História Supernova - Singular

Entre histórias sobre deuses e humanos, existem aquelas que aconteceram no cosmos. Histórias as quais deixam todos que as conhecem maravilhados. Uma delas, posso afirmar e comemorar, aconteceu comigo; um cometa viajante e uma estrela singular e colorida. 

Nunca fui de permanecer por muito tempo em algum lugar, e foi viajando por cada canto do vasto universo que conheci os intrigantes humanos e sua lua, a qual deixou-me maravilhado com sua história de amor e sua paixão distante: o Sol. 

Os seres terrestres eram um dos mais fascinantes que tive o prazer de conhecer. Eram emotivos, intensos. Não poupavam os sentimentos e pareciam ser gratos pela passagem na terra. Mesmo com as dificuldades, continuavam fortes. Esse foi um dos ensinamentos que levei comigo por todas as viagens.

O Sol era diferente dos outros astros. Lembro-me bem de ouvi-lo se queixar sobre a distância que o impedia de ver sua amada, ou de vê-lo empolgado junto aos planetas que orbitavam à sua volta. Eles também eram diferentes uns dos outros. Cada um tinha sua peculiaridade, seu gosto e desgosto, assim como cada luzinha no céu ou nebulosa. 

Os buracos negros eram quase que inalcançáveis; tão intensos que poucos se aproximavam. No entanto, em uma de minhas viagens em que estava próximo a uma nebulosa, conheci Jungkook, uma estrela que se tornaria supernova em breve. 

Pela primeira vez em meus anos no cosmos, tive vontade de permanecer ao seu lado. Conheci seu gosto por música humana e sua habilidade de sinalizar para que outros seres estelares não errassem a rota. Não era comum que estrelas fizessem isso, mas ele era diferente de todos os seres existentes em ambas as dimensões: cósmica e terrestre. 

Com o tempo, nós nos aproximamos mais e nossos sentimentos ficaram claros. Passava todas as horas orbitando à sua volta, observando o universo junto a ele. Nunca senti-me tão bem e tão livre ao mesmo tempo. 

A incerteza do que nos aconteceria futuramente me assustava, admito, todavia, queria aproveitar nosso tempo restante até que ele acabasse. Jungkook poderia renascer como outro ser estelar, ou até humano e vice-versa. Nunca saberíamos ao certo, nossa única certeza era a paixão que nos consumia. 

Pude ver alguns planetas comentarem junto à outras estrelas e até mesmo o Sol. Alguns achavam que seria mais uma história trágica, o que poderia ser verdade, entretanto, Jungkook e eu mantínhamos a esperança e o calor próximos de nós.

Muitos admiravam-o, mas, ironicamente, eu era o único ser a orbitar nele. 

Poderia dizer que ele era solitário, todavia, a verdade era que seu misterioso nascimento fazia muitos se distanciarem daquela estrela. Seu brilho, por si só, era motivo para atrair muitos seres, afirmo com propriedade. Poderia lhes contar sobre sua vida, mas creio que era monótona demais para alguém tão especial. Claramente, ele era famoso e admirado. Bonito? Oh, sim! Jungkook poderia ser mais bonito do que o próprio Sol ou Saturno, que era admirado com tamanha devoção pelos humanos.

Mesmo que não estejamos mais próximos, afirmo que nossa paixão ainda dura e queima. No escuro cósmico, ainda sinto seu sussurro recitando algum poema feito para mim. Em resposta, cantarolo nossa canção. É como se nossos sentimentos ainda estivessem fragmentados na poeira do cosmos; espalhando-se junto às cores que nos alegram. 

Lembro-me de quando uma das estrelas me falou sobre aniversários. Assim que uma estrela faz anos, torna-se uma supernova, uma explosão de energia tão poderosa que marca o universo. Contudo, aquilo também significava a morte de um astro. Eu temia que sua morte viesse a nos separar, no entanto, eu sabia que o sentiria por onde quer que eu fosse.

"Mesmo que nossos olhos não vejam um ao outro, verei você por cada canto em que olhar. Você me sentirá cada vez que pensar em mim."

Suas palavras me confortaram enquanto orbitava à sua volta. Ainda sentia como se fosse a primeira vez que havia lhe visto. Todos comentavam sobre a estrela sinalizadora de cometas que estava apaixonada por um cometa viajante. Jungkook e eu éramos amantes estelares, amantes que, como os outros, tiveram de se separar, porém, continuaram se amando mesmo depois de anos.

Quando o dia em que ele completaria um milhão de anos chegou, eu temi. Temi por nós dois. Entretanto, não interrompemos a natureza. Jungkook tornou-se a supernova mais brilhante daquela galáxia e, de acordo com ele, estaria ali sempre que eu quisesse vê-lo. Seu aniversário era, com certeza, brilhante.

As palavras que havia me dito antes que eu fosse embora, ainda eram lembradas por mim.

"A liberdade é o preço a se pagar, nunca ficaremos juntos se você não for livre e cumprir sua missão nesse universo." 

Mesmo depois de anos, sinto-o brilhando naquele mesmo lugar, como se nossas memórias fossem tão boas para mim quanto para ele. 

Posso senti-lo aonde vou. O registro do nosso amor ainda existe e existirá por mais mil anos. Sua luz brilha e sinto-o próximo de mim. Sei que ele está em tudo o que vejo e também que nunca verei ou sentirei nada igual nas minhas próximas viagens.

Mesmo que as histórias contadas por cometas, satélites, estrelas ou planetas, deixem muitos encantados e, às vezes, desacreditados — até na dimensão cósmica existem contos de amor que, mesmo parecendo ficção, são reais —, posso dizer, por experiência própria, que eles, assim como os outros, são os mais lindos e muitas vezes menos conhecidos. Porém, se você ler isso e almejar viver algo assim, faça igual a mim: acredite e sinta.

Sua energia guiou-me por muito tempo. Suas cores fizeram-me enxergar o cosmos de outro jeito. Nada era mais sobre uma paixão vazia e superficial, mas sim sobre sentimentos bonitos e intensos de ambas as partes. 

Jungkook era como uma poesia incapaz de ser lida a olho nu. 

Ainda posso sentir aqueles olhos castanhos e doces sobre mim, também ouço sua voz suave quando penso nele. Jungkook ainda estará lá quando eu voltar, assim como eu estarei o amando até que deixemos de existir.