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História T.a - One shot


Escrita por: batkat

Notas do Autor


Respostando de novo.

Transtorno alimentar é um assunto delicado, e pode ser gatilho para alguns, caso não se sinta confortável com a abordagem do tema, não leia.

Capítulo 1 - One shot


Shoto coçou os olhinhos, já vermelhos do choro recente. Ele odiava se sentir vulnerável, e odiava preocupar os namorados, e odiava ser repreendido por algo que ele sabia estar errado, mas não conseguia parar. Então ficou quietinho no banquinho em frente ao balcão da cozinha, encolhido em si mesmo, tendo mini sustinhos toda vez que Bakugo batia algum utensílio da cozinha muito forte, e Midoriya o olhava todo preocupadinho.


-Eu vou matar o seu pai, eu juro que eu vou! -Bakugo bufou, se virando com raiva, espalmando as mãos no mármore frio do balcão. -E se você não parar com essa porra, vou matar você! -E segurou o rostinho de Shoto com força, para obrigar o bicolor a olhá-lo, os olhinhos marejando de novo, ele não conseguiria parar de chorar.


-Kacchan! -Midoriya veio, rapidinho, colocou uma mão no antebraço do loiro e o olhou feio.


-Mas que caralho. -Bufou, e soltou o rosto do garoto que soluçou baixinho, olhou para Midoriya impaciente.


O esverdeado estava prestes a dizer algo quando eles ouviram os passos na escada, logo sendo substituídos pela imagem de Endeavor. Shoto desviou os olhos para seus dedos pousados em seu colo, mas Bakugo olhava o homem com raiva líquida em seus olhos, enquanto Midoriya mantinha uma mão só por segurança em seu peito.


-Se sente melhor, Shoto? -Ele se aproximou, mantendo uma distância segura dos três. Bakugo pareceu espumar de raiva, porque se Todoroki havia desmaiado no jardim por causa de um simples treinamento, era porque aquele homem sempre regrava a alimentação do filho, o que logo evoluiu para alimentação nenhuma por parte de Shoto, que era obcecado por manter o físico perfeito para ser um bom herói.


-Essa merda, é culpa sua! -Cuspiu o loiro, projetando o corpo para frente, de modo que fez Izuku colocar mais força em seu braço, desviando os olhos do pro hero para Katsuki. -Como herói você pode ser o melhor, eu não me importo, mas é um lixo de pai. Eu tenho nojo de você. -Ele disse devagar, ameaçadoramente, seus dedos se curvando, pequenas explosões borbulhando em sua palma.


Endeavor desviou os olhos para ele apenas por um momento, para depois voltar a olhar para o filho. Ele sabia, e era ridículo agir como se não soubesse, mas era orgulhoso demais e estava tentando melhorar sem ter que pedir desculpas sobre seus erros do passado. Ele não exigia mais dietas mirabolantes de Shoto, mas a forma de pensar do garoto já tinha sido mudada permanentemente, e agora era pior do que só um monte de dietas. Todoroki pareceu se encolher mais, e quando o pai se aproximou um único passo, ele se afastou o quanto dava sem ter que sair do banquinho. Endeavor parou, olhou para o filho e por um momento um lapso de dor passou por seu rosto.


-Diga para a sua cadela sem pedigree não falar assim comigo. -Ele voltou a se aproximar, dessa vez não dando tempo ao garoto para se afastar, colocou uma mão no ombro do filho, o que era o máximo de ternura que conseguia expressar, e apertou suavemente. -Pode me ligar qualquer coisa. -Murmurou, muito baixo, Bakugo e Midoriya quase não ouviram. Shoto assentiu, só um pouquinho, e relaxou um pouco quando Endeavor saiu.


Bakugo rosnou com raiva, e até tentou ir atrás do mais velho, mas Izuku o segurou pelo pulso, o que de início o deixou mais puto, mas depois ele viu o olhar no rosto do namorado, que ele logo desviou para Shoto, todo encolhidinho no balcão, o rostinho ficando molhado de novo. Demorou apenas uns instantes até bufar de raiva e se aproximar, pegou o rosto do garoto, muito delicado dessa vez, com as duas mãos, afastou as lágrimas brilhantes e não se importou quando mais brotaram nos cantinhos dos olhos bicolores.


-Escuta, eu realmente não quero perder você, não quero que fique doente, e pensar que você acha que merece isso é uma porra Shoto, porque eu fico desesperado pra proteger vocês, é um inferno pra mim até em missões de campo, então por favor, por favor, eu preciso que se cuide, eu preciso que coma um pouco. -Todoroki piscou, e assentiu, soluçando baixinho de novo, e mais lágrimas quentes escorreram por sua bochecha. -E não pode colocar pra fora, tem que comer, deixar seu corpo absorver isso, entendeu? -O loiro perguntou, seu olhar firme nos olhinhos perdidos do bicolor. Shoto hesitou, só um pouquinho, e assentiu um pouco a contragosto. -Bom. -Bakugo se afastou, voltando a andar agitado pela cozinha para fazer algo leve porém com algum valor nutricional para o namorado, enquanto Midoriya literalmente afastava as mechas bicolores do garoto e soprava em seu rosto como se ele fosse um bebê ou um bichinho.


