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História Tainted Love - Reylo AU - Limite Frágil


Escrita por: jessylou e MilaBanks

Notas do Autor


Olá, amores. Voltamos com mais um capitulo. No último vimos que Ben tinha um desafio: se manter longe de Rey.
Será que ele conseguiu? HAHAHAHA

Nos vemos nas notas finais. Beijinhos <3

Capítulo 5 - Limite Frágil


Fanfic / Fanfiction Tainted Love - Reylo AU - Limite Frágil

Estresse pós traumático.

Isso se aplica bem a pessoas que sofrem perdas recentes. É justificável que uma situação difícil leve a certas atitudes confusas, decisões erradas, pensamentos impróprios.

Em uma auto avaliação, é possível atribuir tudo isso a uma perda recente. Uma boa explicação, ou seria desculpa a palavra mais correta a se usar?

Para Benjamin Solo, o que tem passado requer tratamento. Uma semana com um psicanalista e todo o resto pode se resolver. Exceto, o fato de não poder dizer ao profissional em questão que o que vem sentindo inclui, atração física por uma menor de idade, sendo essa sua tutelada.

Ben lista uma centena de xingamentos mentais, está exausto de tentar entender o que vem se passando. Falta de sexo, não é mais uma opção. Ele passou uma noite inteira ocupado o suficiente, para ter certeza de que não era esse o motivo que o levou a desejar o que não devia.

Seu corpo respondendo ao instinto primitivo e masculino? Talvez. Rey é uma garota linda, não é difícil se sentir atraído por ela. Isso claro, se você for um garoto qualquer do ensino médio. O que não se aplica a ele. Por Deus, ele viu a garota crescer. Seu jeito inocente e curioso o intriga, mas isso é motivo para deixá-lo atraído por ela? Se é, porque não se sentiu assim antes, com outras?

Houveram oportunidades. Ele conheceu garotinhas deslumbradas por caras mais velhos, isso acontecia vez ou outra quando elas se aproximavam fingindo uma certa maturidade o que tornava a situação delas um tanto vexaminosa.

Ben nunca se deixou ludibriar por meninas muito mais novas do que ele. Isso desde os tempos da faculdade. Ele tinha um limite a tolerar, tendo em vista que quando se é mais novo certos tipos de sentimentos se tornam um tanto quanto intensos demais.

Ao contrário dos jovens da sua idade, em tempos de colégio, ele sempre foi extremamente consciente do que queria, e também do que não queria. Ben fugia de paixões efusivas e repentinas, isso causava problemas demais. Pessoas bem resolvidas no campo afetivo eram muito mais fáceis de lidar.

Claro que nada disso se aplicava a Rey. A garota estava afetada por uma perda recente, precisando de afeto e apoio. Não tinha a ver com atração física. Esse era um problema dele. O único doente o suficiente para olhá-la de forma errada, era ele. E tudo o que precisava era dar um jeito para que esse tipo de coisa pudesse ser evitada o quanto antes.

Tomando conta da situação, como deveria ter sido feito desde o início. Ben tratou logo de estabelecer alguns limites na questão da convivência. Ele estava retomando sua rotina no escritório. O que ocupava grande parte do seu tempo, por isso ele designou a companhia de Maz para a garota.

Sendo assim, ela passaria a trabalhar na cobertura diariamente ao invés de algumas vezes por semana. Como um homem ocupado e pouco presente, não precisava da presença constante de uma governanta ou empregada. Agora que Rey estava morando com ele, isso precisava ser mudado. O que tornava a situação um pouco mais fácil, já que ele não precisaria se preocupar com o fato de deixá-la sozinha por um dia todo.

Ben tinha alguns pontos a resolver, claro. Além de todo o trabalho no escritório. O contrato com a Machine Motors, havia se tornado a grande pedra em seu sapato. Um cliente tão grande como eles seria disputado por outras firmas, o que tornava a situação mais complicada do que deveria.

A relação ao período mais infernal que já passou dentro do escritório, incluindo a bagunça na vida pessoal, o levou a ocupação total do tempo. Lhe restavam algumas poucas horas do dia, para fazer uma refeição decente, relaxar e tomar alguma coisa. Desde a mudança de rotina em sua cobertura, Ben esteve algumas vezes com Rey.

