POV´s Ally
Acordei com uma agulha enfiada em mim. Eu estava tomando soro.
–Tá tudo bem? – Logan perguntou tímido. Ele estava sentado numa cadeira ao meu lado e Zayn dormia feito um bebe num sofá que estava ali no canto.
–Tudo perfeito. – falei fraca – Tirando essa agulha desgraçada.
Ele riu da minha cara.
–Ok. Vou chamar o médico certo? Ele acha que tem umas coisinhas que precisa dizer pra você. – ele falou e eu assenti. Ele se levantou e saiu silenciosamente do quarto.
Fui olhar que horas eram, mas aparentemente alguém tinha tirado meu relógio e minhas roupas. Eu estava com aquela camisola ridícula de hospital. Que lindo. Por sorte tinha um relógio digital na cômoda. Apertei os olhos pra ver que horas eram. Duas da manhã. Os meninos iriam tocar a música pra Simon em cerca de umas cinco horas. Olhei pro meu pulso enfaixado. No meio da briga de ontem eu comecei a ter algumas alucinações. Eu não iria falar sobre elas com ninguém. Eram bastante intimas. E a briga. Eu estava me matando por causa disso. Ele tinha me chamado de puta? Sério? Eu ainda podia ouvir a voz dele ecoando nos meus ouvidos. Puta, Puta, Puta.
–Senhorita Cunha – disse um médico entrando.
Estreitei os olhos.
–Eu conheço você. Caramba, você era meu médico em L.A. – falei surpresa – O que faz em Londres?
Ele deu uma risada suspeita.
–O mesmo que você criança. Sua mãe – ele disse e eu revirei os olhos. Obvio – Ela fez esse hospital receber meu currículo e me chamar pra trabalhar aqui, recebendo o dobro que no outro trabalho em L.A – ele riu – Sua mãe é uma ótima pessoa.
–Sei disso – falei – e você ligou pra ela não é mesmo? – ele me olhou assustado – É eu to vendo sua cara de culpado.
–Ela ficou razoavelmente preocupada – Logan disse se sentando na cadeira ao meu lado.
–Começou a berrar – Robert, meu médico favorito, começou a rir.
–Deve ter dançado também. – comentei e ele riu. Depois ficou sério de novo.
–Estou aqui pra falar das suas opções. – ele falou sério. Logan pegou minha mão.
–Não há opções, eu sei disso e você também. É terminal. – falei triste.
–Sempre há opções.
–Que oferecem mais tempo, não a cura. Estamos falando de qualidade de vida. Eu só quero saber se vou ficar viva nas próximas semanas. – falei.
Ele me olhou com os olhos profundos. Odeio isso em médicos.
–Provavelmente. – ele deu um suspiro – Mas estou vendo que sua qualidade de vida anda péssima. – ele me olhou critico e eu ri.
–Poderia ser pior. – falei massageando a cabeça – Colocou pontos na minha cabeça?
–Cinco – ele respondeu – Pelo menos dá pra esconder com o cabelo. Não ta tão ruim agora. E quanto ao seu pulso senhorita, sua mãe foi informada.
Olhei séria pra cara dele. Que vontade de socar.
–Não precisava – falei entre dentes.
–Claro que precisava você podia ter se matado. Tinha um corte ai que estava tão próximo da sua veia que é um milagre ainda estar viva. – ele falou e olhou pra Logan – Espero que cuide dela melhor senhor.
–Acabei de encontra - lá – ele sorriu pra mim – Mas eu vou cuidar muito bem, com certeza.
–Então, Cunha...
–Ally, prefiro que me chame de Ally – dei de ombros e doeu.
–Eu queria te dar melhores noticias querida. – ele falou olhando a prancheta.
–Eu já me acostumei com péssimas noticias – falei com a voz rouca – Pode mandar to pronta.
– O câncer está se alastrando bem rápido e estou quase certo que em breve você terá falência de múltiplos órgãos. – ele falou sentando na ponta da cama.
–Vai doer? – pergunta bem infantil, eu sei.
Ele não me olhou mais.
–Vai ficar tudo bem. – Logan falou acariciando minha mão.
–Então vai doer – falei pro Robert – Eu não sabia que fosse sentir mais dores, além da cabeça.
Ele me olhou sério.
–Dói?
–Bastante – respondi acariciando a cabeça.
