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História Take Me If You Want Me - Veneza, Parte II


Escrita por: cherrylispector

Notas do Autor


espero que gostem ♡

Capítulo 29 - Veneza, Parte II


As sombras do passado, sempre perseguem o futuro, é impossível fugir. Afinal, são as vivências que formam uma pessoa. Os erros dos meus pais, e consequentemente um erro meu, ainda respingavam em meu presente como se nada daquilo tivesse deixado de existir. E agora, tudo voltava mais uma vez, avisando que era quase impossível que eu fosse feliz em meio a tudo que eu havia nascido.

Quase.

- Raquel, eu vou ser preso. - Respondi aquilo após alguns segundos depois de ler a manchete, e Raquel negou com a cabeça, posicionando as duas mãos em meus ombros.

- Não, Sérgio. Não vai. - Ela negou com a cabeça mais uma vez.

- Como você sabe? - Indaguei aquilo totalmente atordoado.

- Não tenho certeza, mas vamos seguir um raciocínio lógico aqui, se fossem para te colocar na prisão com as informações que eles possuem, você teria sido pego no aeroporto de Madri. Essa história não apareceu agora, tem uns dias. - Eu assenti, ela realmente possuía razão. - A investigação da Polícia é lenta, e esse caso está arquivado há anos. Só me preocupa uma coisa, a máfia italiana...

- Não precisa se preocupar mais com isso. Elisa era a única descendente da antiga máfia, que acabou há muitos anos, pouco depois que ela nasceu. Eu descobri isso depois de Verona, a vingança dela era pessoal, ela não possuía nenhum apoio exterior. - Ela respirou em alívio e depois sorriu. - Se ela tivesse mesmo apoio da atual máfia da Itália, não estaríamos vivos para contar história, pois eles teriam estourado as nossas cabeças com tiros. Eles não brincam em serviço e não dão chance de sobrevivência. - Disse e ela arregalou os olhos. - Essas foram as exatas palavras de Marselha.

- Quem é Marselha?

- Um amigo. Era fiel aos ideais do meu pai e me ajudou a fugir na primeira vez que eu precisei. Então, qualquer problema eu posso falar com ele, sem nenhum medo. Confio nele cegamente.

- É tipo... contato de criminoso?

- É... - Assenti e ela comprimiu os lábios.

 - Bom, eu te mostrei isso para que você fique atento, mas eles estão procurando por Salvador Martín e o seu nome é Sérgio Marquina, agora. Eles possuem pouquíssimas informações e as suas características são o que supõem por causa das características físicas dos seus pais. E o que mais temos na Europa são homens brancos de cabelo preto e um metro e oitenta, eles não possuem praticamente nada que te incrimine.

- Mas Raquel e se a polícia... A polícia é a minha única preocupação.

- Entrar em pânico é pior. - Disse séria e eu assenti.

- Acho que devo voltar para a Espanha. - Neguei com a cabeça.

- Não, Sérgio. Voltar para a Espanha do nada, é o que traria suspeitas por cima de você. Qual seria a desculpa que você iria dar? E é como eu disse antes, ninguém tem suspeitas sobre você, na verdade é sobre um fantasma. Salvador Martín é um fantasma, Salvador Martín nem mesmo existe. - Segurou as minhas duas mãos. - Amor, como irão achar um homem que não existe? - Ela pronunciou o “amor", e fechou a boca no mesmo segundo, aquilo foi com toda certeza uma atitude sem pensar, mas que soou totalmente natural. Eu não havia deixado de ser o seu “amor”.

- Amor? - Perguntei e só assim ela reparou no que havia dito.

- Quis te confortar. - Respondeu dando de ombros e eu quase sorri de sua tentativa falha de tentar argumentar sobre o que não possuía argumentos. - Olha... Eles possuem noção que você está vivo, sim. Mas é apenas isso. Pode ser qualquer homem no mundo, Sérgio. Qualquer um... Eles não têm ideia da sua localização, você pode muito bem estar na França, como pode estar no Chile, no Brasil, na Inglaterra...

- Acha mesmo? - Perguntei e ela assentiu.

- É como te disse, vim te alertar. Mas não acho que a polícia vá te achar e você pode ficar tranquilo em relação a isso. - Sorriu. - Se acalma. Estamos na Itália, em Veneza. Criminosos geralmente não vêm para Veneza se esconder em viagens acadêmicas.

- Você ainda se preocupa comigo. - Disse e ela mordeu o lábio, distanciando um pouco o olhar do meu.

- Por que eu não me preocuparia? - Sorriu de lado. - Não quero você preso ou morto pela máfia italiana ou qualquer coisa parecida. - Ela desligou o celular e me olhou profundamente. - Eu olhei em muitos sites e são as únicas informações que eles têm e você tem uma carta muito boa ao seu lado, pois ninguém sabe que os Dalís tiveram uma filha e a polícia pensa que você é filho único. - Eu assenti, seguindo o raciocínio dela e suspirei um pouco mais aliviado. Ela continuou massageando o meu ombro e só percebeu o que estava fazendo quando desci o olhar para o seu gesto. - Acho que fiz tudo o que tinha para fazer aqui. - Colocou os cabelos para trás e eu reparei na roupa que ela usava, um vestido florido solto em seu corpo, ao mesmo tempo demarcando as suas curvas. Seus cabelos estavam úmidos como se ela houvesse acabado de sair do banho, e se eu bem a conhecia, com toda a certeza ela não estaria usando nada por baixo daquele vestido pois eu conseguia a ver completamente desenhada no tecido.

Ela levantou da cama e ia sair, mas eu segurei o seu braço.

- Me ajuda a me distrair? Como me distraiu... quando tive aquele ataque de pânico? - Perguntei e ela levantou uma sobrancelha com certa confusão. -Vamos, não sei... fazer algo juntos? - Ela pareceu pensar um pouco.

- Tudo bem. Vai vestir uma roupa... E descemos para o bar do hotel. - Ela pediu enquanto me olhava e eu percebi que ainda estava de toalha. - Está tirando a minha concentração. - Sorriu e eu assenti com veemência levantando com certa rapidez e deixando a maldita toalha cair no chão, me deixando completamente nu na frente dela.

As coisas sempre podem piorar.

Ela desceu o olhar por meu corpo, concentrando-se por alguns segundos no meio das minhas pernas sem pudor nenhum. Ela engoliu em seco, mas não era por vergonha.

