Ouviu seu canto pela primeira vez. Admirou-se.
Naturalmente, não havia muito, apenas alguns assobios, mas que não falhavam em encantar de pureza aqueles olhos brilhantes e silenciosos que ele assistia gritar na escuridão.
As diferentes feições tomando forma através dos fios que lhe separava. Grades.
Era verdadeiramente livre pelo ser, verdadeiramente preso pelo existir.
Condenado a desfrutar de uma solitude que beliscava um companheirismo momentâneo, se arranjava na desculpa de desconhecer tudo mais que a vida que deveria viver reservava.
Às vezes, um outro como ele — diferindo apenas na capacidade de bater as asas a todos ventos — vinha quase que lhe fazer inveja. Se observavam, vigilantes. Mas sem porquê. Um não havia como hostilizar o outro.
E de uma dependência extrema, seguia o curso do destino, apossado pelo temor contido em defesa da sobrevivência, compartilhando do desejo incomplacente daquela, a liberdade, com alguém que reconhecia seu modo sui generis de, longe, florescer o suspiro-dos-jardins.
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