–Tem um remédio mais forte que a Hidrocodona que eu poderia lhe receitar, mas passaria bem menos tempo consciente. – ele falou e pensei.
–Menos tempo quanto?
–Questão de horas. Talvez você dormisse a maior parte do dia. – ele encolheu os ombros – Mas não doeria tanto.
–Eu prefiro a dor. – falei e ele riu.
–Se você não tivesse sido tão forte durante tanto tempo, o quadro poderia ter sido revertido e você sabe – ele falou sério e Logan olhou pra mim.
–Como assim doutor? – ele perguntou.
–Ally chegou com o câncer já em estado muito avançado – ele falou e eu fechei os olhos – Isso dói bastante, chega a ser uma dor insuportável e você – ele apontou pra mim com a prancheta ameaçadoramente – Nunca reclamou de nada durante meses. A quimioterapia ou a cirurgia poderiam ter te salvado naquela época, mas como sempre você preferiu ser forte.
Logan olhou pra mim triste.
– Ally, não precisa ser forte o tempo todo – ele falou me olhando nos olhos.
–O quadro é irreversível agora. Sinto muito, mesmo. Cuidei de você desde que estava na barriga de sua mãe. – ele disse triste – Mais um aviso Ally: não faça nenhuma besteira, na sua condição, mais uma vinda pro hospital pode significar a morte um pouco mais cedo. Fica a dica.
–Se eu apanhar, por exemplo? – perguntei curiosa.
–Pode diminuir seu tempo viva ou te matar – ele falou me olhando cético – Não ta pensando em se envolver em brigas né?
–Foi só um pressentimento. – dei de ombros.
–Então você está se metendo em brigas. Só espero que não volte a esse hospital por coisas que não envolvam sua doença e um chá de camomila. Eu preciso ir. Tenho uma paciente com suspeita de câncer pra cuidar. – ele falou saindo.
–Manda ela ir na quimioterapia ok? – gritei e ouvi a risada dele.
Logan me encarava com os olhos azuis sérios. Dei um sorriso pra ele.
–É verdade então? – ele falou me olhando com algumas lagrimas nos olhos.
Abaixei os olhos e depois olhei pra Zayn constatando que ele estava mesmo dormindo. Assenti de leve.
–Por que você sempre foi tão forte? – ele perguntou me olhando triste.
–Eu não sei. Minha mãe sofreu demais pelo meu pai e eu, bom eu não iria ficar reclamando de qualquer dorzinha de cabeça.
–O médico disse que essa é uma dor insuportável.
Dei de ombros.
–Não queria que ela sofresse por mim – ele foi abrir a boca, mas eu falei mais rápido – E se serve de consolo, eu me arrependo. Me arrependo muito. Eu vi a burrada que eu fiz só depois do médico me entregar aquele exame, eu juro que eu não queria. E olha pra mim agora. O que foi que deu ser forte todo esse tempo? Eu estou morrendo – falei chorando – Eu sou fraca, sempre fui fraca e na minha primeira tentativa de bancar a forte olha o que me acontece. Eu sou um fracasso Logan. Eu não consigo compor e não consigo dormir a noite pensando em “e se eu não deixar nada pros meus sobrinhos, pra minha família?” e se eu tiver sido só uma coisa passageira que as pessoas vão esquecer depois de alguns anos? Eu não consigo pensar em nada às vezes, eu so quero terminar esse música, mas também tem outros problemas. Exemplo? Eu quero tocar na Broadway, mas só os melhores entram naquela apresentação e eu tenho medo de não conseguir. – falei tudo de uma vez com a voz embargada e soluçando. Não tenho absoluta certeza de que ele entendeu.
–Nossa, eu realmente me esqueci dos seus discursos – ele falou rindo e eu ri também. Ele secou minhas lágrimas e me beijou. Por que eu tinha impressão de que algo não estava certo?
–Me acorda as cinco, por favor – pedi e ele assentiu – Caramba, esse Malik dorme ein.
–Verdade, dorme feito uma pedra – Logan riu.
–Se não fosse pelos roncos, pensaria que ele esta em coma – falei rindo e me acomodei na cama. Ou me acomodei tanto quanto se pode se acomodar quando se tem uma agulha enfiada no braço.
[...]
POV`s Zayn
Ah, eu odeio dormir em sofás. São tão desconfortáveis. Ally me acordou cinco da manhã e disse que me levaria pro Studio. Ally estava vestida de um jeito, digamos, diferente.
