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História Tamara - Desejo lascivo


Escrita por: CRIS75950

Capítulo 7 - Desejo lascivo


Fanfic / Fanfiction Tamara - Desejo lascivo

Na manhã do dia seguinte, toda a família estava reunida diante da mesa para o café da manhã. Menos Tamara, que estava ausente. Madalena retornou para a sala trazendo a bandeja de frutas que fora levar para Tamara.

-Ela não quis comer nada, Madalena?-perguntou Heloísa reparando que as frutas estavam todas no mesmo lugar.

-Não, senhora. Não quis tocar em nada. Não comeu nenhuma fruta.

-Ela ficou muito abatida depois de ontem.-disse Laércio.-Você devia ter visto como a nossa menina ficou triste, Heloísa.

-Também não era pra menos..-disse Julian.-É horrível ver um ser humano sendo queimado vivo.

-Vamos esquecer esse assunto.-disse Heloísa.-Não quero mais ouvir falar sobre inquisição nessa casa.

Momentos depois, Heloísa estava bordando na sala como de costume. De repente, ela ouve batidas na porta. Rapidamente, Expedita correu até a porta e a abriu. Ela estremeceu ao dar de cara com o frei inquisidor. Ao ver o frei, Heloísa aproximou-se e disse:

-Senhor inquisidor?

-Bom dia, senhora.

-Bom dia. Entre, por favor.

-Com licença.

Emílio entrou e Expedita fechou a porta.

-Eu sou a esposa do delegado da cidade.

-Sim, eu sei. É um prazer conhecê-la, minha senhora.

Emílio fez uma breve reverência.

-O senhor é muito gentil, senhor inquisidor. O que deseja em minha casa?

-Eu gostaria muito de falar com a sua filha.

-Com a minha filha?

-Sim. Estou aqui na condição de padre e não de inquisidor. Eu apenas vim para confortá-la com a palavra de Deus.

Heloísa reparou na Bíblia nas mãos dele.

-A minha filha ficou muito abalada ontem a noite, reverendíssimo. Jamais tinha visto alguém sendo queimado vivo.

-Eu entendo, senhora. E é justamente por isso que estou aqui. Vim para mostrar o meu lado religioso, e não o meu lado de inquisidor. Não quero que sua adorada filha pense que sou um homem cruel e desumano.

-É claro que não, reverendíssimo. O senhor apenas agiu como ordena o Santo Ofício.

-Exatamente.

-Tenha a bondade de me acompanhar.

Heloísa conduziu o frei até o quarto de Tamara. Chegando lá, ela abriu a porta e disse:

-Tamara...frei Emílio quer conversar com você.

Tamara estava deitada sobre sua cama agarrada a sua boneca preferida. Sem virar o rosto, ela falou com voz gélida:

-Eu não quero ver ninguém.

-Por favor, minha filha. O frei apenas está aqui na condição de sacerdote religioso.

Heloísa permitiu a entrada do frei no quarto da menina.

-Converse com ela, reverendíssimo.

-Obrigado, senhora.

Heloísa saiu para fora do quarto, fechando a porta. Emílio se aproximou da cama da menina e começou a admirá-la com profundo desejo lascivo. Mas conseguia controlar esse desejo, que era intenso. Ele então sentou-se em uma cadeira que ali havia, e que ficava ao lado da cama. Tamara o fitou seriamente.

-Ainda gosta de bonecas?-perguntou Emílio ao ver a boneca de pano nos braços dela.

-Nunca deixei de gostar.

-Minha tia em Lisboa também gostava de bonecas de pano. Ela as tinha conservado desde quando era menina.

-Mãe Geraldina não merecia esse cruel castigo...

-Aquela mulher era uma feiticeira pagã. Mas eu não vim até aqui para falar sobre isso. Não estou aqui como inquisidor. E sim como frei. Eu notei que a senhorita ficou muito abatida com a execução de ontem. Por isso eu vim até aqui para confortá-la com a palavra de Deus.

