História Swan Song - Dare to Dream - capítulo 19

Queria não ter dito isso. Queria não ter dito, mesmo! Cath me olhava num misto de raiva, decepção, tristeza, irritação. Os olhos dela se arregalaram e ela me deu as costas em direção a porta.

–Cath, espera – falei indo atrás dela pelas escadas. Cath tacou o casaco em mim e pulou no sofá pra chegar à porta primeiro, mas eu fui mais rápido e a barrei. – Cath, me desculpa.

–Sai da minha frente – ela disse brava. Algumas lágrimas se formaram em seus olhos, mas ela as secou rapidamente – Volta pra sua morta, Harry Styles!

–Ei – protestei e quando percebeu que eu não sairia de sua frente, Cath se virou e foi para o outro lado. Segurei seu braço – Me perdoa.

–Então é isso o que você quer, ahn? – ela perguntou me encarando com os olhos cinzas furiosos – Você quer preencher um ESPAÇO! Você não gosta de mim – ela deu uma risada – Claro, como eu fui idiota, não é mesmo? É claro que alguém como você nunca ia gostar de mim – as lágrimas caiam enquanto ela ria – A Barbie tem razão! Você só me quer por perto porque eu sou idêntica aquela garota. MAS EU NÃO SOU ELA.

–Você...Você... – fiquei sem palavras, e Cath assentiu secando as lágrimas e depois veio me atacar.

–Sabia que era um momento ruim pra mim – ela disse batendo em meu peito fracamente – MEU PAI SUMIU, SABIA COMO EU ESTAVA ME SENTINDO! MAS VOCE ESTAVA ME USANDO! E A RETARDADA AQUI ACREDITOU!

–Não, eu não estava te usando – afirmei sentindo os olhos encharcarem.

–Ah, não? Ally, Harry! ALLY! É ISSO QUE VOCE QUER NÃO É? NÃO SOU EU, NÃO É A BARBIE, É A ALLY! – ela gritou me batendo mais. Tentei segurar seus braços, mas ela se soltou facilmente.

–Não, vocês são diferente, me desculpa! Eu não quis dizer isso! Me perdoa, Ally, me perdo...

–Você fez de novo – ela disse abafando um soluço e eu arregalei os olhos diante da minha burrice.

–Eu não...Eu não... – minha garganta estava seca. Cath estava de cabeça baixa, soluçando baixinho. Eu estava com vontade de ir ajudá-la, mas tenho certeza que ela me afastaria. Tentava falar, mas nada saia. Eu tinha feito isso mesmo? – Cath, escuta, eu sinto muito! Eu...Olha, eu sei quem é Ally Cunha e quem é Catheryne Dawson! E são duas pessoas fantásticas e diferentes. Eu amo as duas e...

–Isso é pra ser uma desculpa convincente? – ela perguntou com a voz embargada, tossindo um pouco – Porque pra mim, só confirma o porque você me quer por perto, e eu...EU ODEIO ISSO! EU ESTOU CANSADA! CANSADA! TALVEZ SEJA MELHOR ENFIAR UMA ARMA NA MINHA CABEÇA E MORRER LOGO – ela caiu de joelhos no chão, soluçando – Não faria diferença.

–Ei – falei me ajoelhando ao seu lado e tentando abraçá-la, apesar de Cath se afastar. – Faria sim muita diferença.

Cath negou com a cabeça, chorando com mais força.

–Ninguém se importaria! Eu odeio isso! Eu odeio a minha vida! Odeio ter que me matar trabalhando pra trazer a porcaria do dinheiro pra casa e ver meu pai gastando em drogas depois. Odeio meu pai, odeio me preocupar com ele, odeio que ele suma sem me dizer nada, odeio meu namorado, odeio me matar de estudar, odeio acreditar que tenho um futuro! Odeio que ninguém se importe comigo! Eu odeio! ODEIO SER USADA. COMPARADA A UMA MORTA!

–Ei ei ei – tudo aquilo que ela estava me contando era extremamente inédito e eu não pude evitar ficar surpreso em algumas partes – Eu me importo com você. – abracei ela pelos ombros puxando pro meu peito, mas Cath me empurrou.

–Você se importa com a Ally. – ela disse se levantando – Não comigo. E eu espero que faça bom proveito da sua...sua...sua Ally. – eu sei que ela teria dito algo mais grosseiro, mas Cath era do tipo frágil, educadinha, meiga. Como alguém podia comparar sua personalidade com a de Ally?!

–Não vai embora – fui atrás dela – Cath, eu sinto muito! EU não queria!

–Eu não quero...Harry, eu não quero... – ela fechou os olhos com força.

–Eu tenho que te ver de novo. Tenho que me desculpar, eu tenho que...

–Não – ela disse mordendo os lábios e com os olhos ainda fechados – Eu tenho que me preocupar com meu pai, com...Com tudo da escola e...Nossa, não sobra tempo pra nada né?! Você pode se preocupar com a ... Com a Ally, ok? Eu tenho que ir.

