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História Surpresa Irresistível - 3


Escrita por: BearPS

Capítulo 3 - 3



Acordei com a voz da comissária no sistema de som dizendo que logo aterrissaríamos em Nova York. Abri os olhos devagar e imediatamente estremeci. Um jato frio de ar seco soprava diretamente em meu rosto, e parecia que um motor roncava ao fundo. Eu estava deitada de um jeito estranho no assento, sem mencionar a vontade desesperada de ir ao banheiro, mas por algum motivo...
Eu estava tão confortável. Seja lá quem estivesse ao meu lado era tão quente e firme e tinha um cheiro delicioso e...
Endireitei-me de repente, desenroscando meu braço de Niall Stella, e - oh, Deus - eu tinha enlaçado sua coxa com minha perna?
Já foi ruim o bastante no elevador, e agora isso? Oh, Deus. Será que eu chutei algum cachorrinho numa vida passada? Por que estava sendo punida desse jeito?
Cuidadosamente soltei seu corpo e olhei ao redor, percebendo que não tinha ideia de que horas eram. A cabine ainda estava escura e notei que as pessoas estavam dormindo com as janelas abaixadas para bloquear a luz. Arrumando o cabelo, tentei alongar meus músculos. Meu pescoço ficaria bem, mas a urgência do banheiro realmente precisava ser resolvida. Imediatamente.
Recostei-me, passei minhas mãos suadas em minhas coxas e me permiti um momento para acordar. Ontem, Niall Stella não sabia que eu existia. Hoje, eu praticamente voei para Nova York em seu colo. Em 24 horas passei de Ruby Miller: Admiradora Secreta e Semiassediadora, para Ruby Miller: Companheira de Viagens Internacionais.
Sem mencionar o fato de que dormi em cima dele e partes dele definitivamente dormiram sobre mim. E bem, isso iria para meu diário ainda hoje. Ele não se moveu ainda. O que era ruim, por causa da situação do banheiro, mas ao mesmo tempo era incrível, afinal, quando eu teria outra oportunidade assim? Com exceção daquela hora semanal, nunca tinha chance de olhar para ele desse jeito. Em reuniões, sempre havia muitas pessoas ao redor ou passando
rapidamente nos corredores. Uma vez, fiquei atrás dele na fila do bufê numa festa da empresa, mas tudo que consegui foi uma boa olhada em sua bunda sob a calça do terno. Não que eu esteja reclamando, é claro. Niall Stella jogava futebol e remava com seus companheiros no Rio Tamisa todos os sábados. Suas costas faziam parte da minha lista de Dez Partes Favoritas do Corpo do Niall Stella (e por enquanto eu deixava o primeiro lugar vago). Mas aqui eu estava tão perto que podia contar os cílios dele se quisesse. E meio que fiz isso.
Niall Stella não era tão mais velho que eu - apenas sete anos -, mas parecia tão jovem desse jeito. Seu cabelo estava levemente despenteado atrás, a franja caía em sua testa brilhante e macia. Sua camisa verde-clara já estava amassada e no ombro havia uma mancha escura no tecido.