-E porque não veio o padre Aurélio?

-Ele está ocupado com assuntos da igreja. Por isso me ofereci para vir aqui.

-Eu agradeço a sua generosidade, senhor inquisidor. Mas não precisava ter vindo. Eu sei muito bem como me recuperar.

Tamara apertou os lábios, tentando reprimir as lágrimas, mas inutilmente.

-Sabe que eu não suporto vê-la chorar.

A voz dele soou doce e atraente. Mas Tamara nem havia percebido, pois o desprezava.

-Nunca foi a minha intenção magoá-la, senhorita Tamara. Eu a estimo muito.

Tamara enxugou as lágrimas com as mãos.

-Eu não quero que pense que sou um monstro. Apenas cumpro com minhas obrigações de juiz do tribunal da inquisição.

-Isso deve lhe dar muito prazer.

-Sim. Me dá prazer eliminar todos os hereges que há na face da terra. Todos os inimigos da igreja católica. 

Tamara recusava-se a encará-lo nos olhos. 

-Sei que a senhorita não simpatiza muito com a minha pessoa. Mas quero que saiba, que simpatizo muito com a senhorita.

-Foi como lhe falei, reverendíssimo. Eu o respeito porquê o senhor é um sacerdote religioso. O que não respeito, é o Santo Ofício!

O inquisidor a encarou com seu olhar penetrante.

-Vejo que é uma jovem obstinada...gosto disso.

Emílio admirava Tamara. Queria confessar o seu amor, mas preferia manter em segredo absoluto.

Enquanto isso, Laércio entrou em casa. Ao vê-lo, Heloísa perguntou:

-O que faz em casa tão cedo, querido?

-Vim buscar a minha arma que esqueci.

-Temos visita.

-Ah sim? De quem?

-Do frei Emílio.

-O que ele veio fazer aqui?

-Veio conversar com a nossa filha. Não se preocupe. Ele veio na condição de frei para confortá-la com alguns sermões da Bíblia.

Nesse exato momento, Julian entrou na sala e perguntou de imediato:

-Esse abutre ainda está aqui?

-Fale baixo, Julian!-advertiu Laércio.

-Ele está no quarto com a sua irmã.

-E a senhora permitiu que ela ficasse sozinha com ele?!

-Não seja birrento, Julian! Ele é um frei.

-Um frei da pior espécie!

-Quieto!-ordenou Laércio.

Segundos depois, Emílio deixou o quarto de Tamara e entrou na sala.

-Com licença. Mas eu devo ir agora.

-É um grande prazer recebê-lo em minha casa, reverendíssimo.-disse Laércio.

-Obrigado, senhor delegado.

-O senhor já deve ter conhecido o meu filho mais velho Julian.

-Eu me lembro sim. Muito prazer Julian.

Julian permaneceu calado e sério. Detestava a presença do frei inquisidor.

-Bem, eu preciso ir agora. Tenho que examinar vários documentos inquisitoriais.

-Alguma nova execução?-perguntou Julian com desdém e ironia.

-Por enquanto não. Mas com certeza irá surgir.

-E Tamara?-perguntou Heloísa.

-Foi muito atenciosa, senhora. Dei bons conselhos a ela. Os ensinamentos bíblicos que dei a ela, irão ajudá-la a superar essas emoções ruins.

-Eu fico muito grata, reverendíssimo.

-Não há o que agradecer, minha senhora. Sou apenas um servo de Deus. Na verdade, eu me ofereci para vir até aqui. Padre Aurélio estava muito atarefado com os assuntos da igreja e com isso não pôde aparecer. 

-Estou vendo que o senhor adotou um certo carisma pela minha irmã.-comentou Julian de sopetão.

-Sua irmã é uma boa moça. Com certeza daria uma excelente freira. Eu preciso ir agora. 

-Eu vou acompanhá-lo até a porta. 

Heloísa e Laércio acompanharam o frei até a porta da frente. Julian riu e disse em voz baixa para si próprio:

-Esse daí não me engana...



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