1. Spirit Fanfics >
  2. Talvez o Tempo Não Tenha as Respostas >
  3. Capítulo Único

História Talvez o Tempo Não Tenha as Respostas - Capítulo Único


Escrita por: Nekolua

Notas do Autor


Ótimo jeito de fazer uma estreia no fandom, trazendo um angst logo de cara kkkk
Mas eu realmente tenho essa visão do Jotaro mais velho sendo triste e meus headcanons disso fazem meu coração se apertar T^T
Então por que não escrever um pouco sobre?? ^^

Essa é minha primeira fanfic de Jojo, então espero mesmo que gostem
Boa leitura~

Capítulo 1 - Capítulo Único


A casa estava completamente silenciosa, os carros lá embaixo longe demais para serem ouvidos, os vizinhos em volta não faziam sequer um ruído, provavelmente já deitados ou até dormindo, afinal, não faltava muito para uma da manhã. Na cozinha, Jotaro encontrava-se encostado contra a bancada, um copo de água já muitas vezes enchido e esvaziado jazia em sua mão e seus olhos cansados fitavam o chão sem realmente enxergar nada; cada músculo do seu corpo implorava para que ele apenas se jogasse na cama e passasse uma semana inteira sem levantar. Na verdade não havia realmente um motivo para ele se sentir tão fisicamente cansado, afinal o máximo de exercício feito hoje tinha sido descer e subir as escadas do seu prédio algumas vezes, mas Jotaro já sabia que aquele cansaço vinha puramente da sua mente e de todo o estresse que enchia sua cabeça.


— Jotaro. — Uma voz gentil chegou aos seus ouvidos e logo em seguida dois braços envolveram-no por trás, trazendo-o de volta para o mundo real e afastando-o, por um momento, dos seus próprios pensamentos tão exaustivos.


Jotaro fechou os olhos, recebendo aquele abraço de bom grado e sentindo-se aliviado com o calor que vinha dele, era reconfortante e fazia sua mente aquietar-se, nem que só um pouco. Ele deixou-se recostar contra o peito de Noriaki, sentindo-se pequeno em meio aqueles braços, mesmo sabendo que, com o seu tamanho, aquilo era impossível.


— Você precisa relaxar. — Noriaki falou, a sua voz soando tão suave que parecia acariciar seus ouvidos. — Eu sei que tem muita coisa acontecendo por agora, mas você não pode deixar que sua cabeça fique cheia assim o tempo todo... Você precisa se distrair um pouco.


— Eu sei. — Jotaro respondeu, sua voz não passando de um sussurro. — Eu só… não consigo.


As mãos que estavam espalmadas sobre seu abdômen começaram a mover-se lentamente sobre sua blusa, acariciando seu corpo de maneira gentil.  Jotaro sentiu sua respiração travar na garganta, tomado por uma súbita vontade de chorar, porém ele apenas respirou fundo e fechou os olhos, deixando que aquela sensação fosse embora.

Sutilmente, Noriaki pressionou os lábios contra o seu pescoço, deixando a cabeça cair sobre seu ombro, com sua franja avermelhada esparramando-se completamente sobre o tecido branco do seu casaco. 


— Eu sei e é isso que me preocupa. — O ruivo sussurrou de volta. — Você me preocupa. Todo esse trabalho, todo esse estresse... às vezes eu te olho e tenho a impressão de que você vai desabar no chão a qualquer momento. Você parece exausto e te ver assim faz eu me sentir tão mal... — Noriaki fez uma pausa, respirando fundo antes de continuar — Você precisa descansar, meu amor, não pode deixar que o peso das coisas se acumule em seus ombros assim.


Jotaro apertou seus olhos fechados, sabendo que não havia muito o que responder. Noriaki estava certo afinal, mas o problema é que Jotaro não sabia como fazer para que não fosse tomado pelos problemas e preocupações que tanto o pressionavam.

Porém, antes que pudesse sequer decidir se iria ou não falar algo, lábios quentes foram de encontro ao seu maxilar, beijando-o calmante uma, duas, três vezes, e, simples assim, seus pensamentos desvaneceram-se. O cabelo macio de Noriaki acariciava-lhe o rosto enquanto seus braços puxavam-no ainda mais contra seu corpo. Jotaro deixou escapar um suspiro quebrado, tentando não se derreter naqueles toques tão ternos.


— Eu te amo tanto. — Noriaki murmurou, afundando a cabeça na curva do seu pescoço. — Tanto.


— Eu também te amo. — Jotaro respondeu, quase sem som, mas ele sabia que seu marido tinha escutado de qualquer jeito.


Após mais um tempo apenas abraçados um contra o outro, Noriaki afastou-se. Jotaro sentiu falta do calor no mesmo instante, quase inclinando-se para trás para impedir o abraço de acabar, mas forçou-se a permanecer parado. Antes que pudesse sequer abrir a boca para falar algo, porém, as mãos quentes do seu marido repousaram em seu braço.


— Vamos deitar, okay? — Ele chamou, puxando-o de leve.


