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História Tainted Love - Reylo AU - Doce Tentação


Escrita por: jessylou e MilaBanks

Notas do Autor


Hello amores! Sentiram nossa falta? Esperamos que sim. hahaha.

Vamos de mais um capítulo porque no anterior um passo importante foi dado. Como Ben irá lidar com ele? Bom...

As músicas desse capitulo estarão listadas nas notas finais. Muito obrigada por todo o feedback de vocês.

Boa leitura e um feliz dia das mulheres para todas as nossas leitoras!!! ♡♡

Capítulo 16 - Doce Tentação


Fanfic / Fanfiction Tainted Love - Reylo AU - Doce Tentação

Ben cruzou uma linha. 

Não qualquer linha. A linha que o separava da razão que ele pensou que tinha. Não é nem possível dizer que ele perdeu o juízo, pois esse já se foi a muito tempo. 

Está na hora de aceitar que essa guerra ele perdeu. Seu lado adulto e responsável não é páreo para o lado que cede as provocações de Rey. 

Bastou um beijo. 

Inseguro, trêmulo e necessitado. Bastou o sabor dos lábios macios dela para que ele perdesse completamente a cabeça. 

Foi algo sobre o jeito que ela derrete com o toque dele. Isso o alimenta. E, bem, acontece que ele é um homem ganancioso.

Outra primeira vez, outro ato que ela entregou a ele de bom grado. Que tipo de homem ele seria se não buscasse estar a altura das expectativas dela? Ela precisa disso e o escolheu para satisfazer à vontade. 

Não estava em seus planos ser surpreendido por um selinho em seu carro quando a provocou. Mas aquele vestido, aquele perfume e o impulso doce... 

Quantas vezes ele se disse fodido por suas escolhas? Inúmeras. Agora era literal. Ele estava de fato deitado e amarrado ao desejo enlouquecedor que Rey provoca nele. 

É necessário um auto-controle descomunal de sua parte para dirigir por todo o caminho sem olhar na direção dela. 

Uma medida segura ao menos.

Eles tinham pressa. Notável e palpável quando Ben pediu a ela que voltassem para casa. Eles retornaram para o carro e ele dirigiu para a cobertura, notando os olhares dela. 

Por muito pouco ele não a beijou durante o sinais vermelhos no caminho. Uma tensão insuportável se acumulou no veículo e isso os acompanhou por todo o trajeto. 

Estacionamento privado, elevador lento. Deus, quando foi que tudo se tornou tão devagar? 

Ben se ocupa em afrouxar o nó de sua gravata, quando finalmente chegam a sua cobertura. Foi difícil manter suas mãos no lugar. Até agora. Que está na porta de sua casa, sua fortaleza. 

Agora são só eles dois. Nada de adolescentes chatos com atitudes repulsivas, pensamentos punitivos e repressões. Ele não é mais o tutor dela, ela não é mais a garotinha frágil da qual ele precisa cuidar e educar. Talvez, não totalmente. Não nesse momento. 

Porque eles estão ofegantes. Os dedos dele estão formigando e sua boca ansiando para provar de novo o que ela lhe ofereceu no carro e, naquela rua vazia. 

E ele toma. Com propriedade Ben a toma no momento em que a porta se fecha. 

Ela é dele. Doce, tentadora e saborosa como um vício. 

Seus lábios estão pressionados contra os dela. Ele espalma uma das mãos para não esmagá-la com seu peso contra a porta. A outra mão está vagando, livre pela pele macia e nua de suas costas.

Deus! O vestido. Esse maldito vestido que o tinha deixado louco no momento em que colocou seus olhos nele. 

Rey cede a toda a pressão de sua necessidade. Ela é tímida de início, o que o faz se policiar. Ele precisa ir devagar, não quer assustá-la. 

Ainda que, não tem muito êxito na tarefa. Rey tem gosto de céu e isso o enlouquece. Vai muito além do sabor doce e salgado de sua pele que ele provou naquela banheira. São seus lábios perfeitamente encaixados no dele. São suas línguas se enrolando uma na outra. Ele quer tomar tudo feito água da fonte. 

Seus lábios seguram o músculo macio para chupá-lo. Isso a faz derreter e Ben se desmancha igualmente afetado. Ela está excitada, ele consegue sentir como seus mamilos endurecem mesmo com tanta roupa. 

Roupa. Eles estão muito vestidos. Mas devem continuar assim. Mesmo quando Ben tem dificuldade para aceitar. 

Porra! A quanto tempo ele vem desejando provar essa boquinha? A quanto tempo ele segura a vontade de dar a ela tudo que tem guardado?

Rey o agarra, o aperta e praticamente o monta com tudo que tem. Ele sente os dedos magros mergulharem nas mechas grossas do seu cabelo. Ela inclina a cabeça para suportar a fúria dos seus lábios nos dela. Ele a esmaga um pouco mais. 

Seus dentes entram em cena, raspando contra a língua macia, segurando os lábios inchados e vermelhos. Ele se afasta por segundos para admirar sua obra. A forma como a deixa marcada. 

A fera dentro dele ruge em satisfação. Rey está tremendo e ele sabe que não é de frio. Ele a prensa um pouco mais e a beija novamente. Em um emaranhado de toques e membros se apertando, eles terminam por se abraçar. 

Ben a aperta com um dos braços e a tateia com a mão livre, que se aventura para o inferior do quadril. Seria tão fácil montá-la em seu colo e levá-la ali mesmo. Sua mente chega ao limiar de suas ações. É só desafivelar o cinto, abrir suas calças e libertar sua ereção crescente. 

Ele a quer não é? Não há porque reprimir. Ele quer foder com ela ali, naquela porta. 

Ben aproveita os braços dela agarrados ao seu pescoço para descer com ambas as mãos até sua bunda. Os dois gemem quando seus dedos se afundam na carne macia das nádegas sobre a saia do vestido. Ele cava buscando o calor da pele dela, buscando um pouco do que consegue segurar em suas mãos. 

É tentadora a ideia de explorar, agora que ele se deixou levar, mas… ele para. Não porque quer, mas porque precisa. 

As mãos que antes apalparam os globos cheios da bunda perfeita e empinada vão subindo com o farfalhar do vestido até o rosto dela. Ben a segura entre suas mãos para separar os seus lábios que necessitam de ar. 

É difícil pensar quando se está provando a boca dela. Ainda sim, ele encontra forças o suficiente para que ambos se recomponham. 

Ele dá dois passos seguros para longe do corpo dela que se apoia contra a porta tão sem fôlego quanto ele. Rey não parece ser tão certa de que se afastar é a melhor opção, pois ela o segue com dois passos à frente. 

Ben não tem escolha se não impedi-la. 

— Espere, espere, espere. Fique… fique onde está. — Ele estica sua mão e aponta seu dedo para enfatizar seu pedido. 

Ele tem uma missão. Ser o minimamente racional. Pelos dois. Ainda que, reprimir e rejeitar não seja mais uma opção.

Ela o observa com seus lindos olhos de avelã. Enquanto se esforça para ajeitar o vestido no lugar. Ambos tentando se recompor do que é que tenha sido essa vontade desenfreada. 

— Você vai pedir para nos afastarmos de novo, Ben? — Ela pergunta depois de um longo e silencioso minuto de respirações pesadas. 

— Não Rey. Eu não vou. Até porque não iria adiantar. Mas precisamos estipular algumas regras. Ok? — 

Ben chegou a um ponto de partida, não se trata mais das suas escolhas, mas, das dela. Depois de tanto lutar, reprimir e se repreender, ele acha que está na hora de ceder. 

Sem deixar de lado um acordo tácito entre eles. Não é porque ele não resistiu aos seus lábios, que todo o resto tem que se tornar um convite.

Sexo, é uma linha importante demais para se cruzar com uma garota que não tem certeza do que quer. Pelo menos, não ainda. Embora cada fibra dentro dele queira conhecer e provar cada mínimo pedacinho dela. 

Ben escolhe se contentar com uma moderação dolorosa ao sabor de seus lábios. Eles são divinos, doces e macios como ele havia imaginado que seriam. 

— Acho bom, esclarecermos algumas coisas... Falar francamente. — 

Ben caminha até o sofá, enquanto termina de afrouxar o nó de sua gravata enfim desatando-a. O tecido desliza pelo colarinho quando sua mão o puxa para fora. 

Ele se senta, pouco depois de se livrar do terno de linho escuro, jogando-o ao lado da gravata cinza sobre o assento estofado. 

Rey decide caminhar até lá. Ele a observa com cautela, sabendo que sem esclarecer as coisas, nada do que fizeram a minutos atrás pode tornar a acontecer.  

