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História Swim - Perdição, Sakura, Perdição


Escrita por: poetria

Notas do Autor


voltei rápido, não?

Capítulo 5 - Perdição, Sakura, Perdição


Fanfic / Fanfiction Swim - Perdição, Sakura, Perdição

Odiar.  


Uma ínfima palavra de significado colossal. Uma palavra de sentimento duro e natural a qualquer ser humano, que emana impulsividade e arrependimento. E é desta forma, deste minha vã segunda tentativa de suicídio a beira de uma praia, que alguma emoção alvorece em meu corpo. Me sinto odiosa e nojenta. Alguém sem escrúpulos e que é tão incapaz de tomar suas próprias decisões. Alguém desprovida de alma e amor-próprio. Sem fé ou dignidade.  

 

E eu, me odeio. Odeio por ter me deixado levar a corriqueira merda que vem sido a minha vida de uns meses pra cá, odeio como sou ingênua o suficiente para pensar que algum dia tudo isso não passará da porra de um vagaroso pesadelo. E me odeio ainda mais, quando permito que ele me toque. Que espalme cada canto nu do meu corpo imóvel, que se entrega tão falsamente aos seus desejos como alguém que me ama. Que penetra em minha intimidade como obrigação, dia a cada dia, como declarações em dia dos namorados.  

 

Odeio como sou incapaz de pará-lo, de dizer apenas um não como resposta para seu extinto masculino. Como não consigo terminar com toda essa droga de relacionamento fútil e desagradável, que agrada apenas ele, mamãe e papai. Como ele torna o sexo, algo de plástico, superficial, nojento. Que Sasori Akasuna sempre diz ser o nosso tipo certo de reconciliação. Sexo e mais sexo, sem amor. Eu não o amo e não quero amá-lo. Espero, mesmo que errado, que ele não me também.  

 

– Eu te amo.  

 

De cima de mim completamente nu e soado, sempre ligeiramente ao pé do meu ouvido. Eu. Te. Amo. Três palavras cujo só ditas depois do seu líquido leitoso espirrar dentro de minha boca. Apenas ele, somente ele, satisfeito, exaurido, fascinado. Eu. Te. Amo. Três palavras ditas só depois de uma foda, em que segundos depois, Sasori cai deitado ao meu lado, apagado. Ele não me ama, não sei ao certo, ele ama me foder. E neste momento, me odiei ainda mais. 

 

Fechei os olhos, a enxaqueca que se ausentara por uma semana, havia voltado sem piedade ao lado esquerdo de minha cabeça. O suor e o cheiro forte do ruivo impregnaram meu corpo e minhas narinas indefesas, tornando o processo dolorido ainda mais agravado. E eu odiei estar daquela maneira. Impura e nojenta.  

 

Podia ouvir ao lado, sua respiração pesada pela exaustão. Agradeci internamente por estar dormindo, não gostaria de vê-lo ou ouvi-lo mais uma vez quando eu estava prestes a entrar em um colapso de ansiedade. Como de costume, forcei-me a ficar de pé e caminhei para dentro do banheiro. Liguei o registro e me joguei para debaixo da temperatura baixa que a água me proporcionava. Esfreguei. Esfreguei. Esfreguei cada pele tocada por ele – nádegas, braços, pescoço, dentes, seios... minha intimidade. Esfreguei até a vermelhidão tomar aparência.  

 

Me embolei na toalha, e voltei ao cômodo. Distrai-me ao notar a luminosidade vinda do meu aparelho ligado em cima do criado-mudo. O desbloqueei vendo uma nova mensagem de um número desconhecido.  

 

“Sabia que no Japão um tigre branco já matou um cuidador no zoológico?”  

 

Uni as sobrancelhas em confusão. Os pingos gélidos provindos do meu cabelo molhado, caíam sobre o começo dos meus braços, eriçando, sem dúvidas, meus pelos da região.  

 

Quem é?”  