Jotaro apenas assentiu, mas, antes de começar a caminhar, ele esticou seus braços e puxou Noriaki contra seu peito, prendendo-o em mais um abraço. O ruivo apenas riu, nem se dando ao trabalho de resistir.

Com um sorriso, Noriaki aproximou-se ainda mais, beijando seus lábios e deixando suas mãos percorrerem por suas costas, fazendo Jotaro se arrepiar. Sem nunca se separarem, os dois foram seguindo em direção ao quarto, quase se esbarrando nas paredes mais de uma vez, ocupados demais um com o outro para se concentrarem no caminho.

Uma vez dentro do quarto, Jotaro fechou a porta silenciosamente atrás de si, mas sem nunca deixar o conforto dos braços firmes de Noriaki, que, no momento, eram a única coisa que ainda o mantinha de pé em toda aquela confusão que chamava de vida. Antes que notasse, suas pernas toparam contra a madeira da cama e Jotaro deixou-se cair de costas sobre o colchão macio.

Noriaki arfou em surpresa ao ser puxado para baixo de uma vez, todo o seu peso caindo sobre o peito de Jotaro, que não deixou de o agarrar por um segundo sequer. A maneira como Jotaro o apertava contra seu corpo parecia quase desesperada, como se tivesse medo que Noriaki fosse desaparecer a qualquer instante. E o ruivo sabia que era exatamente isso que seu marido estava a sentir naquele momento.


— Jotaro. — Ele tentou chamar, mas o moreno não lhe deu tempo, puxando-o para outro beijo sem nem respirar. — Jotaro, ei. — Noriaki afastou-se um pouco dele, empurrando seu corpo para cima e abrindo espaço entre os dois.


Agora, mais de longe, o ruivo podia ver bem o rosto do outro, com as bochechas coradas e os lábios vermelhos, entreabertos enquanto ele respirava, ofegante. Mas não era só isso. Noriaki podia notar os lábios dele tremendo levemente e a maneira como seus olhos estavam desfocados, olhando em sua direção mas sem o ver realmente.


— Jojo. — Noriaki sussurrou, levando uma das mãos ao rosto de Jotaro e acariciando gentilmente. — Jotaro. — Isso pareceu finalmente chamar a atenção dele; com aqueles olhos claros finalmente focando-se em seu rosto agora, Noriaki abriu um sorriso reconfortante. — Você é incrível. — Murmurou.


Jotaro fechou os olhos após ouvir aquelas palavras, a vontade de chorar tomando-o outra vez, mas, novamente, ele apenas ignorou. Respirando fundo, ele empurrou Noriaki para o lado devagar e sentou-se na cama, finalmente abaixando-se para remover os sapatos. Seu marido fez o mesmo ao seu lado.

Com apenas as meias nos pés, Jotaro trouxe as pernas para cima da cama e arrastou-se pelo colchão até estar de costas para a cabeceira, deixando-se cair com as costas sobre as almofadas. Mal piscou os olhos, Noriaki já estava em sua frente, seus braços envolvendo o seu pescoço e o peso do seu corpo caindo todo sobre si.


— Você sabe que sempre pode falar comigo sobre o que te aborrece, certo? — O ruivo sussurrou em seu ouvido. — Certo? — O ar quente da respiração dele bateu contra sua orelha e Jotaro sentiu um arrepio percorrer seu corpo, apenas assentindo lentamente em resposta.


Jotaro não queria falar sobre seus problemas, no entanto. Ele nem mesmo era capaz. Sua mente estava tão enevoada agora que ele mal conseguia pensar direito; tinha certeza de que qualquer coisa que fosse tentar dizer acabaria por ser só murmúrios incoerentes.

Ao invés de falar, então, ele fez aquilo que sabia que iria trazer alguma sobriedade à sua mente. Ele puxou Noriaki para outro beijo, deixando suas mãos deslizarem sobre seus cabelos vermelhos, bagunçando-os em todas as direções.


— Eu não quero falar. — Jotaro disse contra os lábios de Noriaki. — Eu não… eu não sei como.


Ele fechou os olhos, deixando sua cabeça cair sobre o ombro do outro, sem nenhuma força para mantê-la de pé por sua própria vontade.

Dedos gentis começaram a passear por seus cabelos, massageando sua cabeça, enquanto a outra mão de Noriaki pousou em seu pescoço, traçando círculos pequenos na sua pele com as pontas dos dedos.


— É por causa da Jolyne? — Ele questionou. Jotaro não respondeu. — Josuke? Sua mãe? — Ainda silêncio. Noriaki calou-se também.


Passaram-se alguns minutos assim, em completo silêncio, apenas com os dois presos naquele abraço, buscando dar e receber o conforto que ambos, especialmente Jotaro, tanto necessitavam.


— É tudo. — O moreno disse por fim, sem forças. — Tudo. — Ele suspirou. — Eu não sei o que fazer, Nori. Eu odeio isso. — Sua voz quebrou nas últimas palavras e Jotaro resolveu calar-se outra vez. Ainda estava esforçando-se para segurar as lágrimas que tanto queriam vir, não podia simplesmente se permitir chorar assim.


