Capitulo Único – Surpresa
Kakeru sempre sentia triste quando a época do seu aniversário estava perto. O seu aniversário nunca mais foi o mesmo, desde que o seu irmão mais velho, Suguru, faleceu no acidente que tiveram juntos, quando iam para a escola.
No primeiro ano que ocorreu o acidente, como ele e sua família ainda estavam de luto, decidiram não comemorar nenhum aniversário. A presença do mais velho fazia falta àquela família onde sempre se reuniam em todos os jogos de futebol para o acompanhá-lo, já que jogava na seleção japonesa.
Ao princípio, o mais novo queria desistir do futebol, mas o seu irmão nunca o deixava, porque sabia que ele queria fugir. Kakeru, ao se lembrar das palavras que o seu irmão tinha dito a ele, sabia que era a hora da família parar o luto e seguir em frente.
Foi com essa coragem que tomou para sair do seu quarto, pois depois de um dia de aula, não ia passar outro aniversário fechado no quarto, a lamentar pela morte do seu irmão mais velho. O seu irmão continuava vivo dentro de si, já que o coração dele salvou a sua vida naquele dia — também iria acompanhá-lo para o paraíso.
Os seus companheiros do clube de futebol estavam tentando convencê-lo, nos últimos a dias, a festejar o seu aniversário com eles. Só que ele recusou.
Mas depois o filho mais novo dos Aizawa mudou de ideia, pois sabia que era tempo de festejar com eles, para aproveitar o tempo que ainda tem quando está vivo ao lado daqueles que ama.
Pegou o seu equipamento e se dirigiu para a porta, só que houve um pequeno problema: ela não queria abrir; percebeu que estava trancado no seu próprio quarto.
Mas não ouviu o barulho da fechadura a fechar a porta, por isso estranhou ela estar trancada.
— Mito, preciso da tua ajuda. — gritou Kakeru, já que o quarto da sua irmã mais nova é ao lado do seu, e sabia que ela estava lá a estudar porque sempre deixa a porta aberta.
— O que aconteceu, Kakeru-nii? — ela perguntou, noutro lado na porta, segurando chave; foi ela que a fechou com a chave para o mais velho não sair.
Ela estava a cumprir as ordens que os seus pais deram, que foi fechar o seu irmão no quarto até que a sala ficasse pronta para a festa surpresa que estão a preparar para ele — o jovem não estava nada à espera do que iria passar a seguir.
A festa surpresa estava sendo preparada pelos pais e alguns companheiros de equipe futebol, que era Araki, Nana, Makoto, Kaoru e Kota, que vieram à casa dos Aizawa contar que Kakeru não queria festejar o aniversário. Os pais sabiam qual era o motivo disso, porque sempre que o mais novo fazia anos, os irmãos sempre saíam juntos para festejar no parque de diversões ou então jogavam bola, a ensinar alguns truques a Mito que não ia seguir a carreira de futebolista como eles.
— A porta não quer abrir. Podes ir à procura da chave? — indagou ainda a frente da porta. Colocou a mão sobre o seu coração e viu que o mesmo se encontrava a bater muito rápido; sempre sentia isso quando algo acontecia nos jogos e o seu irmão queria ajudá-lo, a superar as dificuldades. Só que desta vez o coração está a dizer para ele ficar calmo.
Mito desceu as escadas para ver se a preparação para festa estava concluída, porque sabia que o seu irmão não ia aguentar ficar trancado muito mais tempo.
— Quando é que posso abrir a porta? É que ele já reparou que ela está fechada e me pediu ajuda. — falou, indo em direção de Nana, a paixão do seu irmão que ainda não tomou coragem para confessar o que sente por ela.
— Só agora que o meu filho percebeu que a porta trancada. Ele devia estar mesmo distraindo. — comentou Eiko, a mãe dos jovens Aizawa.
— Já terminamos por aqui. Eu vou com Mito chamar Kakeru para irmos para os treinos, como se fosse um dia normal. — avisou Nana, já que sempre acompanhava o seu amigo de infância para os treinos, porque ela é ajudante do clube.
— Kakeru-nii já encontrei a chave e a Nana está aqui para te levar aos treinos. — contou Mito, colocando a chave no buraco da fechadura, e dirigiu novamente para o andar debaixo para se esconder perto dos amigos do seu irmão antes que o mesmo chegasse ali.
— Preparado para o treino, Kakeru? — questinou Nana, com o seu sorriso brilhante ao ver o seu amado amigo. Ela queria vê-lo feliz neste dia importante e deixar o passado para trás.
— Estou sempre preparado; nós queremos passar para a próxima fase. — respondeu; estavam todos desejosos de conquistar o título do campeão no torneiro. Achou estranho de não ouvir barulho no andar debaixo, porque a esta hora os seus pais já encontravam em casa.
Desceu as escadas e reparou que todo o andar debaixo estava com as luzes apagadas — os seus pais quando iam algum lado sempre avisam para não preocupar os seus filhos.
Colocou o seu pé no último degrau, e Nana vinha atrás dele, fazendo o sinal para Araki acender a luz.
— Surpresa! — gritaram os companheiros de equipa do Kakeru, já que estavam habituados a gritar por tudo e por nada, durante os jogos.
— Parabéns, Kakeru!— começaram a cantar os parabéns ao aniversariante que ainda encontrava-se em choque pela surpresa que os seus pais, irmã e amigos fizeram para ele; não desistiram de preparar uma festa para comemorar com ele, mesmo tendo dito, ao princípio, que não queria fazer.
Não estava nada à espera de encontrar aquela surpresa — pensava que ninguém da sua família tinha lembrado que hoje era aniversário dele, já que na hora do café da manhã não falaram nada. Percebeu o motivo de não terem dito, já que estavam com medo de qual seria sua reação.
— Fico feliz por esta surpresa e por não terem desistindo de mim neste dia. Obrigado. — agradeceu feliz por ter mudado de ideia sobre o seu aniversário; ele nunca iria se esquecer dos outros aniversários que teve com o seu irmão, pois eles vão ficar sempre na sua memória, e agora vai sempre ter boas memórias com os seus amigos que se preocupam imenso com ele.
A mesa que Nana preparou, com todo o seu carinho, tinha as fotografias de todos os momentos que Kakeru passou com o Suguru, e havia também fotografias novas que tirou com os seus companheiros da escola Enoshima.
Kakeru olhou para foto de infância, onde se encontrava ele, Nana e Suguru — todos felizes por terem ganhado o campeonato infantil de futebol. Parecia que a imagem estava a mexer, como se a alma do Suguru estivesse lá, a falando para ele:
“Parabéns, Kakeru, meu irmão. Eu sempre vou acompanhar-te em todos os momentos.” — era o que dizia aquele sorriso que mostrava a foto e que apontava para o coração do mais novo.
Ele compreendeu o que seu irmão queria dizer — podia não estar mais presente ali, naquela vida, mas irá sempre estar no coração dele para acompanhar todas as aventuras que o ele terá ao longo da vida.
A partir dali, Kakeru voltou a gostar do seu aniversário, porque sabia que o seu irmão nunca irá desaparecer da sua memória, e tem muita gente que vai apoiá-lo ele em todas as fases boas e más de sua vida…
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