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História Sweet and sour.... Hiatus - Are you proposing to me a partnership?


Escrita por: CabeyoHarmony

Notas do Autor


Hey, guys!

Bem-vindos a mais uma capítulo semanal :p Como vocês estão? Espero que bem.

Bom, eu já comecei a revisar os capítulos anteriores e posso dizer que 1/5 já está reeditado. Eu vi muitos deslizes na hora da escrita e detalhes não muito trabalhados. Enfim, o que quero falar é que agradeço por terem continuado a ler até aqui e terem colocado fé na estória, mesmo que somente com sua visualização.

Eu prometo fazer meu melhor para cada vez aperfeiçoar mais os capítulos e lhes darem uma melhor sensação quanto ao enredo. Novamente, muito obrigada <3 E, obviamente, boa leitura ^^

Capítulo 25 - Are you proposing to me a partnership?


Fanfic / Fanfiction Sweet and sour.... Hiatus - Are you proposing to me a partnership?

 “Reprimir a dor, nem que seja por um instante, fará ser pior quando você finalmente sentir”.

- J.K. Rowling, Harry Potter e o Cálice de fogo -

Miami, Florida. – 24 de dezembro de 2015, 10h34min am

O quarto encontrava-se mal iluminado e o ar condicionado permanecia em seu modo operante, espalhando por todo o quarto o ar frio de exatos 19 graus. Eu poderia estar congelando, mas minha matéria, assim como meus devaneios, era tão quente quanto a garota que a dominava.

Sai da inconsciência ao sentir algo mover-se manhosamente contra mim. Vi-me deitada de maneira confortável; meu desenvolvido corpo envolvendo o seu pequeno e magricela, este que percebi estar virado em minha direção; o sorriso cativante que tanto esbanjava já presente em meio a sua face sonolenta.

- Camila? – ouvi minha voz totalmente atordoada e rouca sussurrar; meus olhos arregalados ainda pesados pelo sono; meu coração acelerando de forma absurda e quase dolorosa dentro da minha caixa torácica. Eu mal podia acreditar que ela estava ali: em minha frente, ou melhor, em meus braços.

Pisquei meus olhos rapidamente para me certificar de que o que eu estava vendo era real e não um produto de minha fantasiosa mente; um bolo de insegurança subindo por minha garganta e dificultando a passagem do som das diversas palavras que eu tanto desejava pronunciar no momento.

- Hey, Lolo. – a latina cumprimentou-me sorridente, seus olhos amorosos dando-me toda a paz e segurança que eu precisava no momento; uma corda salva-vidas me puxando do fundo do poço para a magnitude da existência plena. Eu poderia morrer ali com sua tamanha formosura, esta disfarçada em meio a suas feições amassadas devido a seu recente despertar.

- Você ainda está aqui? – perguntei ainda chocada e cética de que ela, realmente, continuava ali, em Miami, e não do outro lado do oceano como o esperado. Sem contar o fato de que seu comportamento era tão natural, delicado e harmonioso quanto costumava ser; o infeliz incidente não parecendo afetá-la tanto quanto pensei que iria, ou melhor, tanto quanto me afetou.

- Por que eu não estaria? – foi a vez de ela me questionar confusa; seu cenho franzindo-se de forma adorável. O sorriso travesso pelo qual eu era apaixonada não deixando seu rosto por nenhum segundo sequer; meu estômago revirando-se em deslumbramento e a ansiedade sendo bombeada incessantemente por minhas veias.

Um frio assustador cruzou meu âmago. Todos os meus pelos se arrepiaram assim que o quarto começou a adquirir um tom cinza e gélido, talvez eu estivesse mesmo ficando louca. O calor de nossos corpos não parecia ser suficiente para amansar meus instintos frígidos que agora gritavam desesperados por misericórdia. Flashbacks mesclando-se com a cena de maneira insana deixando-me perdida e inquieta ao mesmo tempo em que era acalentada por sua tranquilidade e sua quietude; um conflito demasiado árduo para minha mente inconsciente.