Os momentos em que dividiam a presença um do outro eram raros, no decorrer de uma semana, ela iria visitar a casa de seus pais em Hamptons. Ben cuidaria da questão da matrícula dela, junto com Leia. Além da visita da assistente social, para saber como Rey estava lidando com tudo depois da perda dos pais.

Quando Ben comunicou a garota sobre a companhia de Maz em seus momentos de ausência, ele não deixou de notar um certo tom de tristeza nos olhos dela. Maz, seria uma boa companhia, trabalhava para ele há anos. Era uma pessoa de sua extrema confiança, além de abrir um pouco mais o ciclo de convivência de Rey. O que para ele ainda era uma incógnita. Ele conhecia pouco sobre sua real criação e forma de ver as coisas. Claro que lamentou internamente por ter que fazê-la lidar com uma pessoa até então desconhecida. Porém, se tratava de uma medida extremamente necessária. Sua ocupação o impediria de estar com ela, de qualquer forma. Além de definitivamente não ser a pessoa mais indicada, não com sua cabeça tão bagunçada como estava ultimamente. 

 

****


 

Ben chega à tempo para o jantar. Ele está menos atarefado na véspera do fim de semana, o que o permite estar em casa mais cedo. A essa altura, Maz já havia ido embora, deixando o necessário para um jantar. Era isso que ele esperava, ao chegar na cozinha para comer alguma coisa.  Ao entrar no cômodo, ele se depara com a raiz de suas noites mal dormidas, recentemente.

Seus clientes exigentes. Um contrato que está rendendo a competitividade do ano. Luke Skywalker em sua cola para lidar com isso. O trabalho acumulado pela ausência de alguns dias. Nada disso foi capaz de perturbar tanto sua cabeça, quanto a imagem dela vestida em sua camiseta dormindo no sofá de couro em sua biblioteca com uma calcinha fodidamente sexy e angelical, feito um convite para o pecado e consequentemente para o inferno.

Ben, a observa com o canto dos olhos quando se dirige para a geladeira em busca de água. Ele sabe que os olhos dela estão nele. Depois de pegar algo para molhar sua garganta ele se vira, dando a ela a devida atenção. Ele precisava de um momento para isso. Se preparar para esclarecer as coisas em sua mente. Eles haviam voltado ao ponto inicial. Dois "quase desconhecidos" tentando se acertar na convivência de alguma forma.

Ele estava mais do que disposto a fazer funcionar. Por ela, por Cassian. Por isso tomou distância. Ainda que o fato de tê-la tocado de uma forma errada da última vez em que esteve no quarto dela, de tê-la visto de calcinha e ter pensado as coisas mais sujas que podia, o tivessem tirando o sono por noites. Ben era um homem determinado. Já teve de lidar com situações difíceis. Seus hormônios ou o que quer que fosse, não iriam imperar sobre o seu juízo definido.

— Boa noite, Rey — Ele se aproxima tomando um longo gole de água ao cumprimenta-la.

— Boa noite, Ben — Ela evita sua refeição. Seus olhos passam por ele com expectativa. Está surpresa por vê-lo. Ele se senta diante dela, e avalia o que tem sobre a mesa.

— Pode continuar, não se incomode comigo — Ele a incentiva, ao perceber que ela não retoma suas ações. Isso não a deixa mais confortável. Se é que há desconforto.

Rey, aparentemente, está grata por finalmente ter a presença dele a mesa.

— Não me incomoda, Ben. Eu estou surpresa que tenha voltado mais cedo, fico muito feliz — Ele também está, inadmissível, mas está. O que há de errado com ele?

— Enfim pude me dar um momento. O que me faz lembrar que não poderei te acompanhar até a casa dos meus pais, no fim de semana. As coisas no escritório estão complicadas, vou estar bem ocupado. Por isso, eles virão buscá-la. — Suas palavras são recebidas por Rey, que não consegue disfarçar o quanto isso a desaponta.

Ela é tão clara em seus gestos e palavras que não é difícil lê-la. Não existem entrelinhas ou sutilezas quando se está em sua presença. Rey abaixa a cabeça e remexe em sua comida com um desânimo aparente.