- De-desculpa... - Respondi, virando o meu corpo e pegando a toalha do chão para ir procurar alguma roupa. Eu nem mesmo havia percebido que ainda estava daquela maneira na frente dela.

- Sem problemas. Já te vi nu muitas vezes... - Deu de ombros e sentou na cama, mexendo no delicado colar que usava no pescoço e me esperando vestir roupas. Vesti a calça e a camisa e ela me disse que estava suficiente. - Não precisa vestir um terno, só iremos até lá embaixo dar uma volta e respirar um ar diferente. - Revirou os olhos e mexeu na minha camisa cinza, abrindo alguns botões no começo. Limpei a garganta um pouco nervoso pelo contato repentino e ela retirou as mãos. - Estou te incomodando? - Perguntou e eu neguei.

- Não... eu só, fiquei um pouco desacostumado. Já faz tempo que não temos esse tipo de atitude assim tão natural e cotidiana. - Ela respirou fundo e assentiu.

- Vamos descer lá para baixo? - Perguntou e eu assenti, me direcionando a porta. Ela veio comigo e nós andamos pelo hotel, observando a decoração em um estilo vitoriano. Entramos no elevador e por mais incrível que pudesse ser, estávamos sozinhos.

- Eu não trouxe bolsa. - Disse de repente e eu sorri.

- Tudo bem, eu pago os nossos gastos. - Ela deu de ombros e depois me olhou séria.

- Eu gosto de dividir as contas. - Eu revirei os olhos rapidamente, Raquel era inacreditável.

- Eu sei, mas hoje eu te convidei para sair, então eu pago. Como amigos...

- Se é assim então está bom... - O elevador se abriu e nós saímos, um ao lado do outro, mas sem encostar nossas mãos.

- Você já jantou? - Perguntei e ela negou.

- Não, ia pedir serviço de quarto.

- Eu também não jantei, então podemos ir para o restaurante daqui. - Disse e ela assentiu.

- Ia me pagar um uísque e agora jantar...

- Por que está tão preocupada com isso? É por sua causa que eu ainda tenho emprego... - Brinquei e ela me olhou sorrindo. Fui empurrar os meus óculos para trás, mas eles não estavam lá.

- Esqueci os meus óculos. - Disse e ela me olhou preocupada.

- Quer ir buscar?

- Acho que dá para sobreviver. - Ela assentiu e nós fomos até o restaurante, ainda havia mesas e conseguimos uma perto da janela em um local até privativo. Sentamos em lugares em que ficávamos frente a frente e pedimos um prato típico de Veneza.

Raquel levou o olhar para o lado de fora e havia algumas pessoas na parte da frente do hotel, pais com filhos, casais jovens e ela suspirou por algum motivo desconhecido.

- Poderíamos passear de gôndola, amanhã, não acha? - Cruzou as pernas e levou uma garfada de comida para a boca, mastigando graciosamente.

- Sim, acho uma ótima ideia. - Respondi e ela assentiu, o assunto entre nós dois parecia querer morrer a qualquer segundo.

- Você assinou o contrato para professor titular? - Perguntou e eu assenti. Ela ajeitou o decote entre os seios e descruzou as pernas, parecendo relaxar um pouco mais. - Veneza também possui uma culinária incrível. - Sorriu, enquanto mexia na comida.

- Mais uma para você adicionar para a sua lista. - Comentei e ela sorriu.

- Sim, sim... - Concordou e bebeu um pouco de vinho. - Mas eu já tinha adicionado a Itália inteira, mesmo só conhecendo duas cidades daqui. - Comentou e eu assenti concordando.

- Sim. - Confirmei e ela sorriu de lado.

- Em que cidade você nasceu? Nunca me contou isso.

- Nasci em Siena. - Respondi e ela abriu a boca um pouco surpresa.

- Deus... é uma das cidades mais lindas da Itália. A construção medieval é perfeita... um dia pretendo visitá-la... - Sorriu para mim.

- Sim, é uma cidade muito linda. Vivi muitos anos lá.

- Depois se mudou para Verona? - Perguntou interessada e eu assenti. - Você não está tocando na comida e isso está me incomodando um pouco. - Comentou olhando para o meu prato.

- Raquel, eu acho que estou com medo e faz tempo que eu não sentia isso. - Ela abriu a boca um pouco surpresa e segurou a minha mão por cima da mesa fortemente.

- Sérgio... eu... não posso te dizer para não ter medo, porque você é procurado pela Interpol. - Riu nervosamente. - E com todo o seu histórico, e tudo o que aconteceu nos últimos meses... - Ela respirou profundamente. - É muito difícil saber o que dizer. Porém, é como eu te disse em Lisboa e o meu pensamento não mudou, mesmo que as coisas entre nós tenham mudado e depois voltado ao nosso quase normal e nos perdemos nessa oscilação eterna. - Sorriu. - E mesmo que não estamos mais juntos, eu estou com você. Estou contigo. Independente de tudo, e acho que essa é a única coisa que você necessita escutar agora, que não está sozinho nisso tudo. Sei que eu sou uma das poucas pessoas que conhecem a sua verdadeira identidade... e apesar de ter me comportado como uma megera...

- Eu mereci que você se comportasse como uma megera...

- Okay. - Ela sorriu. - Mas independente disso, eu estarei aqui, se você precisar de alguém... sei lá, para te ajudar a fugir, comprar uma passagem, eu até tenho uma casa de praia em San Sebastian, se você quiser fugir para lá durante o tempo... - Brincou e eu sorri.

- Obrigada, Raquel. Eu...

- Não fica se preocupando com isso. E sabe que pode conversar comigo sobre qualquer coisa, não sou a terapeuta, mas, estou aqui... e sou toda a ouvidos, sempre estive aqui. - Sorri. - Você é um professor universitário respeitado, Sérgio. Não é fácil te acusar assim... A polícia não vai entrar pela porta e te prender agora. - Direcionei o meu olhar para a entrada do restaurante e ela riu, me fazendo rir também. - Sérgio... - Negou com a cabeça enquanto ainda ria. - É melhor aproveitarmos os nossos dias em Veneza, pois daqui a pouco eles acabam. - Deu de ombros. - Eu pretendo tirar muitas fotos daqui, amanhã. - Sorriu maravilhada e eu me concentrei em olhar para ela por alguns segundos.

A faca que eu usava caiu no chão e eu me abaixei um pouco para pegar, consequentemente olhando para baixo da mesa, Raquel estava com as pernas entreabertas e era possível ver que ela não usava nada por baixo do vestido assim como eu imaginava, era possível ver a parte da frente de seu sexo claramente e aquilo fez a minha boca salivar um pouco.