— Primeiro. Ninguém em absoluto deve saber que nos beijamos — 

Ambos concordam com um aceno positivo. Ele está surpreso por isso, ela não está disposta a confrontar sua primeira condição? Bom. Rey parece estar entendendo afinal. 

— Certo. Principalmente a Leia e o Han —

Eles são o grande x da questão ou problema. Ben não poupa tempo em enfatizar o quão certa ela está sobre suas palavras. 

— Exato. Principalmente eles. —

— Porque eles iriam ficar muito bravos, não é? Mas será que eles não entenderiam?  —

— Não, Rey. Eles não entenderiam. Aliás, possivelmente minha mãe sofreria um ataque e meu pai me mataria. E não queremos isso, certo? —

Ele está dizendo a verdade. Não que sua intenção seja assustá-la. Rey está perto o suficiente dele agora. O ar está quente como o inferno e embora pareça muito que o sistema de ar condicionado da casa não esteja funcionando, ele sabe que está quente por outro motivo. 

— Não, Ben. Não queremos. Eu concordo que não devemos contar. — 

Ao ouvi-lo ela imediatamente assente. Não há o que se discutir a esse respeito. Embora ele tenha cedido às suas vontades. Sabe muito bem que seus pais jamais aprovariam algo entre eles. Nem ele mesmo tem certeza de que deve. 

— Quanto ao beijo... — Ele começa a falar com a melhor das intenções, sendo abruptamente interrompido por Rey e as melhores intenções dela.

— Eu acho justo que continuemos a nos beijar. Não tem porque reprimir, não é? —

Sua exasperação o faz arquear as sobrancelhas, antes de reprimir o riso. É divertido ver o quão empolgada ela está com a ideia de beijá-lo.

Ben não pode negar que isso alimenta e muito seu ego. Não é um tipo de sentimento exclusivo dela. 

Um primeiro beijo significa muito, por mais que para ele essa tenha sido uma experiência única também. As reações dela o envaidece. 

É diferente das expectativas que já criou ao longo dos seus anos, por beijar outras bocas em outras primeiras experiências. 

Com Rey soa, diferente. Ela desperta nele uma vontade de dar a ela a melhor experiência que ela já teve ou terá. O deixa com uma estranha obsessão. 

A de tornar incrível cada primeira vez dela. Não que isso não seja um dever de todo homem, mas ele quer isso. Não como um dever e sim, como um compromisso honroso. 

Ele quer dar o seu melhor, pelo simples prazer de vê-la se derreter, seja em suas mãos, em seus lábios ou indo além… Ben quer que Rey se lembre dele. 

— Nós não estamos em igualdade... — 

Ele reclama focado demais na beleza dela. As sardas que mesmo por baixo da maquiagem sobressaem suas maçãs. 

Os lábios que são atacados pelos dentes afundando a maciez em um tom rosado e inchado que ele causou com seus dentes e sucção. 

— Não estamos? E por que não? Eu pensei que você quisesse me beijar. Você não me queria? —

Rey o questiona tão genuinamente comovida com a mera impressão de que ele não quis beijá-la, que isso quase o faz sorrir. Quase. A intenção de provocar é maior que isso. 

Ela é tão fodidamente doce e inocente, que mesmo depois de ter avançado em sua boca, desconhece o poder que tem de deixá-lo maluco. 

Ben se aproxima esticando um dos braços para trás, descansando-o no encosto do sofá logo atrás dela.   

— Você acha que me coagiu, Rey? Porque eu to começando a achar que sim. Que fui coagido a avançar nessa boquinha — 

Seu tom de voz diminui para ela. Eles estão tão próximos que é como se dividissem um segredo.  Delicioso e só deles. 

Rey respira fundo ao se virar em sua direção, ela aconchega a lateral do rosto contra o músculo de seu bíceps, e seus olhos brilhantes encontram os dele. 

Ela é manhosa ao falar e isso leva uma vibração ao sangue que circula direto para a sua virilha. Seu pênis se contrai nas calças. Vendo o quão provocante ela consegue ser mesmo sem a menor intenção. 

— Ben. Eu falo sério. Você não queria me beijar? — Ele enfim sorri para ela. 

Rey consegue ser tão ingênua e adorável ao mesmo tempo. Como pode pensar que ele não queria beijá-la? 

Porra! Ele está se esforçando tanto para não devorá-la nesse exato momento. É exatamente isso que escapa de seus lábios. 

— Eu tô me esforçando pra não atacar sua boca agora. Você ainda tem dúvidas?—

Os olhos dele brilham um pouco mais nos dela. Ela ergue seu rosto e o aproxima respirando contra os seus lábios.

Jesus Cristo! Ben nunca pensou ter tanto autocontrole na vida. Ainda que, o mais irônico é que seja justamente ela a responsável por fazê-lo perder o controle inúmeras vezes. 

— Então você vai beijar ela mais vezes, não vai? — 

Ah! Ele pretende. Ele quer. Ele anseia. 

— Rey... Você já testou meus limites demais por um dia, não acha? —

— Honestamente eu não acho. Nós só nos beijamos Ben —

— Sim. Mas o peso das ações são diferentes aqui. Um beijo me faz ter vontades demais. Vontades que você não conhece ainda  —

Ele ergue uma das mãos enquanto tenta ensiná-la sobre o peso do que fizeram. Por muito pouco não encosta a ponta dos dedos na bochecha dela. Ao invés disso, ele afasta uma mecha de cabelo que cai sobre a testa e então continua a falar. 

—  Além do mais. Você está querendo dizer que não sentiu nada com esse beijo? Ele não causou nada em você, Rey? —

Ela se agita um pouco com suas palavras. Ben continua a admirar, enquanto seus olhos percorrem um caminho detalhado por todo o rosto até os lábios, que se entreabre para ele o convidando a provar. 

— Eu senti muito — Ela confessa. Visivelmente afetada pela proximidade deles. 

— Sentiu? — Rey assente dando a ele uma ligeira ideia. Mas é tão melhor quando ela confessa. Ele gosta disso. 

— Ben? — 

— Sim? —

— Nós. Nós podemos dormir juntos hoje? —

Sua pergunta o pega de surpresa. Eles podem? Ele quer. Mas a pergunta não é essa. De repente a pergunta dela se torna a dele também. 

Ele não deve. Não no estado em que está. Seria uma tortura e longe dele ser um masoquista consciente de riscos. Por isso ele escolhe a resposta mais correta, porém mais decepcionante. 

— Eu não acho prudente —

— Isso iria ultrapassar os seus limites, não é? Quais são esses limites? —

Ben aperta os lábios em uma linha fina. Ele trabalha seu maxilar para frente e para trás engolindo a saliva que faz seu pomo de adão se mover. Ela está o provocando? 

— Você sabe quais são, Rey. — 

— Você disse para termos uma conversa franca Ben. Eu quero que você me diga quais são os limites que não devemos ultrapassar?  — 

Sim, ela o está provocando. Porque nem fodendo ele vai dizer a ela o que pode fazer se continuarem com esse joguinho. 

— Deus. Eu to criando um monstro... — Ben murmura de bom humor, com seus lábios contra o rosto dela. 

— Ben por favor... — O jeito que ela implora o faz pensar nela implorando de outras formas, com ele sobre ela de preferência. Ben empurra o pensamento, se negando a perder a linha. 

— Provocar uma pessoa assim faz parte de ultrapassar os limites. — Ela se encolhe sobre o aviso dele, já que Ben faz sua melhor tentativa de um olhar severo como prévio aviso caso ela tente continuar. 

Ele pensa que fez uma boa ação até ela sorrir. Com seu sorriso perfeito e iluminado, de derreter o pólo norte inteiro. Nesse momento ele sabe que perdeu. 

Rey é o mais meiga possível. Mais do que o habitual quando se aconchega em seu ombro com o pedido mais sexy que ele já recebeu na sua porra de vida. 

— Ok. Eu prometo me comportar se você me levar para a cama, me colocar pra dormir e me dar um beijo de boa noite — 

Ela pisca com seus malditos olhos inocentes e seu sangue bombeia inteiro em uma só região. 

Ele arfa e, caralho! Como ela faz isso? Rangendo os dentes, Ben percorre o corpo pequeno e curvilíneo de menina e mulher ao mesmo tempo, com seus olhos atentos. 

— Tudo bem. Se é o que quer… — 

Ben se levanta, notando a surpresa no rosto de Rey por ver que ele fará o que ela pediu. Exceto que, ele se recusa a ceder. O homem metódico e controlador que ele é o saúda. 

Por isso Ben se agacha para puxá-la até os seus braços. Com um gritinho chocado vindo de Rey, ele a joga sobre o ombro direito. Ela protesta quando a palma de suas mãos deslizam pelos músculos das costas dele.