 

Indaguei. Como um número sem foto ou alguma descrição mandaria tal questionamento a alguém que nem conhece? Louco? Trote, talvez? Qualquer que fosse a pessoa, estava à espreita de me responder.  

 

“Sério? Achei que fosse mais original.”  

 

“Quem é? Como vc tem meu número?”  

 

“Salva meu número que vai aparecer uma foto.”  

 

Não o deixei terminar, começara a tirar a paciência que eu nunca tive, na verdade.  

 

“Porque não  fala logo quem é você?”  

 

“Salva assim: Uchiha gostosão e que pinta super bem.”  

 

Involuntariamente, revirei os olhos. Alguém tão perverso daquela forma, que entra no banheiro feminino sem nenhuma vergonha na cara, é a única pessoa plausível para me mandar tal questionamento sobre a morte causada por um tigre branco. Declarei a mim mesma, como Sasuke Uchiha, era imprevisível. E isso, não é nada bom.  

 

“Como conseguiu meu número?”  

 

“Dei meus corre. Não é difícil obter seu número. Uma tortura é o suficiente.”  

 

“Não me surpreenderia.”  

 

“Você se surpreende fácil.”  

 

Eu não sei onde ele queria chegar, tampouco daria corda a suas libertinagens. Ignora-lo a partir em diante, seria o melhor caso para se fazer, se não fosse pela mensagem totalmente autoritária que me enviara.  

 

“Vai sair comigo hoje.” 

 

“Porquê eu sairia?”  

 

“Porque você faz parte do acordo, espero que não se esqueça.”  

 

“Não posso, estou ocupada.”  

 

“Dá seus pulos.”  

 

O arrependimento, desta vez, batera forte naquele momento. Maldita hora que eu fui concordar em ser tal musa de inspiração para um bad boy, sem escrúpulos igual ele – já estava com problemas demais em minha vida, e ele só adiantaria o processo para eu afundar ainda mais nessa lama. Mas como eu disse, sou tão incapaz de rejeitar situações como aquela; apenas não me importava.  

 

“Aonde?” 

 

“Estou na porta da sua casa, Haruno ;)"

 

Não esperaria nada de Sasuke Uchiha, além do invulgar. Não sabia que limites existiam e sempre acabava ultrapassando sem benevolência, todos eles. Estava irritada, o próprio conseguia tirar a única paciência que eu achava ter.  

 

“Não vou embora se é isso que pensa.”  

 

Não me martelei em saber como o garoto conseguira meu endereço. Bufei, suspirei, bufei, suspirei. Trajei-me de uma calça legging preta, um moletom rosa e por cima, a jaqueta de futebol de Sasori – o frio de verão, estava mais cortante do que imaginei quando saí de casa cautelosamente e o encontrei ali, com um maldito sorriso cínico estampado em seu rosto. Apoiado em que cogitei ser uma moto.  

 

– Por que está aqui na frente da minha casa? – questionei em um tom de voz mais baixo do que o normal. A aflição de saber que a qualquer minuto Sasori poderia descer e nos encontrar ali, me assustava. Sinceramente, eu não sabia do que o ruivo seria capaz de fazer. Estava insegura, indefesa, traumatizada. – Você está louco?  

 

– Achei que um beijo cairia melhor – rebateu, encenando muito bem por sinal, uma comoção digna de um bico nos lábios e um semblante estupefato. Ralhei os olhos impaciente com o drama do garoto bem a minha frente, o que na verdade, não combinava muito bem com sua pose de Cavaleiro do Mal. – Vai, sobe aí – interrompeu-me lançando em meus braços, um capacete de tom preto.  

 

Forcei-me a não hesitar quando pus minhas pernas entre o banco e fiquei sobre as costas de Sasuke. O constrangimento por si já era maior do que o medo de um veículo de potencial mortífero, em que eu já estava acostumada em sair perambulando com Sasori dirigindo uma dessas. Engoli em seco diversas vezes quando evoquei que deveria segurar na cintura do garoto. Talvez, manter minha segurança no Uchiha, seria mais doloroso do que a morte que poderia me ocorrer.  

