WILDFIRE
Hermione estava sentada em um café trouxa, que ficava próximo ao seu apartamento, com Gina Weasley a sua frente enquanto aguardavam a chegada de Draco. A ruiva tinha se oferecido para vir com ela e fazê-la companhia até a chegada do loiro. Isso tinha sido perfeito porque Hermione queria ocupar a mente com qualquer coisa exceto com o encontro iminente que ela teria com seu ex-rival dos tempos de escola. Mas isto não era um encontro. Isto era uma reunião de negócios. Portanto, não havia absolutamente nenhuma razão para estar nervosa, especialmente em um dia lindo como o que estava fazendo. O sol estava brilhando através das janelas do café, o cheiro do outono acentuado no ar, e ela estava enrolada no suéter mais suave da existência. Era divino contra a sua pele e quentinho como o cappuccino de caramelo em sua mão e a boa sensação de cafeína fluindo através de seu sistema.
Para evitar pensar em Draco Malfoy, ela passou a semana pensando sobre voltar a trabalhar em tempo parcial como curandeira. E já que ela estava trabalhando com instituições de caridade, ela bem podia que podia fundar uma clínica sem fins lucrativos para ajudar nascidos trouxas. Eram inúmeros os acidentes causados por crianças que estavam descobrindo sua magia e às vezes, mesmo pais bruxos ficavam perdidos quando a magia de algumas crianças saíam do controle. No final das contas ninguém estava imune do perigo. Talvez tenha sido por isso que ela aceitou ajudar a Draco Malfoy. O Herdeiro da maior fortuna e linhagem mágica de Londres podia ser arrogante e presunçoso, com um corpo másculo que combinava com seu rosto simetricamente perfeito, mas às vezes até mesmo um dragão precisava de uma princesa para ajudá-lo a sair de um problema. Na verdade, as mulheres são muito mais fortes do que as pessoas dão crédito.
Mas nesse caso específico, não era uma questão de ser forte ou não. Era apenas o fato de que ela era uma mulher muito inteligente, com tempo disponível o suficiente para que seus amigos pudessem se aproveitar de seu sentimento de culpa e assim ajudasse um bad boy com raiva e problemas de gerenciamento das questões da sua vida. Mas eles estavam enganando a si mesmos se eles achavam que ela iria confiar cegamente neste Dragão. Ela iria fazer sua própria análise dessa situação antes de pegar uma carona para a batalha a favor de Draco Malfoy e conduzir esse ‘relacionamento’ da maneira que conviesse a ela.
Ela aprendeu duramente a parar de confundir promessas de outras pessoas com a verdade há muito tempo, quando seu terapeuta lhe disse que ela voltaria ao normal após um ano da morte dos meus pais. Claro que ela não estava de volta ao normal. Ela não era normal desde que recebeu sua carta de Hogwarts e tudo piorou quando perdeu sua mãe e seu pai há alguns anos atrás, dois dos melhores amigos que ela já teve. Mas o normal é excessivamente valorizado, não é? As pessoas normais controlam seus sentimentos e adiam para amanhã o que deve ser feito hoje. Mas ela mais do que ninguém sabia o quão rápido a vida pode ser roubada, como você pode, de repente e para sempre, ficar sem tempo para dizer as coisas que você precisa dizer, ou para ser a pessoa que você quer ser.
Ela tinha vinte e seis anos e não chegou nem perto de viver toda a vida que ela queria viver, ou fazer todas as coisas que gostaria de fazer. E ela não iria perder um segundo do seu precioso tempo com um homem que não merecia uma intervenção. Então era melhor Draco Malfoy se provar uma pessoa digna que merecia ela como aliada, ou todos os acordos estariam cancelados. Se fosse verdade que os hematomas na ex de Draco eram falsos, então nem ele, nem ela tinham com o que se preocupar.
- Você pode ir, Gina. – Hermione disse olhando para a amiga.
- Absolutamente não. – Disse a ruiva. – Eu quero fazer a introdução entre vocês dois. – Ela disse com uma piscadela. Hermione olhou por cima do ombro para a porta do café, mas não havia sinal do seu namorado falso em potencial. – Você fez sua lição de casa? – Gina perguntou e Hermione deu de ombros.
- Quando você fala de lição de casa, você quer saber se eu li todos os jornais onde a ex-namorada do Malfoy o acusa de estrangulá-la? – Hermione perguntou sarcasticamente.
- Só para você saber, não houve acusação. – Gina falou para ela. – Nenhuma acusação foi arquivada e neste ponto, é tudo especulação e conjectura. – Disse a ruiva e Hermione deu um riso de escárnio. – Eu honestamente não posso entender porque as pessoas parecem tão prontas a acreditar no pior. – Gina falou. – Desde a guerra o Draco não tem sido nada além de um cidadão exemplar. – Disse a ruiva.
