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História Take Me To Church - Ofereça-me aquela morte imortal.


Escrita por: kyravee

Notas do Autor


boa leitura e espero que gostem ♡️

Capítulo 7 - Ofereça-me aquela morte imortal.


Offer me that deathless death

 

Talvez, neste momento, muitos de vocês não compreendam o quão importante fora conhecer Jeon Jungkook. Em 2010, há sete anos atrás, ele foi o que me motivou a continuar vivo e suportar as dores que o ódio alheio me causava. Gostaria que a forma em que nos conhecêssemos fosse diferente do que foi, não vou negar. Porém foi o único presente de 2010, Jeon Jungkook.

Nunca tivemos uma conversa em que eu realmente lhe dissesse que a minha cabeça estava virada para baixo, que eu perdia forças ao tentar gostar de viver e que ele era a felicidade que me restava, não precisávamos disso. Isto porque Jeon sabia que eu necessitava dele, assim como eu sabia que o mesmo necessitava de mim.

Jeongguk possuía sentimentos cruéis dentro de si assim como eu, pensamentos e loucuras próprias que o deixavam extasiado em parar de respirar. Descobri isso logo no primeiro dia em que nos vimos. Estava esgotado.

O garoto repleto de trejeitos e aparência delicada fora a vida inteira tachado como o "boiolinha", a "bichinha", a "menininha", a "bonequinha", o "viadinho", o "travesti de merda", por garotos mais velhos e mais novos em geral, até mesmo garotas o apelidavam de tal forma. Escutar essas palavras diariamente sufoca.

É este ponto que eu queria que todos que estão lendo a minha biografia neste exato momento entendessem: o quanto palavras e ações de ódio constantes podem sufocar alguém.

Jeon se sentia enforcado e asfixiado todos os dias mas não possuía a corda ao redor de seu pescoço. E conforme o tempo, desejara ter-lhe o pescoço apertado e os ouvidos a escutarem seu último suspiro.

O sentimento enlouquece o seu cérebro e confunde o coração. Inquietude no peito. Gritaria e desespero na cabeça.

Jungkook tinha seus breves momentos de paz, mas não anulavam as horas tortuosas em que o mesmo tinha de ouvir apelidos sacanas e suportar agressões. Nossos polaroides antigos mostram o quanto de brilho seus olhos guardavam e como as pessoas pareciam não querer apreciar tal luminosidade. Nunca compreendi o motivo das pessoas para não quererem ver o sorriso alegre de coelho junto dos olhinhos de chocolate.

Os agressores não ligam para isto, ligam para a maneira como vão expressar a sua raiva em alguém. Precisam marcar território e aparecer como um soberano para as outras pessoas. Isto porquê não conseguem olhar a si mesmos e gostarem do que veem, necessitam que os outros o vejam e sintam algo. Não importa se é medo ou desprezo, ele apenas precisa de olhos o cuidando todo o tempo para sentir-se importante.

Quando digo que Jeon "suportava as agressões" não quero influenciar ninguém a cometer tal ato. O problema era que ninguém ligava se um garoto que aparentava ser homossexual, apenas pelo jeito e feição delicada, sofresse abusos mentais, abusos físicos. Verdadeiramente falando, em 2010 as pessoas não viam agressões como algo preocupante.

Se você ousasse ir na diretoria entregar tais ações contra si a escola não lhe dava atenção. Em colégio particular a diretoria só toma alguma providência quando o dinheiro está em jogo. E em escola pública as atitudes só são tomadas quando a reputação do local estiver em jogo. Ainda hoje eu tenho a infelicidade de ver exatas mesmas reações diante de situações sérias. E isso dói tanto quanto doía quando eu via Jeon com o canto do lábio cortado, o olho roxo e manco. Como no dia em que nos conhecemos.

No dia 14 de abril de 2010 levei o pequeno e frágil garoto para o meu apartamento. Um de seus braços envolta de meu ombro, e um de meus braços em sua cintura. Jungkook ligara para sua mãe avisando que tinha trabalhos escolares para fazer na casa de um “amigo”, foi o único momento que ouvi a voz do mais novo com mais clareza.

A chamada com sua mãe fez-me perceber que nem mesmo ela sabia de tal agressores. Cheguei a me indagar se ele nunca apareceu machucado na frente dela, ou se essa “seria” a primeira vez. Pela fama do grupo, o qual eu criei nojo, não fora a primeira vez que ambos demonstravam sua violência contra outros alunos.  

O deixei sentado sobre o balcão da cozinha, buscando pelo local os medicamentos que eu usaria para diminuir a dor em seu corpo. Não sabia exatamente o que fazer, além de procurar remédios. Depois que os achasse, o que eu faria? O que eu diria? Eu não tinha a menor ideia.

Separei alguns analgésicos, utensílios que me ajudassem a curar a ferida. Procurei até mesmo calmantes, o corpo do menino não parava quieto, pura tremedeira e apreensão. Suas orbes escuras me cortavam o peito, estava quase a chorar. Até sua visão tremia.

Me aproximei de Jeon, fiquei no espaço entre suas pernas, temendo internamente que o moreno achasse o momento esquisito. Umedeci o algodão em meus dedos com água oxigenada, iria limpar o ferimento primeiro. Suspirei assim que sentia sua respiração quente e assustada bater contra meu pescoço.