Ben se incomoda em ver como sua ausência a afeta tanto, ainda que questione a si mesmo os motivos para isso. Não eram tão próximos para um apego tão grande. O que mudou tanto para que isso passasse a acontecer? Com exceção do fato mais óbvio, ela estar órfã. Seu excesso de confiança, de necessidade por ele o afetava por completo. Física e mentalmente. Mas não seria tão ruim que ela começasse a sair do possível casco em que Jyn e Cassian a criaram. Ele não tinha ideia de como eram as influências dela, o que sabia sobre o mundo. Depois do que os dois sofreram, o mais lógico a se fazer seria abrir seus olhos. Embora ainda fosse menor de idade, Rey não era uma criança. Seu comportamento tímido, indicava a ele um certo despreparo com relação a algumas coisas.

— Seus pais são muito gentis comigo, muito amáveis. Eu não sei como agradecer a vocês por tudo que têm feito por mim — Ela ainda remexe na comida, espetando o garfo na batata, sem levar o alimento para a boca. Ben sorri compreensível e grato, embora a repentina falta de apetite dela o incomode.

— Não precisa agradecer por nada. Eles adoram você. Não viu como ficaram encantados? — Sua resposta se torna um alívio para ela, aparentemente. É o suficiente para fazer com que ela relaxe e torne a sorrir. Ótimo! Isso é muito bom.

— E você? — Ela pergunta provocando uma certa confusão nele. Ele? O que tem ele?

— Eu? — Ele pergunta em voz alta e ela apenas assenti. Rey precisa dar um pouco mais se quer que Ben entenda seu questionamento.

— Você gosta de mim? — A pergunta sai naturalmente. Ela não está tímida, como de costume. Apenas concentrada em sua resposta. Ele avalia, seus olhos estão nos dela e o que ele vê, além da curiosidade genuína, é expectativa. Ben fica nervoso, a inversão de expressões é visível. Geralmente é Rey quem assume uma postura mais tímida e, no entanto, é ele quem está assim agora. Porque a interessa saber o que ele sente por ela? Será que ela ...

Esqueça isso, Ben.

— Rey... É claro que sim — Ao ouvir sua resposta, ela simplesmente torna a comer, a empolgação voltou, um sorriso brota em seus lábios enquanto mastiga.  Ben, por sua vez, não a acompanha. Ele está ocupado demais em olhar para ela, da mesma maneira que ela o olhou anteriormente. Com uma curiosidade crescente.

— Eu pareço não gostar de você? — Ele a questiona, mas ela rapidamente nega. 

— É que... eu não quero ser um incômodo. Sei que minha chegada a sua casa atrapalhou sua rotina. Eu sinto muito por isso. Eu só tenho muito medo de ir parar em um orfanato, Ben. — Ele se adianta em tirar as inseguranças dela.

— Rey, não diga isso. Você não me atrapalha. Está segura. Ninguém a levará para lugar algum — Ben se martiriza pelas palavras de conforto que diz a ela. Sim, a princípio ele a rejeitou. Mas em nenhum momento, jogou sobre ela a responsabilidade pelo o que aconteceu como se houvessem opções. Ela estava sozinha e seu pai a confiou para ele. O que o faz pensar nela segura. Segurança. Soa até irônico vindo do homem que a alguns dias atrás a cobiçou em segredo.

— Você não está aborrecido por minha presença? Nós quase não nos vemos e... eu pensei que, estivesse me evitando — Ele engole o que ela diz. Seus olhos já não estão mais tão certos de que devem olhá-la com tanta intensidade. Porque no fundo, Ben quer esconder o fato de que ela tem toda a razão sobre o que pensa. Ainda que seja verdade ao que se trata de suas ocupações. Em grande parte, seu afastamento é proposital. Ainda assim, ele nega. Esconder coisas, evitar respostas diretas e certeiras é tão novo para ele, que quase não consegue ser exato no que diz.

— Eu só, ando mais ocupado do que de costume. Só isso. Não tem haver com você — Parabéns Ben Solo. Se converteu a um mentiroso.

— Você tem namorada? — Rey o questiona tão rapidamente sobre sua vida amorosa que Ben, naquele instante, sente que seu cérebro entrou em curto. Ele está atônito demais para responder de imediato. Certo. Ele não esperava por uma pergunta como essa. Seus olhos piscam nos tons de avelã que ela tem por baixo dos longos cílios.