 

Eu poderia ser uma suicida em ascensão, mas com certeza, eu tinha meus orgulhos.  

 

Sasuke, como previsto, acelerou o veículo de modo em que eu não estava acostumada. Cogitei ao notar, que para ele era prazeroso correr daquela maneira. Como um bad boy de mala cheia, sem escrúpulos, língua afiada e quebrador de regras. Um verdadeiro protagonista de filme clichê romântico – tirando o fato de eu não fazer a mínima ideia de qual garota ele estava fazendo o papel certeiro para salvar. Me segurei em seu corpo, mais do que deveria, quando o próprio fizera uma curva brutal me fazendo assustar. Praguejei internamente, imaginando o quão divertido ele poderia estar agora, zombando da minha cara.  

 

Não tardou para que chegássemos ao centro da pequena cidade de Konoha, e o moreno estacionasse sua moto bem a frente de um prédio elegante, constituído de vultuosas janelas ao redor do concreto. Na fachada, exibia um símbolo branco e vermelho, formando um leque. Retirei o capacete, confusa pelo lugar que Sasuke me levara, e eu como a boa memória que tenho, não recordei-me de já tê-lo visto. 

 

– Veio me arranjar um emprego? – debochei, ao avistar uma bela moça trajada de um blazer preto e uma saia lápis da mesma cor, sair de dentro das portas duplas.  

 

– Vestida dessa forma você realizaria meu fetiche por secretárias – sussurrou ao pé do meu ouvido, me levando a encarar o seu maldito semblante sugestivo atribuído de seu sorriso canteiro.  

 

– Permitido apenas cinco metros de aproximação, Uchiha – rebati, convencida a mim mesma que minha pose de uma garota de um metro e meio, poderia ser extremamente assustadora naquele momento.  

 

– Não foi isso o que aconteceu quando você me agarrou na moto, Haruno – insinuou, como de costume, jogando a responsabilidade de seus atos, em cima de mim. Eu poderia questiona-lo, protestar em minha defesa, mas o toque brusco em meu braço, me guiando para dentro do prédio comercial, espantou qualquer que fosse frase que eu poderia proferir.  

 

O ambiente, estava vazio. Sem recepcionistas ou visitantes – além de nós. Era límpido pelos porcelanatos colocados no chão, e espaçoso. Cheirava a alvejante. Decerto, a limpeza acabara de ser efetivada. Sasuke, ao invés de nos levar ao senso comum das coisas, nos fez andar a merda de doze remessas de escada – e o meu estado, não jazia ao contrário, com a respiração ofegante e o suor quente entre os panos que encobertavam meu corpo.  

 

Indignei-me ao contemplar o estado natural do garoto, sem nenhum resquício de cansaço ou algo do tipo. Ele deveria fazer isto mais do que eu imagino, anotei.  

 

– Apenas doze remessas de escada, e já está cansada, Haruno? – indagou zombeteiro.  

 

– Por que não fomos de elevador? – questionei a ele. Sasuke faltava alguns parafusos a menos, com toda certeza. Mas ele nada respondeu, apenas resmungou algo inaudível para meus ouvidos.  

 

O lugar, na qual ainda não havia prestado atenção de verdade, atribuía uma vista adorável e fora do comum. Os lampejos de cor vermelho e branco, inundavam a visão onde o terraço fora construído. Havia ruídos de carros vagueando e buzinas sendo acionadas, que tomara o ambiente por inteiro. E a brisa do entardecer, contribuía para o sentimento soberano que me ocorreu.  

 

Pela primeira vez que saí de casa, pude respirar ar puro.  

 

– Isso é incrível – balbuciei depreciada mais a mim mesma, do que um elogio a ele. Eu estava clamando em liberdade. E lá estava ela, bem a minha frente. – Por que me trouxe aqui? – perguntei curiosa. Se eu encontrasse um lugar do tipo, com certeza não abriria o bico a ninguém.  