Onde eu havia babado. Oh, Deus.
Limpei meu rosto, praguejando por ele ser tão quentinho e macio e me fazer dormir tão pesado que acabei babando em seu terno chique das quatro da manhã. Socorro. Olhei ao redor e não encontrei nada além de um guardanapo amassado na minha bandeja. Apanhei o guardanapo e passei cuidadosamente, esperando
que talvez eu pudesse consertar tudo antes que ele notasse. Mas não estava funcionando. Não só isso: o movimento fez seus olhos abrirem para encontrar
meu rosto a apenas alguns centímetros dele.Eu sorri.
- Oi. Ele piscou algumas vezes antes de acordar de vez, passando os olhos do guardanapo em minha mão e depois para o ombro.
- Foi mal - murmurei, seguindo com uma risada trêmula e nervosa. - Meu sono é delicado. Ele sorriu e eu vi um lampejo gracioso de covinhas.
- Acontece. Queria dar um tapa em mim mesma pelo pensamento que veio a seguir, um desejo de subir em cima dele e montar naquela cintura fina e sarada. Maldição, Ruby. Você não leu a anotação número um da sua agenda? Não seja idiota perto do Niall Stella.
Ele se espreguiçou, sem perceber que eu estava surtando.
- Acho que eu também cochilei, então... também peço desculpas.
- Oh, Deus, não. Não peça desculpas. Você estava adorável... - comecei a falar, mas fechei a boca imediatamente. - Vamos aterrissar logo, então vou trocar rapidinho de roupa.
Sem esperar que ele se mexesse, levantei do assento, subindo em seu colo no processo. Ele tentou se levantar antes de perceber que eu estava determinada a escapar, e se ele se levantasse, sua virilha iria entrar em contato direto e constrangedor com a minha bunda, então ele simplesmente agarrou os braços do assento como se sua vida dependesse disso. E isso significou que minha bunda ficou diretamente na frente do rosto dele, mas acho que isto era preferível a uma encoxada. Botão interno de sobrevivência? Temos um problema aqui. Nem olhei para ele enquanto tirava minha bolsa de mão do compartimento acima e comecei a andar o mais rápido que minhas pernas permitiam até o banheiro mais próximo.
Trancada em segurança lá dentro, respirei fundo pela primeira vez em uns dez minutos. Por que era tão impossível agir como um ser humano normal quando eu ficava perto dele?
- Controle-se - falei para mim mesma automaticamente, e abri a bolsa com força.

Tinha tudo que eu precisava ali dentro; infelizmente, a teoria de trocar de roupa num banheiro de avião era muito mais fácil do que a prática.
Bati a cabeça na pia quando me abaixei para descer a calça. O avião balançou com uma turbulência quando ergui meu pé para entrar na saia, e quase pisei dentro da privada antes de cair para trás batendo na porta com força. Demorei dez minutos para me vestir e pentear, e com certeza todas as pessoas na primeira classe - e provavelmente nas outras classes - olharam na direção do banheiro, tentando entender o que diabos se passavam ali dentro. Mas saí com a cabeça erguida e voltei para o meu lugar. O fato de Niall Stella estar notadamente parado não acalmou meus nervos.
Ele não olhou na minha direção, mas manteve os olhos diretamente para frente e murmurou um "está tudo bem?" quando apertei o cinto.
- Perfeito - menti. - Já que estava presa num lugar minúsculo, decidi que era uma boa hora para dançar um pouco.
Um pequeno sorriso apareceu no canto de sua boca antes de ele abaixar e começar a rir de verdade.
- Eu fiz um pouco disso também enquanto você estava lá.
Algo dentro de mim derreteu e me segurei para não virar, capturar seu rosto nas mãos e beijá-lo como se não houvesse amanhã.
O avião pousou dez minutos antes da hora marcada. Os passageiros começaram a levantar e apanhar a bagagem nos compartimentos, e fiquei de pé na frente do Niall enquanto esperávamos para entrar no corredor até a saída.
Olhei sobre meu ombro para ele, querendo ter certeza que estava pronto. Mas ele não baixou os olhos para mim. Ele estava olhando com determinação para o teto do avião.
Alguma coisa estava errada.
Por seis meses trabalhei no mesmo prédio de Niall Stella e ele nunca havia me notado antes. Mas agora era diferente. Ele não estava me evitando sem perceber, como antes; era deliberado. Ele estava inquieto e afobado e, se fosse aceitável sair correndo para o táxi e fugir dali, acho que ele faria isso.
A primeira classe e a classe econômica estavam saindo pela mesma porta e virei de novo, sorrindo para ele enquanto esperávamos as pessoas na frente se moverem.
- Chegamos um pouco cedo, o motorista pode não estar aqui.
Ele olhou para mim rapidamente, depois desviou os olhos.
- Certo - ele disse.Ceeeeerto.