— O que? — Ele não quer parecer rude ao perguntar de novo. Mas precisa ter certeza de que ouviu corretamente.

Rey, por sua vez, não parece mais tão certa da pergunta que faz. Isso porque claramente percebe o quão invasiva está sendo. Ela desvia seu olhar do dele. Ben a olha como se a garota tivesse três cabeças.

— Desculpe, eu não quis... É que, você não dormiu aqui aquela noite, então pensei que talvez estivesse com sua namorada — Curioso. Para dizer o mínimo. Isso o intriga como as muitas reações dela, como os gestos e atitudes. Ben consegue se recompor do choque inicial com a pergunta. Ele agora degusta o silêncio que se instala e avalia se deve ou não dizer a ela algo tão íntimo.

Não deveriam estar conversando sobre como ele leva sua vida pessoal. Ainda que agora ela faça parte disso. Há certas coisas que devem ser preservadas. Ben tamborila os dedos na mesa, ele tem tempo. O constrangimento de Rey o permite desfrutar do seu timing.

— Não. Eu não tenho uma namorada. Sou um homem bastante ocupado para ter tempo com essas coisas. — Um pouco dissimulado de sua parte dizer isso. Ele tem tempo para aproveitar a noite com uma boa companhia. Mas não mente quando diz que grande parte de sua ocupação é com o trabalho. Ao invés de dizer a ela que não é do tipo de homem que se prende a relacionamentos ele escolhe ir para um lado que não a leve a pensar que ele não valoriza as mulheres com quem se relaciona. Não que isso deva importar a ela no final das contas. Como eles chegaram nesse assunto mesmo?

Ben não sabe dizer se é seu instinto profissional falando ou, uma curiosidade corriqueira. Mas acaba redirecionando a mesma pergunta a garota.

— Você tem? —

Porra, Ben. Pare com isso!

— Quero dizer, quando estava em Cambridge. Não deixou nenhum namoradinho de colégio para trás? — O rosto de Rey, de repente, toma um tom de vermelho vivo. As bochechas enrubescem e, seus olhos se arregalam.

Oh sim, a retórica. Ele adora quando isso acontece em uma audiência, a falta de reposta imediata. A garganta engolindo o que não sai, seguido do aparente nervosismo. E então, o toque final, o constrangimento. Ele está acostumado a causar isso em seus adversários no tribunal. É prazeroso. Exceto pelo fato de que...

Rey não é seu adversário. Ele não quer vence-la e sim sonda-la. O que só torna o seu ato mais estúpido. Ela é só uma menina tímida e curiosa e isso tira dele todo o prazer do momento. Ben quase se arrepende de questioná-la. Quando, para a sua surpresa, a garota responde.

— Meus pais sempre me disseram para focar nos estudos. Que as distrações são prejudiciais e que eu sou muito nova para me preocupar com namoros. Eles achavam que poucas pessoas eram confiáveis e que por isso eu deveria me preservar. —

Ben não se surpreende com o que ela fala. É claramente algo que Cassian diria. Ele quase pode ouvir o sermão dele para a filha. Em partes, não é mentira, o mundo realmente oferece riscos, existem pessoas pouco confiáveis nele. Mas se ele aprendeu uma coisa ao longo dos anos, é que não há maneira melhor de se tornar mais preparado, do que justamente lidando com elas. Nada no mundo te ensina mais do que uma decepção.

O que o deixa estarrecido é a firmeza com que Rey passa o aprendizado dos pais. Como se repetisse isso para si mesma desde que aprendeu a falar. É uma espécie de mantra. Algo surge, uma curiosidade estranha e uma certa conclusão, de que ela não teve namorados na escola. Que muito provavelmente não foi tocada e beijada como se deve, aliás, que sequer experimentou isso algum dia. Intocada, inexperiente. É assustador o quanto o pensamento o excita.

Ele sabe que é difícil se manter longe de interesses amorosos, ou físicos, na idade em que ela está. Não que ele saiba o que se passa na mente de meninas na idade dela. Mas por sua própria experiência, ele se divertiu o bastante com elas em seus anos no ensino médio. Sabe o quão fogosas elas podem ser. O fato de Rey estar imune a isso, em sua idade, a torna ainda mais intrigante.