Eu era um pouco pervertido por Raquel, eu jamais havia sentido aquilo com mulher nenhuma. Voltei a levantar o meu corpo, e ela estava comendo normalmente. Mas estranhou um pouco a minha expressão.

- Algum problema?

- Eu me abaixei um pouco e percebi que você não está usando roupa íntima. - Ela quase cuspiu o vinho de volta na taça e começou rir.

- Ah, isso? Por isso você está vermelho... - Zombou de meu constrangimento.

- Por favor... - A olhei com repreensão.

- Mas você já viu tantas vezes... - Deu de ombros. - Não é como se fosse novidade. - Sorriu e voltou a comer como se nada houvesse acontecido. - Se quiser eu subo para colocar uma roupa, se é isso que está te incomodando. - Me olhou e eu dei de ombros.

- Não, está bom assim.

- Ah, está bom assim?

- Não foi o que eu quis dizer.

- Eu entendi. Só quis brincar um pouco. - Mordeu o lábio, talvez pensando em qual seria a próxima coisa que diria.

Estava tocando “Days Gone By" de Van Morrison no restaurante e era interessante que ela não houvesse comentado absolutamente nada sobre aquilo.

- Está tocando aquele cantor que você adora... - Ela assentiu.

- Estava tentando ignorar.

- Por quê?

- Porque infelizmente, qualquer música dele me lembra você e quando estávamos separados, eu aprendi a controlar isso.

- Como assim?

- Eu passei uns dois meses sem pronunciar a palavra “Itália”. Parei de escutar “Salvatore” da Lana Del Rey quando vi que estava no limite, evitava passar na frente da sua sala e consegui me transferir para um corredor de letras abaixo do qual você dava aula para que eu não tivesse que tombar com você... e muitas outras atitudes que evitavam que o meu pensamento se concentrasse em você. - Sorriu sem alegria e sem olhar para mim. Eu abaixei um pouco o olhar, pensando em quanto eu havia a machucado e a feito sofrer por algo que nós poderíamos ter resolvido juntos. Uma agonia se formou em meu peito.

- Me perdoa. - Eu pedi de uma vez, sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos. - Me perdoa. - Repeti.

- Eu já te perdoei. - Ela sorriu de lado e engoliu em seco. - Sérgio, eu já perdoei. Eu... tenho tentado compreender o seu lado e eu sei que não deve ter sido fácil para você ter feito o que fez e ter dito tudo o que você me disse. Eu só precisava de um pouco de tempo para digerir tudo.

- Não queime tudo o que vivemos por conta daquele momento. -Raquel pareceu mexida com aquilo, mas apenas assentiu e nós continuamos o jantar em conversas cotidianas. Falamos sobre as aulas, sobre a Universidade, flertamos um pouco e ela conseguiu me convencer a comer algo do prato a minha frente.

Voltamos para o quarto entre alguns sorrisos e parecia estar no começo de tudo, quando cada detalhe era leve, e cada conversa era fácil.

- Eu só vim pegar o meu celular. - Comentou assim que entramos no quarto e eu assenti, mas quando ela ia sair, pousei uma de minhas mãos em sua cintura.

- Assiste um filme comigo, não vou te pedir nada além disso. Só me faz um pouco de companhia... afinal, são oito e meia da noite e não temos muita coisa para fazer aqui em Veneza.

- Pode ser Dirty Dancing? Pretty Woman? - Perguntou e eu assenti. - Ou Pulp Fiction?

- Qualquer um que você quiser. - Ela pareceu repensar um pouco e assentiu.

- Mas só assistir filme.

- Obviamente que sim. - Respondi e ela sorriu de lado.

- Você sabe o que essa sequência está parecendo, não é? Conversas emocionais, jantar regado a vinho, filmes e então sexo.

- Raquel... - Eu massageei minhas têmporas. - Olha para mim. Me escuta. Eu só quero assistir filme com você, gosto da sua companhia. - Sentei no tapete do quarto e ela me olhou por alguns segundos.

- Está sentando no chão? - Perguntou surpresa e eu assenti.

- Eu sei que você gosta de assistir filme no chão. Diz que te dá uma sensação de irrealidade.

- Se lembra disso?

- Lembro de cada detalhe. - Raquel assentiu e eu liguei a televisão. Estava passando Madeline em algum canal.

- Hummm, Gosta de Madeline? - Perguntei com certa zombaria e ela me olhou.

- Sabe os nomes de desenho animado? - Indagou aquilo com um sorriso enorme e eu sentia a minha aluna de doutorado sem pudores voltando aos pouquinhos.

- Sara... - Eu sorri e ela riu. - Ela adora esse. Também gosta de Penelope Charmosa, Meninas Super Poderosas... - Ela assentiu enquanto sorria, pronta para fazer alguma piada.

- Muito titio de menina. - Zombou e eu revirei os olhos, selecionando um serviço de streaming. Ela mudou de posição se esticando um pouco para alcançar alguns travesseiros e os colocar no chão para deitarmos em cima. Selecionamos “Pulp Fiction” para assistir e ela encostou-se totalmente no travesseiro atrás dela.

- Já assistimos esse filme um milhão de vezes... - Eu comentei sorrindo e ela me olhou.

- Você disse o que eu quisesse. - Respondeu e eu assenti. - E eu gosto muito desse. E eu sei que você também adora os filmes do Tarantino... - Comentou e eu não pude negar o seu comentário. O filme começou a ser exibido e conseguimos manter um bom de tempo de foco apenas na tela.

A cena de dança no filme começou a ser exibida na tela, e ela riu da forma desajeitada dos personagens como se fosse a primeira vez. Ela realmente era apaixonada por aquele filme e eu era realmente apaixonado por seus sorrisos. - Você dança exatamente assim. - Ela comentou apontando para os movimentos do ator e eu a olhei com tédio. - Hum, levanta. - Ela me pediu e eu estranhei o seu pedido. Mas levantei junto com ela. - Dança comigo? - Perguntou, me puxando pelas mãos e eu sorri. - I wanna dance, I wanna win, I want that trophy, so dance good. - Ela repetiu a frase da personagem e eu sorri ainda mais.