- Eu não sei... Eu sou uma idiota. Eu... – murmurei tentando controlar a avalanche de emoções que me tomara; minha voz tremeu incerta do que eu deveria pronunciar para tentar amenizar as coisas com a garota, mesmo que ela mal parecesse ligar para o que havia acontecido e continuava serena enquanto eu lutava com meus demônios concomitantemente.

- Shhh. Eu sei. Não precisamos mais falar disso. Eu te entendo. – Camila assegurou-me compreensiva; seu dedo indicador pousando sobre meus lábios em uma tentativa de me impedir de continuar com meus murmúrios incompreensíveis e incoerentes que soavam mais como gritos de horror em minha mente deturpada.

- Mesmo? – indaguei ainda insegura; meu corpo estremecendo diante do seu toque febril. Mas algo estava errado. Sua pele não estava tão macia quanto eu me recordava de ter tocado, seus olhos castanhos não possuíam a mesma intensidade e profundidade que anteriormente fitavam-me amorosos. Era como se eu pudesse tocá-la ali, porém, ao mesmo tempo, sentindo que poderia sumir a qualquer momento em uma nuvem de ilusão.

- Mesmo. –assentiu balançando sua cabeça afirmativamente, suas mãos segurando meu rosto de forma delicada e o puxando para aplicar em minha boca um beijo casto, este que foi aprofundado intensamente, mas eu já não sentia mais seus lábios – suaves e indescritíveis - contra os meus. Eu era, pouco a pouco, jogada de volta para o local de que eu mais desejava fugir, mas que era melhor que o abismo de meus pesadelos: a realidade.

- Você é uma ridícula, Iglesias. – murmurei em meio a um gemido sôfrego pela forma que minha cabeça latejava dolorosamente e meu corpo protestava a cada movimento que realizava. Eu só queria que parasse de queimar por um momento para que pudesse pensar de maneira clara.

Assim que fiz dezoito anos, duas de minhas amigas forçaram-me a cruzar a fronteira sul dos Estados Unidos e ir ao México onde, agradavelmente, me iniciaram na arte de beber. Era óbvio que meus demais amigos não tinham ideia disso, afinal, eles arrancariam as suas cabeças, ou melhor, as nossas .

- Olha só quem acordou. – ouvi a voz debochada de minha amiga soar de algum lugar à minha frente, sendo perceptível o sorriso que agora dominava suas feições sarcásticas em meio a seu tom zombador. Tapei meus ouvidos pela dor que se espalhou por meu crânio e pareceu atravessar meu cérebro – eu tendo certeza que ele havia explodido ali mesmo- com o som irritante de sua voz.

- A primeira ressaca a gente nunca esquece. – Veronica exclamou risonha; seus passos sendo percebidos ao meu lado até que ela, de súbito, jogou-se em cima de meu fadigado corpo que lutava para se recuperar do imenso porre a que fui submetida.  - Elas crescem tão rápido. – murmurou com uma ridícula voz infantil ao que me apertava fortemente em seus braços; eu grunhindo dolorida enquanto tentava me desvencilhar de seu aperto que parecia apenas se intensificar.

Levantei meu olhar arregalado em meio ao abraço de urso e fitei suplicante minha outra amiga que tinha suas feições curvadas em um sorriso zombeteiro; suas costas apoiadas na parede ao passo que seus braços estavam cruzados em seu peito.

Revirei os olhos dado que ela não parecia ponderar ou sequer fazia questão de me ajudar e, então, assim que fui solta pude respirar aliviada e desviar minha atenção para a janela meio perdida, todavia, naquele instante, desejei não tê-lo feito.

Meus olhos queimaram com a forte claridade que atingiu minhas íris verdes assim que as cortinas foram brutalmente abertas por uma Alexa que me encarava risonha. Não preciso comentar que eu praguejei seu nome vorazmente em minha cabeça, palavras nada bonitas saindo dali já que eu não conseguia achar a graça em tudo aquilo. Minha mente sendo preenchida por pensamentos homicidas enquanto da minha boca somente saiam grunhidos ilógicos.