— Uou! Eu vou ficar zonza. Ben!  —

Rey está rindo. Um riso gostoso que reverbera por todo o corpo dele. Ela se debate só até ele tomar o caminho para os degraus. Ben se concentra nos pés, subindo um pouco mais da mão que segura a perna para o topo da coxa. 

Ela arfa em resposta, deixando apenas que o riso baixo se divida com o som dos passos dele, levando-a pelo corredor até o quarto. 

Ben abre a fechadura da porta com sua mão livre, quando os pés de Rey lhe fazem o favor de empurrá-la. 

Ele a fecha com o pé, cantarolando com ela em seu ombro, tão leve que o faz pensar em como poderia manuseá-la. 

Eles se aproximam da cama. Mas antes que ele a desça, resolve que irá cuidar dela ao seu modo. A mão livre chega a fivela da sandália de saltos finos. Ben tira um pé de cada vez, tocando da planta aos tornozelos com seus dedos grossos e ásperos. 

Rey se agita em seu colo, apoiando as duas mãos em seu ombro para tentar se virar. É hora de trazê-la de volta. Por isso ele permite que ela deslize por seu corpo até terminar em seus braços. 

O inferior dos joelhos segurados por um dos braços dele enquanto as costas se apoiam na palma de sua mão. Ben a embala em seu colo até que os olhos dela estejam na altura dos seus. 

Eles ficam assim se encarando por um tempo. Era assim que ela queria estar a princípio e ele sabe. Por isso se permite desfrutar um pouco mais da leveza de Rey. 

Ela não perde tempo em lhe dar um de seus melhores sorrisos. Não que, todos seus sorrisos não sejam responsáveis pela miséria dele. Mas esse, esse em especial é capaz de desmontá-lo e remontá-lo ao mesmo tempo. Com um efeito abrasador. 

Rey se aproxima de seu rosto com seus lábios macios. Ela o beija com carinho na bochecha e ele por muito pouco não cede a vontade de fechar seus olhos, sob a sensação do beijo dela. É quando ela vai além que ele percebe. 

Ela o controla por completo. Sem sequer se esforçar para isso. Deus! Ele a quer. 

Os lábios dela percorrem um caminho perigoso indo do maxilar para a curva do pescoço. Ela planta beijos molhados e quentes contra o pomo em sua garganta. Obrigando-o a arquear a coluna contra o ataque de sua boca macia.

— Rey... não faz isso — Ele protesta de olhos fechados sob a sensação da boca dela. 

— Por que não? —

— Lembre dos limites… — Rey geme em protesto ao ouvir a repressão dele. E Deus, seu pau cresce agressivo contra o tecido da calça. 

— Mas... você é tão cheiroso, não consigo me afastar — Ben amaldiçoa até seu último pensamento nesse momento. Deitando-a na cama para recuperar o pingo de controle que lhe resta. 

A garota rapidamente se apoia nos cotovelos assistindo suas reações. Ben se senta a fim de não se deixar notar pela ereção contida. Ele a prende com um dos braços deixando-a entre ele e a lateral do seu corpo. 

 — Você disse que iria se comportar. Não disse? —

— Está bem. O que eu devo fazer. Ficar parada? —

Ela protesta o fazendo sorrir, antes de se inclinar lentamente para pressionar os lábios suavemente na testa dela. Ele não fica ali por muito tempo, descendo vagarosamente pelas têmporas, com outro beijo suave. 

— Eu vou dizer a você o que irá fazer… —

Ben encosta a ponta do nariz contra a pele dela, seu toque se divide entre aspirar e roçar os lábios, pelas maçãs do rosto um lado de cada vez. A atenção dela é toda dele, quase imobilizada por exceção do peito que sobe e desce descompassado. 

Ele paira com seus lábios sobre os dela, observando-a fechar os olhos para recebê-lo em sua boca. Ele sorri por dentro apreciando o efeito, não é só ela que pode torturá-lo afinal. 

— Você vai... — Ele encosta os lábios nos dela rapidamente e então prossegue. 

— Tirar esse vestidinho… — Outro beijo casto. 

— Tomar um banho...  — Ben fala pausadamente no intervalo entre um beijo e outro. 

— E depois vai dormir… — Rey abre os olhos para ele assim que o vê encerrar esperando por mais. Ele quer continuar, mas se contém.

— Eu acho que não vou conseguir dormir. Você não quer me fazer companhia? —

— Rey. Eu tô tentando não passar dos limites. Mas você precisa me ajudar aqui… —

— Vamos falar sobre eles então. Temos que ter regras. Você disse isso, Ben. O que eu não posso fazer?  —

Ben se pergunta por um momento se ela de fato não sabe, ou apenas está jogando para mantê-lo ali. É justo que eles sejam o mais esclarecedores possível um com o outro. Ele precisa que ela esteja ciente dos limites dele. 

— Eu não tenho costume de controlar certas vontades. Com você é… diferente. Esse foi seu primeiro beijo, enquanto eu já passei disso. Você entende que me beijar em outros lugares que não a boca me deixam fora de mim? —

Ben adverte vendo o quanto ela se afunda contra os travesseiros dando a ele um olhar de culpa. Ela é culpada, por deixá-lo com tesão com seus excessos de beijo tentadores. 

— Eu não resisti. Mas eu entendo se você está dizendo que não quer mais que eu o beije…  — 

Rey estreita os olhos para ele ao responder com um desdém que não o alcança. Ele trabalha o maxilar sobre a presunção dela. 

— Ei. Você está distorcendo as coisas. Eu não quero extrapolar com você e você não tá pronta pra me ver extrapolar, ou está? —

— Eu… eu não sei. Tudo o que sei é que eu gosto de beijar você —

Ela não está sozinha nisso em definitivo. Ben respira fundo, deixando que seus ombros se inclinem para baixo em sinal de derrota. 

Depois de todo o trabalho que está tendo para ser o mais racional, ele não espera que suas ações a façam crer em desinteresse. Ele admite não ter a mesma visão romântica da coisa. Para dizer a verdade isso o apavora, tanto quanto descobrir que está viciado nela. 

— Acha que eu não gosto de beijar você, Rey? Essa conversa é justamente sobre o quanto eu gosto. Só que você não tá medindo as coisas, você não sabe o que quer. Não amadureceu as ideias… —

— Ben. Não me chame de criança outra vez. Isso me chateia —

— Eu não estou. Mas tem que concordar que Jyn e Cassian criaram você de uma forma não convencional... —

— Meus pais me criaram da melhor forma possível. Sou muito grata a eles por isso... —

— Isso aqui não é uma discussão. — Ele a interrompe rapidamente, e prossegue.

— Sim. Eles te criaram muito bem. Você é inteligente, aplicada, observadora, gentil e doce. —

São todos atributos que ele pode observar melhor ao longo dos meses ao lado dela. Claro que ele aprendeu outros detalhes a mais, apenas, pelo bem de sua convivência com ela. Ele tinha que aprender a entender as necessidades dela. 

Por isso Ben sabe que Rey se deixa enganar facilmente pelo o bom coração que tem. Esse é um dos seus maiores receios com relação a ela. Não ter certeza de que ela está vendo as coisas com clareza a  julgar por suas visões romancistas. 

— Mas olha só o que aconteceu com a Jessika. Rey… por mais que seus pais a tenha assustado ou alertado sobre as coisas ruins. Você não tem malícia. —

— Eu não quis julgá-la, Ben. Eu me sinto uma tola, uma ingênua, eu sei. Mas eu conheço meus sentimentos, eu sei o que eu quero… —

— Eu também sei. E é por saber que eu digo a você que nós devemos ir devagar. Seja lá onde for que estamos indo. Não me torture, não me provoque, em troca… —

Rey é exasperada ao interromper. Ela fala sobre ele e impõe seus termos

— Você não vai mudar comigo. Não vai fugir de mim e nem me evitar. Devemos ser francos um com o outro, sempre. E você vai me dar um beijo de boa noite antes de sair. Não vai, Ben? —

Talvez ele esteja mesmo lidando com uma futura advogada no final das contas. Ele quase sorri com a determinação dela. Quando se lembra que, uma Rey determinada significa seu teste de resistência. 

E é por isso que as palavras escorrem de seus lábios, sem que ele perceba. 

— Deus! Eu to muito ferrado… —

Essas são suas últimas palavras antes de seus lábios estarem nos dela. Como se ele não quisesse fazer isso desde que suas bocas se separaram. 

Ben rosna ao envolvê-la. É uma agonia deliciosa, quando ele se certifica de contornar a língua contra a costura de sua boca. Os dedos dela se estendendo para enredar os cabelos dele. 

A princípio seus lábios trabalham com calma. Ele saboreia novamente cada cantinho que sua língua consegue explorar com a abertura cedida. A timidez com que os lábios dela se movem, só o deixam com mais fome. Ele sabe que não pode ir além, por isso aproveita o que tem. 