–Por que você está vestida de “mim”? – perguntei confuso.
–Como assim Malik? – ela perguntou confusa.
–Você está se vestindo com um jeito muito, assim, digamos “Zayn”. – expliquei e ela riu.
–Isso é um elogio eu espero.
–Opa, agora eu que fiquei desconfiado. Me visto mal por acaso? – perguntei e ela riu mais ainda. Parecia bem. Depois de o médico enfaixar o pulso, ela parecia totalmente perfeita e animada. Acho que isso duraria até o momento em que ela visse um certo alguém chamado Harry Styles.
–Nem um pouco. Amo seu estilo – ela falou sorrindo pra mim – E olha, acho melhor você levantar logo e começar a se arrumar. Vou te levar pra casa.
–Curti os óculos – reparei agora que ela estava com um short curto. MEU DEUS, que pernas eram aquelas? Que vontade de... Se controla Malik. Pensa isso em voz alta e você morre.
–Valeu. – ela disse sorrindo. Nem dava mais pra ver a cicatriz do corte na testa. E ela ainda cobria com o cabelo fazendo uma franjinha meiga. –Anda logo Malik, já são quase cinco e meia.
–Onde arranjou essas roupas mesmo? – perguntei e ela riu.
–Se recusa mesmo a levantar. Ah, Logan trouxe pra mim. Ele tem uma irmã. E cabem perfeitamente, tirando que a irmã dele é super gostosa e eu sou gorda. Mas fazer o que é a vida. LEVANTA MALIK.
–Cadê o Logan mesmo? – me levantei procurando por ele com os olhos.
–Ele trabalha. – ela falou rindo – Sempre foi superadiantado. O nerd.
–Em que? – perguntei curioso e ela riu.
–Ah, num escritório de advocacia. – eu ri e ela me bateu – É serio caramba.
–Ele não tem nem um pouco cara de advogado – dei de ombros.
–Ele é. E se você não levantar logo e vir comigo, vai ficar atrasado. – ela falou séria.
–Tá parecendo o Liam ein. – falei reclamando e fomos saindo do quarto.
–Você já teve alta? – perguntei surpreso e ela sorriu pra mim.
–Não. – ela falou sorrindo maliciosamente.
–Você ta fugindo?- perguntei incrédulo.
–Alguma coisa assim – ela disse apressando o passo quando passamos pela enfermeira. – Fala sério, ficar aqui mais uma semana? Eu ia mesmo ficar doente.
–Não pode fugir do hospital – falei alto. Ela me ignorou e fingiu que nem estava falando comigo- Não me ignora assim.
–Você esta me entregando. – ela disse. Estávamos quase na porta do hospital. – Liberdade.
Saímos do hospital pro ar frio da manhã londrina. Ally ergueu as mãos pra mim.
–Chaves – ela falou e eu ri.
–Nem pensar. Eu dirijo.
–Caramba Malik. – ela falou irritada – Eu gosto de dirigir sabia?
–É Liam me falou como gosta. E você nem sabe o caminho do estúdio pra começar.
–Tá – ela ergueu as mãos se rendendo – Você dirige. Mas com muito cuidado.
Ok era a primeira vez na vida que eu dirigiria uma Ferrari.
–Vamos pra casa antes ok? – falei e ela assentiu.
O hotel era razoavelmente perto do hospital, mas o transito estava péssimo. Pessoas normais acordando cedo pra ir trabalhar. Ooo vida triste. Ally colou a cabeça no vidro e como eu odeio silencio decidi puxar assunto.
–Então, não ta nem um pouco preocupada pro momento em que encontrar Harry?
Ela me lançou um olhar de duvida. Aqueles olhos cinza tinham algo de extremamente inteligente e às vezes maligno, mas na maioria eram doces, simpáticos e cativantes assim como a dona.
–Brigamos não foi? – ela falou – Acho que sei lá.
–Vai deixar assim mesmo? – perguntei. Não era muito típico dela. Eu esperava que ela matasse o Harry.
Ela suspirou.
–Às vezes o maior poder é o de ceder não é? – ela falou séria e eu assenti.
–Então vai perdoar ele? – perguntei.
–Nunca disse isso.
–Seu aniversario é hoje – lembrei e ela riu.
–Grande coisa! – ela falou rindo.