- Eu odeio v... – eu completaria a sentença, eu certamente o faria, todavia, a desconhecida bile subiu de forma repentina por minha garganta me fazendo correr até o banheiro quase de maneira desesperada onde muito provavelmente despejei todos meus líquidos internos; meus olhos marejando pelo amargor que tomou conta de minhas papilas gustativas e a intensa cãibra que perpassou por meu, agora sensível, estômago.

 - Como você se sente? – Veronica me questionou assim que me entregou um copo de água e um analgésico os quais bebi de forma rápida; eu ainda estando sentada molemente ao lado da privada, não porque eu queria, mas sim, pois o cômodo girava toda a vez que eu tentava levantar-me e minhas amigas estavam tão pouco pensando em me ajudar, ou seja, estou muito bem aqui, obrigada.

- Você está um trapo. – Alexa apareceu no banheiro com uma muda de roupas limpas, suas mãos sinalizando que eu deveria ir me banhar logo. As garotas gargalharam ao ver meu semblante ofendido e incrédulo pela sua afirmação nada educada. Afinal, a maior parte da culpa era delas por eu estar daquela maneira. Mas, o que eu esperava, não é? Olha com quem eu estava lidando.

Levei menos tempo do que eu pensei que levaria embaixo da água quente. Meus membros ainda protestavam, todavia, o desconforto em meus músculos já era mais suportável do que antes. E, para minha surpresa, quando sai, elas ainda estavam em meu quarto, porém, agora, os lençóis brancos e amarrotados haviam dado lugar a uma completa bandeja de café da manhã além de um imenso cupcake que tinha, surpreendentemente, uma vela de aniversário em seu centro.

- Então, pronta para outra? – perguntaram-me em meio à refeição, seus olhos encarando-me de forma divertida a cada careta desgostosa que eu fazia pela náusea que, hora ou outra, me atingia subitamente. Eu havia adorado a surpresa, por mais que gostaria de não estar a ponto vomitar tudo aquilo a qualquer momento. Pude perceber que nenhuma má memória havia cruzado minha mente desde a noite de ontem e sorri contente, um suspiro aliviado cruzando meus lábios lambuzados.

- Sempre. – murmurei risonha, ainda com parte do bolo em minha boca, enquanto inclinava-me na direção da bandeja para pegar um croissant e mais alguns dos lanches. Fora engraçado pois logo tivemos a ideia de fazer uma maratona de filmes sobre ressaca e aquela foi, sem hesitação, uma das nossas melhores tardes. Mesmo considerando que fomos rechaçados e submetidos a um sermão de horas assim que chegamos aos Estados Unidos.

Senti meus músculos reclamarem e queimarem de maneira ávida. Minha cabeça girava e minha mente continuava embaçada pela sonolência ainda vagando pelos limites do estado vegetativo da pós-embriaguez. O álcool já havia deixado, com certeza, minha corrente sanguínea, mas seus vestígios eram notáveis em meu organismo que gemia destruído.

Meu peito queimava e um mal-estar já se instalava em meu corpo. Não havia aberto meus olhos ainda, pois temia os efeitos que esse ato poderia causar considerando sua sensibilidade pela manhã; minha boca permanecia seca e implorando desesperadamente por água.

Engoli um grito assustado ao sentir alguém mover-se ao meu lado e, então, dei-me conta de que estava sem roupa e, qual a minha surpresa, acompanhada por uma latina. Controlei minha respiração e, de forma lenta, fitei sutilmente a garota ao meu lado e [para meu azar, decepção e pânico] não se tratava da de meus sonhos.

- Droga. – murmurei levantando-me rapidamente da cama, me arrependendo logo em seguida assim que a vertigem me atingiu em cheio fazendo-me vacilar em meus joelhos e quase cair de cara no piso de cerâmica. Apoiei-me na parede ao meu lado e respirei fundo. Fitei o relógio em cima do criado mudo e suspirei lamentosa por já serem dez horas da manhã.