Ele é lento, melodioso e minucioso quando passeia por ela, memorizando o sabor da sua boca. Ben não sabe quando será condenado ao inferno pelo o que está fazendo por isso aproveita seu delito. 

As mãos dela tremulam no colarinho de sua camisa a fim de uma aproximação maior. Ele cede o peso sobre o corpo dela, mas não faz o suficiente para apertá-la contra a cama. Rey é um deleite de corpo e lábios, inexperientes. Isso só o deixa ainda mais determinado. Ben geme em adoração sobre a boca dela, quando seus lábios se soltam. 

Ele respira sem fôlego, sendo atraído pelos olhos dela e sua boquinha inchada e vermelha respirando um hálito doce contra o dele. Ela é linda. Caralho! Como ela é linda, e ele a quer tanto que seus músculos queimam. 

— Prometa que irá se comportar. Que dirá se eu estiver passando dos limites com você — 

Ele exige contra os lábios dela. E a vê assentir. Menina levada, ele quer palavras. 

— Use as palavras, Rey — 

— Eu prometo, Ben. Agora me prometa que não irá se afastar… — 

Foda-se. Como se isso fosse possível. Ela o tem. Inferno! Ele mal consegue pensar direito. Ben finge pensar no assunto vendo-a franzir o nariz com olhar acusador. 

— Hmm. Acho que eu devo pensar nas possibilidades… —

— Ben! — Ela contesta, fazendo com que ele comece a rir. 

— Eu prometo, Rey. — Ben sela os lábios nos dela antes de se levantar. 

Ele a deixa na cama com a respiração descompassada, o observando caminhar até a porta. Mas, ele não vai muito longe. Seu corpo trava quando ele alcança a maçaneta. Ben só consegue pensar que talvez um pouco mais do gosto dela lhe seja suficiente. 

Foda-se! Só mais um e, ele pode ir dormir. 

Ele se convence disso ao retomar o caminho para a cama com uma Rey surpresa e sorridente pronta para recebê-lo com o último beijo, molhado e latente daquela noite. 


 

****


 

Como no clássico da Branca de Neve. Onde ela canta feliz debruçada sobre um poço na companhia de passarinhos afinados. 

É assim que a manhã de Rey começa. 

Bom, foi sob esse delírio que ela dormiu na noite passada. Não há pássaros animados cantando sobre a moldura no espelho de seu quarto. O que está acontecendo no entanto é quase tão surreal quanto isso. 

Ela esperneia com o melhor de seu ânimo chacoalhando os lençóis que cobre suas pernas, enquanto aperta um travesseiro em seu rosto para abafar o grito que está soltando. 

O vestido esticado sobre a poltrona a frente da cama, deixa tudo tão claro. Foi real. O que aconteceu com ela na noite passada foi muito real. Seu sorriso mal se contém no rosto. As bochechas doem porque ela simplesmente não consegue parar. 

Rey se levanta e gira pelo quarto. Poderia até se sentir ridícula, caso alguém a visse. Mas está sozinha o suficiente para aproveitar seu momento. Afinal, não é todo dia que seu primeiro beijo acontece. E logo com o homem que ela sempre sonhou em beijar. 

Ela fica um pouco zonza depois de pular, girar e rir consigo mesma. Por esse motivo acaba caindo na cama uma outra vez. Seus braços se espalham pelos lençóis macios. Enquanto sua mente se inunda de recordações recém registradas. 

Ben esteve ali. Com seu perfume amadeirado, inclinado sobre ela, esmagando seus lábios grossos e altamente beijáveis nos dela. 

Ela não tem conhecimento de causa para classificar as coisas. Mas é definitivo para ela o fato de que Ben é um bom beijador. Bom o suficiente para deixá-la em uma amnésia temporária sobretudo e todos a seu redor. 

O perfume dele ainda está no ambiente. Poderoso e agradável. Ela pensou muito a respeito de como gostou de ter todo o aroma em seu corpo quando ele a beijou mais de uma vez na cama. Suas pernas pareciam geléia. 

Levou uma meia hora para se levantar, quando ele saiu do quarto depois de tomar todo seu ar e deixá-la com os lábios dormentes. 

Deus! Ele é incrível. Só de lembrar uma vibração desce por seu corpo direto para o seu núcleo. 

Ela estava molhada quando foi para o chuveiro na noite passada. Está molhada até mesmo agora ao se lembrar dele.

As reações físicas do seu corpo aos beijos dele são o mais interessante. Não é só sobre sentimentos, como ela pensou que seria. 

Ela aperta as pernas, pressionando a gostosa sensação que se acumula em sua intimidade, e por isso sorri com seus olhos vidrados no teto.  

Quanto mais pode ter disso? Será que Ben a deixaria explorar? Talvez através dos beijos ela possa descobrir. Sim, porque, ela quer mais beijos como aquele. Muitos outros mais… 

Por todo o corpo. Ele disse que bastava ela dizer para que ele parasse. Por isso o controle é dela. Ou não? 

Os limites que ele pediu são algo a se trabalhar. Ela não pensou neles ainda, por mais que acredite serem fáceis. Ela pode lidar com isso. Por ele, por Ben. Seu Ben. 

O banho não demora mais que o necessário. Está com pressa e também nervosa ao mesmo tempo.

O misto de sentimentos faz seu estômago doer, depois borbulhar. Então é assim que se sente quando diz que há borboletas flutuando lá dentro? 

Ela quer muito vê-lo. Mas de repente uma timidez e insegurança lhe batem. E se ele já estiver no trabalho? E se Ben mudar de idéia quanto ao beijo? Se ele se afastar dela novamente? 

São tantas possibilidades, e uma só forma de descobrir. Ela hesita no entanto. 

Demora um pouco diante do espelho enquanto prende o cabelo em um meio rabo de cavalo e ajeita o uniforme mais de uma vez no corpo. Não tem nada de novo sobre o seu visual. 

Só que agora ela quer os olhos dele sobre ela e isso a deixa mais vaidosa. Mais preocupada também. 

Ele é sempre tão impressionantemente impecável. Ela quer estar assim também, por mais que desconsidere seu poder para algo do tipo. 

Rey desce as escadas o mais silenciosamente possível. Não há sinal de Ben na sala. Ele pode ter ido e nesse momento ela não sabe se fica triste, ou se fica aliviada. 

Porque é tão boba em se sentir envergonhada? Eles já estão fazendo isso por tanto tempo. Não é como se as coisas tivessem mudado. Exceto que, sim. Elas mudaram. 

As coisas não podem continuar as mesmas, não quando ela o beijou. Não quando ele sabe o quanto ela gosta dele. Rey se aproxima da sala de jantar onde o café é servido todas as manhãs. Ela escuta o som da xícara e novamente seu estômago revira. 

Ele está ali. Quem mais faria barulho na mesa do café? Não existe a possibilidade de Maz tomar café ali. Seu coração acelera por isso. Mais dois passos e ela consegue vê-lo. Sentado e distraído com um jornal aberto nas duas mãos. 

Ben está lendo. Arrumado com seu terno escuro, aparentemente feito sob medida, ajustado ao corpo largo. A xícara a sua frente está fumegando e isso atrai os olhos dela para os lábios dele. 

Macios e vermelhos, sendo pressionados pela ponta da língua. É um costume, ela já percebeu a essa altura. Um costume impossível de não assistir. Ele lambe o interior e isso envia arrepios pela pele dela. Eles percorrem da planta dos pés até os finos cabelos da nuca. 

Os olhos dele se erguem e não demora para que encontrem os dela. Rey está hiperventilando agora. Seus lábios entreabrem e o coração bombeia contra os ouvidos, enquanto ela caminha não tão certa dos seus passos. Seus pés parecem estar tropeçando um no outro. 

O que virá a seguir? Ele será frio. Irá ignorá-la? Ela tem medo da resposta. Por isso nem percebe quando para no meio do caminho torcendo os dedos das mãos um no outro. Ben franze o cenho e ela jura que ele está zangado, quando a menor sombra de um sorriso surge em seus lábios. 

— Bom dia. Não vai se sentar? — A voz dele. Quando foi que a voz dele se tornou tão… Tão impactante? Rey enrola os dedos dos pés nos tênis. 

Ela não sabe dizer o que está acontecendo mas de repente se torna mais consciente do quanto Ben afeta seu estado de espírito. Seu físico ainda mais.

Ela caminha para o assento ao lado dele e se senta. Seus olhos ainda estão nele, quando Ben é o primeiro a cortar o contato visual. Ele parece tranquilo. Como se nada tivesse acontecido. Como se na noite passada ele não tivesse sido responsável por abalar seu frágil mundinho. 

