História Surreal (Klaus e Caroline) - Capítulo 18

Pov. Caroline.

O mundo de repente girou em câmera lenta, como se os segundos houvessem se transformado em horas, o ar ficou 4 graus mais frio e as palmas da minha mão apresentavam gotículas de suor de repente.
Eu estava confusa com as milhares de informações que haviam inciado meu ano: Marcel Gerard, aqueles sonhos esquisitos e agora minhas duas melhores amigas me fulminando com o olhar após descobrir algo que eu não havia contado para elas.
- Foi minha mãe, não foi? - de repente o mundo voltou a girar, em sua velocidade normal, apesar de minha mente estar enevoada o suficiente para eu não ter certeza se realmente havia falado aquilo.
- Caroline, o que diabos deu em você? - Elena perguntou me olhando fixamente - Ele nos atormentou e tentou nos matar incontaveis vezes, não é possível que você tenha perdido completamente a sanidade! 
- Quem continuou sã depois de Stefan Salvatore retornar para Mystic Falls, não é? - alfinetei cruzando os braços e tendo consciencia que estava vestida apenas com uma camisa de Klaus. - Eu... Eu sinto muito por não contar a vocês, estamos nos vendo já faz alguns meses. 
As palavras deixaram meus lábios de modo hesitante, Bonnie apenas me encarava com os lábios rígidos em uma linha fina enquanto Elena deixou o cômodo como se eu houvesse dito que eu havia ajudado a matar seus próprios pais. Eu não ousei dizer mais nada e o silêncio se prolongou por alguns minutos, meus olhos conectados com o de Bonnie e nossos ouvidos atentos na morena na cozinha que havia acabado de espatifar um copo na parede. E então, o som de seus sapatos batendo com força no chão enquanto ela retornava para a sala, havia visto o olhar perturbado e raivoso de Elena poucas vezes em minha vista, mas aquela era a primeira vez que ele estava sendo direcionado a mim.
- Como isso aconteceu? Por que você está com ele? - a voz saiu estranha de sua garganta, era uma acusação, uma acusação de que eu era a traidora do grupo. E naquele momento eu começava a achar que era.
- Eu... eu - minha voz não saía ou talvez eu não conseguisse formular algo coerente, algo que mascarasse a vergonha que começava a sentir por ter agido daquela forma nos últimos meses, como se nada importasse, como se eu não tivesse passado por inúmeras situações desastrosas no passado, situações que eram ocasionadas pelos desejos egoístas de Klaus.
- Ele usou o corpo do Alaric e manipulou várias pessoas para que no fim matasse a Jenna, ele matou a mãe do Tyler, seu namorado! Namorado que ele escravizou com uma droga de ligação e impediu que vocês dois pudessem ficar juntos por tanto tempo. - surpreendentemente era a voz de Bonnie que se levantou no ambiente, chegando aos meus ouvidos  e deixando um gosto amargo na boca - Ele manipulou o Stefan, o Damon, me manipulou e eu quase morri para poder contê-lo, porque ele queria matar nossa amiga, nossa melhor amiga... Caroline, ele também quase te matou e causou tanto sofrimento a todos nós que eu poderia ficar horas e horas falando disso com você... Será que não encherga o quão absurdo é você ter um relacionamento romântico com ele?
Eu não conseguia responder, talvez não houvesse uma resposta, naquele momento eu estava destruída e envergonhada, elas tinham razão é claro, eu sabia de todas aquelas coisas quando eu o beijei naquele barco. Eu sabia. E isso não estava ajudando em nada em limpar minha consciência.
- Você mudou. - Elena disse em tom de acusação - Eu só queria sabero quanto.
Levantei meus olhos para ela e só então notei que estava chorando, as lágrimas escorrendo por minha bochecha. E então, elas prosseguiram, me dizendo mais outros milhares motivos pelos quais eu supostamente havia perdido a lucidez.
Eu realmente havia mudado? Klaus fez que eu mudasse tanto assim?
