História Swan Song - Dare to Dream - capítulo 98

[...] Harry Styles POV’s.

Acordei com a luz do sol batendo em meu rosto e um vento frio castigando minhas costas nuas. Levantei-me para fechá-la e vi movimento por baixo da porta. Alguém acabara de passar.

Ally empertigou-se na cama com frio, praticamente me convidado a voltar e me deitar lá. Mas alguma coisa estava errada. Era cedo demais pra qualquer um dos idiotas que eu conhecia tão bem estarem alertas e acordados. E se estavam...Não era por coisa boa como assistir desenhos.

Fui caminhando na ponta dos pés tentando não fazer barulho, e cheguei a porta. Ia virar a maçaneta com cuidado quando :

-Fugindo de mim? – Ally perguntou meio grogue de sono.

Dei um sorriso e voltei para beijá-la, me deitando um pouco em cima dela. Ela se desviou do meu beijo.

-Sua voz fica tão bonitinha quando você acorda, sabia?

-Existe mau hálito matinal também, sabia? – ela riu e me deu um abraço. Fiz bico.

Estiquei os braços para puxá-la até se levantar. Puxei com tanta força que ela veio parar em meu colo. Girei-a pelo quarto, em risadas.

-Shh! Silêncio. – ela me advertiu, colocando as mãos nos lábios e indo para o banheiro do quarto.

Ela se trancou lá e enquanto fazia o que quer que estivesse fazendo, ela começou a cantar. Uma música que nem eu conhecia. Seria composição própria? Lembraria de perguntar depois.

Ela saiu de lá usando uma camiseta minha e a toalha enrolada na cintura. Ela apontou pro banheiro com a escova dentro da boca cheia de espuma.

-À vontade. – ela disse toda enrolada.

-Minha camiseta. – murmurei, puxando a camiseta dela para cima. Ela corou e a puxou pra baixo.

Ela voltou para o banheiro e saiu com a boca limpa. Lembrou, é claro, de cuspir um pouco de água em mim.

-É o preço de dormir aqui, querido. – ela sorriu.

-Queria ter nojo de você – comentei limpando meu rosto da água que ela acabara de cuspir – Mas não consigo.

[...]

Passamos tanto tempo brincando que acabei esquecendo o motivo que realmente me fizera ficar de pé. Chamei Ally para o café da manhã e descemos juntos.

Antes de terminar a escada e chegar à sala, porém, ela parou abruptamente e colocou um braço na minha frente, para me impedir de continuar a andar. Ela colocou um dedo nos lábios pedindo silêncio.

Um segundo depois, comecei a ouvir também. Alguém estava soluçando. E soluçando alto. Se fosse a mesma pessoa que vi ao acordar, realmente seu problema deveria ser imenso. Fiz menção de correr na direção do choro, mas Ally fez que não com a cabeça.

-Eu vou primeiro. – ela sussurrou.

-Não, eu vou primeiro. – sussurrei de volta.

Ally colocou as mãos na cintura.

-Quer mesmo discutir isso? Fica quieitinho. – ela pediu e saiu.

Era incrível ver como ela era bem mais habilidosa que eu para andar sorrateiramente em silêncio. Revirei os olhos. Ela se gabaria mais tarde.

Ela voltou tão rápido como foi, com uma expressão apavorada.

-O que foi? – sussurrei com urgência, agarrando seus ombros para que olhasse para mim.

-Zayn. – ela sussurrou em resposta – Em prantos. Não sei o que houve. Temos que ajudá-lo.

Segui-a até a gigantesca sala da casa. No canto mais distante, atrás de um sofá, pude distinguir a cabeça de Zayn. Ally apontou pra um lado, e depois para o outro.

-Dividir e conquistar. – ela sussurrou em meu ouvido.

Tentei não rir. Dei apenas um sorriso e assenti. Ela foi pra esquerda, e eu para direita. Íamos aparecer um de cada lado dele, ou seja, ele não teria escapatória.

Paramos ao perceber que agora ele falava no telefone. Sua voz me causou dor, porque eu conhecia aquela voz, conhecia aquele choro. Era choro de alguém que estava prestes a perder a pessoa que amava e não tinha mais nada que pudesse fazer para impedir.

-Eu sei como são essas coisas, mas eu... – Zayn chorava com vontade, soltando soluços secos – Me dê um pouco de tempo. Eu entendo que...Eu vou fazer o possível, mas não entendo o que você quer...Tá, eu...Não fala isso, não faça isso. Tudo bem, nos falamos depois.

Zayn desligou e eu percebi tarde demais do que se tratava. Tentei mandar Ally embora para seu quarto, mas também era tarde demais para isso. Ela já tinha aparecido do lado direito de Zayn e acabei me vendo forçado a ir pro esquerdo.

Zayn deu um pulo ao ver nós dois. Ele tentou limpar as lágrimas, sem sucesso. Ally me olhava apavorada, mas quando seu olhar se desviava para ele trazia paz, conforto e amor. Ela lhe abraçou de lado.