 

– Uma descontração – respondeu, me lançando descaradamente, uma piscadela. Esgueirei meus olhos, observando-o tomar rumo afrente, indo sentar-se até uma cadeira de praia disposta ao centro do terraço. – Você não vem? – de costas, se queixou a mim.  

 

Tomei posse do assento ao seu lado, bebericando da garra de vidro que Sasuke me oferecera – só não antes de verificar algum fragmento duvidoso. Cerveja, doce e amargurada.  

 

– Achei que odiasse alturas – ele começou encarando a vista. 

 

– Por quê? – uni as sobrancelhas em confusão, olhando-o de soslaio. 

 

– Achei que não gostasse de coisas dramáticas.  

 

– Mas não gosto.  

 

– Mas não acho que se afogar em um evento escolar, seja algo menos que dramático – disse sugestivo. Ele e sua naturalidade de falar sobre minhas tendências suicidas; praguejei internamente sabendo que ele estava totalmente certo.  

 

– Eu estava bêbada – ponderei, disfarçando meu desconforto com a conversa. – Você deveria ter percebido isso.  

 

– Talvez o cheiro de sexo tenha inibido o cheiro – suspirou teatralmente. – Igual agora – ousei olha-lo aturdida por sua fala. Como ele saberia? Porra, eu tinha acabado de tomar banho, esfregando cada toque que Sasori me proporcionou. Engoli em seco diversas vezes, ao nota-lo aproximar seu rosto ao meu. – Você cheira a sexo, Haruno.  

 

Encarei aquele mar negro disposto bem a minha frente, desorientada pelo próximo passo que eu daria. Eu não sei, mas por um triz, deixe-me ficar incomodada por saber que alguém tomaria conhecimento que eu acabara de transar com o Akasuna. O pensamento, fez meu bile subir e descer, prestes a regurgitar.  

 

– Como você sabe? – perguntei desconcertada.  

 

Sasuke grunhiu uma risada, elevando as covinhas nas laterais de sua boca. Eram lindas.  

 

– A jaqueta – respondeu. – A jaqueta Sakura – repetiu apontado ao meu corpo, ao perceber minha confusão.  

 

Abri a boca em meio círculo, compreendendo o pano que cobria meu corpo. Sem protestos, a retirei com as mãos trêmulas, jogando-a a primeira lata de lixo que avistei ao fim do terraço. Um certo alívio, junto ao ar frio da tarde, assolou meu peito. Voltei ao lado do moreno, agradecida ao vê-lo que não questionaria minha ação tão impensada a um objeto que eu deveria considerar importante, por ser do meu namorado. Enojei.  

 

– Tome – observei o couro estendido a mim, quando sentei-me de volta. Notei ser a jaqueta que Sasuke nunca largava por nada.  

 

– Não, não – balancei a cabeça em negativo. – Não posso aceitar.  

 

– Você está com o cabelo úmido garota, vai pegar um resfriado assim – rebateu. – E eu já estou de moletom. Não vou aceitar um não como resposta – lançou-me um olhar decidido; e eu, não ousei reivindica-lo. Conhecendo como o conheço de pouca convivência, ele não desistiria.  

 

A coloquei, me confortando com a calidez do forro e o cheiro que inebriou em meu nariz. Amadeirado, nicotina e tutti frutti. Bipolar, igual a Sasuke. E por teimosia, meu estômago tornou-se frio e ansioso. Havia adorado aquela combinação. Mas relutei. Cheirava a luxo e soberba. Cheirava a pecado. Mas que pecado, Jesus.  

 

– Você fica linda cheirando minha jaqueta – como uma criança pega no flagra, aprontando alguma, enrubesci por todo meu rosto, falha em inventar qualquer que fosse a desculpa para o meu gesto. Até uma criança teria inventado alguma. – Gosta do que cheira? – a sua voz, bem mais próxima do que deveria, emanava malícia.  

