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História Surya: A última ilha - Seguidas frustrações


Escrita por: arturhm13

Notas do Autor


Os maiores sonhos, muitas vezes, exigem os maiores sacrifícios, entre eles, abrir mão de nossas próprias convicções.

Capítulo 11 - Seguidas frustrações


Já havia se passado dois dias desde que Fuma partiu, deixando Arryn em sua cabana. O garoto decidiu esperar e adiar um pouco a sua jornada, ele não havia desistido da ideia de tornar Fuma seu mestre.

A maioria dos seus ferimentos tinham sido curados, com a ajuda de medicamentos que o velho possuía. Ele ainda sentia algumas dores pelo corpo, mas era apenas seu espírito de guerreiro que lhe incomodava naquele momento.

Arryn estava sentado, com o corpo debruçado sobre a mesa. Aquela demora estava sendo um fardo complicado de carregar. Era difícil tirar da cabeça as palavras de Fuma, ele ainda não sabia bem o que elas queriam dizer.

— Que droga, será que aquele velho não vai mais voltar? Eu preciso fazer alguma coisa, não aguento mais continuar nesse tédio! — exclamou, impaciente.

Arryn levantou-se da cadeira e cruzou um dos buracos da casa. Ele caminhou em torno da residência algumas vezes, parando poucos minutos depois, de frente para uma pilha de madeiras.

O garoto respirou fundo e olhou ao seu redor, o clima estava realmente agradável aquela manhã. O sol quente, que banhava o seu corpo, parecia estar lhe enchendo de energia.

— Agora sim, finalmente sol. Não saí do orfanato para ficar preso dentro de uma caixa. — falou para si mesmo.  

A casa de Fuma ficava em uma clareira no centro da floresta. Uma cabana simples, cercada pela natureza e sem nenhum sinal de civilização, não importa em que direção olhasse. — Vou arrumar o estrago que aquele Baduke fez na casa, talvez se eu mostrar como estou disposto a me dedicar, o velho aceite me treinar. — pensou Arryn.

O garoto pegou um antigo machado que estava fincado no chão e começou a golpear a madeira. As batidas precisas do machado na lenha, fizeram alguns pássaros alçarem voo. O suor escorria de todo seu corpo até seus cortes, causando certo desconforto.

Durante uma hora ele se manteve concentrado em sua tarefa estafante, tanto que não percebeu o aproximar de algumas criaturas, atraídos pelo barulho.

Em certo momento, Arryn ouviu uma respiração barulhenta e ofegante vinda de trás dele, há quase trinta metros de distância. Ele olhou rapidamente para trás localizando uma besta de quase dois metros de altura olhando em sua direção. A criatura parecia estar tentando entender o que o garoto fazia.

A fera quadrúpede, tinha a aparência de um rinoceronte, com quatro musculosas pernas e garras dianteiras em forma de gancho. Sua pele era grossa e azul, uma pequena floresta parecia brotar de suas costas. Não havia nenhum dente em sua boca molenga. Acima do nariz existia um chifre branco, afiado, de uns trinta centímetros. A besta era popularmente chamada de Rinto.  

Arryn olhou com raiva para o monstro. — Mais uma vez eu não pude sentir sua presença. Parece que os monstros têm uma melhor habilidade de se ocultar que os humanos. — pensou.

O jovem cerrou os dentes e segurou firme o machado. Ele sabia que ainda não estava pronto para um combate, sua últimas experiências demonstraram isso, mas se preparou para o pior.

Uma brisa soprou, secando o suor que se acumulava em sua testa. Ele permaneceu imóvel e de olhos bem abertos. — Vou aguardar que a fera inicie o ataque, dessa maneira poderei poupar energias. — pensou, tentando bolar uma maneira de administrar melhor o combate.

Apesar de suas convicções, alguns minutos se passaram e o Rinto manteve-se distante. Por vezes ameaçou se aproximar, inclinando a cabeça para um lado e para o outro, mas, entediada, acabou desistindo e voltando para a mata.

Por que não me atacou? Será que preferiu se esconder? Não, aquela não me parece ser uma criatura furtiva. Droga, o que está acontecendo aqui? — pensou Arryn.