Desculpe. – Murmurou com o timbre nitidamente afetado. Sorri para o mesmo, tocando sua pele com o algodão e removendo o sangue que havia escorrido de seu olho. Já estava acostumado a fazer isso comigo mesmo.

–Você... – E deixei a palavra simplesmente se perder. Jungkook virou o rosto assim que coloquei algumas gotinhas de álcool sobre um pano limpo e passei sobre o canto de seu lábio. – Jeon... – Chamei. O menino levantou a cabeça, voltei a cuidar de seu lábio.

Limpei ao redor de seu olho, passando uma pomada sobre sua pele logo em seguida. O observei esperando a bolsa térmica atingir a temperatura correta.

Fui até o fogão, preparando duas xícaras de chá. Mesmo que eu tentasse me concentrar, volta e meia meus olhos eram puxados para o moreno. Parecia haver uma espécie de magnetismo. Algo nele me chamava a atenção.

 

Jeon queria dormir? Poderia oferecer-lhe a minha cama.

Será que Jeon queria comer? Talvez minha mãe tenha cozinhado algo.

E se Jeon quisesse ficar sozinho? Eu o deixaria pensar um pouco...

Mas acho que, apesar do fato de que Jungkook talvez queira fazer tudo isso, o que estava nítido é que ele queria chorar. Precisava. Era uma forma de alivio de tudo o que acontecera.

Não parei de fita-lo por sequer um segundo, até mesmo quando o som agudo do congelador alertou-me que a bolsa térmica estava pronta. Jungkook estava cabisbaixo, os lábios trêmulos e os dedos inquietos.

–Kim Namjoon, certo? – Arqueei as sobrancelhas, balançando minha cabeça e indo até o freezer pegar o objeto. – E-eu... – O encarei. – Posso passar a noite aqui?

 

 

Sim?

Não?

Ahn... Não sei.

Meus pais, o que... Se acalme, Namjoon!

Haviam motivos que me faziam duvidar do que lhe responder. O primeiro envolviam meus pais, eles aceitariam ou iriam preferir passar a noite discutindo até chegar a madrugada e meu pai ir me bater? Eu não sei, mas eu preciso responder a ele.

–Acontece que se minha mãe me ver... assim... – Passou a mão pelo cabelo. – Ela... – Me aproximei.

–Não precisa se explicar, pode ficar aqui pelo tempo que precisar. – Sorri. Jeon Jungkook estava mal, meus pais entenderiam. – Posso te perguntar algo? – O menor assentiu. – Aqueles garotos te batem há quanto tempo?

–Muito. – Sussurrou. – Desde que eu e Rafael paramos de ser amigos. – Arqueei as sobrancelhas surpreso. – Tudo o que eles falam... – Sua boca tremeu. – Não tem cabimento. Não sou o que eles dizem. – Desviou o olhar.

–O que você é? – Toquei seu olho com a bolsa térmica.

Um menino. – Disse baixo. – Um menino que feriu os sentimentos de outro menino. – Olhou para mim. Meu corpo se arrepiou. Os olhos vermelhos pelas lágrimas os transbordando. – Rafael inventou que eu era gay porque fiquei com uma menina que ele gostava. Achei que isso fosse passar... – Apertou as mãos. – Mas nunca passou. O que aconteceu h-hoje... – Suspirou, segurou as lágrimas.

–Não precisa continuar. – Fungou. – Eu posso... – Larguei a bolsa, Jeon correspondeu meu olhar. – Abraçar você? – O moreno assentiu após alguns segundos silenciosos.

Cuidadosamente, passei meus braços pela sua cintura e trouxe seu tronco até mim, sentindo seu rosto afundar-se na curvatura de meu pescoço.

Seu coração acelerado falhou algumas batidas quando meu peitoral tocou o seu, e finalmente suas lágrimas foram liberadas.

Aos poucos. Uma por uma bem devagar, até que se despedaçou em prantos e todas passaram a vir desordenadamente. E tudo o que fiz, o que podia e devia fazer, foi pressioná-lo ainda mais em meu aperto e suplicar que respirasse fundo.

Dizer que tudo daria certo.

–Por que você é o único que não fez nada contra mim? – A voz baixa, abafada, sussurrada. – Por que não age com ódio por eu parecer uma menina?

Meus dedos acariciaram seu cabelo suavemente, tentava pensar em alguma resposta plausível. Mas era difícil. Difícil demais!

–Porque eu sou... – Minha fala fora interrompida quando ouvi o barulho da porta da cozinha.

Me desaproximei de Jeon tão velozmente que meu braço se bateu contra a xícara de chá ao lado de sua coxa, e tudo o que meus olhos enxergaram foi a minha mãe com os olhos arregalados de raiva e os cacos da xícara azul claro junto ao chá esparramado no chão.

 

Offer me that deathless death


Notas Finais


mano eu juro que queria ter postado antes, mas eu me ocupei pra caralho corrigindo o último capítulo da taekook, trabalhando na soundtrack dela, testando TODAS AS TRAPAÇAS DO GTA SAN ANDREAS novamente, mano muita nostalgia e retardadice, sério, e sabado eu tinha uma festa pra ir, dai a mente ja alucina a madrugada toda demora pra voltar a funcionar e qnd funciona tu só pensa "porra fiz merda", ou seja bugou a cbç

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