Rey tosse algumas vezes, antes de lhe dar bom dia. Ela desce os olhos a mesa e de repente seu rosto esquenta. Pegando fogo, muito provavelmente, ficando vermelho. 

É a incerteza, a reação de Ben não lhe diz muita coisa por isso ela não sabe o que pensar ou como reagir. Ela sente que os olhos dele estão no rosto dela, enquanto se serve de suas costumeiras panquecas. Tudo tão silencioso exceto pelo som dos talheres. De repente ele fala… 

— Não vai me perguntar se eu dormi bem ontem a noite como de costume, Rey? Depois de tudo, eu pensei que fosse… —

Ele cobra e ela não pode deixar de erguer o rosto para olhá-lo. Ele não está olhando para ela diretamente, sua atenção é no jornal e por um momento ela acredita que teve uma alucinação ou algo do gênero. Até que… 

Ele sorri. Um sorriso malicioso e divertido que a mostra que sim. Ele se lembra de tudo, ele não fingiu esquecer, ele não a está ignorando. Ela mal consegue conter o sorriso que explode nos lábios, quando a coragem a toma por inteira. 

Rey abandona os talheres que segura para cortar as panquecas sobre o prato e se levanta para ir até ele. Ben olha para ela arqueando uma das sobrancelhas de forma sugestiva, até que. Ela se senta em seu colo, sem pedir permissão, sem avisar ou esperar. 

Rey simplesmente monta nas coxas dele, deixando seu corpo entre as pernas dela e então. Ela o beija. Em um ímpeto necessitado. Ela aperta seus lábios nos dele e Deus eles são tão quentes, macios e molhados. 

Ben tem gosto de café. O sabor se mistura com o mel que ela espremeu sobre a panqueca e comeu. Ele geme para ela quando sua língua outrora insegura se empurra para dentro da boca dele. 

Ben mergulha em sua língua e seu gosto se intensifica fazendo-a se contorcer em seu colo. Ela está… está ficando molhada outra vez. As mãos dele repousam sobre suas coxas e avançam para dentro da saia. 

Ela sente ele subir e apertar os músculos provocando um espasmo em seu sexo, até que os dedos vagam direto para a sua cintura. Ele é rápido em quebrar o beijo. É rápido em erguê-la de seu colo com um olhar atordoado e tempestivo. 

Ela conhece esse olhar. Ela sabe o que vem a seguir e por isso seu estômago se afunda em um buraco vazio. Ele irá rejeitá-la. Ben aperta os dedos na cintura dela e Rey reprimi a vontade de gemer. 

Ele olha em uma direção contrária enquanto recupera o fôlego, está quase rosnando para ela. Isso é ruim. Muito ruim. Ele irá brigar com ela e Rey já está choramingando com a ideia. 

— Rey… O que você está fazendo? Maz está aqui! — 

Ele sussurra conspiratório fazendo-a olhar na direção da cozinha boquiaberta. 

Maz? Então, isso é pela Maz?

Rey não segura o riso que escapa dela quando o alívio toma conta do seu corpo. Ela olha na direção da cozinha uma outra vez e então, cobre os lábios para reprimir um pouco de sua risada feliz. 

Ben estava se segurando esse tempo todo pela presença de Maz? Quando ela o olha novamente, seu rosto está mais suave. Ele aperta os lábios, enquanto seus olhos a inspecionam de cima abaixo. 

— Você disse que iria se comportar… — 

Ele a adverte com sussurros, olhando novamente para a cozinha. Rey concorda reprimindo o riso, quando se separa das pernas dele. 

Ela dá a volta para ir ao seu assento quando recebe uma palmada alta, quente e ardida no traseiro. O suficiente para fazê-la dar um salto. Ela se vira a tempo de ver a mão dele recém pressionada em sua polpa direita. 

O gritinho que escapa de seus lábios é obsceno. Ben parece apreciar já que seus dentes afundam em uma mordida poderosa contra o lábio inferior. 

Ela se senta pouco depois de esfregar a bunda ardida sobre o tecido da saia sem deixar de rir. 

— Ben. Isso doeu… — Rey resmunga baixinho quando ele se inclina para ela com um olhar brilhante e tentador. 

— A intenção era essa… — Isso a excita de alguma forma. Ver Ben tão agitado e ofegante a deixa inquieta. 

Ele estreita os olhos quando Maz aparece para trocar o pequeno bule de porcelana agora vazio na mesa. Ben está com o rosto quase enfiado no jornal quando move o maxilar para reprimir um riso. Ele dá pequenos pigarros antes de falar despreocupadamente. 

— Eu não vou poder chegar mais cedo hoje. As coisas estão quase se resolvendo no escritório e por isso eu vou trabalhar um pouco mais. Provavelmente você estará dormindo quando eu chegar então…—

Ele para de falar, quando Maz termina sua tarefa para voltar a cozinha. Rey olha para a direção onde ela vai, sem muito ânimo pelo anúncio dele. 

Ela queria que ele estivesse em casa quando chegasse do colégio. Não sabe como tudo vai estar por lá e gostaria de não ter que ir depois do que houve na festa. 

Ela quer estar com ele. Mesmo sabendo que, as coisas no trabalho ainda não estão acertadas. Ela concorda em silêncio sabendo que ele olha para ela agora. 

Ela tenta comer mais alguns pedaços da sua panqueca sem deixar transparecer a tristeza. Não é sua intenção parecer tão grudenta com ele. Ela entende o quanto o trabalho de Ben exige atenção e presença. Mas seu lado egoísta a faz inevitavelmente lamentar. Mesmo sem expressar tanto. 

— Ei. Não se esqueça que hoje você tem o teste de balé com a professora. Eu não poderei te levar, mas o Antilles fará isso. Você irá não é? — 

Ben se inclina em sua direção ficando próximo o suficiente para que seu dedo alcance o queixo. Ele ergue seu rosto com o indicador e por mais que ela não queira deixar-se mostrar, a ação acontece. Ben a sustenta com seu olhar avaliador. Ela assente entregando um sorriso fraco para tranquilizá-lo. 

Rey quer muito começar suas aulas, está empolgada, ainda mais por se ver voltando a um estúdio depois de tanto tempo. 

Ele assente com ela, mesmo parecendo notar que o fato deles não poderem se ver a deixa triste. 

— Boa garota. Eu tô orgulhoso de você Rey. Lidando com tudo, sendo tão corajosa. Você está feliz? —

A pergunta de Ben provoca uma auto avaliação. Ela está feliz? Com tudo que ele tem feito, que seus pais tem feito por ela. O clima entre eles, o beijo, às mudanças, sua nova vida? 

O fato é que ela está. Seus dias tristes voltam vez ou outra, mas ela não consegue negar que, tem pessoas incríveis ao seu redor apesar de tudo. Ela afirma com toda a certeza em seu coração pois é exatamente o que é. Ela tem sido cada dia mais feliz. 

Tem conquistado e aprendido sobre sua própria resiliência e apesar do árduo caminho com a ingenuidade, ela sente que tem o incentivo necessário para ir adiante. Isso é bom. Não. Na verdade isso é ótimo. 

— Sim, Ben. Eu estou muito feliz. —

Sua resposta o faz sorrir. Ele olha na direção da cozinha, deixando-a confusa. O dedo da mão que ele esticou para tocá-la permanece ali, em seu queixo. 

É quando Ben se curva diante dela, que Rey se dá conta de seus lábios. Ben a beija. Não profundamente como antes, não faminto como eles estavam a minutos atrás. 

Ele é carinhoso, terno e quente. Ela suspira com o estalido de seus lábios se afastando quando ele encosta sua testa na dela para respirar. 

— Bom. Porque eu também estou… — Ele sussurra contra os lábios dela e Rey respira de olhos fechados. 

Ela está tão inerte no gosto dele e no gesto de carinho, que mal percebe quando ele se afasta para caminhar em direção a porta. 

— Tenha um bom dia de aula. Até semana que vem Maz! —

Ela se vira para acompanhá-lo com os olhos ouvindo quando ele se despede dela e depois grita para se despedir de Maz, que o responde da cozinha. 

É incrível como Ben tem a destreza de gelar e esquentar seu coração ao mesmo tempo. Seu dia começa perfeito quando ele a deixa com um sorriso escancarado para trás. 
 

 

 

****

 

 

Encarar o colégio depois de uma difamação desonesta e descabida era a pior experiência que Rey teria de seu ensino médio. 

Ela montou todo o cenário de vergonha e humilhação que iria sofrer durante o resto do ano na sua cabeça. 

Tirando suas tristezas e perdas. 

Ter de lidar com certas situações sociais quando tudo que ela queria era um diploma de formação, parecia um pesadelo. Por que as pessoas tinham que ser tão horríveis? 

Ela clamou ao universo, durante seu caminho, sentada no banco de trás do Bentley de Antilles, para que as coisas depois da presença de Ben não tivessem se tornado piores. 