Apesar do alívio de se livrar do confronto, aquelas dúvidas se acumulavam e iam de encontro ao seu conhecimento sobre os monstros. Como não obteria nenhuma daquelas respostas no momento, ele voltou a cortar lenha.

A aparição de alguns monstros que passavam pelo local, interrompiam, ocasionalmente, seu serviço. Ele se punha sempre em guarda, mas em momento algum ele foi importunado.

Depois de duas horas de trabalho e uma, mais que suficiente, pilha de lenha, Arryn se sentou em um toco de árvore, deixando o machado de lado. Ele aproveitou a calmaria da floresta para recuperar seu fôlego.

— Espero que o Fuma reconsidere e decida me treinar, preciso ficar mais forte. — Disse, fechando os olhos.

Em Mizuri, Arryn sempre se destacou por seu vigor físico. De longe ele era o melhor aluno em todas as aulas relacionadas a combate e força. Um feito incrível, principalmente se levar em consideração que as classes não eram divididas por idade.

Seu descanso foi interrompido por um alto zumbido. O barulho incômodo vinha das asas de algumas criaturas conhecidas por Zoombs, que voavam em sua direção.

Antes de realizar qualquer ação, ele analisou de forma rápida a fisionomia dos monstros: dois pares de asas mantinham, no ar, cada uma das criaturas, quinze no total. Elas tinham a aparência similar a de insetos e a metade da altura de uma criança. Havia vários olhos espalhados por toda a cabeça. Na parte do meio ficavam quatro pares de patas, com outras duas, superiores, alongadas. Ele também notou um líquido viscoso azul que escorria da sua extremidade inferior.

O coração de Arryn bateu mais forte, ele segurou rapidamente a sua adaga e se preparou para receber um golpe direto. As criaturas, no entanto, voaram por cima dele em alta velocidade, ignorando-o completamente. Elas se dirigiram para a pilha de madeira que ele tinha acabado de cortar.

Arryn olhou para trás e viu as criaturas agarrarem as toras recém-cortadas e em seguida voarem para a floresta com as que puderam carregar. Sem entender o que estava acontecendo, ele segurou sua adaga e perseguiu os ladrões por entre as árvores.

— Mas que droga, será que todos os monstros só sabem roubar?! — gritou, correndo o mais rápido que podia.

Além de poder voar, os Zoombs tinham um conhecimento melhor da floresta, o que lhes garantia uma grande vantagem. Logo Arryn percebeu isso. Ele seguiu as criaturas, até perdê-las de vista próximo a uma cachoeira. O garoto ainda tentou rastreá-las, mas foi inútil, ele já nem conseguia mais ouvir o barulho de suas asas.

Frustrado com mais esse fracasso e sem acreditar na sua sorte, o garoto começou a rir de sua desgraça.

— Só pode ser brincadeira, não é possível.

Ele pôs a mão direita no rosto e, por um instante, pensou se teria sido mesmo uma boa ideia sair do orfanato.

O mundo era muito maior que as histórias que ouvia, e ele agora nem mais entendia direito qual era o seu objetivo. A cada passo que dava e a cada ferida que adquiria mais ele percebia que Fuma tinha razão, ele não sabia nada, nem conhecia coisa alguma. Admitir aquilo era mesmo complicado.

Arryn se sentou em uma rocha, próximo a cachoeira, e passou a mão novamente nos cabelos molhados de suor. Ele olhou para baixo e observou o seu rosto refletido na água. Seus olhos dourados brilhavam, mas seu rosto estava sujo de terra. Não existia mais raiva em suas expressões, apenas um sorriso sem motivo. Ele pôs suas mãos em forma de concha e retirou um pouco de água para se lavar. Com as duas mãos, esfregou a face com força e olhou novamente para sua imagem. Naquele momento, cada centímetro do seu corpo estremeceu.


Notas Finais


Espero que estejam gostando, sinto muito pelo atraso na entrega dos capítulos. Para não haver problemas futuros, a partir de agora irei postar um novo capítulo toda quinta feira. Deixem aqui seus comentários que eu ficarei feliz em respondê-los.


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