- Raquel... - Eu neguei com a cabeça, mas ela parecia irredutível. Então começou a dançar na minha frente exatamente como os personagens faziam na televisão e eu comecei a acompanhar aos poucos, o ritmo da música era até contagiante. Não tínhamos ritmo certo e nem sincronia, mas estava sendo divertido e aquilo apenas me fazia perceber o quanto eu amava Raquel e que as coisas entre nós sempre seriam daquela forma. Ela não deixava a vida ser chata e acalmava cada parte da minha alma, e conseguia manter em paz por pelo menos alguns minutos, a minha mente agitada e preocupada com problemas exteriores.

Ela colocou as duas mãos na cintura e moveu os quadris, se aproximando de mim, e eu me aproximei também como se houvesse um imã entre nós dois. Substituí as suas mãos com as minhas em seus quadris e ela continuou se movendo da mesma forma. Porém se separou alguns segundos depois, dançando na minha frente, de costas para mim e eu acabei parando em intenção de apenas observá-la. Raquel esticou os dois braços para cima e olhou-me de soslaio, mexendo totalmente os quadris em um ritmo síncrono.

Depois de alguns minutos e que a música cessou, sentamos no chão rindo e cansados.  

- Espera... - Ela alcançou o celular e conectou com a televisão, abrindo o ícone verde do Spotify. - Vou colocar o nosso hino para tocar. - Disse enquanto gargalhava e logo o instrumental de “When I Kissed The Teacher” de Abba começou a tocar. Eu neguei com a cabeça e ela voltou a levantar do chão, me puxando pelas mãos para que eu levantasse também. Começamos a dançar, dessa vez com as mãos juntas e ríamos ainda mais. No meio da música, a puxei para mim, encostando seu corpo um pouco mais no meu e ela se surpreendeu um pouco, mas não recuou, pelo contrário.

- Eu estava com saudades de fazer essas coisas com você... - Eu confessei em meio a música que não parava de tocar e ela mordeu o lábio, de forma nervosa, não havia provocação.

- Dançar? - Ela perguntou sutilmente.

- Sim, dançar. Assistir filmes, rir... - Dei de ombros e sorri um pouco. - Você é a única pessoa que me faz dançar. - Segurei uma de suas mãos e com a outra mão, segurei a sua cintura. Comecei a guiá-la e ela riu um pouco surpresa.

- Você sabe dançar, agora?

- Um pouco, tive uma boa professora. - A girei em meus braços e ela riu por causa do movimento. - Tive uma ótima professora. Ela me ensinou a dançar, a demonstrar sentimentos, a gostar de filmes de romance, a achar o ponto G... - Ela riu na última frase. - Ela me ensinou a amar. - A girei de volta para mim. - O certo era que eu te ensinasse, já que eu era o seu professor, mas foi o contrário que aconteceu aqui. Eu não sou o mesmo homem que era há um ano atrás e isso é graças a você. Eu sou outra pessoa desde que te conheci. - Desci as minhas mãos para os seus quadris. - Não estou te dizendo isso para que volte comigo, apenas estou demonstrando o que eu sinto, estou sendo verdadeiro com você. O que você sempre quis... - A soltei e ela parecia um pouco atordoada, nos aproximamos por alguns segundos e podíamos sentir a respiração um do outro e eu pensei que ela fosse me beijar, mas ela desviou o olhar e consequentemente o rosto, apertando as mãos uma na outra de forma até nervosa. Então, voltei a me sentar no chão e ela apenas ficou parada na minha frente. Me encarando com uma profundidade enorme.

Outra música começou e agora já era um ritmo lento e sensual que eu não conhecia. Ela continuou em pé, dando alguns passos para a frente e abriu as pernas as colocando ao lado de meu corpo. Deslizei as minhas mãos de seus tornozelos até as suas coxas, puxando-a para mais perto e levantando a barra do vestido e como eu já havia atestado, ela não usava nada por baixo.

- Sinto falta de olhar as lingeries que você usava por baixo de suas saias. - Disse um pouco envergonhado e ela ergueu uma das sobrancelhas, até se surpreendendo um pouco com a minha fala.

- A sua médica não usa lingerie, não? - Provocou e eu subi o olhar para cima, para vê-la. - A doutora Rebecca Muller... - Debochou.

- Me importo muito pouco com as lingeries da Rebecca. - Passei o dedo indicador pela parte de trás de uma de suas coxas.

- Mas tentou dormir com ela...

- Na verdade... ela que tentou, mas eu não me animei. Disse aquilo no avião para ver a sua reação. Eu nunca possuí vontade de dormir com ela.

- Não? - Ela perguntou e eu a percebi se arrepiar com a forma que eu passava os dedos em sua pele. - Só queria me ver com ciúmes... - Revirou os olhos.

- Sim, Raquel, não senti vontade de dormir com ela, por todos aqueles motivos que eu te disse e porque ela não é você. Acho que só você me desperta certos sentimentos... - Assumi com certa relutância, já que ela dormia com o Fabio depois que nos separamos. E isso doía em meu orgulho, já que ela conseguia se envolver com outras pessoas, muito diferente de mim.

- Só dormi com o Fabio duas vezes durante esse tempo todo e as duas foram ruins. - Ela assumiu de uma só vez como se pudesse ler as interrogações em meus pensamentos e eu até me surpreendi um pouco. - Dormi com a Giordana também, e foi um pouco melhor. Mas não há comparação em como é com você. Não tem comparação as coisas que eu sinto só de olhar para você, a vontade que eu tenho de me entregar a você sem nem pensar duas vezes. - Mordeu o lábio inferior, sendo verdadeira, assumindo tudo o que sentia. - Eu tentei várias vezes encontrar o que tínhamos em outras pessoas, mas depois de você parece que todo jantar é sem graça, todo abraço é sem graça, todo filme é sem graça, toda dança é sem graça, todo beijo é sem graça, todo o sexo é sem graça. O que mais me machucava quando estávamos separados era isso. Eu não conseguia fazer nada inteiramente com outras pessoas por mais que eu tentasse me entregar... Eu nunca tive um orgasmo com o Fabio, porque eu sentia como se estivesse te traindo, sendo que você havia sido bem claro em suas palavras que não me queria mais.

- Isso foi bastante informação. - Respondi e ela deu de ombros.