Virei e continuei a andar pelo corredor, quando uma mulher perto de mim me agarrou pela camisa.
- Aviso de amiga, aviso de amiga - ela sussurrou, e a olhei confusa. - Sua saia está presa na calcinha.
MINHA O QUÊ?
Ela chegou mais perto e eu senti o sangue sumir do meu rosto.
- Mas, cá entre nós, acho que o cara atrás de você gostou disso.
Levei a mão para trás e não senti nada além de pele. Puxei freneticamente a saia para soltá-la da posição que estava expondo minha bunda inteira.
Botão interno de sobrevivência? Sou eu de novo, a Ruby.
Agradeci a mulher e desci a escada, carregando minha bagagem de mão, rezando para o chão se abrir e me engolir inteira. Quando entramos no terminal, fingi procurar algo dentro da bolsa para que Niall Stella andasse na minha frente e eu não precisasse lutar contra o impulso de ficar constantemente checando a saia.
Ele viu minha bunda.
Por que você escolheu usar fio dental? Ele viu sua bunda pelada, Ruby. Ficamos lado a lado enquanto esperávamos nossa bagagem e,honestamente, eu não tinha certeza de quem de nós estava mais horrorizado. Era impossível ele não ter visto. Eu sabia que ele tinha visto. E ele sabia que eu sabia que ele tinha visto.
Fiquei olhando para a esteira, esperando minha mala aparecer, quando o senti chegar mais perto. Ele cheirava a sabonete e creme de barbear e, quando sussurrou, seu hálito tinha cheiro de hortelã.
- Ruby? Desculpe sobre... Eu não sou muito bom com... - Ele parou e eu me virei para encará-lo. Estávamos tão próximos. Seus olhos castanhos possuíam toques verdes e amarelos, e senti meu coração subir pela garganta quando ele olhou rapidamente para minha boca. - Não sou muito bom com...mulheres.
Minha humilhação foi substituída por algo mais calmo, mais quente e infinitamente mais doce.
Já estive em cidades grandes - San Diego, San Francisco, Los Angeles, Londres -, mas tinha certeza de que não eram nada comparadas a Nova York.Todas as construções eram enormes, tomando o mínimo de espaço no chão possível enquanto se erguiam para o alto.

Os edifícios lotavam o céu, deixando apenas uma faixa azul-acinzentada diretamente acima de nós. E era barulhento. Nunca ouvi tanta buzina ao mesmo tempo - não que alguém nas ruas notasse. O ar era preenchido com uma mistura de buzinas e gritos, e enquanto andamos do terminal quatro do JFK para o nosso carro, e do carro para as portas giratórias do Parker Meridien, não vi uma única pessoa incomodada com o barulho.
Niall me seguiu a uma distância apropriada quando entramos no saguão - perto o bastante para deixar claro que estávamos juntos, mas não juntos - e fomos para nossos respectivos quartos. Eu estava ali como colega dele, não como sua funcionária ou assistente, ou mesmo... sua amiga, então não recebi nenhuma informação sobre qual era seu quarto ou, digamos, qual era o tamanho da cama dele. Nem recebi uma despedida formal; quando o celular dele tocou, Niall apenas acenou educadamente e desapareceu num corredor.
Certamente fiquei parecendo como se tivessem roubado meu cachorrinho, e então tive um sobressalto quando o funcionário tossiu ao meu lado, claramente esperando para me levar até o quarto. Uma vez dentro do elevador, o peso do dia me atingiu como um caminhão, e me ocorreu que eu estava acordada desde as três da manhã, mais um cochilo no ombro do Niall. Uma tela na parede do elevador mostrava um desenho animado antigo: Tom acertou Jerry na cabeça com um martelo, e, enquanto eles corriam ao redor de um barril, o elevador subia até o décimo andar e senti meus olhos cada vez mais pesados.
Segui o funcionário pelo corredor e fiquei olhando enquanto ele abria a porta. No centro do quarto havia uma cama Box grande o bastante para umas quatro pessoas, em frente a uma televisão enorme. Havia um conjunto de cadeiras art déco num dos cantos e uma janela que cobria toda a parede oposta, com uma longa escrivaninha embaixo.
A cama realmente parecia um sonho - lençóis imaculados e travesseiros fofinhos. Meu corpo amoleceu com a vontade de desabar de cara no colchão.
Infelizmente, eu já havia aprendido da maneira mais difícil o quanto o Jet lag
pode ser um problema, então, por mais que eu quisesse, tirar um cochilo era exatamente o que eu não deveria fazer. Droga.
Era a segunda vez no mesmo dia que eu acordava de repente depois de um sono profundo. Babando. O quarto à minha volta estava quase completamente escuro, e por um
momento eu não sabia onde estava. E então lembrei:
Nova York. O hotel. Niall Stella.