A garota parecia dar pequenos indícios que iria acordar e eu não desejava estar ali quando acontecesse, não mesmo. Limitei-me a escrever um pequeno bilhete com os dizeres “Obrigada pela noite, nos vemos por ai” que era um tanto quanto mentiroso, afinal, muito provavelmente, não tornaríamos a nos ver e eu tão pouco desejava; tratei de me vestir o mais rápido que podia para poder sair logo dali e gritar para aos quatro ventos minha imensurável estupidez que, ao contrário do que eu pensava, iria morrer abafada em meus pensamentos.

Cruzei apressada pelo saguão do desconhecido hotel e pude notar alguns olhares tortos e reprovadores em minha direção, muito provavelmente devido a meu estado um tanto quanto calamitoso e confuso.  Deixe-me explicar: meu vestido azul estava amassado e rasgado em algumas bordas com não uma, mas várias manchas de algo que me pareceu ser batom; minha pele marcada e vermelha, um risco quase em carne viva transpassando meu ombro até a base de meu pescoço. Além do mais, meu cabelo estava tão desgrenhado que só faltava exibir um cartaz luminoso escrito “Pós-foda”.

Não pude conter a expressão surpresa – e aliviada -em meio a minha careta de dor que surgiu em meu rosto assim que eu notei Alexa sentada de maneira desajeitada em um dos sofás da recepção. Assim que ela me viu, sorriu parecendo ter atenuado sua preocupação e balançou a cabeça descrente ao notar as manchas roxas cobrindo minha pele pálida.

Nós nada falamos uma para a outra. Simplesmente caminhamos até meu carro, todavia, era ela quem dirigia. Eu podia notar que estava de ressaca também; eu podia vislumbrar de esguelha suas recentes olheiras e sentir infiltrando-se em minhas narinas o leve ardor do álcool impregnado em suas, nossas, roupas. E a maneira que ela remexia seus ombros dolorosamente fez-me perceber que ela havia passado a noite ali.

Uma parte de mim ficou contente e grata em saber que ela havia me seguido até ali durante a noite somente para se certificar de que eu voltaria bem- ou o melhor estado em que eu poderia me encontrar depois dessa noite.

Segurei um riso quando entramos em uma parte da cidade em que o sol refletiu diretamente no para-brisa do carro e a garota bufou e sacou seus óculos dos porta-luvas, os colocando em seus olhos logo em seguida murmurando algo que soou como “sol estúpido”.

Era engraçada a forma como nossa amizade era torta. Quer dizer, nossa parceria era calcada em festas, bebidas, sexo, passeios e viagens, ou seja, diversão. Claro que tínhamos lá nossos assuntos sérios, todavia, essa função já era muito bem executada por Dinah e Keana – sem contar Niall- que, por mais liberais que fossem, ainda me tratavam como fossem minhas mães.

Eu amava como Alexa parecia compreender a todo o momento onde meus pensamentos estavam me levando e quando eu estava pronta para mais uma rodada de lazer, ou simplesmente esquecer tudo que me atormentava; nós vivendo o mais intensamente que podíamos, afinal, tínhamos um espaço tão curto de tempo e as responsabilidades chegariam, hora ou outra, nós querendo ou não.

Sinceramente, eu acho que era fácil estar ao seu redor porque não havia pressões. Eu não precisava me esforçar para ser madura ou racional- ou até mesmo provar algo a ela-, podia somente ignorar o mundo a minha volta e fingir, nem que seja por um minuto, que minha vida era perfeita. O que, com certeza, estava longe de ser verdade.

Eu permanecia alheia dentro da sala à espera do sinal que indicaria o início de minha próxima aula. Estava entretida com meu caderno de desenhos, mas não o suficiente para não sentir a aproximação de algum intruso que se sentou bem ao meu lado, aparentemente não se importando com a minha clara feição nada receptiva e postura retraída, quase defensiva.