-Nós amamos você, Soucchan.- ele disse, bem baixinho entre um soprinho e outro.-Você é o suficiente pra gente, não precisa mudar, tudo bem? -Ele encostou suas testas devagar e ficou fazendo um carinho suave na mandíbula do maior, que fechou os olhinhos. -Eu amo você, do jeitinho que você é. Ficar se matando aos pouquinhos pra alcançar esse corpo perfeito, me machuca no coraçãozinho, assim como machuca o Kacchan também, e te machuca fisicamente, não é a primeira vez que isso acontece. -Ele continuou sussurrando, olhando o rostinho bonito todo molhado pelas lágrimas. -Seu corpinho precisa de nutrientes pra você ficar forte, pra poder derrotar os vilões, e ficar com a gente, sabe? -Ele ergueu o rostinho do garoto, se afastando um pouco. Shoto abriu os olhinhos, meio hipnotizado, e assentiu só um pouquinho. -Tá tudo bem, não estamos bravos. -Izuku o beijou rapidinho, apenas um encostar de lábios, e Shoto se inclinou só um pouquinho, pedindo mais. O esverdeado sorriu e deu mais alguns beijinhos no namorado, o que pareceu acalmar um pouco. Midoriya riu, acariciou seu cabelo com as pontinhas dos dedos. -Você parece um gatinho, Sou-chan. -Deixou um beijinho na ponta do nariz do namorado. -Eu sou um coelhinho. -Se curvou um pouco sobre a bancada para sussurrar: -E o Kacchan um cachorro raivoso. -Sussurrou propositalmente alto o suficiente para o loiro ouvir de onde estava colocando temperos no que parecia ser uma sopa.


-O que foi que você disse, Deku? -Ele se virou todo raivoso, e o esverdeado de aproximou rindo mais baixo, sua teoria confirmada pelo loiro. Ele colocou uma mãozinha na cintura de Katsuki e ficou na pontinha dos pés para beijar sua bochecha.


-Nada, Kacchan. Você é um leão bem grande. -E piscou para Todoroki que sorriu um pouquinho, relaxando enquanto observava os namorados interagirem tão naturalmente.


Estar ali observando os dois tão próximos, se esforçando por ele, o fez sentir quentinho, mas à medida que a comida ia ficando pronta, seu estômago revirava em ansiedade, o tipo de ansiedade ruim, e ele sentia um calor estranho na nuca, como se estivesse queimando-o um pouco. Midoriya estava todo animadinho cortando legumes, mas Katsuki definitivamente estava tendo problemas em cozinhar, toda hora se cortando e queimando um pouco, e xingando alto, fazendo os outros dois rirem baixinho, a medida que eles foram interagindo, Shoto ignorou que teria que comer, suas lágrimas parando em alguns momentos, sendo interrompidas por sorrisinhos suaves. 


Assim que enfim ficou pronto, Katsuki colocou a tigela cheinha sobre a bancada, em frente ao bicolor, que nem desviou os olhos para seu conteúdo, pensou que talvez se ignorasse, Bakugo apenas desistiria ou tudo aquilo sumiria. Tudo ficou muito silencioso, e Shoto desistiu, olhando para um ponto na parede do outro lado.


-Shoto… -Bakugo afundou os dedos nos fios sedosos do cabelo do bicolor que o olhou, com seus olhinhos ficando marejados automaticamente. -Eu sei que é difícil para você, tudo bem? -Ele desceu a mão, afagou a bochecha suave do garoto. -Nós vamos com calma. Tudo bem se ficar ansioso, vai passar. -Shoto piscou, mais lágrimas escorrendo por seu rostinho.


-A gente pode ver desenho. -Midoriya apertou um dedinho contra os lábios, parecia pensativo até dar pulinhos. -A gente pode ver Steven Universo! O Shoto adora Steven Universo, né? -Se virou para o bicolor, todo bochechas infladas e os olhinhos esperançosos, de modo que foi impossível para Shoto não assentir um pouquinho e o seguir até a sala.


Quase engasgou quando Bakugo deixou a tigela sobre a mesinha ao lado do sofá, e o puxou para se sentar entre suas pernas, virado de lado, enchendo seu rosto de beijinhos e o dizendo o quão lindo ele era, enquanto Midoriya se ocupava em colocar um episódio aleatório da animação.