Lembrei de ter tomado banho e vestido um roupão, depois decidi descansar os olhos apenas enquanto o serviço de quarto não chegava e... bom, aqui estamos.
Levantei-me, sentindo os músculos endurecidos enquanto esfregava o rosto na manga do roupão. Cara, quando dormia, eu dormia mesmo.
Enquanto meus olhos se acostumavam, abri as cortinas e me forcei a encontrar o celular. Havia duas mensagens da minha mãe, querendo saber se eu já tinha chegado, e uma da Lola. Depois de passar o dia todo longe da internet, prendi a respiração antes de checar os e-mails.
Reunião amanhã: preciso ler.
Ideias do Tony: isso pode esperar até amanhã. Liquidação na Victoria' s Secret: ooooh, vou marcar como importante para mais tarde. Aviso da assistente do Niall... Espera aí, o quê?
Ela anexou nossa agenda atualizada para o dia seguinte, junto com a hora para nos encontrarmos no saguão e alguns pontos que ele queria passar. Também havia o número de seu celular, "caso surgisse algo problemático".
Fiquei olhando para a tela.
Eu tinha o número do celular de Niall Stella. Será que ousaria ligar? Já que certamente dormi enquanto entregavam minha comida, eu poderia enviar uma mensagem para ver se ele queria sair para comer alguma coisa. Mas isso não se encaixava na categoria problemático, por mais fome que eu tivesse. E se ele não pediu para sua assistente perguntar quais eram meus planos para o jantar, então eu tinha que assumir que ele tinha seus próprios planos, e eu deveria fazer os meus.
Foi só agora que percebi que estava mesmo imaginando as próximas quatro semanas: Niall Stella e eu, juntos, no escritório temporário de Nova York ou
passeando pela Broadway, ou discutindo animadamente sobre o trabalho durante refeições em restaurantes ótimos recomendados pelos próprios nova-iorquinos.
Antes, eu havia imaginado inconscientemente como seria sua risada quando eu fizesse alguma piada enquanto tomávamos cerveja no fim do dia, e como trocaríamos olhares durante a correria das reuniões.
Mas a realidade era que eu provavelmente ficaria sentada ao fundo de uma sala de reunião fazendo anotações, depois voltaria para o hotel sozinha e passaria um mês pedindo comida no quarto.
Eu não podia enviar uma mensagem para ele, e definitivamente não queria
chamar o serviço de quarto de novo.
Olhei para meu reflexo no espelho do banheiro e - nossa - o cabelo parecia um ninho de passarinho, a maquiagem estava borrada, o rosto todo marcado
pelas linhas do travesseiro. Eu parecia melhor do que isso até quando ficava a noite toda acordada na faculdade. A menos que estivesse disposta a gastar um tempo para ficar minimamente apresentável, eu teria que me conformar com salgadinhos e refrigerante de alguma máquina no corredor.