- O coração dos outros é terra que ninguém pisa. – Hermione disse e ergueu a mão quando Gina abriu a boca para protestar. – O Malfoy pode ter mentido para todos vocês sobre o que aconteceu com sua ex. – Ela falou. – Ele pode ter batido em suas namoradas durante anos e apenas ter feito um bom trabalho de manter isso escondido. – Disse Hermione seriamente. – É possível. – Disse Hermione sabiamente. Gina levantou uma mão, mas ela ainda não tinha terminado. Era incomodo ver seus amigos defendendo com unhas e dentes um cara que era, na melhor das hipóteses, um idiota mulherengo, e na pior das hipóteses, um valentão com problemas para controlar a raiva. – E se eu tiver uma má impressão deste idiota, vai levar apenas dez segundos para decidir que ele pode encontrar outra pessoa para ajudá-lo a sair da confusão que ele criou. – Ela falou antes de uma voz rouca ressoar atrás dela. Hermione congelou, seus dedos apertando sua xícara de cappuccino.
- Vejo que você continua tirando conclusões precipitadas mesmo sem saber realmente sobre os fatos, Granger. – Draco falou e Hermione olhou para Gina que soltou um suspiro.
- Eu tentei te dizer, mas você estava no modo discurso. – Falou Gina dando de ombros e Hermione se amaldiçoou em silêncio, se perguntando se ela nunca iria aprender a manter sua boca fechada.
Ela respirou fundo e girou na cadeira para enfrentar o muito grande, muito intimidante, muito claramente-nãofeliz-com ela, herdeiro dos Malfoy´s, parado em pé a dois passos dela. Seus olhares se encontraram e o primeiro pensamento que passou pela cabeça dela foi que Draco estava mais alto do que nunca, como uma pequena montanha, ou um resquício dos dias em que os guerreiros vikings percorriam este canto da terra. A segunda era que seus olhos azuis acinzentados estavam mais intimidantes do que ela se lembrava. O terceiro era que ele tinha se tornado sem dúvida o mais sexy, mais magnético, mais lindo homem mortal em que ela já tinha colocado os olhos. Sem exceção. Draco Malfoy tinha se tornado a porra de um deus entre os homens e parecia que seu corpo estava mais ciente disso do que ela gostaria. Ela engoliu a seco, lutando para colocar sua cabeça de volta no lugar, mas seus pensamentos impuros insistiam em transformar seu cérebro em mingau por causa da beleza desse homem.
Era mais do que o cabelo loiro platinado despenteado, eram as feições, os incríveis ombros largos, ou os antebraços dignos de uma tarja preta proibindo a apreciação de menores. Malfoy sempre teve um tipo de energia pessoal intensa que flutuava pelo ar, mas agora essa mesma energia parecia envolver ela como um feitiço do corpo preso, roubando a capacidade dela de respirar. Ao longo dos anos ela viu as capas de jornais e revistas que ele estampou, mas as fotos não fizeram justiça a ele. Nem mesmo chegaram perto. Um olhar para o homem e ela queria escalá-lo como um bebê coala, se agarrar a ele e ficar assim pelos próximos anos. Os coalas bebês ficavam agarrados ao pelo de sua mãe pelos primeiros cinco meses de vida, mas quanto mais ela olhava para ele, mais consciente ficava que cinco meses poderiam não ser suficientes. Toda a frustração sexual reprimida do seu ano de celibato bateu com a força de um tsunami, deixando ela atordoada, sem equilíbrio e correndo o risco de escorrer do banco e acabar derretida em uma poça de luxúria no chão.
A necessidade de lamber cada polegada do seu namorado falso como um pirulito gigante estava realmente fazendo seus joelhos tremerem, e a necessidade de esfregar suas coxas aumentarem a cada segundo. Ela não teve encontros por mais de um ano, mas não porque não houve ofertas. Ela tinha sua quota de qualidades indesejáveis, mas ela era simpática, bem-humorada, divertida e longe de ser feia. Já lhe disseram inúmeras vezes que ela tinha o rosto de um anjo e, um corpo feito para o pecado. O problema é que um grande número de homens perdem o interesse quando descobrem que ela também tem tolerância zero para idiotas e nenhum filtro entre seu cérebro e sua boca, mas marcar um encontro ou encontrar um homem para sexo casual nunca foi um problema. Como a maioria das mulheres com algum interesse em sexo. Mas fazia algum tempo que ela não tinha interesse em algo mais sério que alguns flertes ocasionais com um dos engravatados do Ministério. A última vez que ela esteve com alguém, foi com seu ex, Riley, um médico trouxa que ela conheceu quando se mudou para a Austrália. E quando ele foi embora, levou seu desejo sexual com ele.
Ela sabia que mais cedo ou mais tarde ela se sentiria sexualmente atraída por outro homem, mas ela nunca imaginou que seria com Draco Malfoy. E ela nunca esperou que a onda de luxúria batesse tão forte, deixando-a de queixo caído e tentando não babar ou entrar em combustão espontânea.
- Existe algum motivo para conversar? Ou você já decidiu que eu não valho seu tempo? – Draco perguntou e Hermione balançou a cabeça. Pela primeira vez na sua vida, suas palavras fugiram. Porra! Ela precisava se recompor. Felizmente, Gina se levantou para cumprimentá-lo, fazendo ela ganhar algum tempo.