 

– Você cheira a cigarro – prontifiquei-me em responde-lo, me recompondo. – Isso faz mal à saúde.  

 

– Você acha?  

 

– Você não? – o encarei, incrédula.  

 

– Só não acho que você esteja no seu lugar de fala, dona Haruno.  

 

Não respondi. Não queria, porque ele estava certo. E foi como um tapa na minha cara, e aquilo, doeu. E muito. E eu me odiei ainda mais.  

 

A merda de uma suicida hipócrita. Eu deveria queimar no inferno.  

 

Assisti impaciente, o processo vertiginoso das mãos calejadas do rapaz desembrulharem o pirulito robusto e o levar até a boca. Engraçado tal preferência, já que em sua orelha direita, pousava o cilindro branco enrolado em uma substância propensa a câncer de pulmão. E entre suas bochechas, permanecia apenas algo causador de caries.  

 

– O que quer de mim?  

 

A gargalhada alta e rouca de Sasuke, ecoou para toda a área em que estávamos – despertando o constrangimento inegável em que eu me encontrava. O moreno não se importou, continuara com seu divertimento sob minhas custas. Sua risada era sexy e contagiante, em especial quando pendia sua cabeça para trás e fechava os olhos, sendo perceptível o quão seus cílios eram negros e volumosos para um homem. O cabelo desgrenhado, caía para trás, dando-me uma melhor visão, como seu rosto era impecável.  

 

Meu coração, pulou. O que estava acontecendo comigo?  

 

– Isso foi alguma piada? – meu tom, saiu mais em súplica do que repreensão. O Uchiha, sem pressa, terminou o show digno de lágrimas nos olhos, mergulhando suas orbes ônix contra as minhas esmeraldinas. Senti, como minha tentativa de afogamento, minha respiração parar. Minha garganta lacrar-se. Sasuke, agora, era o mar, o oceano. As obscuridades do fundo negro. E eu, como a cada dia, estava naufragando.  

 

– Seja mais específica, lol-li-po-plollipop. Chupou o doce, inebriando o cheiro adocicado em meu nariz. Ele chu-pou o doce. Fisguei em fogo. – Quero muitas coisas de você.  

 

Não consegui responder. Maldito. Maldito. Maldito.  

 

– Mas hoje, quero apenas sua atenção – virou-se para trás, concebendo ao meu rosto flamejante, a brisa noturna. Buzinas incessantes e murmúrios vindos debaixo, fizeram-me acordar e soltar o ar em que eu segurava. Quente. Eu estava quente. Febril.  

 

Eu não sei, talvez eu esteja mais escorregadia que a garrafa parada em minhas mãos. 

 

– Me diga três palavras que acha bonita – não pediu, ordenou sem menos, quando voltou a se escorar no encosto da cadeira, com uma caderneta de porte médio em mãos e um lápis. Repeti o ato.  

 

– Isso é algum tipo de entrevista e eu não estou sabendo? – dei um longo gole a cerveja. 

 

– Tsc – estalou a língua ao céu da boca. – Gosto bastante do significado de liberdade e revolução – começou – Acho que me inspiram a pintar – raspou a bolinha prateada fincada em sua língua, entre seus dentes superiores. Um tique nervoso, comecei a notar. – Mas o significado de perdição me emperra em toda essa merda. Acabo virando um hipócrita no final de tudo isso – praguejou.  

 

Arqueei as sobrancelhas, atenta em tentar compreendê-lo.  

 

– O que significa? – perguntei. Mesmo que eu soubesse por alto a descrição da palavra, para o Uchiha, poderia soar diferente. E eu estava disposta a entender.  