Com um rolo de notas e algumas moedas no bolso do meu roupão, abri a porta lentamente e olhei para o corredor. Estava escuro e pouco familiar (obrigada, Jet lag): o papel de parede tinha padrões escuros e cada porta estava iluminada com uma pequena placa de neon e campainhas.
Avistei uma placa iluminada de uma máquina de gelo ao longe e comecei a andar hesitante, deixando a porta se fechar atrás de mim. Senti o carpete macio e grosso contra as solas dos pés, e isso me lembrou de que eu estava completamente nua debaixo do roupão. Tentei, mas não consegui ouvir nenhum
burburinho de vozes nos quartos, nem mesmo o zumbido de alguma tevê ligada. Tudo estava quieto demais, parado demais. O corredor se estendia
ameaçadoramente na escuridão à frente. Dei alguns passos para longe do meu quarto, cerrando os olhos e me preparando para a chegada de qualquer coisa inesperada.
- Ruby?
Soltei um gritinho de surpresa e pulei de susto, depois fechei os olhos com força quando reconheci a voz, pensando se deveria ou não me virar. Talvez eu pudesse sair correndo. Talvez pudesse fingir ser outra pessoa e ele perceberia seu erro e voltaria para o seu quarto, seja lá qual fosse.
Mas, óbvio, não deu certo.
- Ruby? - ele perguntou de novo, com um toque de incredulidade na voz, já que pessoas normais não andam descalças em corredores de hotéis usando apenas um roupão. E, olha só, considerando a brisa que entrou por baixo do roupão, o ar-condicionado tinha acabado de ser ligado também.
Que ótimo detalhe, universo, muito obrigado.
- Oi! - eu disse, animada demais, alto demais, e depois me virei.
Assustado, Niall Stella deu um passo para trás, quase batendo na porta aberta que, a propósito, ficava do lado da minha. Então iríamos compartilhar uma parede... Talvez até a parede do banheiro...
Onde ele tomava banho... Pelado.
Concentre-se, Ruby!
Tentei parecer casual.
- Por que você está no corredor? Eu estava procurando algo para comer... - eu disse, girando o cinto do roupão antes de perceber o que estava fazendo.
Soltei como se estivesse pegando fogo.
- Algo para comer? - ele repetiu.
Coloquei a mão na parede e me apoiei ali.
- Isso. Niall Stella olhou ao redor do corredor e depois voltou a me olhar,inspecionando meu roupão. E talvez, apenas talvez, se meus olhos não estavam mentindo, ele deu uma olhada em meus peitos. Onde o roupão estava aberto,possivelmente expondo um seio.