Quando passou pela porta de entrada praticamente sendo atropelada por uma turma de estudantes alheios a sua presença, ela quase sentiu alívio. 

Por mais que algo dentro dela a impedisse de se sentir segura, ela se esforçou para passar o mais dispersa possível, quando caminhou pelos corredores até o seu armário. 

E isso a leva onde está agora. 

Com a porta do seu armário aberta, olhando ao redor desconfiada de que todos irão apontar o dedo em sua direção e rir dela como uma piada.

Há uma multidão de alunos caminhando pelo corredor, mas nenhum deles olha em sua direção. Nem mesmo para cochichar como fizeram na noite passada. Não que ela esteja achando isso ruim. 

Rey apenas se preparou para outro tipo de recepção. Ela olha ao redor vendo os alunos conversando e correndo para as aulas enquanto guarda os livros que trouxe no dia anterior para casa. 

Quando fecha a porta do seu armário a primeira coisa com a qual se depara é o rosto de Rose encarando-a tão de perto que a faz dar um salto para trás. 

— Oh meu Deus Rose! Você me assustou! —

Rey se inclina com a mão no coração que está batendo feito um sino de igreja contra a caixa torácica. Ela não olha para Rose imediatamente, mas escuta quando a amiga fala. 

— Me conte tudo, detalhe por detalhe — Rose cobra dela uma resposta sobre o que ela não tem ideia do que seja. 

Rey respira recuperando o ar que perdeu pelo susto e então se endireita, pensando na pergunta. 

Do que ela está falando? Só pode ser sobre… Santo Deus. Rose sabe que ela beijou? 

Rey pisca para ela com os olhos mais do que abertos e Rose bate o pé no chão com impaciência. 

— Eu… eu não sei do que você está falando Rose? — Ben pediu que ela não contasse. Ela não pode contar ainda que seja péssima em mentir. 

Seu rosto cora e Rey não sabe como começar a arrumar uma boa explicação sem que Rose a julgue pelo o que fizeram. Por que as pessoas simplesmente não podem achar normal duas pessoas se beijando? Isso é tão chato. 

Rey se encolhe quando Rose cerra os olhos na direção dela e depois suaviza a postura com os braços cruzados sobre o peito. 

— Sério? Poxa Rey. Eu pensei que você fosse saber de alguma coisa. As pessoas não estão dizendo coisa com coisa e eu quero entender —

Oh meu Deus! É pior do que ela imaginou. Todos estão sabendo que Ben a beijou, aliás que ela o beijou primeiro. A ordem dos fatores não muda o resultado catastrófico. 

Eles estão comentando. Eles estão comentando!

Rey sente uma crise nervosa se aproximar. Ela se encosta no armário com um olhar estático em um cartaz com campanha de uso de preservativos, colado na parede a sua frente. 

Sente que tudo ao seu redor está girando. 

Ela precisa ser positiva. Ela precisa. Como pensou antes, o que tem de errado em ter beijado Ben? 

Ok. Todos acreditam que eles são irmãos, mas eles não são irmãos de verdade. Para que tanta pressão? 

Ela respira fundo quando Rose aparece em seu campo de visão colocando as duas mãos em seus ombros. 

— Rey? Você está passando mal? Quer ir à enfermaria? Você está idêntica ao dia em que te conheci. Branca como um papel e suando frio —

Rey dá o seu melhor para responder. Mesmo tão nervosa.

— Eu só. Eu vou ficar bem… é que eu odeio os comentários e todo mundo dizendo coisas. Isso é horrível. Por que as pessoas fazem isso? — 

Ela ergue os olhos para ver Rose com uma expressão aturdida. 

— Uau. Eu nunca pensei que você se importasse tanto assim com a Jessika. Ela não merece essa consideração toda, mas, é muito gentil da sua parte, Rey. —

Espere. Jessika? 

Rey faz uma careta para Rose em completo estado de confusão com a resposta que recebe.

— Jessika? Todo mundo está falando… Do que você tá falando Rose? — 

Rey pergunta vendo Rose estalar os dedos diante do seu rosto. 

— Acorda, Rey. Em que planeta você está? Pensei que estivesse na festa da Jessika ontem. —

— Eu estava mas… sério eu não estou entendendo nada! —

— Todo mundo está comentando sobre a confusão na festa dela ontem. Parece que um cara, pai dos amigos dela a desmascarou na frente de todo mundo! Pior. Todos descobriram que a Jessika toma remédios. Dá pra acreditar? — Rey tenta entender tudo o que está acontecendo. 

Ben. Só pode ser ele o tal amigo dos pais. Ela quer rir da situação. Não sabe se de alívio ou da ideia maluca que Ben teve. 

— Espere. Ninguém mais falou sobre nada da festa? Não conhecem esse amigo dos pais da Jessika? — Ela morde o interior da bochecha tentando parecer alheia a história. 

Rose pensa um pouco. Parece estar tentando se lembrar de algo mais. Isso deixa Rey nervosa novamente. Não quer que todos se dêem conta de que Ben foi até lá e a defendeu. 

— Não que eu me lembre. Aconteceu mais alguma coisa? Você precisa me contar. Como é que você não sabe de nada?  —

Rey dá de ombros antes de responder. 

— Eu fui embora mais cedo. Pouco depois de você ter saído. A festa ficou chata e eu pedi para o Ben me buscar —

Pelo menos ela não tem que mentir. Essa parte da história é verdade. Ela não viu a ação e saiu da festa pouco depois de Rose ter ido afinal. Rose bufa puxando-a pelo braço. 

— Nunca mais vou embora cedo de uma festa. Perdi toda a ação —

Ela resmunga para Rey. Enquanto as duas caminham pelo corredor comentando sobre (quase) tudo o que houve na festa. 

Durante o almoço no refeitório não existe outro assunto se não a doença da mentirosa compulsiva, atribuída a Jessika. 

Rey não a viu durante parte da manhã se perguntando por onde ela estaria e como estaria lidando com tudo aquilo, até que Rose lhe contou sobre a falta. 

Pela primeira vez em anos, Jessika havia faltado. 

A escola se dividiu. Enquanto um lado se mostrava vingado, o outro brincava com a situação. Foi só então que Rey percebeu. Jessika não era querida. Por unanimidade ela não era. 

Uma garota popular, sim. Boa atleta, boa aluna. Uma lista infinita de qualidades que pouco importavam quando se era péssima como ser humano. Claro que a mentira sobre ela, não era engraçada. 

Por mais que Jessika não merecesse sua empatia, ela sentiu a sensação horrível de ser difamada e por isso lamentou ver outro alguém passando pelo mesmo. 

Jessika passou a vida julgando todos, separando e classificando, até estar no lugar deles. O fato dos comentários serem maiores foi justamente pelo papel infligido por ela em todos do colégio. 

Depois de ouvir e assistir as reações ela chegou a conclusão de que, apesar de Ben ter agido na intenção de ajudá-la. Ele acabou colocando Jessika em um papel que ela até então não havia estado. 

Ben a fez sentir na pele o que vinha fazendo com outras pessoas quando criava situações e exigia atitudes que ninguém deveria ser obrigado a ter. 

Rey descobriu que a vida era dura quando queria ensinar algo a alguém. Mesmo escolhendo muitas vezes um professor aleatório para isso. 

Ela esperava que Jessika pudesse aprender, como ela estava aprendendo. E que não tivesse que sofrer tanto por isso. 

 


 

****

 


 

É por volta das 23:00hrs, quando Ben entra em seu apartamento. Tudo está escuro e silencioso. Mesmo sem admitir, isso o decepciona um pouco. 

É de se confessar que esperou chegar a tempo de ver Rey acordada. É até irônico ver a mudança de postura. 

Há algumas semanas atrás ele estaria aliviado em saber que ela não estava à sua espera. 

Não seria necessário se concentrar no seu dever e se manter afastado dela por motivos que ele conhecia melhor do que ninguém. 

Só que agora. As coisas mudaram. Desde a noite passada, desde o seu passo arriscado, ele não tem mais a mesma vontade de se segurar. 

Ben passou todo o dia refletindo a respeito do que houve. 

Ficou tão ocupado em lutar contra a vontade de tocar nela, que não se atentou ao fato de que ainda que ele não desse qualquer passo adiante, que não agisse em pró das suas vontades, alguém faria isso em seu lugar. 

O que ele quis fazer por diversas vezes, foi feito por ela. Ele acreditou que ela estivesse sendo influenciada ou algo do tipo, mas foi por sua própria decisão que o beijou na noite passada aconteceu. 

Foi pela iniciativa de Rey que Ben decidiu se deixar levar. Buscando moderadamente ceder aos impulsos, mas, sem pesar demais nas consequências. 