- Hey, olhos verdes. - a garota exclamou animadamente com uma exacerbada intimidade – a qual eu jamais lhe provera-, um sorriso amigável sendo exibido no rosto que identifiquei sendo o de Alexa - uma das garotas mais populares do colégio, mesmo que esta fosse odiada pelos, de fato, populares, já que ela não ligava para eles tanto quanto desejavam.

 - Ferrer. - cumprimentei-a sem fazer muita questão, afinal nós fazíamos algumas aulas juntas, porém nunca havíamos tido diálogos muito longos ou interessantes. Porém, eu tinha plena noção de que a garota já me rondava a algumas semanas de forma constante.

Até ai, nenhuma novidade dado que não eram muitas as lésbicas assumidas em minha escola e havia uma fila de meninas, sejam elas heterossexuais ou não, que dariam tudo para uma “experiência nova” e quem estava lá convenientemente? Isso mesmo, eu! Não que eu realmente me incomodasse com isso, porém já estava ficando repetitivo e chato.

- Soube que estarei dando uma festa neste sábado à noite? - perguntou-me curiosa, suas íris fixas na minha de maneira intensa; eu me segurando ao máximo para não revirar os olhos pela proposta implícita que me fazia. Ou pelo menos a qual eu estava preparada para receber.

- Eu? Em sua festa? Não mesmo. - comentei dando de ombros e, ao contrário do que pensei, ela não pareceu ficar desapontada pela resposta e sim agiu como se já esperasse isso e estivesse pronta para me contestar com toda a sua “rede vasta de argumentos”.  Até parece.

- Ah, qual é, Jauregui. O que você tem a perder? – questionou com uma sobrancelha arqueada, uma de suas mãos pousando em meu joelho o que fez com que eu olhasse surpresa para ela. Não porque eu achava que ela tinha segundas intenções, mas porque eu percebi que ela não tinha.

- Qual a pegadinha? – ajeitei-me em minha cadeira e a fitei subitamente interessada. Não sabia qual era seu real propósito. Eu odiava não conseguir ler o que estava nas entrelinhas e parecia que ela estava fazendo um esforço para ser legal comigo, o que não fazia sentido. A questão é: Por que toda a cordialidade?

- Eu só te acho maneira. Eu sei lá, seria legal ser sua amiga. – anunciou desviando o olhar do meu e sorrindo envergonhada; meus olhos semicerraram-se em incerteza. Por que logo agora?  – Além do mais, talvez eu goste do seu amigo. – murmurou em um tom de voz baixo, quase confessional, tanto que, se nós não estivéssemos tão próximas, eu não teria ouvido.

E aquela fora uma das únicas vezes que eu vi Alexa Ferrer, a toda cheia de si, corar.

- Não me diga que... – comecei com o cenho franzido, minha mente trabalhando avidamente para compreender o que ela estava, de fato, dizendo. – PUTA QUE PARIU, ALEXA. – não aguentei e comecei a rir de maneira escandalosa, o que reuniu alguns olhares surpresos dos alunos ali perto já que eu dificilmente esbanjasse uma expressão senão de total impassibilidade.

- Uh, cala a boca. – ela tapou meus lábios com a sua mão e me fuzilou mortalmente com seu olhar, isso fazendo com que eu arqueasse minha sobrancelha em resposta e nem ao menos recuasse ao seu toque um tanto quanto invasor. Ela logo desfez a pose séria e se entregou me acompanhando em uma risada cúmplice e sacana.

- Então, você está me propondo uma parceria? – questionei ainda incrédula, meus lábios pressionados um no outro de forma zombeteira. Quando eu iria imaginar que a senhorita intocável que agia como se não ligasse para nada e ninguém me iria dizer que estava interessada em minha amizade? E, melhor, em meu amigo que, diga-se de passagem, não era nada que eu pensei que atrairia alguém como ela. Ou seja, ele era muita areia para seu caminhãozinho arrogante.