- Joder, é o que eu sinto. É o que eu senti em todos esses meses e eu estou feliz que você saiba. Eu precisava que você soubesse. Ás vezes eu pensava que estava com outra pessoa para te machucar, mas não, eu só queria te encontrar em outras pessoas. - Levantou um pouco o rosto, evitando me encarar, e eu sabia que os olhos dela estavam completamente cheio de lágrimas. - Eu saía com a Giordana porque ela era italiana e sabia cozinhar comida italiana e falava italiano e por um tempo, ela me consertou um pouquinho, mas não era você. Depois, eu saí com o Fabio porque ele era professor também, mas era o contrário de você e eu imaginava que quem sabe assim eu te esquecia... porque...

- Raquel... - Eu levantei do chão e segurei o seu rosto entre minhas mãos. Ela já estava chorando copiosamente e eu limpei as suas lágrimas com os polegares, a puxando para me abraçar. Ela apertou a minha cintura, se encaixando completamente em meu braço.

Eu vi ali, uma mulher completamente machucada e eu nunca imaginei que os meus atos fariam aquilo com ela. Na tentativa de protegê-la, eu a quebrei em pedaços.

- Viver contigo é um milhão de inseguranças. Mas, aqui, entre os seus braços, é o único lugar que eu me sinto segura, Sérgio. É o único lugar que eu me sinto amada. - Sussurrou contra meu peito, suas lágrimas se espalhando pelo tecido de minha camisa.

Após se acalmar um pouco, ela levantou o olhar e separou os nossos corpos.

- Se quiser, eu... - Comecei a frase, mas realmente não sabia como terminar aquela sentença. - Eu não sei o que fazer.

- Faz amor comigo...? Quer dizer me leva para a cama, transa comigo, com amor... entende? - Ela perguntou como uma adolescente e eu assenti.

- Tem certeza? - Pedi a sua confirmação e ela assentiu.

- Tenho. - Voltou a se aproximar de mim. Tínhamos transado naquela mesma semana, mas ali era uma junção de sentimentos totalmente diferente.

A encarei e ela mexeu na barra do vestido, em seguida, o retirou por cima da cabeça e o jogou no chão do quarto, estando completamente nua na minha frente. Ela veio até mim e me beijou na boca, com toda a saudade que havíamos acumulado.

Subi as mãos para os botões da camisa e ela fez o mesmo, tornando aquilo um pouco desesperado.

- Calma... - Eu pedi e ela sorriu. Abri os botões da minha camisa e a retirei por meu corpo, e a joguei no chão assim como ela havia feito com o seu vestido. Raquel passou os dedos por meu peito, por meu abdômen, até a tatuagem em meu quadril. Então, de forma devagar ela começou a abrir o meu cinto e eu a ajudei, retirando a calça e a boxer por completo.

Raquel era a única pessoa que me deixava nu na frente dela e eu não me constrangia por nada. Pois eu possuía a sensação de que ela amava cada parte minha, assim como eu amava cada parte dela.

- Me beija... - Ela disse após alguns segundos e eu segurei os seus quadris, beijando a sua clavícula, subindo para o pescoço, distribuindo beijos lentos e tímidos ali, até que eu alcançasse a sua bochecha. Voltei para a mandíbula e ela passou os dedos delicadamente por meus braços.

Já respirávamos de forma ofegante e ela começou a beijar o meu pescoço, piorando ainda mais o meu estado de respiração. Quando ela voltou a subir o rosto, a beijei na boca, entreabrindo os lábios para encontrar a minha língua com a sua.  Segurei os seus quadris e empurrei o seu corpo para trás com o meu de forma devagar e quando chegamos na beirada da cama, paramos de nos beijar.

Raquel sentou sobre o colchão, e impulsionou o corpo para trás, bagunçando os lençóis e indo para a parte superior da cama.

- Vem aqui... - Ela pediu de forma calma e eu fui até ela, pousando o meu corpo sobre o dela, mas apoiando os meus cotovelos no colchão. Ela abriu um pouco as pernas, para me ter entre elas e voltou a me beijar nos lábios, enquanto deslizava as mãos por minhas costas. - Eu estava com saudade de estar assim com você. - Sussurrou perto de meu ouvido, enquanto eu concentrava meus beijos em um de seus ombros. Eu levantei o rosto e ela acariciou os meus cabelos, me beijando nos lábios mais uma vez, puxando o meu lábio inferior entre os dela, colando o meu corpo totalmente no seu. - Nunca vai se comparar com ninguém. Nunca vai ser igual, com ninguém. - Roçou os dedos por meu rosto e eu voltei a beijar o seu pescoço, descendo para o colo, para o meio dos seios, até o abdômen. Quando me aproximei de seu ventre, ela pousou a mão em meu cabelo, e entrelaçou os dedos ali.

Me aproximei de suas coxas e abri um pouco mais suas pernas para beijar a parte interna delas, deixando beijos fortes na pele, alguns que deixariam marcas e que a faziam ofegar acima de mim. Separei os grandes lábios de seu sexo usando dois dedos e posicionei a boca ali, começando a sugar seu clitóris inchado de excitação.

- Sérgio... - Ela passou as unhas por minha nuca e com a outra mão ela apertou o lençol da cama, quase começando a desforra-la. - Oh... -  Sussurrou, enfiando um dos pés em minhas costas. Aquilo era uma das coisas que eu mais gostava no sexo, deixa-la naquele estado apenas com a boca. Movimentei a minha língua para a esquerda, do jeito que ela gostava e Raquel arqueou as costas para a frente, gemendo um pouco alto de mais e tentando fechar as pernas, quase me sufocando entre elas.

- Abre as pernas... - Pedi e ela mordeu o lábio inferior, pois eu não costumava mandar nada durante o sexo. Mas aquilo a excitava e eu estava disposto a tentar. - Abre as pernas. - Pedi novamente, dessa vez com um pouco mais de autoridade e ela obedeceu, abrindo um pouco as pernas e posicionando os pés no colchão. - Abre mais... - Continuei e assim ela fez, me olhando com total desejo. - Não as feche. Não antes de acabar. - A olhei sério e ela parecia fascinada, trazia um sorriso zombeteiro nos lábios, mas estava adorando aquilo.

Voltei a movimentar a língua em seu ponto de prazer e ela deixava alguns gemidos baixinhos escaparem de seus lábios e se esforçava para não fechar as pernas e as manter abertas. Segurei as suas duas coxas na direção contrária e continuei, lambendo, sugando, chupando, até que ela alcançasse o orgasmo de forma quase arrebatadora. - Amor... - Ela resmungou quase sem fala e eu continuei com a boca no mesmo lugar, prolongando o seu orgasmo, o transformando em outro. - Joder... - Seu corpo tremia e ela manteve os olhos fechados por vários segundos, com a respiração totalmente acelerada. Voltei a subir meu corpo e a beijei devagar no pescoço. - Espera... espera eu me recuperar. Está um pouco sensível. - Pediu com um sorriso.