Mas isso não é de sua conta, seu maldito  pervertido. Pare de pensar besteira, Solo.

Seu subconsciente grita lá dentro a fim de puni-lo por considerar as opções dela.

— Certo. Mas esses são seus pais falando. E você? Nunca se interessou por nenhum garoto da escola? — Ele precisa parar com esse interesse. Principalmente, precisa parar de levar á conversa para o lado das conquistas. Não é de sua conta. Definitivamente não. No entanto, Ben não consegue evitar. Rey ainda está visivelmente desconcertada, mas se mantém firme nas respostas. Talvez leve jeito para o direito como pretende.

— Não. Na verdade, eu não conheço nenhum. — Ela faz uma pausa como se estivesse se desculpando por isso. Como se fosse algo anormal. O que na realidade, para ele, não é.

— Passei um bom tempo estudando com meninas. Em outros períodos, estudei com meus pais. —

— Está me dizendo que estudou em um internato? Só com garotas? — Ela assenti e ele se inclina para trás no assento. Suas sobrancelhas se arqueiam e ele torce os lábios admirado. Então ela realmente não teve contato com garotos. Sim, porque era impossível que uma garota tão bonita não atraísse a atenção de muitos deles. Ele tinha noção da doma de vidro em que ela era criada. Isso não chamou sua atenção na época, mas agora, Rey estava sob sua responsabilidade, o que o levou a considerar o fato.

— Você não tem vontade de conhecer algum garoto? De estudar em um colégio normal? — Sua pergunta a faz considerar. Ela morde os lábios e ele rapidamente evita olhar. Não é bom observá-la quando o faz. É altamente prejudicial para o seu juízo.

— Eu nunca pensei sobre isso. Estava satisfeita no colégio onde eu estudei. Fui feliz em aprender com meus pais, também —

A conversa de repente adota o tom de melancolia. Já não estão mais no campo de interesses. Rey se torna nostálgica e uma tristeza paira no ar. Ben imediatamente dá por encerrado o assunto. Não quer que ela vá se deitar com uma lembrança dolorosa do tempo de vida de seus pais. É uma ferida recente demais para ser tocada. 

 

****


 

Os dois terminam o jantar, falando sobre coisas menos complicadas. Ben fica tão à vontade que quase fala sobre o seu dia no escritório. Por um momento, se esquece que eles estão em anos de diferença. Rey sequer começou a pensar na carreira. Logo que assuntos referente ao trabalho não são os mais corretos a se debater com ela.

Por isso, ele foca em seus futuros pais adotivos. Já que ela iria no dia seguinte a casa deles, Ben decide que deve passar à ela alguns avisos e até mesmo lições sobre como lidar com ambos. Não são difíceis, sempre deram o seu melhor. Mas vez ou outra é bom evitar certos incômodos. Principalmente quando se trata de seu pai e suas longas e desnecessárias histórias. Elas não melhoram o humor de ninguém e Ben sabe disso.

Ele se dá conta de que está ficando bom em distraí-la, em manter uma conversa que não leve os dois a pontos doloridos demais para se falar. Ainda que, vez ou outra, uma lembrança a respeito de Cassian e Jyn seja citada. Eles tem muito o que compartilhar a esse respeito. É cedo, mas o otimismo o permite pensar que um dia supera o outro da melhor forma possível. Ele consegue se manter perto dela naquela noite, sem que as coisas se tornem estranhas ou perigosas. Isso dará certo no final das contas.

 

****


 

Leia chega cedo para buscar Rey. Ben mal teve tempo de tomar seu café da manhã quando sua mãe aparece agitada pela porta, abraçando a garota com um entusiasmo que ele só via nos momentos em que ele se permitia estar mais próximo. Como um homem determinado a cuidar da carreira brilhante que conquistou, Ben foi se tornando menos sentimental ao longo dos anos. Ainda carinhoso com os pais, como todo bom filho deve ser. Só, menos expressivo.

Leia sentia falta do seu pequeno Ben. Das vezes em que ele a olhava, como se ela fosse o ar que ele precisava para viver. Doce,  obediente, apegado. Ele era só um menino, mas o seu menino. Mesmo com todo seu temperamento e gênio difícil, herdados por Han, obviamente. Ele sempre foi um garoto gentil.