 

Per-di-ção. Substantivo feminino e sinônimo de tentação, que no caso, outra palavra que me ferra nessa minha hipocrisia – bufou. – Ela basicamente é um ato ou efeito de se perder. Ou pode se declarar uma situação de desgraça, ruína, fracasso – parou. Estava analítico sobre suas palavras. E eu não o atrapalhei. – Para mim, perdição, é o desejo que eu sinto por algo, mas não posso ter – Sasuke, encarou-me.  

 

Eu não sabia o que dizer. Não sabia se eu deveria pergunta-lo sobre o seu desejo, percebi ser íntimo além da conta. Mas por outro lado, minha maior hesitação, era temer o que ele poderia me responder.  

 

Pigarreei.  

 

– Gosto bastante do significado de esperança, coragem e resiliência – senti minha garganta queimar. – Acho que na minha vida, elas significam tudo uma só coisa. Uma coisa que eu não tenho ou não sei onde procurar – a ardência em meus olhos, se fez presente. E eu odiei me sentir fraca em um momento como este.  

 

Notei, ao olhar ao meu canto, as mãos do moreno se movimentarem em direções variadas sobre o papel amarelado. Me aproximei, distinguindo os rabiscos em que fazia compenetrado.  

 

– O que está fazendo?  

 

– Não se mexa – advertiu, olhando-me sem erguer a cabeça. – Continua parada – pousou o dedão em meu maxilar, apoiando com o indicador, ao trazer minha posição avoada de volta. De vez em quando, esgueirava meus olhos em uma tentativa falha de saber o que tanto rabiscava. Enrubesci, pensando na possibilidade mais sensata de ser. Sasuke estaria me desenhando agora? Entretanto, imaginar que tal registrava minha situação deplorável, era assustador. Não só pela vestimenta surrada, mas como minhas olheiras roxeadas e profundas. 

 

A ventania dificultou minha visão, trazendo meus fios soltos para a frente dos meus orbes. Comprimi os lábios, embaraçada com a situação. O que eu deveria fazer? Sorrir? Fala sério. Essa ideia era péssima. Nem eu fazia noção do quanto tempo eu não alargava minha boca em franca felicidade.  

 

– Não sorria, não agora – informou. Inflei minhas bochechas desesperada. Droga, eu estava morrendo de vergonha. – Pronto – sorriu, mas que sorriso.  

 

Contemplei o desenho que Sasuke fizera de mim. Os traços grossos, tornava o autorretrato único e perfeito. Não havia falhas de alguém como eu. Meu coração, esquentou. Diante há muito tempo, eu gostava do que via – mesmo que fosse em um papel.  

 

– Obrigada – mordi o lábio em nervosismo. – Sério, muito obrigada. Você tem talento – agradeci sincera. Eu queria ter dito mais, queria. Mas não sabia se éramos íntimos o suficiente para isso.  

 

O Uchiha estava pronto a responder, se não fosse pelo barulho incessante de seu celular. O pegou de dentro de seu bolso da calça, exibindo ao centro da tela, o nome Temari em ligação. O semblante do próprio se tornou rígido, angustiado com algo que eu não saberia. Não atendeu a chamada.  

 

– Preciso ir – soou mais em obrigação do que vontade. – Vamos – levantou-se, guardando o que lhe restara, me guiando novamente, para fora do prédio.  

 

Eu não sei, mas o garoto parecia estar com pressa. E isso só confirmou minhas suposições, quando ele me deixou na esquina da minha casa e eu segui sozinha, sem alguma despedida decente – como se eu esperasse por isso, claro que não. E tal instância do moreno em sair rumo ao não sei o quê – decerto uma namorada? – só pirou quando pus os pés dentro da reconfortante sala de mamãe. 

 

– Sakura? Eu te liguei milhões de vezes, onde você estava? – indagou. – E o que você está fazendo com essa jaqueta?  


Notas Finais


Um capítulo mais longo, recheado de Sasusaku, quem não ama?
E aí, vcs já tem suposições da nossa Temari em relação ao Sasuke? Ou quem pegou a nossa queridinha Sakura no flagra? ;)

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