Ela não respondeu verbalmente, mas sim levantou a cabeça e sorriu confiante, logo me estendendo sua mão que eu, depois de uma leve ponderação, tratei de aceitar e ali firmar o tratado de paz que mais tarde evoluiria para uma de minhas amizades mais fiéis. Não posso dizer que eu estava enganada em relação a ela, porque eu não estava. Todavia, pude conhecer um lado seu tão incrível que, sem sombra de dúvidas, valeu a pena dar, nem que seja por um minuto, meu braço a torcer.

Chegamos cerca de trinta minutos depois em nossa casa, na de Keana para ser mais exata que era onde estávamos todos dormindo. Parei com meus dedos a centímetros da porta pronta para sair do veículo, todavia, travei na hora, pois sabia que, assim que entrássemos, encontraríamos meus amigos na casa. E, bem, eu não estava a fim de levar lição de moral. Minha mente já me condenava o suficiente e tê-los expondo meus erros não era meu desejo atual.

Alexa pareceu entender minha hesitação e cobriu meu ombro com sua mão direita. Um aperto encorajador sendo aplicado ali em uma afirmação muda de que nada do que acontecera nesta noite seria revelado por ela e, se eu desejasse, aquilo morreria ali mesmo. Afinal, nem mesmo eu acreditava no que eu fizera e a culpa voltava a mim a cada respiração, meu coração apertando-se com o olhar que eu provavelmente encontraria em seus rostos desapontados.

Entrei em passos receosos. Cada um deles parecendo fazer com que meus batimentos cardíacos, se possível, acelerassem mais. Eu parecia uma adolescente que estava chegando em casa depois de ter dormido fora e, mesmo que já fosse razoavelmente independente para ser considerado uma, meu medo era equiparado a tal.

Encontrei dois ainda tomando café na cozinha e conversando a murmúrios, pela face séria com que conversavam pude supor que era sobre mim o tópico. Antes de me deslocar até lá, passei meus olhos pela sala de estar e respirei aliviada ao perceber que Dinah provavelmente estava dormindo.

- Olhem só, as sumidas. – exclamou Veronica abrindo um sorriso receptivo, suas mãos levando a xícara de café até sua boca novamente em um gole longo. – Quantas vezes já não falei para me avisarem quando tiver uma boa festa envolvida? – disse com uma mão em seu peito de maneira ofendida, todavia sua face era puramente sarcástica. Ou seja, mereceu o tapa que eu lhe dei.

Deixei-a falando sozinha e rumei para o meu quarto ignorando seus murmúrios descontentes; enquanto eu andava de forma lenta e ritmada, um sorriso divertido perambulava meus lábios, este morrendo aos poucos assim que eu dei de cara com a loira.

Nada poderia me preparar para o olhar que me foi dirigido, seus olhos, que percorreram todo o meu ser de cima a baixo de maneira avaliativa, esbanjando total desgosto e insatisfação. Senti um mal-estar agoniante me dominar assim que vi uma grande dose de decepção estampadas naquelas íris castanhas que tanto me passavam companheirismo e admiração.

Aquilo não era só sobre Camila. Com certeza, não. Ela não teria passado direto por mim com tanta força e silêncio se assim fosse. Eu não havia apenas a desapontado, eu havia quebrado sua confiança. Eu fui contra a sua absoluta fé em mim e, mais uma vez, a fiz se arrepender.

Eu queria dizer que eu não estava pensando quando aconteceu e que não tive intenção. Eu, de fato, queria. Porém, eu também sabia que o máximo que conseguiria era piorar ainda mais a situação e fazê-la zangar-se ainda mais. Uma força maior sempre parecia guiar-me para as más escolhas e eu queria que isso parasse.

Então, fiz o que me pareceu apropriado: respirei fundo motivada e decidi que, a partir daquele momento, eu iria fazê-la se orgulhar. Iria mostrar a mulher que estava me tornando e que desejava me tornar, só que eu não faria isso apenas por ela, mas sim para todos aqueles que sempre estiveram lá: meus amigos, ou melhor dizendo, minha família.



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