Não que seu amor por ela tivesse diminuído ao longo dos anos. Só estava diferente. Menos necessitado. Mais independente. Han se sentia da mesma forma. Todo o fascínio de Ben com suas histórias ou engenharia, já não eram mais os mesmos.

Aquela dura parte onde os pais se dão conta de que os filhos crescem e, que não podem mantê-los embaixo de suas asas, torna tudo mais difícil. Eles levam anos para aceitar que seus pequenos permanecem ali, guardados em algum canto e que por vez ou outra eles surgem. Mesmo que relutantemente. Filhos serão sempre filhos.

Rey havia chegado como um raio de sol iluminando um dia chuvoso na vida da família Solo Organa. Tanto Han, quanto Leia, estavam felizes em ajudá-la, em ver nos olhos da garota o entusiasmo pela maneira que enxergava o estilo de vida de ambos.

As duas partiram para Hamptons empolgadas. Leia muito mais do que Rey. A garota pareceu assustada com todo o agito vindo de sua tutora. E por um momento, Ben, teve pena dela. Ele conhecia sua mãe, sempre que se planejava seja para o que fosse ela criava uma espécie de agenda meticulosa. Com horários e prazos e, isso claramente, estava acontecendo naquele momento. Leia se programou para estar com Rey e pela aparente empolgação, ele logo deduziu que seria um fim de semana cheio e cansativo para ela. Por isso ele a preparou, por isso passou parte da noite anterior, alertando sobre como as coisas se tornam quando se está aos cuidados de seus pais. 

 

****


 

O fim de semana dele não foi diferente. Se Rey encararia uma agenda extensa de atividades com seus pais, ele por sua vez, uma pilha de processos e contratos a serem revisados. Disputas judiciais que foram se acumulando em questão de poucos dias. Ele poderia ter distribuídos os casos para os seus associados. Eles se matariam pela chance de mastigar qualquer um daqueles processos. A alta competitividade na SOS, trazia bons frutos, isso era inegável, porém, preocupante. Não existe ambiente saudável quando se trata de direito.

São leões e lobos lidando uns com os outros diariamente e, felizmente, ele estava no topo, longe da  batalha por território. Ele só precisava se sentar para assistir quem pegaria o melhor pedaço. O fato é que, Ben se orgulhava em fazer aquilo que era designado e de maneira competente, por isso, ele se encarregou dos processos. Ele lidou com todos eles com maestria. Se dando o crédito, quando orgulhosamente, no domingo a noite, estava com apenas dois ou três deles a ser finalizado. Por Deus! Ele mal viu o fim de semana passar. Sua aparência não passava de miséria, depois de horas e mais horas trancado em seu escritório, comendo o que Maz servia por ali mesmo. Ele se viu sentado em frente a um computador com nada mais que sua camiseta de algodão e calça de moletom. Os cabelos estavam uma bagunça, passando longe do descente e habitual visual de trabalho.

Ele precisava descansar, mas estava concentrado demais, focado demais para desistir de adiantar os poucos processos que restavam. Ele olhou em direção ao relógio em seu pulso. 19:30hrs. Poderia aproveitar um pouco mais. O fato de ter se enfiado no trabalho o tirou um pouco dos pensamentos em Rey. Ele não pode evitar pensar o que ela teria feito no fim de semana e de que sua ausência na casa era estranha. Foi seu primeiro fim de semana sem a presença dela e, por mais que ele não quisesse admitir, foi desconfortável. Havia se passado poucos dias desde que ela se tornou sua companhia na cobertura.

Os dois se encontravam brevemente no café da manhã ou na hora do jantar, quando ele não chegava tarde o bastante para ela já estar dormindo. Ainda, assim. O silêncio com o qual estava acostumado, passou a não ser mais tão bem vindo.

Ele pisca focando na tela de seu Mac Pro. Quando escuta a porta do escritório se abrir. Seus olhos dispararam até lá e ele a vê. Rey coloca a cabeça para dentro do cômodo e em seguida desliza pela porta. Quando foi que ela chegou? Ele nem se deu conta. Seus olhos a observam enquanto caminha até ele.

Esta vestida com uma camisola que ele não reconhece a princípio, não nas compras que Mitaka havia feito. Muito menos como algo que ele tivesse por ali. Definitivamente não. Era nova e mal escondia a pele por baixo do tecido branco, quase transparente.