–É mesmo. Você vai fazer dezoito anos, vai poder tomar seu primeiro porre – falei sorrindo.
–Já tomei muitos porres – ela falou rindo.
–Legalmente, eu digo. – falei e ela deu uma risada gostosa que só ela sabia dar.
–Ah, eu sou má. Eu quebro regras. Sou uma bad girl – ela falou rindo.
–Então, o que vai fazer?
–Não recebi nenhuma proposta, se é isso que quer saber. No fim, acho que vou ficar em casa mesmo. Talvez eu peça uma pizza, e cante parabéns sozinha trancada no meu quarto, porque eu morro de vergonha quando fazem isso pra mim. Eu fico tipo, nunca sei direito o que fazer. E me da nervoso isso. – ela falou rindo.
–Mesmo assim quer cantar naquela noite na Broadway? – perguntei rindo e ela me bateu.
–Claro que sim. Digo, é que nos parabéns é muita sacanagem, mas a Broadway é serio, entende?
–E o que gostaria de ganhar de presente de aniversario? – perguntei – Só por curiosidade mesmo.
–Ah, acho que nada – ela disse fechando os olhos – Acho que só a Broadway, mas ninguém pode me dar isso. Então.
–Que tal irmos numa balada hoje? – perguntei. Já armei meus esquemas, só espero que os garotos gostem da idéia.
–Uma balada Malik? Bem no começo da semana? – ela falou rindo. – É diferente. Bom, talvez, sei lá. Eu vou ficar com sono. Eu to com sono.
–Você pode dormir de tarde. Qual é. Só uma balada. Vai ser épico. – falei e ela me olhou desconfiada.
–Não sei Zayn. Mesmo – ela falou. – Depois de tudo?
–Ora, uma festa é ótima pra acalmar os ânimos. Vai fazer alguma coisa amanhã? – perguntei e ela negou. – Então vamos dançar hoje a noite, beber, curtir, pegar alguém. Opa esqueci que você tem namorado.
Ela riu e ligou o rádio. Ela ficou cantando “Someone Like You” até o hotel. Ela tinha uma voz realmente incrível. Chegamos e eu entrei no estacionamento estacionando cuidadosamente o carro. Ela suspirou.
–Hora de encarar – ela falou sorrindo pra mim.
–Acho que é Harry que deveria pensar assim – falei e ela riu mais ainda.
–Ele deve ta pensando mesmo – ela deu de ombros e saímos do carro.
–Eu tava pensando, não mata ele, por favor – falei enquanto subíamos as escadas lá pra cima.
–Não prometo nada – ela falou rindo.
Chegamos à recepção e fomos direto pro elevador. Ally fazendo gestos pra mulher na recepção. Não entendi isso.
–Por que fez isso mesmo? – perguntei quando já estávamos no elevador.
–Porque ela é uma vadia – ela deu de ombros me fazendo rir – Sério, ela é. Eu cuspi nela e não me arrependo nem um pouco.
–Você cuspiu nela? – perguntei incrédulo.
–Ela me deu uma água suja pra beber, e eu levei um susto e cuspi nela – ela falou rindo.
–Sinistra.Eu já falei que amei essa sua roupa?
–Umas quinhentas vezes. Se controla Malik. – ela falou rindo.
–Vamos na balada? Sim ou não? – perguntei.
–Pensamos nisso depois ok? Temos que ver o Simon e eu tenho que ver o Harry. – ela deu de ombros.
–AAAAAAAAAAAAAH PARABENS BOBONA – peguei ela no colo e girei no elevador. Ela me olhou assustada.
–Bobona é a sua avó. – ela me bateu e riu. – Não me assusta assim caramba – ela falou saindo do elevador.
Ally suspirou antes de abrir a porta, mas felizmente não tinha ninguém em casa.
–Acho que eles já foram pro estúdio. – dei de ombros. Estava tudo do jeito que planejamos, exceto a parte do hospital, com essa não contávamos mesmo. Mas tudo bem.
Me arrumei enquanto Ally fazia o café da manhã.
–To pronto – falei descendo as escadas.
–Está lindo. – ela me deu uns biscoitos – Come no caminho né?
–Claro. – falei sorrindo.
Dei uma ligada rápida pros meninos enquanto estava lá em cima, tomando cuidado pra Ally não ouvir. Hoje seria uma noite épica. Eu esperava que ela se divertisse muito. Vamos pra primeira parte do plano.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.