Niklaus Mikaelson era cruel. Cruel o suficiente para destruir tudo em seu caminho apenas para conseguir realizar seu desejo sórdido e egoísta, era verdade, eu já estive em seu caminho inúmeras vezes e quase fui destruída, até que eu me transformasse em seu desejo egoísta. Mas eu tinha que admitir para mim mesma, ele também era meu desejo egoísta, por isso escondia isso de todos, porque queria evitar ter que destruir tudo em meu caminho para poder ficar com ele.
Elas não o conheciam como eu, ele não permitia isso a quase ninguém. Ninguém sabia o quaõ gentil e antencioso ele poderia ser, o quanto de amor ele pode oferecer, que ele também é frágil e que tem milhares de histórias para contar. Foi por esse Klaus que eu me apaixonei, não pelo vilão da história de anos atrás, mas elas não entendiam isso e talvez jamais iriam entender.
- Diga alguma coisa Caroline! - Elena deu um berro me assustando e naquele momento eu pareci sair do transe, sequei meu rosto e respirei fundo escolhendo mentalmente o que diria.
- O que você quer que eu diga? Que eu estou totalmente errada e vocês certas? - me levantei, sentindo a fúria em minhas veias, cansada de ouvir acusações e não conseguir me defender, era agora que eu destruia coisas no meu caminho para alcançar meu desejo egoísta - E você Elena, não namora Damon Salvatore? O mesmo cara que se aproveitou de mim, que abusou psicoligicamente, que me hiptonotizou para fazer seu trabalhinho sujo, um cara tão egoísta quanto Klaus! Mas você o perdoou, todos perdoaram...
Elena arregalou os olhos, acho que ela se esqueceu de alguns detalhes, antes de me dizer tudo aquilo.
- Ele é como Klaus, claro que em menor proporção, Damon não teve tanto tempo para acabar com a vida das pessoas assim. - continuei - Ele matou como Klaus, matou até o Jeremy se provando tão egoísta quanto Klaus quando reinvidicou a namorada do próprio irmão. - a julgar pelo lábio trêmulo de Elena, sabia que havia acertado seu ponto fraco - No entanto, ele te ama e você conheceu o lado bom dele, não é? Então porque é tão díficil vocês entenderem que eu também amo Klaus?
- É diferente. - Bonnie falou e eu a olhei.
- Não, não é não! - respondi amargurada - Você gostava tanto de Damon, quanto eu. 
- Caroline, eu não aceito você estar com ele. - Elena secou uma lágrima que caia de seus olhos, aquilo doía nela também.
- Não cabe a você aceitar. 
- Então você vai nos trocar por ele? - Bonnie perguntou se pondo em pé.
- Eu amo todos vocês, com todo o meu coração. - falei derrotada - Mas não abrirei mão dele.
- Tudo bem. - Bonnie sumiu pelo corredor e apareceu com duas malas, entregando uma a Elena - Ele irá te magoar, irá te destruir, como ele fez com todos os que ele conhece, como ele fez com a própria família. Você fez uma escolha aqui Caroline, escolheu ele e não aos seus amigos, me pergunto sobre o que mais você irá passar por cima para poder ficar ao lado dele. 
- Espero que não se arrependa. - Elena disse se juntando a Bonnie e indo em direção da porta, me deixando ali sozinha e afogada em lágrimas.
A única saída no momento era chorar, então peguei meu travesseiro e entrei em meu pequeno closet, que se assemelhava mais a um armário de vassoura, apaguei a luz e o abracei como se fosse a única coisa que havia me restado.  Fazer aquilo era um hábito, entrar em um ármario e chorar, quando minha mãe me colocava de castigo ela me mandava ficar no quarto e eu entrava no armário que havia no meu, quando eu começava a chorar ela me entregava o travesseiro para que eu não me sentisse tão sozinha, eu não me lembro como saia de lá, pois eu dormia e acordava em minha cama.
Foi o que fiz, eu dormi no meu closet, no entanto acordei no mesmo lugar.
Peguei o celular em meu bolso e mandei uma mensagem para Klaus:
"Preciso de você." 
Estava tão perdida em meus devaneios melancólicos que só retornei a realidade quando ouvi o barulho da porta da sala sendo aberta, só que me mantive inerte ali incapaz de me levantar, eu só queria me manter deitada e morrendo aos poucos.