-Zayn, o que houve? Está tudo bem, eu estou aqui. – ela sorriu. Zayn retribui o abraço. – Não chore, ok? Apenas me conta o que aconteceu, eu posso ajudar.

Zayn virou-se para mim com os olhos vermelhos. Ele me olhava suplicando por ajuda. Eu reconhecia aquele olhar. Sempre que Ally me chutava eu o via no espelho.

-Acho que isso não interessa. – murmurei, abraçando-o de lado também. Minhas mãos tocaram na pele quente de Ally, que também o abraçava. Senti vergonha de mentir pra ela, mas continuei – Só o que importa é que você fique bem.

Zayn deitou sua cabeça em meu ombro e Ally olhou para mim por cima de seu corpo. Ela sibilou “como assim não importa?” e depois voltou a fazer carinho em Zayn. Ela secava as lágrimas das bochechas dele, mas elas logo voltavam a cair, e tudo era inútil.

-Desculpe June. – Zayn disse, se soltando de mim e escondendo o rosto entre as mãos – Eu não devia, foi errado. Eu estava bêbado, eu não sabia o que estava fazendo, eu juro.

Ally ficou surpresa. Ela não entendia. Ela olhou para mim pedindo socorro, porém abaixei a cabeça. Ally coçou a nuca e os cabelos de Zayn, com um sorriso reconfortante.

-Me conta, está bem? Eu vou te ajudar, eu prometo. – Ally prometeu e Zayn olhou bem para ela.

Ele suspirou. O imbecil ia contar tudo. Mordi os lábios e tentei impedir:

-Sabe, eu não acho que deva. Vai te deixar pior. Talvez você devesse descansar um pouquinho antes...

Ally estreitou seus olhos para mim. Seus olhos me fitavam com atenção, esperando mais um deslize para juntar os pontos.

Zayn não sabia do segredo, logo não sabia que ela era a Ally, que em outra vida tinha sido simplesmente uma das melhores amigas da vida da Perrie e a adorava como a uma irmã.

Eu não imaginava que ela fosse ficar lá muito satisfeita em saber uma coisa dessas. Quando percebi, meus olhos variam o local procurando objetos pontiagudos com os quais ela pudesse matar Zayn. Infelizmente, achei um monte.

-Eu trai Perrie. – Zayn disse antes que eu pudesse abrir a boca para dizer algo mais.

A boca de Ally se escancarou e vi os seus olhos fazendo o mesmo caminho que o meu, procurando algo pontiagudo com o qual pudesse matar o cara do topete.

-Zayn! – Ally exclamou horrorizada. Sua expressão era de nojo. Ela se afastou dele – Como você pôde? Perrie daria a vida por você!

-Eu também daria a vida por ela, você sabe disso June. Sabe disso melhor do que ninguém. Eu não fiz por mal, eu juro. Eu não estava em mim, eu estava bêbado. Dormimos juntos e ela acabou engravidando e agora está me ameaçando pelo telefone. – ele vomitou as palavras. Zayn abaixou a cabeça e continuou a chorar em prantos. Suas mãos esconderam novamente seu rosto.

-Engravidou? – Ally engoliu em seco – Como assim? Você dormiu com ela há quanto...Espera, há quanto tempo está mentindo pra Perrie?

Zayn me olhou em desespero. O terreno acabara de ficar muito perigoso.

-Al...Digo, June, eu não acho que isso...

-Cala a boca. – Ally apontou ameaçadoramente pra mim – Me responde, cara. Há quanto tempo?

-Uns meses. Dois, um e meio. Eu não sei. – ele exclamou apavorado.

Ally arregalou os olhos de fúria e se levantou, com uma expressão terrível.

-Você me dá nojo. – ela murmurou para Zayn e veio em minha direção.

Me levantei também. Zayn continuou largado no chão, soluçando.

-Também sabia de tudo isso, né? – ela perguntou pra mim.

Respirei fundo.

-Sabia, mas não imaginei que...

Vi sua mão erguer no ar e senti o ardido no lado esquerdo de meu rosto. Não acreditei.

-Cantam músicas bonitinhas, mas é assim que tratam uma garota? Acobertou tanto ele porque faria a mesma coisa se fosse você e se fosse eu, não? – ela murmurou furiosa e saiu correndo limpando as lágrimas teimosas que caiam por seu rosto.

Zayn agarrou meu tornozelo e me puxou para se sentar ao lado dele.

-Cara, desculpa.

Suspirei.

-Não foi culpa sua. Al...June pode ser meio difícil de lidar. Mas ela tem razão em uma coisa, sabe? Você precisa contar a verdade pra Perrie.

-Eu vou. – Zayn suspirou – Mas preciso ter certeza que ela ainda vai ficar comigo depois. Me ajuda?

Dei um sorriso.

-Sempre cara. – e batemos a mão espalmada fechando nosso acordo.