- Foi tão intenso assim?

- Você nem imagina... - Ela riu com a respiração ofegante e passando os dedos por meus ombros. - Você está ainda mais forte.

- Tenho praticado box para aliviar o estresse.

- Oh... - Ela sorriu e trocou nossas posições, colocando-se acima de mim e distribuindo beijos em meu peito, tórax, até estar no quadril. Ela passou os olhos pela tatuagem e em seguida deslizou os dedos por cima.

- Já pensei em removê-la de alguma forma. - Comentei e ela me olhou confusa. - Eu tenho pensado seriamente sobre isso.

- É um processo doloroso. E vai te deixar uma cicatriz, ela te incomoda muito? Te faz lembrar...?

- Não. É só que você sempre olha para ela e eu não gostaria que ela estivesse aí. Eu jamais faria uma tatuagem por vontade própria e quando vamos transar você sempre desvia o olhar para...

- Eu olho porque eu meio que... gosto. - Assumiu e eu arregalei um pouco os olhos. - Não é uma tatuagem comum, mas eu gosto do contraste da sua personalidade com essa tatuagem e além do mais, tenho uma queda por tatuagens de gangsta. - Sorriu e beijou a minha tatuagem novamente. - Você consegue ficar ainda mais gostoso. - Mordeu a pele e eu fiquei um pouco surpreso, na verdade bastante surpreso e meu rosto enrubesceu um pouco. - Mas se você quiser tirar porque as lembranças te incomodam... - Ela ia continuar, mas eu segurei o seu queixo, a fazendo me olhar.

- Não, já disse que você substituiu as lembranças, eu só pensei que te incomodava. - Sorri e ela negou.

- Não me incomoda. Se quiser eu faço uma também e ficamos quites. - Disse e eu ri.

- Onde faria? - A puxei para cima, e mais uma vez inverti as nossas posições. - Aqui? - Beijei o seu pescoço e ela negou.

- Dizem que aí dói muito.

- Aqui? - Beijei o seu ombro e ela negou.

- Muito visível, queria um pouco mais secreta como a sua. Tipo, que só você iria ver ou só veriam se eu fosse para a praia.

- Então aqui? - Passei os dedos por sua cintura e ela negou mais uma vez. Desci os dedos para o seu quadril. - Aqui? - Perguntei e ela negou mais uma vez.

- Iria ficar igual a sua. - Eu sorri mais uma vez e ela sorriu também. - Faria nas costas, abaixo do seio, na costela ou em uma das coxas.

- E o que faria? Um desenho?

- Não sei, talvez uma frase. Um desenho pequeno... - Desviou o olhar, parecendo pensar. - Não sei. Talvez a mesma numeração que a sua, pois eles são exatamente a nossa idade de casamento hipotético e a idade de nossos filhos hipotéticos. - Eu ri e ela jogou a cabeça para trás gargalhando.

- Está pronta agora? - Segurei a sua cintura com as duas mãos.

- Você está apressado, não é?

- Um pouco. - Eu admiti um pouco tímido. - Só estou com saudade de estar assim com você.

- Antes... - Ela mordeu o lábio inferior de forma maliciosa. - Quero fazer uma coisa que queria fazer desde que a toalha caiu. - Me empurrou para deitar na cama e começou a abaixar o corpo novamente. Eu encostei a cabeça no travesseiro e engoli em seco, enquanto ela passava as unhas por minhas coxas. - Queria que você ditasse o ritmo... - Me massageou de forma lenta e eu desci o olhar para vê-la.

- Como assim?

- Fode a minha boca. - Ela pediu sem pestanejar e eu arregalei um pouco os olhos.

- Eu posso machucar você assim. - Ela negou com a cabeça.

- Você conhece o meu limite. - Sorriu de forma maliciosa. - Você dita o ritmo? - Eu assenti e ela sorriu, colocando parte de meu membro na boca em seguida. Forcei um pouco mais e ela gemeu, mas seu olhar afirmava estar tudo bem. Movi devagar e segurei seus cabelos com uma das mãos, os retirando do caminho. Continuei, ainda com certo cuidado, mas ela acabou tomando as rédeas da situação mais uma vez, indo mais rápido e mais profundamente, eu joguei a cabeça para trás gemendo de prazer enquanto movia os meus quadris para a frente e por mais que parecesse impossível havia uma sincronia em nossos movimentos.

- Para... - Pedi e ela parou, subindo os beijos para o meu abdômen até que chegasse em minha boca. Virei-a para estar abaixo de mim e a penetrei devagar, sentindo cada centímetro entrar dentro dela.

- Ah, amor... - Ela deslizou as unhas por minhas costas, de forma que até doeu, mas naquele momento eu nem me importei. Virei o seu rosto de lado e distribuí beijos entre a área de sua orelha e seu pescoço, enquanto investia devagar contra ela. - Mais forte... - Deslizou as mãos em minhas costas, me puxando contra ela e quase me obrigando a aumentar o ritmo.

- Se eu for mais forte, vai acabar rápido demais... e eu quero prolongar essa sensação o quanto eu puder. - A beijei na boca, abafando os seus gemidos e ela moveu os quadris, já começando a ser tomada pelo êxtase.

Uma música ainda soava no ambiente, mas eu já não reconhecia qual era. A minha única preocupação era aquele momento com Raquel, ela sorriu quando comecei a perder o controle e a investir mais forte dentro dela e então me beijou na boca em um leve toque de lábios, e aquilo foi extremamente sensual. Desci uma de minhas mãos para o meio de nós dois e movi o dedo polegar em seu ponto de prazer, de forma devagar, mas ela gemeu alto por conta da sensibilidade. Levantei um pouco mais o corpo, em consequência abrindo mais as suas pernas e continuei investindo, até mesmo chegando a levar o olhar para baixo, coisa que eu nunca fazia.

Voltei a beija-la na boca e ela acariciava os meus cabelos enquanto sincronizava o nosso ritmo, e não ia demorar para que nos entregássemos ao clímax. Aquela estava sendo de longe a melhor transa que havíamos tido. Havia entrega, amor, carinho, desejo... e não havia medo e nem culpa e a única coisa que importava ali, éramos nós dois, o que nós dois sentíamos.

