acho que seja o caso — suspirei fraco, usando ambas as mãos para segurar meu queixo — Vou esperar a Auddey dar notícias sobre os corpos, talvez tenha um padrão. 

A porta se abriu de repente. Foi apenas citar seu nome e a Dawson apareceu. Carregava cinco pastas debaixo do braço e um semblante animado estava desenhado em seu rosto. 

Claramente, ela tinha descoberto alguma coisa e parecia ser coisa boa. 

—  E talvez tenha —  ela correu e se sentou ao meu lado —  Olhem, aqui. Estão vendo essa parte da cabeça?

—  Meu Deus, parece que esse cara caiu de um lugar super alto —  Dean observou um dos raio-x e fez uma careta, como se pudesse sentir a dor que este mesmo cara sentiu.

—  E, realmente caiu — ela completou, com um sorriso triste —  Tem que ter, pelo menos, três ou quatro metros de altura, para causar isso em um crânio humano.

—  Ele morreu na hora? —  o caçula indagou.

—  Uhum. Traumatismo craniano —  Audrey rapidamente respondeu, sem ao menos olhar para a foto — Mas, isso não é tudo. Esse cara aqui, caiu da mesma altura.

— Temos um padrão, o Gasparzinho gosta de jogar pessoas da escada —  Dean me olhou brevemente, esperando que eu risse de sua piada, mas apenas balancei a cabeça —  Qual é, nem um sorrisinho?

— Não. Dean, o cara esta morto. 

—  E os outros, Audrey? —  Sam mudou de assunto, antes que tenhamos que ser obrigados a ouvir outra piada de seu irmão.

— Então, aí está a graça —  ela colocou as outras fotos na mesa, e também o laudo da morte —  Um deles morreu de um ataque cardíaco, mas era um homem saudável. Então, posso dizer que foi de susto.

Olhei para ela, que apenas acenou, confirmando minhas suspeitas. Olhei para os Winchester, para ter certeza que todos tínhamos chegado à mesma conclusão.

Deixei meu tronco cair contra o encosto da cadeira, observando todos os documentos que Audrey trouxe consigo. 

— Ele viu o fantasma.

— Acredito que sim —  ela olhou a foto, para examinar mais uma vez — Ele morreu aqui dentro do hotel, eu vou ver onde foi e tentar descobrir como.

— Aqui ‘tá dizendo que temos um total de zero testemunhas — o Winchester me encarou, jogando o arquivo na mesa — Isso é incrível, quer dizer que temos mais trabalho ‘pra fazer!

Torci meus lábios, para não rir. Estava mais do que explícito que Dean odiava pesquisas e ficar lendo livros e parece que, desta vez, teremos que ler muita coisa. 

Audrey se levantou, pronta para continuar o trabalho. Sua ajuda como médica, nos poupava o trabalho de ir em busca de uma opinião profissional. Agora, tínhamos nossa própria médica.

— Aqui diz que a propriedade é antiga, muitas pessoas devem ter vindo aqui — Sam nos explicou, assim que a porta bateu — Vai demorar para olhar todos os registros!

— Eu faço isso — estendi uma mão, para pegar seu notebook — Vá com o Dean até a cidade e tentem descobrir sobre alguma lenda que possa ser real. 

— Olha, é muita coisa, Pequena — Sam me analisou por alguns segundos — Acho que seria mais rápido ficarmos para te ajudar.

— Posso lidar com uma pilha de arquivos e papéis — arqueei a sobrancelha, com um meio sorriso — Passa ‘pra cá, e vocês vão trabalhar. 

— ‘Tá legal… 

Sammy pareceu receoso em ir e me deixar aqui sozinha, mas garanti que ficaria bem. E até que preferia cuidar dos arquivos, desta vez. O que era uma grande mentira. 

Na verdade, meu principal objetivo era descobrir o porquê minha mente me mostrou esse lugar. Por qual motivo especial, eu deveria ficar? 

— Só você, para decidir ficar, aqui, lendo.

— Já te falei que eu gosto de ler, Dean. 

O que não chegava a ser mentira, era uma forma de mantê-los ocupados, para eu tentar descobrir o real motivo de ser guiada para este hotel velho. 

Se fosse para descobrir quem foi o responsável sobre aquelas mortes, eu já imaginava o porquê — era o meu trabalho, de qualquer jeito. 

Mas, eu sinto que há uma razão maior por trás disso. Todas as visões que tive, todas as sensações e premonições nunca erraram. E duvido que esta será a primeira vez.

— Me avise se descobrir alguma coisa — me aproximei dele, arrumando a gravata em seu pescoço —, talvez ajude. 

— Não tem que se preocupar com isso. É capaz do apressadinho ali, falar com você antes de mim — ele indicou o irmão, erguendo o queixo para me deixar arrumá-lo. 

— Não é engraçado, Dean — seu irmão resmungou.

— É você que está todo excitado com essa droga de caso, Sammy!

— Não estou não — o caçula balançou a cabeça —, imbecil.

— Está sim — Dean o olhou, imitando seu gesto — , vadia!

— Eba, que coisa linda —  olhei ambos os Winchester, os repreendendo — Já chega de brigas, crianças, temos que trabalhar.

Dean me beijou brevemente, me desejando sorte com as pesquisas. Ao passar por Sam, ele socou seu braço e saiu andando para fora do quarto. 

O caçula fez uma careta, para demonstrar a dor que sentiu. Ergueu o punho, para revidar o golpe. Mas, eu o chamei antes.

— Sam… 

— Ele começou, você viu! 

E fechou a porta do quarto, como se fosse uma criança birrenta. Bastou a porta fechar e pulei para a cadeira mais próxima, olhando para a tela do notebook sem até mesmo piscar.

Desde que Castiel decidiu me contar sobre a ideia estúpida de Michael — seu irmão —, não consigo pensar em outra coisa. E, desde que Ava dominou minha mente, as premonições se tornaram mais frequentes.

Como, por exemplo, o dia que tivemos que caçar o fantasma de uma garota, na casa dos Allen, o dia que eu basicamente morri. 

Então, é certo dizer que havia algo muito maior por aqui e, pelo menos desta vez, eu preciso descobrir sozinha.

Sem anjos, sem segredos, sem pressão. Eu merecia isso, depois de ter minha vida contada e vivida de outra forma. Cercada por mentiras e segredos, cujo os quais eu gostaria de poder esquecer um dia. 





Notas Finais


E aí, hunters. Como vão??
Bomm, eu só queria deixar o link aqui da tatto da Audrey:
https://pin.it/5mv5j7A


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