A barra chega na altura da coxa e as alças finas seguravam o decote no tecido de algodão em torno dos seios pequenos. Ele amaldiçoa o fato da peça cair tão bem nela. As partes expostas da camisola mostram uma pele um pouco mais corada que antes. Ela estava... bronzeada? Ben aperta os dentes contra a carne de sua bochecha, quando ela caminha um pouco mais perto. Agora ele pode ver muito bem a diferença no tom da pele, que antes era pálida e alva. Evitando que sua visão o traia ele desvia o olhar, fingindo estupidamente prestar atenção nos processos sobre a mesa, com um falso interesse.

— Quando foi que você chegou? — Rey olha para os papéis na mesa, em seguida para a tela do Mac até encontrar os olhos dele.

— Já tem um tempo. Resolvi passar e ver como você estava. Fiquei com medo de te atrapalhar — 

Ben leva uma das mãos até o rosto e aperta o topo do nariz entre as vistas. Seus olhos se fecham e ele inspira o ar de maneira cansada.

— Não atrapalhou. Na verdade, eu perdi a noção do tempo. Você se divertiu? — Ele pergunta com uma curiosidade genuína. A julgar pelo semblante alegre e ainda mais jovial, ele pode afirmar que sim. Definitivamente seus pais são bons em entreter-lá, ele tem que dar o braço a torcer.

— Muito! Seus pais são incríveis, Ben. Eu não pensei que fosse voltar a me sentir tão bem como estou me sentindo. — Ele sorri com a alegação dela. Um pouco satisfeito, não totalmente. Ele não a viu tão feliz assim nos dias em que esteve com ele. Não que isso devesse incomodá-lo. Mas o fato é, que incomoda. Ele não foi o que se pode dizer de companhia do ano. Ainda assim, esperava que ela ficasse a vontade o suficiente como se sentia com seus pais. Ele não sabe se Rey está lendo sua feição ou pensamentos mas a garota de repente faz uma declaração que o tira do eixo.

— Mas mesmo tendo sido tão divertido, eu senti sua falta. —

Ben se contorce um pouco. Está satisfeito, muito satisfeito, com o que escuta. Ela se inclina um pouco na direção da mesa e examina os papéis dos processos, enquanto ele a examina, tentado a dizer o mesmo.

— O que está fazendo? — É visível que ela pergunta de forma inocente, sem se dar conta de que o atingiu com o que disse antes. Ele tenta ser o mais casual possível.

— São alguns processos que eu preciso finalizar. Estava estudando eles. — Rey observa um pouco mais, parece curiosa quase que fascinada.

— Posso ler? — Ela olha para ele e Ben não vê porque negar. Não tem nada de fascinante. É só trabalho, mas ele permite.

— Claro —

Ben afasta um pouco sua cadeira, dando espaço para que ela fique entre ele e a mesa. Ele espera que ela dê atenção ao que está ali.  Mas ela não o faz. Ao invés disso, Rey se senta sobre suas pernas, a posição em que está a faz ficar de lado, virada para ele. Ben engole o ar e fixa os olhos nos dela. Automaticamente seu rosto se afasta quando ela se aproxima um pouco mais dele. Seu cérebro não está funcionando bem, ele sabe que não. O cheiro delicioso que ela exala, o deixa tonto. É o mesmo que ele sentiu na rede. Porra! Ela cheira a pureza, a uma presa indefesa e, ele é o lobo, faminto e pronto para devorá-la.

Sim, ele quer devorá-la. O ar frio e condicionado do ambiente se foi. Rey não o alcança, ela não parece notar o efeito que causa. Porque seus braços delgados o contornam no pescoço e ela o abraça, o aperta contra ela ronronando cheia de satisfação. É íntimo e esmagador demais.

Ben fica bons segundos com suas mãos paradas no ar. Tentando não se render a uma ameaça crescente. Os dedos se fecham formando um punho cerrado. A garota se remexe, se ajeita e se acomoda, como a coisa mais natural do mundo a se fazer. Até que...

Rey o beija. Não na boca, seus lábios macios e delicados se encostam na bochecha dele e Ben enrijece. Não há tempo para protestos ou interrupções. Ela simplesmente se vira depois de beijá-lo e, se ocupa com o processo. Ficando inclinada e debruçada com os dois antebraços sobre o tampo de madeira da mesa, enquanto move as pernas. A posição não passa despercebida por ele. Tudo só piora, para o seu desespero.