–Não Cath, eu não quis – fui atrás dela pelo corredor e Cath parou.

–Eu não quero te ver – ela falou ainda de costas pra mim – Eu não sou a Ally. Eu sou só...A Cath.

–E isso é perfeito, eu adoro isso... – peguei o braço dela, mas Cath se esquivou.

–Você adora Ally – ela balançou a cabeça – Você quis dizer aquilo. Era nisso que estava pensando. O que? Ia pedir pra eu ir no cartório e mudar meu nome também?

–Não brinca Cath. Eu nunca faria isso com você, eu não quis dizer aquilo, eu só...Foi meio inconsciente.

–É – ela assentiu – E por isso dá pra perceber que não podemos ser amigos. Eu não sou sua ex-namorada morta.

–Vocês são idênticas, por isso, eu só...

–Quer saber Harry? – Cath falou se virando pra mim finalmente – Não precisa explicar mais nada. Eu entendi, juro que entendi. Você queria a Ally, me viu, e pensou que podíamos ser a mesma pessoa. E quando percebeu o erro, achou que poderia me obrigar a parecer com ela. Mas novidades Harry, eu não sou a Ally.

–Sei quem você é – murmurei, mas Cath balançou a cabeça.

–Sabe mesmo? – e saiu correndo antes que eu pudesse ir atrás.

Vacilou feio dessa vez ein. Yeah, minha mente debochando de mim. Que consideração ein. Ninguém mandou ser retardado.

–Cala a boca – falei pra mim mesmo.

Falando sozinho ; o primeiro sinal da loucura.

Dei um tapa forte em minha própria cabeça e ela aparentemente parou de discutir. Ela era péssima nisso.

[...]

–E ai você chamou ela de Ally? – Liam perguntou pela milésima vez. Niall estava deitado no outro sofá com Hachi deitado em sua barriga.

–Foi – confirmei desanimado.

–Cara, já vi muitas ruins, mas essa foi com certeza a pior. – Niall falou e eu fulminei ele com o olhar.

–Tem alguma chance de ela me perdoar? – perguntei, praticamente pensei em voz alta quando Louis apareceu descendo as escadas.

–Eu não perdoaria.

Arregalei os olhos.

–De onde você veio?

–Dá porta de entrada – ele apontou.

–Quando?

–Há uma meia-hora atrás. – ele deu de ombros vindo se sentar no sofá.

–E onde estava? – perguntei ainda boquiaberto por não ter percebido que Louis estava no meu apartamento há tanto tempo.

–No seu quarto...Você tem coisas interessantes lá – e deu um sorriso maroto. OK, destruiu o meu quarto, na melhor das hipóteses.

–Eu acho que a Cath vai te odiar pelo resto da vida...Se você der sorte – Louis falou coçando a cabeça de Hachi – Se não tiver, o que geralmente sempre é o seu caso, ela vai ser um fantasma bastante revoltado que vai adorar te bater.

–Hm, sei – resmunguei – Eu só queria que Al...

–Ia fazer de novo – Liam advertiu.

–Na verdade, não ia. – falei tristonho – Dessa vez queria mesmo falar ; queria que Ally estivesse aqui.

Louis me deu um tapa.

–O que é isso? Então você admite que esta mesmo usando Cath? – ele perguntou indignado.

–Não quis dizer isso – me apressei em discordar – É só que...Caramba, Louis, as coisas são difíceis!

–Pra mim está bem claro ; você esta usando Cath porque ela te lembra a Ally! – Liam disse também indignado – Por que queria que ela tocasse piano, afinal?

–Eu não sei – admiti suspirando. – EU só queria. E caramba, ela explodiu e eu...

–Ah, claro que ela explodiu! Ela não é sua ex-namorada morta, seu retardado. Cath é uma pessoa, ela tem sentimentos. E não é só porque parece outra pessoa que tenha...Vishi, me perdi – Niall coçou a cabeça – Mas o fato é que Cath não é Ally.

–E se você só gosta dela porque são parecidas, não pode iludir Cath – Louis completou.

–E – Liam acrescentou – Você mesmo tem que se esclarecer. Por que gosta da Cath, Harry?

–Quando fizer isso, ai sim você pode ir falar com Cath. – Louis afirmou e eu concordei com a cabeça.

–Não me sinto pronto pra isso. Pra resposta que vou encontrar – senti a voz tremer nas ultimas palavras, e eles assentiram solidários.

–Mas tem que estar...Não é certo o que você fez com Cath...E tem pouco tempo pra resolver isso. Temos a turnê e é bom que esteja pronto – Liam avisou.

–Tem as outras coisas que ela falou também – comecei a assimilar tudo que Cath odiava e pensei que sua vida deveria ser um inferno. Os meninos concordavam comigo, mas não podíamos fazer nada. Não ainda.

Comecei a pensar a respeito. Por que, afinal, eu gostava tanto de Catheryne Dawson?!