— Jojo, por favor não faz isso. — Noriaki suplicou após alguns minutos de silêncio. — Você não é de ferro. — As mãos eu seu cabelo e pescoço passaram para o seu rosto, levantando sua cabeça devagar até que o ruivo pudesse olhar em seus olhos. — Você também precisa chorar às vezes. Por favor.


Os próprios olhos violetas brilhavam com lágrimas não derramadas e Jotaro sentiu suas últimas forças quebrarem-se por completo. Ele tinha o costume de esquecer que alguém no mundo tinha acesso aos lados mais profundos da sua mente, acreditando de novo e de novo que as suas barreiras nunca seriam quebradas. Mas aí aqueles olhos mergulhavam nos seus, aquelas mãos envolviam as suas, e Jotaro lembrava-se que havia sim alguém em quem podia desabar e buscar apoio. Pessoas eram sempre tão difíceis de lidar, mas Noriaki, de alguma forma, parecia sempre entendê-lo melhor do que ele próprio.

E foi com esses pensamentos e com as carícias suaves em seu rosto, que Jotaro deixou com que as lágrimas caíssem, escorrendo por sua bochecha, uma atrás da outra.

Ele fechou os olhos, deixando seu corpo cair sobre o do seu marido, tremendo e soluçando.


— Eu queria poder tirar esse sofrimento de você. — Noriaki disse, sentindo suas próprias lágrimas descendo por seu rosto, muito mais silenciosas. Ele afagou o cabelo e as costas de Jotaro, os ombros dele sacudindo com seus soluços compulsórios.


Jotaro nunca foi alguém que chorasse fácil, levaram uns bons anos para que Noriaki chegasse a ver as primeiras lágrimas escorrendo por aquele rosto sempre tão sóbrio e austero. E, mesmo assim, seus choros eram sempre quietos, lágrimas e respirações falhas, talvez alguns soluços mal contidos. Nada mais que isso. Então ver Jotaro ruir daquela maneira a sua frente fazia seu peito doer de uma maneira imensurável, vê-lo chegar àquele ponto, em que o sofrimento que o pressionava era tão grande que o ruivo quase podia pegá-lo com suas próprias mãos. Mas ele não podia, e, simples assim, o sofrimento continuava lá, sempre crescendo e crescendo. Cada vez mais. E o fato de não poder fazer nada para mudar aquilo deixava Noriaki aflito.

Tudo o que estava ao seu alcance era permanecer ao seu lado, e Noriaki faria isso da melhor maneira que pudesse.


Nenhum dos dois saberia dizer quanto tempo eles passaram assim, mas Noriaki permaneceu agarrado a Jotaro, alisando suas costas e murmurando frases reconfortantes em seu ouvido, até que as lágrimas do outro finalmente secaram e seus soluços foram silenciando-se lentamente.


— Está se sentindo melhor?— O ruivo sussurrou, beijando sua testa. Jotaro apenas assentiu levemente, não confiava em sua voz para dizer nada. Tinha medo de que fosse começar a chorar assim que se atrevesse a tentar falar outra vez. — Que bom.


Jotaro respirou fundo, a exaustão que o perseguiu durante todo o dia parecendo triplicar repentinamente. Seus olhos pesavam uma tonelada e ele duvidava que conseguisse mantê-los abertos por muito mais tempo.

Sem nem pensar direito, ele puxou o corpo de Noriaki mais para perto. Algum canto da sua mente parecia estar em pânico, como se temendo que o ruivo fosse apenas desvanecer em sua frente e mostrar-se como nada mais que uma ilusão. Ele agarrou-o com mais força, seus dedos puxando o tecido da roupa do outro tão fortemente que poderia rasgá-las a qualquer momento. Por favor que isso seja real, ele implorou, tentando ignorar o medo crescente em sua mente.


— Eu estou aqui, Jojo. — Seu marido disse, como se respondendo os seus pedidos. — Pode dormir, eu não vou a lugar algum. — Ele respirou fundo. — Nunca. — Sussurrou.


Noriaki virou seu rosto o bastante para alcançar os lábios do outro e o beijou, gentil, uma prova de que aquilo era real.

E então, em meio ao calor daquele abraço e com o medo ainda flutuando por sua mente, mas com os lábios quentes do ruivo contra sua pele mantendo-o ligado à realidade, Jotaro finalmente adormeceu. Não demorou muito para que seu marido fizesse o mesmo. Estamos aqui, ele pensou enquanto adormecia, juntos.



Notas Finais


Para ser sincera, eu tinha planejado fazer um angst bem pesado no início, com o Jotaro acordando na manhã seguinte e descobrindo que o Kakyoin ali, vivo e ao seu lado, não passou de um sonho... Mas isso era tão cruel que eu simplesmente não consegui escrever T^T
Sou fraca, não gosto de ver meus bebês sofrendo~

Enfim, espero que tenham gostado... Se puderem deixar algum comentário eu vou ficar mt feliz :3
Obrigada por lerem~


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...