História Sweet Shades - Cos I Killed Him

Liam permaneceu calado por todo tempo e comecei a comer um dos pães. Ele queria me falar algo, mas era como não conseguisse dizer.

- Desembucha? – Perguntei e ele fixou os olhos novamente em mim.

- Como você esta? – Me indagou curioso, mas rodeava a verdadeira questão.

- Estou ótima. E você?

- Preocupado. – Disse e comeu um pedaço do que seria o pão de Miles.

- Por que?

- Porque Niall esta deixando aquele medico... Ir. E você esta aqui. – Me explicou. Sua hesitação ao falar de Milesera inquietante. Por que esta duvida ao falar que Miles iria ser solto?

- E o que você esperava que ele fizesse comigo? Você mesmo me disse que quando eu perdesse a graça seria morta e não solta.

- Eu sei. Mas eu pensava que ele tivesse mudado a opinião. – Disse baixo e se encostou ao meu lado na parede.

- Por que ele mudaria a opinião tão rápido? – Perguntei querendo ir ao ponto, mas sabendo que o afugentaria.

- Porque talvez ele não queira seu mal.

- Mas é só isso que ele quer.

- Talvez não. – Ele disse e virou o rosto para me olhar. Suas feições robustas estavam suaves junto a sua expressão depois que seus olhos pararam nos meus. Mas ele me inspecionava, cada centímetro. Senti suas orbitas passeando em minha postura, em minha silhueta mal feita na camisa suja de Louis e o delinear de meus lábios untados em uma linha. Ele parou nos beiços grossos que eram os formadores de minha boca e lançou sua mão por cima da minha. Senti as bochechas esquentando e corei. Era estranho me sentir corada com meu sequestrador que estava agindo mais estranho ainda.

Liam acariciou as costas de minha mão sem tirar os olhos de minha boca e subiu os olhos para mim. Seu olhar estava intenso e perturbador. Ele soltou minha mão e pegou minha bochecha entre os dedos e me viu enrubescer ainda mais com o toque quente de seus dedos.

Eu me sentia estranha, estranhamente necessitada de algo. Eu estranhamente não me lembrava onde estava, por que eu estava aqui e por que alguém me encarava e por que esse alguém tinha uma beleza tão sublime, tão tentadora?

- Interrompo algo?    

Me virei para olhar Niall que estava com raiva. Suas sobrancelhas arqueadas e seu corpo ereto e enrijecido. Liam já estava em pé quando me dei conta e começou a subir para a casa, ignorando Niall na porta. Engoli em seco quando ele fechou a porta e ficamos só nós dois.

- Posso te fazer companhia? – Me perguntou. Assenti sem conseguir achar o “sim” de meu vocabulário.

O garoto entrou no quarto e se sentou onde Liam estava. Ficou pensativo do meu lado enquanto eu recobrava as palavras e a razão.

- Como esta? – Me perguntou sinceros brincando com os dedos.

- Estou bem. Estaria melhor no meu quarto e na minha cama tomando uma xicara de chocolate quente que Elisa teria feito para mim, mas aqui também esta razoável. – Falei irônica e ele riu.

- Interessante. O que estava falando com o Payne? – Indagou curioso e intrigado. O que foi isso?

- Payne seria o Liam?

- Sim. – Assentiu com o tom irritado.

- Conversando. Sobre...

- Péssima. – Falou me interrompendo.

- O que?

- Você não consegue mentir. Vocês não estavam conversando e você ia pensar em uma mentira. Qual ia usar? – Falava serio, mas com um tom brincalhão.

- Que ele estava limpando uma sujeira, mas você me pegou. – Confessei como se estivesse derrotada.

- Eu consigo notar suas verdades e mentiras. Você é muitofácil de se entender. – Ele me disse sem me olhar nos olhos. – Pensei que teria as mesmas qualidades que eu, mas parece que é um pouco menos dotada e não consegue notar quando eu estou mentindo.

- Menos dotada? Eu não sou psicopata se é isso que esta pensando. Ao contrario de você, neste momento eu estaria estudando ou no cinema com o Jeremy ou...

- Não fala esse nome. – Suas mãos se fecharam em punho e ele disse ríspido.

- Jeremy? – Desafiei.

Niall bateu o punho no chão e parou para me olhar. Sua imensidão azul pegava fogo com o ódio, coisa que ele conseguia transparecer facilmente. Prendi a respiração.Seu rosto logo suavizou.

- Por isso que gosto de você. – Concluiu e continuou a me encarar. O que deu nesses dois hoje? É dia de me encarar?

- Por isso o que? – Falei sussurrando, soltando aos poucos o ar que estava preso.

- Porque você me desafia. Com você estou sempre em um duelo. - Me explicou e eu ergui as sobrancelhas.

- Ah, sim. Pra você eu sou apenas um objeto. – Lembrei-me do que Liam havia me dito e dei de ombros voltando a olhar para o teto.

- Não exatamente um objeto. Eu... Gosto de estar com você. Você é ousada e insolente.

- Eu?

- Somos diferentes dos outros. Você me incita, e para mim, isso é fundamental.

- Não sou nada parecida com você! Você é um psicopata e eu uma vitima de suas torturas. – Disse alto e ele franziu o cenho.

- Minhas torturas? Até agora, você mesma se torturou. Eu não mexi um dedo quanto a isso. Parou para pensar que todo esse seu sofrimento são consequências de sua ignorância quanto a sua estadia? – Ele refletiu e me encarou. Seus olhos seguravam os meus como todas as vezes que eu os via.

- Eu não os faria se você não estivesse me mantendo aqui. – Falei juntando o único argumento que tinha para rebater sua afirmação.  

- Mas de todo modo, quem esta se fazendo isso é simplesmente você. – Disse lento e mirou-me.

- Você não pode me culpar por atos involuntários. Estou em cativeiro em péssimas condições... – Fui interrompida por um bufar e Niall chiou para mim, para que eu me calasse.

- Não reclame de sua situação. Tem gente em bem pior estado. – Murmurou para mim com o dedo indicador na boca e os olhos fechados em plena concentração. – Você é apenas um pouco mais ousada e corajosa que esses idiotas que morrem sem lutar. Pelo menos podemos dizer que sua morte não foi patética. Quantas vezes você já tentou fugir?! – Ele me lembrou de quando eu quase fui pra casa.

- E, quem sabe, Miles não escreva algo verdadeiro em alguma matéria sobre mim. De como eu não morri sem tentar e... – Minha voz falhou. Eu ia dizer “de como eu amo meus pais”, mas eu não queria deixar esse ponto fraco exposto para Niall. Eu não era tão estupida ao ponto de mostrar todas minhas fraquezas.  

- Não creio que ele vá. – Ele disse abrindo os olhos, deixando os fixos em uma das paredes brancas e imundas do quarto. Ele estava com um sorriso escondido. Ele sorria fraco, querendo esconder a graça nas palavras que dizia.

- Por que não? – Perguntei. – Ele ia ganhar um bom dinheiro.

- Porque eu o matei.