História Sweet - Certeza e medo

Tranquilizei Diane e Elaine para que as duas fossem para os seus compromissos, eu fingi que estava bem, mas na verdade estou desesperada. Minha cabeça doi e lágrimas não param de rolar pelo meu rosto, meus olhos vermelhos e inchados entregam o quanto eu já chorei, além do enjôo constante que já me fez levantar no mínimo cinco vezes pra ir ao banheiro. Antes de sair, Diane marcou uma consulta com uma ginecologista amiga dela, Elaine vai me acompanhar já que ela tem folga pela manhã e Diane me disse que vai ligar a cada dez minutos enquanto estivermos no consultório. Não deixei de sorrir com a preocupação das minhas amigas, embora elas tenham ficado tão assustadas quanto eu, me dado bronca e puxão de orelha pela irresponsabilidade, elas continuaram ao meu lado. 

O que me deixa mais angustiada é a reação do Meliodas, não sei o que ele pode pensar, talvez nem queira ser pai, pelo menos não agora. Mas eu também não queria ser mãe agora... Um pensamento vem em minha cabeça, me recrimo por realmente ter pensado em optar por isso, a palavra aborto   reverbera em meus pensamentos como um eco, estou assustada com a possibilidade e não quero tomar nenhuma decisão da qual eu possa me arrepender depois. Me aconchego mais entre as cobertas e tento relaxar e finalmente dormir, pego meu celular na cabeceira da cama, o relógio marcava 02:48 hs, fechei meus olhos lentamente tentando afastar alguns pensamentos que me assombram e adormeço aos poucos.

Abro os olhos com os primeiros raios de sol entrando pela janela, enquanto ouço algumas batidas na porta do quarto, murmuro um "entre" para a pessoa que está fora e a porta é aberta revelando Elaine com uma bandeja de café da manhã, sorrio ao ver minha amiga se aproximando com um sorriso animador em seu lábios finos. 

- Bom dia princesa - Ela fala se sentando ao meu lado na cama. - Você tem que se arrumar, a consulta é as 09:00 hs da manhã. - Me entrega uma xícara com chá. 

- Porque tão cedo? Ainda estou com sono Elaine. - Choramingo. - E onde está meu café? Você sabe muito bem que preciso de cafeína pela manhã. - Cruzo os braços sobre os seios me recusando a pegar a xícara com chá.

- Nada de cafeína Senhorita Liones, além disso, já são quase 08:30 hs, acho melhor se apressar. - Bufo em resposta. - Eu cheguei aqui cedinho e encontrei a Senhorita dormindo ainda, tive pena de te acordar antes. Mas agora já chega né. - Ela riu enquanto eu apenas revirava os olhos pegando a xícara borbulhante e levando um gole do líquido doce até a boca.

- Que droga é essa? - Fiz careta com o sabor extremamente doce. - Eu preciso de café. - Entreguei de volta a xícara e levantei me direcionando ao banheiro da minha suíte. -  também preciso de um banho. 

- Você precisa se alimentar bem de agora em diante mocinha, nada de cafeína Ok! -Ela falou autoritária. - Eu vou ficar te supervisionando sempre, até essa coisinha gostosa nascer. Não vou deixar meu sobrinho se entupir de porcaria antes de vir ao mundo. - Ela riu enquanto  saboreava uma fatia de bolo.

- Nem sabemos se é realmente isso Elaine, tenha calma!  Quem sabe é só uma virose. - Ela revirou os olhos. 

- Elizabeth meu anjo, com o tanto de transas que você e o seu bilionário gostoso, como diz a Diane, tiveram, e pelo tanto de vezes que não se protegeram, se isso não acontecesse seria estranho né. - Apenas segui com o meu banho sem dizer uma palavra a mais. 

____☆____

- Chegamos. - A loira estacionou o carro numa vaga perto de um enorme prédio. - Pelo endereço do GPS, é exatamente aqui. - Ela desviou o olhar pra placa acima da entrada. - A Diane já ligou?

- É a décima quarta vez que ela liga.- Elaine riu da minha reação. - Não achei que ela estivesse falando sério quando disse que ligaria a cada dez minutos. - Revirei os olhos entrando na ala principal do prédio e indo em direção da atendente.

- Ela está preocupada, você sabe que ela não veio porque tinha um trabalho importante pra apresentar. - Assenti com a cabeça e parei em frente a recepção. - O Meliodas ligou? 

- Sim. - Meus pensamentos voaram longe, eu estava evitando a todo custo contar isso pra ele, as suspeitas, eram só suspeitas por enquanto. - Não atendi  nenhuma vez. - Elaine me olhou cabisbaixa, acho que ela conseguia entender um pouco do que eu estava passando naquele momento. Poucas pessoas sabem disso, mas no início do relacionamento com o Ban, a Elaine acabou engravidando, mas a gestação não passou das 12 semanas e ela teve um aborto espontâneo, eu sei que ela sofre até hoje com isso, mas ela é muito forte e ao contrário de mim  ela nem ao menos cogitou algo assim, ela aceitou o bebê desde que descobriu sobre ele, mas no final, não deu certo, mas vida que segue. Ela continua firme e forte. 

