(Matt's POV)
Vagamente começo a me lembrar do dia anterior: Emilie, Kerli, Waverly Hills Asylum, sexo com uma súcubus... Então não foi um sonho: eu realmente estou preso. A Kerli não está mais aqui. Nem a Emilie.
Vejo o Sol nascer pelas grades deste quarto-cela-inferno enquanto escuto barulhos no corredor: os mesmos grunhidos e gritos da noite anterior e... Passos. Dessa vez não era Emilie e sua maldita prancheta, muito menos Kerli, a dama de branco. Dessa vez, uma estranha garota de cabelos coloridos e vestido preto de vinil entrou no meu quarto.
– Senhor Shadows? - ela me olhou dos pés a cabeça - Wow! Infelizmente, tenho que te vestir. - ela fez uma cara de decepção - Venha comigo.
– Me vestir? - fiquei parado - para que?
– Eu sei, você quer ficar de cueca e sair encantando pobres garotinhas como eu, mas, você vai ter que se vestir. Você vai para o 3º andar.
Não protestei, nem respondi a indireta dela. Tá, eu até gosto de andar por ai de cueca, mas não na frente de todo mundo, né?
Seguimos em silêncio e passamos o corredor até um local que me parecia o Hall de entrada do "Instituto". Ela subiu na minha frente e eu a acompanhei pelas escadas de mármore, entrando pela porta que dizia "Área de formação".
Ela me levou até uma sala e apontou um cabide cheio de roupas e pude reconhecer: era todo o meu guarda-roupa da turnê. Peguei minha bandana, calça jeans, meus óculos escuros e uma blusa preta aleatória. Me vesti, calcei meu tênis e saí.
– Matthew, está pronto para conhecer os seus mentores?
– Sim, e pode me chamar de Matt.
– Entre por essa porta e conheça os mentores de hoje, Matt. Boa-sorte. E, caso precise de ajuda pra tirar as roupas novamente: meu nome é Jenna - ela piscou e voltou em direção às escadas.
Entrei na tal "sala especial": vazia, exceto por uns caras ao meu lado. Lembrei do que Kerli me falou sobre todos dormirem de dia, então nem me dei ao trabalho de olhá-los e fui procurar os quartos para tentar dormir mais.
– Vai aonde, garoto? - um dos caras falou. Aquela voz...
– Essa vadiazinha acha que pode ignorar a gente! - Outra voz familiar...
Me virei para falar gentilmente com o filho da puta que me xingou, e então...
Fiquei parado. Estático.
Meus "mentores" são ninguém mais ninguém menos que: Zacky, Johnny, Brian e... James?
– SEUS PUTOS - gritei - Vocês são...
– Incríveis? Maravilhosos? Super sensuais? - Rev completou.
– Somos - Zacky respondeu rindo e fazendo pose.
– Para ser mais exato - Johnny começou - Syn e eu somos lobisomens, Zack é um orc e o Rev é um íncubus.
– Mas... Isso é surreal, é coisa de RPG!
– Matt, - Rev disse - isso é quase um RPG no mundo real, e aqui não temos regras.
– Vocês seguem aquelas duas? - perguntei, mas já imaginava a resposta.
– Plague rats - falaram em coro. Acertei na mosca.
– E a Emilie acha que, com suas habilidades, você dominará o seu Íncubus - Syn se limitou a dizer.
Íncubus? Eu sou um Íncubus? Ah, que se foda tudo isso! Eu tô com a minha banda, meus amigos, e nada pode me tirar desse lado agora.
O lado bom: terei meus amigos/ banda por perto.
O lado ruim: Não transar com a Kerli. PUTA MERDA!
No meio da filosofia mental que eu fazia, quase esqueci que o Rev estava bem ali, na minha frente, vivinho da Sullivan-sauro.
– Jimmy, e você? Como continua vivo? - abracei-o - Fui no seu enterro, e vocês também foram e... Nós fizemos uma música pra você e...
– Shadows, - ele começou - eu não morri. Precisavam de mim aqui no Instituto, então, tive que vir. Simulamos minha morte e, agora, fico aqui permanentemente.
– Mas, e sua vida? E todo o resto?
– Matt, você não entende ainda. - Johnny falou, tentando se apoiar no meu ombro - Nossos poderes são nossas vidas e só aqui somos totalmente livres. Em breve, você entenderá. Será um Plague, assim como nós.
Eu queria falar mais, mas apenas fiquei quieto aproveitando a companhia deles. Eles não precisavam saber sobre a noite passada. Pelo menos não agora que eu mal reconheço meus amigos de infância!
Agora, tudo que eles tem que saber é que serei o pupilo deles e, por isso, devo observar todos. O problema, por enquanto, continua sendo só meu e continua o mesmo: como fugir disso tudo?
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