Assim que a abertura começou a tocar, o esverdeado se juntou a eles, se sentando de frente para o bicolor e ao lado de Bakugo, cantando baixinho enquanto esfriava a sopa meio imitando uma dancinha no sofá.


-Eu preciso mesmo? -A voz do bicolor saiu como um murmúrio, algo com um pouco de sofrimento depositado.


Katsuki afastou seus cabelos do rosto e o acomodou melhor entre suas pernas, segurou sua mandíbula e o beijou devagar.


-Só um pouco. -Ele desviou o rostinho do garoto para o desenho e se focou em fazer carinho por todo o corpo delicado, massageando os músculos, tentando fazer Todoroki relaxar.


-Diz 'ah'. -Midoriya se inclinou, estendeu uma colher a uma distância segura. Todoroki hesitou um pouco, apertou os lábios e só depois de alguns minutos partiu.


Foi menos doloroso do que ele pensava, na verdade, não sentiu qualquer dor física, apenas seu cérebro protestando contra isso.


-Eu quero chorar. -Choramingou, de novo, os olhos queimando.


-Você pode. -Katsuki e Midoriya disseram ao mesmo tempo, e as lágrimas não tardaram a transbordar de seus canais. Fazendo Shoto se encolher no colo de Katsuki. Ele não olhou para a comida, ou para Midoriya, apenas continuou abrindo a boca quando lhe era pedido, mal sentindo o gosto da sopa de legumes, apenas a engolindo mecanicamente.


-Shhh, tá tudo bem, não vai te machucar. Tudo bem. -Katsuki continuou repetindo, enquanto acariciava suas coxas, suas costas, a barriga, a cintura, por toda parte. -Você é lindo, e precioso, merece se cuidar. -Continuou, fazendo mais e mais lágrimas brilhantes gotejar, e ele continuou e continuou, até o bicolor se virar para ele e jogar seus braços em volta do loiro, esconder o rosto em seu pescoço soluçando alto.


-Não vai passar, eu me odeio. Eu me odeio de verdade. -Soluçou contra a pele quente e cheirosa do namorado, mal sentindo as mãozinhas pequenas de Midoriya acariciando suas costas, e os beijinhos suaves em seus ombros. O desenho tinha sido uma boa distração, e todo aquele carinho, mas não é como se ele pudesse decidir racionalmente.


Bakugo continuou segurando-o, olhando para Midoriya com dor. Sabia que não tinha nada que pudesse fazer até que o bicolor se acalmasse, então apenas o apertou bem perto, e ficou repetindo que "tudo bem". Era uma mentira nítida demais para ser ignorada, mas em certo ponto funcionou, mais pela presença do loiro ali o segurando do que qualquer outra coisa, porque depois de um tempo o garoto parou, suspirando baixinho contra o pescoço do loiro.


-Bebê, tá tudo bem. Estamos orgulhosos de você. Tão orgulhosos. Você foi incrível, perfeito. Me deixou muito feliz. -Bakugo sussurrou, afagando as costas de Shoto com carinho, enquanto Midoriya de joelhos, depositava beijinhos pelos ombros parcialmente descobertos do garoto.


-É verdade. Deixou meu coração muito orgulhoso e feliz, feliz de verdade. -Midoriya murmurou baixinho, e beijou a nuca do garoto.


-Ficaram orgulhosos? -Foi apenas um fiozinho de voz, mas o suficiente para ambos ouvirem. Todoroki estava inseguro, com vergonha, queria vomitar, tudo estava girando em sua mente como um turbilhão.


Bakugo o afastou, não ligou com seus lábios salgados ou o rostinho inchado de choro e o beijou lento e constante.


-Pra caralho. -Não havia qualquer margem para dúvida. Embora causasse um conflito interno no garoto, com relação a tudo que ele havia ouvido durante toda a vida, naquele momento ele se permitiu tocar a calma quente que era estar nos braços das pessoas que mais o faziam sentir em casa do mundo.


E só então afastou as lágrimas dos olhos do garoto, depois deixando Midoriya segurá-lo e repetir o ato, com os dedinhos se embolando nos fios bicolores.


-Muito bem, garotinho. -Izuku tinha esse sorrisinho orgulhoso, que fez o garoto derreter e eles rirem juntos, porque o esverdeado era o mais baixinho e mais novo ali.


Depois houve um curto instante de silêncio, o tempo da tempestade em Shoto se agitar só mais um pouquinho antes de acalmar, só então ele colou a testa contra a do loiro, sentindo o carinho suave de Midoriya em seu cabelo, enquanto se concentrava na bolha que eles haviam formado a seu redor e pela primeira vez não no que ele havia ingerido. Provavelmente seria um longo e doloroso processo até ele entender que não precisava mudar para ser amado, mas aquilo era suficiente por enquanto, aquela bolha, o contato e o amor presente ali, era o suficiente.


-Obrigado.



Notas Finais


Obrigada por ler! 💖


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