Ela arrasta a cadeira com seus pés deixando a bunda sobre a virilha dele e, isso o faz reprimir um rosnado. Seu corpo reage. Como pode não reagir?

A posição dela faz com que Ben se incline para trás e olhe para baixo percebendo que é tarde para evitar a crescente ereção que se forma em sua calça. Todo seu sangue se acumula ali. Todo seu controle evaporou. E nem mesmo o pavor que sente é capaz de reprimir o tesão que se instala dentro dele. Sim, ele está com tesão por vê-la na maldita camisola e mais que isso, por tê-la em seu colo, sentada sobre seu pau carente de atenção.

Merda, merda, merda.

Rey balança as pernas, movendo a ponta dos pés no chão. Ela leva o dedo indicador até a pasta do processo aberta e, vai dedilhando as letras, lendo o conteúdo. Embora esteja inclinada para frente, isso não torna as coisas mais fáceis para Ben. Ele está hiperventilando atrás dela. Sua ereção está pulsando com urgência e, isso o faz reprimir um gemido de frustração.

Ben está perdido. Fodidamente perdido. No inferno, para ser mais claro. Não bastou os pensamentos lascivos, ele agora está literalmente enrijecido e pressionado contra a bunda grande, macia e empinada que ela tem.  Ele leva uma das mãos até a boca, e a passa de maneira nervosa nos lábios, enquanto estuda uma forma de tocá-la, de afastá-la dele.

Seus nervos estão em frangalhos, seu juízo já não pode mais colaborar e para piorar a situação, ele se dá conta de que está se apertando contra o traseiro dela. O movimento sutil o permite senti-la um pouco mais. Ben encosta a ponta dos dedos no quadril e a garota congela.

Ele está quase grunhindo, com a garganta seca e, por ironia, algumas gotas de suor se formam em suas têmporas. Seus dedos estão quentes, toda a porra do escritório está insuportavelmente quente. E a batalha entre seu juízo e seu desejo incontrolável de esfregar sua ereção naquela bunda deliciosa o deixa zonzo. Rey não está mais alheia às reações dele. Ele percebe isso quando ela para de ler e o olha com o canto dos olhos.

— B-Ben... está tudo bem? —

— Sim — Ele mente descaradamente. A voz quase não sai. Ele evita falar qualquer outra palavra. Não pode. Se o fizer alguma porra de confissão sairá, arruinando ainda mais as coisas. Ele precisa resistir. Ben aperta os lábios, formando uma linha fina e, percebe que ela está nervosa. Será que notou que o deixou de pau duro? Inferno! Como não iria? Sua bunda está bem em cima de sua ereção, um pouco mais de movimento e ele é capaz de partir-lá no meio com tudo o que tem. Ele pulsa novamente com o calor emanando da calça e, então resolve descontar onde pode, mordendo o lábio inferior com tanta força que faz seu maxilar travar.

Rey se move um pouco mais, um movimento sutil de vai e vem, ainda assim, intenso o bastante para deixá-lo dolorido. É frustrante ter que se reprimir, ele nunca precisou. Mas também, nunca ficou excitado por uma garota bem mais nova que ele. Ben não está em posição de aguentar mais nada. Ele vai dar um basta a tirando de seu colo, quando ela se levanta apressada e dá a volta na mesa.

— Eu vou... vou me deitar. Boa noite, Ben — Ele mal tem tempo para se desculpar e ela sai as pressas do escritório o deixando para trás, atordoado.

Merda! Ela claramente o sentiu.

Ben encosta sua testa na mesa e aperta a mão em seu pau negligenciado. Ele merece estar dolorido, ele merecia punição muito pior. Desejar Rey era a coisa mais errada que ele podia fazer na vida e, no entanto, seu corpo queria fazê-lo queimar, queimar dentro dela.

 


Notas Finais


Será mesmo que Rey percebeu? Se sim, o que Ben fará agora? As coisas estão se tornando cada vez mais dificeis para ele. Estamos amando o incentivo de vocês, essa é a melhor parte no final das contas. Muito obrigada amores!


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