Desde que as coisas se mantivessem entre eles, desde que ele fosse determinado o suficiente para não pensar em nada além dos beijos que deram. As coisas iriam funcionar. 

Ele já tentou o truque antes e falhou. Mas, isso era diferente. Beijar Rey era melhor do que se imaginar fazendo isso. E tentar não fazer isso era estar se enganando. Que escolha ele tinha depois de ceder se não a de aproveitar o que começaram? 

Foi assim que ele passou a desligar a consciência para trabalhar com as vontades. 

Ben sobe os degraus em direção ao seu quarto, pensando em banho e cama, enquanto desata e se livra da gravata. Ele está a alguns passos de distância do quarto quando para diante da porta do quarto de  Rey.

Ele pensa na remota ideia de entrar. É estranha a necessidade de vê-la quando esteve com ela de manhã. 

Mas, ele não consegue evitar. 

Ben se sente ridiculamente deslocado, parado ali no corredor da sua própria casa discutindo com seu cérebro e corpo cansado se deve ou não invadir o quarto de uma garota como se ele tivesse a idade dela. 

Ele ri de si mesmo sem humor enquanto esfrega uma das mãos nos cabelos e caminha em direção ao seu próprio quarto. 

Eles podem conversar amanhã de qualquer modo. Ele não quer acordá-la. Ele quase se convence disso se não fosse por sua outra metade, a que quer ir até lá. Que o faz se lembrar de que, antes mesmo de beijá-la, Rey passou por maus bocados na noite passada. 

O que significa que seu dia no colégio poderia ter sido ruim. Talvez ela estivesse precisando dele. Talvez ele tivesse estragado as coisas para ela, sua relação social. Sua possibilidade de fazer novos amigos. A ideia o apavora por completo. Ben teve a melhor das intenções, e pensar em Rey sozinha e isolada o desola de certo modo. 

Ele decide ir até lá. Eles não trocaram mensagens ao longo do dia. Exceto, quando ela chegou ao teste de balé e mais por finalidade em avisá-lo. Ela o contaria caso alguma coisa tivesse acontecido. Mas também poderia não contar, já que tentou fazer isso no carro. 

Ele está parado diante da porta dela agora. Apavorado com tantas possibilidades e mais ainda por ter estragado tudo. Sua mão se ergue para bater mas ele a retém. A intenção é saber se está tudo bem e não acordá-la. Ben desce a mão para maçaneta e o mais devagar possível, a gira para testar a abertura. Ela clica sobre o peso da mão e então se abre. 

Seu corpo passa pela parte aberta na fresta e então ele a vê. Está deitada abaixo de uma pilha de lençóis e edredom branco, de costas para a porta, onde ele está.

Rey está dormindo e por isso não percebe quando ele dá alguns passos parando no meio do quarto para observá-la. Ele espera que ela não acorde, pois em seu lugar ele levaria um susto encontrando alguém ridiculamente parado no meio do quarto o observando dormir da maneira mais estranha possível. 

Não é como se ele não tivesse controle sobre o próprio corpo mas se parece muito com isso, quando seus pés estão caminhando para a beira da cama dela e ele para exatamente ali. Ben já perdeu a luta e por isso não estranha quando suas ações o deixam se levar. 

Ela está linda como de costume. Respirando serenamente encolhida em uma posição protetiva com os cabelos esparramados no travesseiro. É tentador vê-la tão vulnerável. Afundada em pensamentos e sonhos, enquanto respira pelos lábios rosados e entreabertos. 

Seus dedos formigam com a necessidade de tocá-la. Não que ele possa, ainda que anseie por fazer. O quão errado isso iria soar? Além do que já fez? Nada de repressões ele se recorda. 

Nada de pensar demais. Ela prometeu que dirá se ele passar dos limites. Ela dirá a ele e ele precisa confiar nela. 

É só depois de se convencer que, Ben não pensa mais. Não se preocupe com o futuro, com os dias seguintes ou as semanas. Isso pode vir depois. 

A ponta dos dedos encosta no topo da cabeça dela e ele escova pequenos fios de cabelo que estão em sua testa. Rey não se move e isso o incentiva a continuar. 

O que foi fazer a princípio? Claro. Saber se está tudo bem com ela. 

A julgar pelo estado de sono calmo ele deduz que sim. Ben é incapaz de evitar que seus olhos percorram os planos de seu corpo coberto. Sua mente acelera. O corpo palpita em diferentes pontos ao mesmo tempo.

Muito provável que seja pela mente dele projetando as ideias ao se imaginar na pequena cama. Deitado sobre ela se deleitando com sua boca e com todo o resto. Ben sabe que o fará a menos que se controle. 

Ele acaricia um pouco mais da pele até que ela se move. Seus dedos deslizam da bochecha para os cabelos e então sua mão paira no ar. 

Ele precisa ajeitar a cabeça. 

Precisa ir para o seu quarto, refrescar as ideias, já que as vontades estão queimando nele agora. 

Ben escolhe seus passos e vagarosamente deixa o quarto pensando em possibilidades remotas e seguras de aliviar as coisas.

Sem que para isso, sucumba ao desejo de se trancar naquele quarto, para transar com ela por dias e mais dias. 


 

****

 


 

Ben desce as escadas apressadamente. Está atrasado e, por mais que horários não sejam exatamente um problema em seu departamento. Ele odeia extrapolar. 

Ele dormiu mais do que deveria e também demorou um pouco mais do que deveria para se arrumar. Para ser mais exato, ele demorou no banho. Tudo por ser incapaz de conter, sua ereção matinal. 

Ele bufa enquanto passa apressado pela sala pensando no pouco tempo que tem, se encaminhando para o escritório a fim de pegar as pastas com o processo da Folson Foods que esqueceu de levar no dia anterior. 

Quando sai, ele se depara com ela. 

Rey está descendo as escadas igualmente apressada, quando o vê. Ela para no limiar do pequeno deck de linóleo, balançando a ponta de um dos pés enquanto segura o corrimão. 

Ben não age diferente, ele faz quase exatamente a mesma coisa, quando para na porta de saída e a observa. De repente ele esquece os costumes básicos de sua mente. Obrigando Rey a fazê-lo se lembrar. 

— Bom dia, Ben. — Ela exclama com a respiração entrecortada. 

Ben estranha a pressa de Rey e se pergunta se está enganado quanto aos horários dela. Ele passou do dele. Isso é evidente, mas, ela está mais adiantada do que de costume. 

— Bom dia. Está atrasada também? Pensei que seu horário fosse um pouco mais tarde? — 

Ben a questiona com uma curiosidade desenfreada depois de checar o horário em seu relógio de pulso. 

Rey morde os lábios enquanto desvia seu olhar do dele murmurando ao responder:

— Na verdade não. Eu queria, ver você — 

Por alguma razão a resposta dela o faz pensar em hipóteses favoráveis. Ben projeta o queixo, deixando de lado até mesmo sua obsessão com o horário regrado. 

Ele a observa com uma atenção ainda maior do que antes, sendo quase sufocante a curiosidade que se acumula dentro dele. 

— Você queria me ver? Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem com você? —

— Sim. Não se preocupe, está tudo bem. É que… —

Ben espera que ela conclua, mas, se frustra quando ela não faz.

— É que?... —

— Não nos vimos ontem e, eu queria me despedir de você hoje —

Alívio brota sobre seus ombros tensos, por antes pensar no que poderia estar acontecendo com ela. 

Ele então a avalia, como sempre fez. Antes disfarçadamente, diferente de agora. 

A saia plissada acima dos quadris revelando a pele da coxa pouco exposta acima das meias ¾ faz sua mente acelerar, como na noite passada. 

Rey sempre esteve deliciosa no uniforme. 

O quanto deveria ser simples para ele vê-la nos trajes do colégio, ao invés de sentir um tesão absurdo é estarrecedor. 

Ben nunca foi do tipo de homem que se comove com pornografias ou fantasias de estudantes sexys com uniformes curtos em poses obscenas. 

A praticidade e objetividade com sexo o imunizaram ao longo dos anos. Quanto mais real melhor, quanto menos encenado melhor. E no entanto, ali está ele. 

Ele não deveria pensar assim. Ele sabe disso. É inapropriado a níveis alarmantes. 

Passagem absoluta para o inferno. Ainda que ele seja um homem descrente da suposta condenação. Seus olhos dificilmente podem ajudar na situação. 

Ben a devora, enquanto o silêncio se estende. Até que então e, só então. Ben a rodeia. 

— Rey. Venha aqui — Ele diz, chamando-a.

Ela é apressada ao atender o comando. Não é um dever, mas, isso o afeta positivamente, seu lado controlador cantarola em alegria interna. 

Rey o alcança onde está. Encostado contra a porta à sua espera.