Após mais algumas investidas, ela se entregou ao orgasmo e eu a segui, deitando a cabeça em seu ombro. Cansado, porém muito satisfeito. Ela riu, acariciando os meus cabelos com uma das mãos.

- Eu te amo... - Ela sussurrou de repente e eu levantei o olhar para encará-la.

- Eu também te amo. - Sussurrei de volta e saí de dentro dela, mas continuamos na mesma posição. Metade do meu corpo por cima do dela, enquanto ela acariciava a parte superior de meu corpo e eu segurava a sua cintura. - Você se arrepende? - Perguntei, temendo um pouco a resposta. - Se arrepende de ter transado comigo essa noite? - Ela negou com a cabeça, aliviando o meu coração.

- Não me arrependo, Sérgio, de nada. - Sorriu.

- Mas você irá... - Suspirei. - Vai voltar para o Fabio quando formos para Madri? - Ela voltou a negar e eu sorri.

- Claro que não vou. Como você pode pensar isso depois de hoje? - Acariciou a minha barba e eu fechei os olhos disfrutando o toque.

- Então... não há mais impedimentos entre nós dois? Você quer ficar comigo? - Ela assentiu com convicção.

- Quero, amor. - Respondeu e eu senti o meu coração se aquecer com aquela resposta. - O que aconteceu, já não importa. Eu não me importo mais. Eu só quero ser feliz com você. - Me beijou nos lábios e eu a beijei de volta, retirando um pouco de seu ar. - Eu tenho pensado... - Respondeu um pouco ofegante, ainda passando uma das mãos em meu rosto. - O Fabio queria tornar as coisas mais sérias entre nós dois e por um momento eu pensei em dizer sim. - Ela disse e eu engoli em seco. - Então, eu pedi para ele cinco dias para pensar. Exatamente os cinco dias que eu iria passar aqui com você, porque naquela noite no seu carro, se acendeu uma esperança de que voltássemos e eu... deixei para descobrir aqui e... logo no primeiro dia eu estou me entregando para você como uma boba.

- Você não é boba... - Acariciei o seu rosto e ela sorriu.

- O amor nos deixa um pouquinho bobos. - Deu de ombros e eu sorri também. Virei para outro lado, mas continuei a olhando e ela puxou um dos lençóis por cima de nós dois, e deitou em meu peito. Eu passei um de meus braços ao redor de seu corpo e passei a acariciar as suas costas. - Seu coração está acelerado... - Ela riu, colocando a mão sobre o meu tórax.

- Sempre fica assim quando estou com você. - Raquel respirou lentamente e se aconchegou ainda mais em mim.

- Eu tenho uma coisa para falar...

- Eu também tenho. - Respondi e ela assentiu.

- Eu sinto que é a mesma coisa...

- Bom, eu venho desconfiando disso há alguns dias e não queria falar nada para que você não achasse que era porque eu queria voltar com você ou te separar dele... mas eu acho que o Fabio é o pai da Sara.

- O quê? - Ela franziu a testa..- Hum... agora uma coisa faz sentido...

- Principalmente depois que você disse que reconhecia na Sara um preceito de alguém.

- Aí é que está, o preceito é tanto do Fabio como do Andrés. Mas na hora eu pensei no Andrés, por isso não comentei nada. - Eu arregalei os olhos assim que ela disse isso e me sentei na cama. - Os dois possuem essa mania e por isso a minha confusão.

- Raquel não brinca, você acha que o Andrés pode ser o pai da Sara? Eu vou matar o Andrés, você percebeu que isso interliga ainda mais nossas famílias e pior é que faz sentido porque...

- Calma, Sérgio. - Ela sorriu e passou as mãos em meus ombros. - Não vamos tirar conclusões precipitadas. É só uma mania e ela pode ter aprendido com um colega de escola.

- Eu não sei o que é pior, o Andrés ou o Fabio.

- Eu espero do fundo do meu coração que não seja o Andrés. Pois além de ter traído a minha melhor amiga, ele se envolveu com uma garota de dezessete anos, uma menor com idade para ser filha dele e a abandonou com um bebê.

- Mas existe a possibilidade de o pai da Sara, não saber da existência da Sara.

- A Silene nunca deu sinais de quem pode ser? - Eu neguei com a cabeça.

- Ela sempre escondeu esse segredo a sete chaves e teve um momento que eu parei de insistir, ela já possuía coisas demais na cabeça. - Ela assentiu e mordeu o lábio inferior com raiva.

- Se for o Andrés, eu vou cortar laços com o meu irmão.

- E se for do Fabio?

- Já ia cortar laços com ele. Não faz diferença. - Eu acabei sorrindo e ela me bateu devagar no braço.

- Acha que o Andrés seria capaz de trair a Alicia? - Perguntei e ela negou.

- Eu acho que é do Fabio mesmo. Faz o perfil dele, engravidar uma aluna e sair fora. - Revirou os olhos. - E pior que a Sara só carrega as características físicas da Silene. - Suspirou. - Não dá nem para fazer uma análise...

- Mas pode não ser de nenhum dos dois e estarmos viajando...

- É, tem essa possibilidade. Pode ser de algum ex-namorado dela... É melhor não nos precipitarmos com essa informação. - Ela ajoelhou na cama e sentou em meu colo. - Não faz diferença ficar explodindo as nossas mentes com teorias que podem ser completamente inúteis. Vamos nos preocupar menos? - Eu assenti.

- É porque a Silene é como se fosse a minha filha e desde que os nossos pais morreram, eu me sinto no dever de cuidar dela e protegê-la e eu... sinto que falhei nesse quesito.

- Sérgio, a Silene não é a sua filha. Você só tinha 19 anos quando ficou responsável por ela... eu já te falei isso antes e parece que vou ter que repetir. Não coloque o peso do mundo sobre você. - Selou os nossos lábios. - Toda vez que você faz isso, acaba estragando tudo e você sabe. Não vamos pensar nessa história agora. Vamos pensar que ainda temos mais quatro dias em Veneza... - Ela mordeu o meu queixo. - Sozinhos... - Deslizou a mão por meu peito.

- Tem certeza que não está mais com raiva de mim?

- Acha que se eu estivesse com raiva de você, estaria aqui dando para você?

- Você já deu para mim, com raiva de mim. - Ela abriu a boca surpresa e bateu em meu ombro.

- Mas eram raivas bobas. - Segurou o meu rosto com as duas mãos e sua expressão entregava que ela queria rir.