- Eu vou deixar vocês conversarem. – Disse a ruiva pegando sua bolsa da mesa e dando um beijo na bochecha de Hermione antes de puxar Draco para um abraço. – Tenho certeza que vai dar tudo certo. – Ela falou para ele e Hermione nunca se sentiu tão ciumenta por um abraço inocente. Draco acenou e os dois trocaram mais duas palavras antes que Gina saísse do café.
Os amigos, que mesmo podendo ser contados nos dedos, os defendiam bravamente. Os inimigos, Hermione suspeitou que pudessem ser responsáveis por manipular a imprensa por trás dos bastidores, empurrando para arruinar a reputação de Draco. Até agora, por mais que seus amigos dissessem o contrário, sua intuição dizia que Draco precisava de ajuda para acabar com seu problema com a ex-namorada porque ele tinha algo a esconder. Agora, ela não tinha tanta certeza. Olhando para ele, ela conseguia enxergar uma aura mais leve, ele não carregava mais aquela escuridão sobre ele. Mas, como qualquer pessoa que tenha passado por um trauma, ela tinha experiência em fingir estar muito bem quando não estava.
- Sinto muito que recomeçamos com o pé errado. – Hermione disse no seu melhor tom de arrependida.
- Velhos hábitos são difíceis de largar. – Draco falou ainda parado ao lado dela.
- Eu espero que você fique e fale sobre o que ocorreu. – Hermione falou com um sorrisinho tenso. – Eu adoraria ouvir o seu lado da história, e eu vou ficar feliz em ajudá-lo se eu achar que posso. – Hermione falou e Draco assentiu antes de sentar na frente dela, onde Gina estava antes. Draco enfiou a mão dentro de um dos bolsos e tirou algumas folhas, colocando na frente dela.
- Eu vou precisar que você assine um acordo de confidencialidade antes de começarmos. – Draco falou e Hermione franziu a testa, mas pegou o contrato de qualquer maneira. – Minha privacidade é importante para mim, e eu preciso saber que ela estará protegida. – Draco explicou e Hermione acenou concordando.
- Tudo bem. – Ela falou, ignorando seus nervos em colapso. – Dê-me alguns minutos para ler e se tudo estiver correto, vou assinar e podemos começar imediatamente. – Ela falou, forçando um sorriso. – E se vale de algo, eu prezo pela minha privacidade também e eu levo minhas promessas a sério. – Ela disse desviando os olhos do contrato. – Eu nunca compartilharia nada do que dissesse para mim em confiança, com ou sem um documento legal para impor meu bom comportamento. – Ela falou e seus olhos que pareciam uma tempestade suavizaram.
- Obrigado. – Disse Draco agradecido por ela compreender essa exigência. – Eu aprecio isso, e eu... – Ele parou e limpou a garganta enquanto alongava seu pescoço para um lado. – Eu espero que você decida que eu valho seu tempo. – Ele falou. – Você é realmente de longe a melhor escolha. – Ele disse encontrando o olhar dela. – Eu vi algumas fotos suas nos jornais desde que você voltou, mas elas não lhe fazem justiça. – Ele falou e ela mordeu o lábio inferior para conter um sorriso porque ela tinha pensado exatamente o mesmo sobre ele. – Você está incrível, Granger. – Draco falou olhando intensamente para ela e os ovários de Hermione explodiram. Sua calcinha também pode ter sido incinerada pelo fogo que estava consumindo o corpo dela depois dos olhares de Draco. Algo urgente e perigoso estava definitivamente acontecendo, mas ela não conseguia desviar o olhar dos olhos de Draco tempo suficiente para avaliar a situação. Ela estava se afogando em seus olhos, sugada para um vórtice cinzento de desejo de onde não haveria retorno. Seu corpo respondia a ele, sua boca ficou seca enquanto outra parte de seu corpo estava vergonhosamente molhada. Caralho! Se ele poderia incendiá-la apenas com um contato visual, ela nem queria imaginar como ficaria se eles fechassem o acordo e tivessem que se beijar como parte da mentira. Uma doce mentira realmente. Godric! Se eles decidissem avançar com essa história, ela poderia beijá-lo antes da tarde acabar.
Beijar Draco Malfoy, sua língua enredando com a dele, seus gostos se misturando, seus braços fortes a segurando... O pensamento não deveria nem passar pela cabeça dela. O homem era seu desafeto de escola e uma pessoa que ela estava ali para ajudar. Mesmo que os lábios dele sejam tão intensos quanto ela supõe que seja, não vai significar nada e não vai levar a lugar nenhum, a não ser para a estrada esburacada da vila da Frustração Sexual. E isso devia ser mais do que suficiente para acabar com seu inapropriado fogo na calcinha. Mas isso é a coisa sobre o fogo. É selvagem e imprevisível e não dá a mínima para o certo e o errado.
Ele só quer queimar...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.