Depressivo? Talvez. Eu não era muito racional quando estava triste.
- Caroline? - reconheci a voz de Klaus me chamando desesperada, ele estava em meu quarto que ficava ao lado do armário de vassouras.
- Klaus. - murmurei indicando minha localização.
- Carol - ele abriu a porta do armário e me encontrou sentada no chão - O que faz aí?
- Eu-eu... - não saiu mais nada que isso, então eu apenas me levantei e o abracei, me jogando em seus braços como se ele fosse um colete salva vidas.
O corpo dele estava tenso, mas aos poucos relaxou e enquanto ele me abraçava forte.
- O que aconteceu? - ele perguntou afagando meus cabelos - Por que está chorando? - seus polegares passaram embaixo dos meus olhos varrendo as lágrimas. 
Dei um longo suspiro e comecei a lhe contar tudo, exatamente tudo o que havia acontecido.
Quando dei por mim estávamos em minha sala, eu em pé lhe contando o que houve e ele sentado perdido em algo acima da minha compreensão, quando enfim terminei ele ficou um bom tempo em silêncio massageando os nós dos dedos.
- Você realmente quer ficar comigo? - ele me perguntou enquanto se levantava e me fitava, sua seriedade chegou a me assustar.
- Que tipo de pergunta é essa? - tentei sorrir, mas meu semblante deve ter parecido uma careta.
De repente me peguei pensando em sua pergunta, eu realmente queria ficar com ele? O quanto eu queria estar ao lado dele. Elena disse que eu me arrependeria da decisão e se agora se tratasse de teimosia?
Eu realmente queria correr riscos o tempo todo, fazer que meus amigos e família também corressem, ficar com alguém que ninguém aceitava, alguém que nem mesmo eu sabia se realmente havia mudado. Que escondia coisas de mim.
Novamente havia demorado tempo demais e Klaus me olhava decepcionado.
Ótimo, mais um pro pacote! Parabéns Caroline!
- Eu- Eu... -  novamente gaguejei.
- Fale a verdade Caroline. - ele se aproximou de mim, novamente uma lágrima brotou no canto de seus olhos, ele havia segurado meus dois braços de forma rude - Diga! - ele gritou comigo e eu me senti assustada, era aquilo que eu queria para mim? Um cara que me levava ao céu e me trazia ao inferno quando queria? 
- Eu não sei. - respondi seca e ele me soltou com um empurrão, porque ele estava fazendo isso?
Então ele gritou, com toda a força de seus pulmões e chutou a mesinha de centro da sala, fazendo que vários pedaços de vidro se espalhassem pelo chão.
- Para! - gritei assustada com o barulho e então ele parou.
- Eu achei que você me amasse. - ele disse, um sorriso de escárnio no canto dos lábios - Eu realmente acreditei em você.
- Eu-eu... - pigarreei - Eu acho melhor você ir, vai ser...
- Vai ser melhor assim? - ele perguntou irônico e eu confirmei com a cabeça - Não irá ser, é só você perceber uma coisa - ele se aproximou de mim e senti meu corpo estremecer, mas dessa vez de medo - Eu sou quem te dá segurança Caroline, você ligou para mim porque você precisa de mim!
- Eu posso muito bem não precisar. - respondi no intuito de o magoar assim como ele estava fazendo comigo, tirar aquele orgulho bobo que estava contido em seu tom.
- Isso nós iremos ver. - ele sorriu parecendo um maníaco - Até breve, amor. - ele deu um beijo em minha bochecha e desapareceu com um baque na porta da porta da sala.
Deslizei até o chão e abracei meus próprios joelhos desabando a chorar novamente, mas dessa vez foi alguém que me ligou.
- Não pode ficar pior. - afirmei olhando o celular e vendo que era Jenifer, a mesma me avisou da reunião de última hora que eu não poderia de maneira nenhuma faltar.
E então, uma hora mais tarde, estava frente a frente com os executivos que não paravam de falar no sucesso de Klaus como capa da revista, tudo o que eu "precisava" naquele momento. 
E então me peguei acariciando um pedaço de papel quadrado com o número de Marcel Gerard. Que mal faria?