- E se tudo der errado entre nós dois novamente?

- Daremos um jeito de consertar, de novo e de novo. Afinal, eu não acho que exista feliz para sempre. As pessoas se magoam, erram com as pessoas que amam e isso sempre vai existir. A única necessidade que temos é sermos sinceros um com o outro... - Beijou os meus lábios novamente. - Seremos sinceros a partir daqui? - Perguntou e eu assenti.

- Sim. Inclusive você pode me perguntar qualquer coisa que quiser. Não há mais segredos.

- Sério?

- Sim.

- Okay. Com quantas mulheres esteve?

- Sério? É a sua primeira pergunta? - Ela assentiu.

- Três.

- Quantas mulheres beijou?

- Quatro.

- Beijou a Rebecca? - Franziu a testa.

- Não. - Revirei os olhos.

- Não sentiu nenhum pouquinho de vontade de transar com a Rebecca?

- Vai me colocar em um polígrafo? Isso é hipocrisia da sua parte pois você estava tendo um caso com Giordana e companhia.

- Giordana e companhia. - Ela jogou a cabeça para trás enquanto ria e eu a olhei mau humorado. - Eu já expliquei isso.

- Mesmo assim...

- Sérgio, não estávamos juntos e você tinha simplesmente me expulsado da sua vida.

- Sabe, uma vez você estava na casa dele e me falou que teve um sonho comigo, que sonho foi esse? - Ela enrubesceu no mesmo segundo e eu nunca havia visto Raquel enrubescer. - O quê? - Perguntei e ela negou com a cabeça.

- Se eu contar, promete não me achar pervertida? - Indagou e eu assenti.

- Sonhei com... um ménage entre você, eu e o Fabio. - Eu arregalei os olhos no mesmo segundo.

- Que horror. - Eu disse assim que ela terminou, sentindo meu rosto ruborizar. - Eu não suportaria ver outro homem te tocando na minha frente. - Neguei com a cabeça.

- Foi só um sonho. - Ela sorriu.

- Você faria algo assim? - Ela negou.

- Com você não.

- Por quê?

- Porque o que temos é especial e... quando fazemos sexo, só cabe a nós dois, eu jamais iria querer outra pessoa entre a gente e eu nem digo por ciúme. Mas é que... - Ela levantou o olhar para cima. - Com você é mais que sexo. Mesmo que estejamos “fodendo" ainda será o nosso jeito de foder e ter outra pessoa aqui, iria corromper o que nós temos.

- Pois então você nunca vai experimentar ménage pois pretendo ficar para sempre com você. - Segurei sua cintura.

- Tudo o que eu quero experimentar se limita a ser com você e apenas com você. - Mordeu o meu lábio inferior e rebolou sobre o meu colo.

- Eu te amo.

- Fala em italiano.

- Ti amo.

- Em francês.

- Je t’aime.

- Em inglês.

- I love you.

- Em alemão.

- Raquel, chega. - Respondi e ela riu.

- Queria ver até onde você iria.

- Você adora zombar de mim.

- Eu admito... - Massageou os meus ombros.

- Hum, então agora diz que é minha, que vai ser sempre minha e não vai existir mais ninguém entre nós dois.

- Que possessividade é essa? Acha que estamos onde? Anos 20? - Perguntou provocante.

- Não é possessividade, sabe que é livre para poder ir embora quando você bem entender. Mas quero ouvir que você é minha... - Segurei um lado de seu rosto e ela mordeu o lábio inferior.

- Joder, não me olha assim... eu fico louca.

- Assim como?

- Com essa cara assim, de mau, que vai fazer coisas más comigo. Sérgio você é um homem fofo, para...

- Não me chama de fofo. - Estalei um tapa em sua bunda e ela sorriu. - Que tipo de coisas más eu faria com você?

- Que tipo de coisas más você faria comigo? - Indagou me olhando.

- Hum... eu não gosto de fazer nada mau com você. - Disse e ela riu.

- A gente estava quase. - Ela bateu em meu ombro.

- Quase?

- Você estava quase tomando o domínio da situação.

- Ah, é isso que você quer? - Ela deu de ombros.

- Um pouquinho.

- Então diz que é minha, amor. - Ela bufou e depois sorriu timidamente para mim. Eu apreciava muito aqueles momentos tímidos dela, era como uma camada que apenas eu conhecia. Quando ela sorria sem mostrar os dentes, um pouco insegura, travessa...

- Eu sou sua, inteiramente sua. - Ela segurou o meu membro com uma das mãos e encaixou os nossos sexos. Abrimos a boca totalmente extasiados e ela sorriu, começando a rebolar sobre mim. Ela estava se movendo devagar, o que era incomum quando estávamos naquela posição e eu posicionei as minhas mãos em suas costas, a acariciando.

Raquel me empurrou na cama e riu, abaixando-se por cima de mim e me beijando, mas sem parar de mover os quadris. Ela levantou o corpo totalmente e eu apertei seus quadris, a ajudando a se movimentar sobre mim. Ela passou a gemer um pouco mais alto, quase como uma melodia e a única coisa com que ela se preocupava era em manter um ritmo quase frenético em cima de mim.

Raquel fechou os olhos e pousou as mãos em meu abdômen. Ela ditava o ritmo e era maravilhoso vê-la daquele jeito. Acima de mim, toda suada, os cabelos espalhados e uma expressão de total prazer.

- Abre os olhos, Raquel. - Pedi e ela os abriu devagar, me encarando com a boca entreaberta. Estiquei a mão tocando seu clitóris, o massageando em círculos e ela aumentou a velocidade.

- Vamos, juntos? - Ela perguntou e eu assenti, subindo o corpo enquanto continuava a acariciando e pela posição conseguia distribuir beijos em seu pescoço e seios. - Oh... - Ela cravou as unhas em meus ombros e me beijou na boca e com a sincronia que estávamos naquele momento, de gestos, movimentos, caricias, chegamos ao  orgasmo juntos, ela me abraçou com as pernas e os braços, praticamente me prendendo dentro dela e eu fiz o mesmo com os meus braços ao redor dela.

Caímos na cama, um ao lado do outro, cansados e sorrindo um para o outro.

Naquele momento, eu não me importei com mais nada e tampouco ela se importava também.

Era quase impossível que eu fosse feliz. Porém a palavra “quase” não denomina um todo, na verdade, o anula. E mesmo que a chance fosse pequena, eu iria até o fim com ela, assim como havia prometido um dia.



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