Ele não perde tempo em se inclinar para ela, respirando contra seu rosto, agora que os dois se entreolham. 

Seus lábios pairam sobre os dela provocando. Os lábios dela o hipnotizando, querendo.

É tortuoso demais até para ele. Ben precisa provar e ele o faz. Não como ela espera, e tão pouco como ele espera. 

Seu beijo é breve. Um simples selar de lábios, que dá aos dois bem pouco com o que se saciar. Ele irá pegar mais, só está jogando.

Desonestamente até consigo mesmo. Talvez ele seja um maldito masoquista, afinal. 

Ben tenta reprimir o sorriso que se abre em seus lábios, quando Rey lhe dá um suspiro frustrado. 

— Tenha um bom dia de aula, Rey. — 

Ele se despede, dificultado pela proximidade, fingindo ter a intenção de abrir a porta. Ben quase lamenta por sua fraqueza pensando seriamente em ceder até que ela reage. 

— Ben. Espere! — Rey exclama, segurando em seu pulso impedindo-o de abrir a porta. 

Ele faz uma pausa dramática antes de se virar para ela satisfeito por vê-la reagir. Ben não é tão seguro de si quando o faz novamente. 

Rey está próxima, ela o enjaula com seus braços pequenos e frágeis. 

Ben a devora com seus olhos, sem qualquer resquício da provocação que começou a princípio. 

A língua rosada e sedosa dela aparece para fora dos lábios molhando-os pecaminosamente. 

Ben sente sua própria boca secar como se  estivesse a meses com sede em um deserto, vendo um oásis diante dos olhos. 

 — Quer alguma coisa, Rey? — Ele incita. Ansiando pela resposta desejada. 

Ben espera por isso. Ele queima por dentro. 

— Eu quero o outro beijo. Aquele beijo, Ben. — 

Ben sente sua mandíbula apertar.

— Que beijo seria esse? —  Ele pergunta. Tentando engolir alguma coisa com sua garganta seca. 

— O que me deixa molhada… — Rey sussurra engasgada, com seu rosto ruborizado aos olhos dele e… 

Porra! Ben perde completamente o rumo. Ele perde o fôlego. 

Em uma fração de segundos, sua boca está na dela. Voraz, impetuosa e faminta. 

Ele usa tudo mais uma vez. Lábios, dentes e língua. A necessidade que tem dela se intensifica quando ele a prova do jeito que precisa. 

Como ela quer, como ela pede, como uma ordem que ele atende de bom grado. Ben rosna contra os seus lábios. 

Fazendo-a ofegar quando suas mãos a apertam pela cintura para erguer o corpo. As pernas dela automaticamente contornam seu quadril em reflexo. 

Ele não tem esforço em pegá-la. A saia sobe e suas mãos cavam contra a pele nua da bunda dela. 

Ben consegue prendê-la entre ele e a porta, tendo sob os dedos a costura da calcinha de algodão que cobre parte da polpa macia e empinada, ele aperta e ela geme com um pequeno choramingo. 

Isso só o enlouquece mais. Explodindo nas calças com um tesão do caralho. 

De alguma forma ela tem um gosto ainda melhor do que da primeira vez. Talvez sejam as horas que ele passou sem poder provar os lábios dela.  

Ele poderia fazer isso por um dia todo se não fosse o homem faminto que é. 

Rey está tremendo em seus braços. Ben a espreme contra a porta, segurando em seu quadril, dedicado a aprofundar o beijo. 

É quase desumano o quanto ele a aperta naquela porta. A coisinha pequena que ela é. 

Explorando timidamente com suas mãos, pelo peito dele, indo para o bíceps, desesperada para se agarrar a extensão firme de seus músculos. 

Ben a interrompe poucas vezes, recuperando o ar para beijá-la de novo e de novo. É impossível a essa altura reprimir a vontade de ir além. 

Ele beija um caminho até o lóbulo da orelha dela, mordiscando suavemente a carne flexível entre os dentes. Rey geme e murmura seu nome. E é como música para os seus ouvidos. 

Ben está fora de si. Sua protuberância dura feito pedra pressiona contra a bucetinha dela e… 

Jesus! Porra! Todo pensamento minimamente racional em sua cabeça desaparece. Ben está pegando fogo. 

Ela está deliciosamente molhada. Contra o tecido de suas calças agora arruinadas. 

— Puta merda, Rey… — 

Suas palavras saem abafadas contra a pele do pescoço dela que ele belisca com os dentes antes de chupar. 

Ela choraminga novamente, quando ele a pressiona com seu quadril, roçando contra o núcleo molhado, que mancha sua calça. 

As mãos de Ben sobem afoitas para o tecido fino da camisa no uniforme dela. E se enchem para cobrir com facilidade os seios durinhos e empinados. Ele aperta-os contra sua mão, provocando um gemido mais alto dela.

— Ben! Eles doem... — Rey protesta com sua voz engasgada e carregada de excitação. 

Isso o faz se afastar atordoado. Ben mal consegue registrar suas palavras. Olhando em direção às suas mãos, que seguram firme os seios dela. 

Ele alivia a pressão, quando os dois se entreolham mais uma vez. 

— Mesmo? Me deixe cuidar deles então… — Ben responde. Respirando pesadamente. 

Seus dedos alcançam os botões da blusa branca desfazendo o primeiro com uma minúcia impressionante. 

Ben segura seu olhar no dela, quando é interrompido. Ela simplesmente o segura. Suas mãos se enrolam em seu pulso e isso o obriga a parar. 

— Espere. Os limites, Ben. — Rey diz, ofegante para ele no segundo em que o impede. 

É um momento de consciência vindo dele. Ben se afasta para olhá-la, atordoado e confuso.

Os olhos dela. Há algo neles que o fazem recobrar a pouca sanidade que perdeu no momento em que ouviu suas palavras. 

Seus olhos doces e inocentes o observam com o que ele presume ser incerteza. 

Ben range os dentes, lutando como o inferno para trazer de volta cada fragmento de restrição que ele possui.

A excitação que os cobriu se dissipa instantaneamente, quando ele percebe que, passou dos limites que ele mesmo impôs. 

Os lábios dela tremem, junto com as mãos dele. Ben fica horrorizado e maravilhado ao mesmo tempo. 

Rey o interrompe como prometeu, enquanto ele cruza uma linha que não pretendia cruzar. 

— Rey. Me desculpe. Eu não… —

É o momento de fragilidade nas ações como na noite anterior. Como quando ele a viu dormindo, indefesa e vulnerável. Ele simplesmente pegou para si o que deveria ser dela. Novamente, erroneamente. 

Suas mãos tremem um pouco mais com a constatação. Apesar de sua vontade frenética e sufocante. Do seu desejo em agradá-la. Ben se dá conta do quanto se importa. Do quanto as necessidades dela sobressaem as suas. 

Acontece que, ele nunca se importou. Não antes, não com ninguém e agora… 

Ben a cerca com um dos braços novamente, mas dessa vez é diferente. Ele não a prende contra a parede. Ele não toca sua bunda ou apalpa seus seios. 

Ben simplesmente a abraça. 

Ele respira ansiosamente contra os cabelos no topo da cabeça. Notando que ela o envolve. Seus braços não o circulam por completo e no entanto, ambos se encaixam no abraço. 

— Ben… está tudo bem? — a voz doce alcança seus ouvidos, e ele sente uma instintiva vontade de rir. 

Essa pergunta deveria ser dele. Rey consegue ser inacreditável em grande parte do tempo. 

Ben se afasta com o coração galopando contra as costelas, ele olha para ela a tempo de ver seu beicinho, que o deixa com vontade de mordê-lo, beijá-lo, começando tudo outra vez. 

 Deus! Ele é de fato um filho da puta de sorte. 

Ben traça suavemente os lábios dela com a ponta do dedo, mais uma vez envolvendo-a no cobertor grosso de seus braços. 

As coisas que faria agora, que estava prestes a fazer segundos atrás o faz agradecer por estarem indo para a casa de seus pais, durante o fim de semana. 

Ben relutantemente se permite esfriar e tomar fôlego, enquanto encosta a testa na dela. Sabendo que ele não tem certeza de suas ações quando está com ela, tudo que ele tem a fazer é se render. 

— Sim Rey. Vai ficar tudo bem — 


Notas Finais


Segue abaixo a lista de músicas desse capítulo na ordem. Todas elas estão na nossa playlist no Spotify.

Daddy Issues - The Neighbourhood
Special Needs - Placebo
Cool Kids - Echosmith
I Wanna Be Yours - Arctic Monkeys

Link para a nossa playlist no Spotify
https://open.spotify.com/playlist/3GGqR2GoISJyxJwc6dxktb?si=0Gxon8PHQpCUbIhYXjBVpg


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