Estavamos sentadas na sala de espera, quando ouvi a atendente chamar o meu nome, fui em  direção a sala indicada por ela com Elaine me seguindo o tempo inteiro.

- Senhorita Liones. - A médica indagou lendo minha ficha. Eu apenas assenti. - Então a senhorita está com suspeita de gravidez? -  A olhei meio tímida e confirmei. - Bom, vamos precisar de alguns exames pra confirmar isso, mas ao que tudo indica, não tenho dúvidas que há um bebê a caminho. - Ela sorriu. - A propósito, me chamo Guila. - Depois disso, fui encaminhada ao laboratório e submetida a diversos exames,  eu me sentia uma ratinha de laboratório, tive que colocar uma camisola hospitalar para realizar um ultrassom.

  A doutora Guila apareceu na sala já com roupas próprias para o tal exame, era algo estranho, ela colocou um gel em minha barriga enquanto deslizava um aparelho com barulho esquisito e olhava atentamente pra um tela cinza.

- O que é isso? E porque faz tanto barulho? - Questionei ao ver o olhar de Elaine brilhar ao ver a tela cinza. 

- Esse, senhorita Elizabeth, é o seu bebê! -  A médica sorriu e Elaine quase pulou de alegria da cadeira. - O feto apresenta só algumas semanas, por isso não é muito visível. - Eu fiquei sem reação alguma, sem saber o que falar ou o que pensar naquele momento. Eu só consegui sorrir, não sei se era alegria, desespero ou uma mistura dos dois. Eu apenas sorri.

 ____☆_____

◆Meliodas On

Passei a manhã inteira ligando pra Elizabeth, não sei o que aconteceu mas estou muito preocupado, ela me mandou uma pequena mensagem na hora do almoço que me tranquilizou um pouco, "Estou bem, não se preocupe", era o conteúdo da mensagem, mas não tem como eu não me preocupar. Nesse momento estou indo até a casa do Zeldris, tenho umas coisas pra conversar com ele, além disso, surgiu um imprevisto e acho que não poderei viajar com a Ellie no final de semana, mas tarde vou a casa dela me desculpar, é um assunto sério que só eu posso tratar, então não tem como eu mandar outros funcionários, tenho que ir pessoalmente.

Estaciono meu carro na vaga de costume, ao lado da casa de luxo no grande condomínio e desço trancando as portas em seguida, toco a campainha e Estarossa vem atendê-la. 

- Iae mano! - Fala um tanto animado. 

- Iae meu babaca preferido! - Falo enquanto entro na casa e me sento no sofá já retirando os sapatos. - Onde está o Zeldris?

- Nossa Meliodas, isso é jeito de tratar o seu maninho? - Ele tenta parecer ofendido. - O Zeldris não voltou ainda do plantão e a Gelda foi visitar os pais em Danafor.

- Cara, quem vai cozinhar então? - Eu estava faminto e contando os minutos pra comer a incrível comida da minha cunhada. 

- Ou você pede comida ou você espera o Zeldris chegar pra cozinhar. - Ele deu de ombros. - Eu é que não vou servir de cobaia pra você e sua comida nojenta.

- Assim você me ofende Estarossa. - Cruzei os braços sobre o peito na minha maior e melhor expressão de ofendido. Ele caiu na gargalhada. 

- Quando a Gelda volta? - Perguntei pegando o celular do bolso e verificando algumas mensagens que tinham chegado. Nenhuma da Elizabeth, que estranho.

- Acho que ela volta amanhã, ouvi o Zeldris falando alguma coisa sobre o casamento da irmã dela, parece que ela ia pra ajudar a planejar sei lá o quê. - Ele deu de ombros e eu continuei distraído com o celular. Um silêncio confortável se instalou no local por alguns minutos, até que ouvimos a porta se abrir, era Zeldris com uma cara horrível de cansaço, ele estava de plantão no hospital desde ontem, já faziam quase 22 horas de serviço direto, sem um mísero descanso.  Ficamos o encarando até ele se jogar no sofá e retirar a camisa social suspirando em seguida. 

- O que os dois babacas estão olhando an? - Ele falou quase tombando a cabeça pro lado. - Por acaso nunca viram um médico plantonista! - Nós começamos a rir.

- Você precisa de um bom banho e uma noite intensa de sono, vou pedir comida, tô vendo que você tá exausto demais pra cozinhar pra gente hoje. - Ele deu de ombros e se deitou no sofá. 

- Qual o problema de vocês? Estão com saudades do seu maninho é? - Zeldris provocou e Estarossa atirou uma almofada em sua direção. - Ai, idiota! Não vê que eu tô acabado, nem sei como cheguei aqui dirigindo.

- Você não deveria pegar horários tão extensos. - Falei me levantando e indo em direção a cozinha pra pegar uma água.

- Eu sei, mas um amigo precisava sair com urgência, só dei uma ajudinha pra ele. - Entreguei a água em suas mãos. - Aliás, você não sabe quem eu vi lá hospital.

- Quem? - Eu e Estarossa perguntamos em uníssono.

- A Elizabeth! - Zeldris falou calmo e eu me encostei no assento do sofá pensativo.

- A Elizabeth estava doente ontem, será que ela piorou e não quis me contar? - Fiquei me questionando enquanto Zeldris apenas me encarava perplexo. - Você sabe de alguma coisa?