Aparentemente chegamos a essa conclusão ao mesmo tempo.
Seus olhos dispararam para minha testa e eu agarrei o tecido. Se continuasse assim, Niall Stella me veria totalmente nua até o fim da semana.
- Da máquina - expliquei, e passei uma mecha de cabelo atrás da orelha, gemendo quando lembrei como estava minha aparência. - Eu estava apenas indo pegar umas batatinhas.
Ele fingiu que estava olhando ao redor.
- Não sei se um lugar desses teria batatinha - ele disse, corando um pouco junto com um leve sorriso no canto dos lábios. - Talvez barrinhas de cereal? Caviar, com certeza. Ainda bem que você está vestida para a ocasião.
Ele estava me provocando.
Meu irmão era meu melhor amigo, seus amigos eram meus amigos, e eu era
boa nisso. Piadinhas. Ser marota com os caras. Eu conseguia fazer isso sem parecer uma idiota. E sem pensar no quanto eu queria levar ele para a cama.
Talvez. Mas ele estava usando um terno cinza - meu favorito - e uma camisa escura sem gravata. Nunca vi Niall Stella sem gravata, e foi preciso uma força sobre-humana para manter meus olhos em seu rosto e não na pequena faixa de pele exposta sobre o colarinho aberto.
Ele tinha cabelo no peito e meus dedos formigaram de vontade de tocar. Mas ele ainda estava esperando minha resposta.
- Sorte sua eu pelo menos ter vestido isto - eu disse.- Geralmente como batatinha só de calcinha no sofá.
Sua sobrancelha subiu de um jeito gracioso enquanto o rosto permaneceu estoico.
- Na verdade, eu sei que isso faz parte dos dez mandamentos dos salgadinhos. Infelizmente, o mesmo não é verdade quando se trata de caviar.
- Ou barrinhas de cereal -acrescentei, e ele riu.
- Verdade. Encolhendo os ombros, olhei de volta para a porta do meu quarto.
- Acho que vou dar mais uma olhada no cardápio do serviço de quarto.
- Vou deitar - ele disse - e fazer você gozar. Arregalei os olhos e virei para ele imediatamente.
- Você vai... o quê?
Juntando as sobrancelhas com um olhar confuso, ele disse lentamente:
- Vou descer, você quer me acompanhar?
- Oh - eu disse, tentando respirar fundo. - Você vai jantar lá embaixo?
- Você disse que era sua primeira vez? - Niall começou a falar, e nossos olhos se arregalaram antes de ele acrescentar rapidamente: - Em Nova York. Sua primeira vez em Nova York.
- Hum, sim - respondi, apertando o roupão na altura do pescoço.
- Talvez você... - ele começou a falar, mas parou de novo, levando a mão na garganta como se quisesse afrouxar uma gravata que não estava lá. Depois
baixou as mãos. - Vou encontrar meu irmão. Ele mora com a esposa aqui na cidade. Vou jantar com ele e alguns parceiros lá embaixo. Você quer vir junto?
O irmão dele morava aqui? Guardei essa informação no fundo da minha mente, junto com o quanto eu queria ir, e - certa de que iria me odiar mais tarde por isso - sacudi a cabeça, negando. Não queria ser intrometida.
- Acho que provavelmente vou...
- Você estaria me fazendo um favor, na verdade. Às vezes é difícil lidar com todo o entusiasmo do meu irmão Max. - Niall parou novamente, como se estivesse reconsiderando, depois sacudiu a cabeça levemente e continuou: - Você será uma distração bem-vinda.
Já que eu sou a Capitã Sem-Noção e insisto em pintar cada interação entre nós com toques de nudez ou constrangimento, fiquei parada ali, muda, piscando por muito mais tempo do que seria socialmente adequado.
- É claro, se não quiser...
- Não, não! Desculpe, eu... Você pode me dar uns dez minutos pra me trocar e...? - Fiz um vago gesto mostrando o desastre na minha cabeça.
- Você só precisa de dez minutos? - ele perguntou com um tom cético.
Deus, ele está me provocando de novo.
- Dez minutos - confirmei com um sorrisinho. - Doze, se não quiser minha saia presa na calcinha.
Niall soltou uma risada que surpreendeu a nós dois, antes de se recompor.
- Então está combinado. Vou esperar no saguão. Nos vemos em dez minutos.
Nunca na história deste planeta alguém se arrumou tão rápido quanto eu. No momento que as portas do elevador se fecharam atrás dele, saí correndo.
Joguei o roupão no chão, arranquei o vestido azul da mala e corri para o banheiro. Passei um pano úmido no rosto e juntei minha maquiagem. Passei hidratante e pó na velocidade da luz. Passei um pouco de creme no cabelo e liguei o secador, penteando mecha por mecha. A prancha aqueceu em questão de segundos, e depois de algumas passadas, tirei da tomada e a guardei. Escovei os dentes, apliquei blush, passei rímel e gloss. Coloquei o vestido com cinco minutos sobrando. Infelizmente, esqueci de vestir a calcinha, então usei o tempo
restante para apanhar uma na mala, encontrar um carregador para o meu celular e colocar um sapato razoável.
Apanhei a bolsa, chequei novamente se todas as partes do vestido estavam no lugar, e depois de tomar fôlego e rezar um pouco, andei até o elevador.



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