Jeiza:
O dia foi incrivelmente tenso. É hoje que eles irão invadir o morro. Como eu não posso subir com eles, ficarei no comando de rádio local dando as coordenadas e sendo ouvida e ouvindo através de um ponto.
Foi difícil, muito trabalhoso, mas conseguimos capturar o arsenal de armas e de quebra, um dos meus colegas reconheceu os caras que me assaltaram e eles foram levados. Me senti mais aliviada por isso, não só por mim, mas como por outras que poderiam passar por algo pior.
( . . . )
Minha mãe me liga assim que fecho a porta do carro para ir embora.
— Oi, mãe!
— Oi, filha! Você vai demorar muito? É que eu tenho médico daqui a pouco...
— Ih, mãe... Por que a senhora não me avisou? Eu sairia mais cedo, eu ainda to no pátio.
— Pois é, garota... Nem eu tava me lembrando, fui limpar as coisas aqui em casa e a Lara derrubou minha caixa de documentos e eu vi que era hoje. Mas tudo bem, eu remarco.
— Não, não vai remarcar nada! Eu ligar pro Allan e perguntar se ele pode ficar com ela pelo menos até eu chegar, eu já retorno pra senhora.
— Ta bom...
Depois de falar com Allan eu aviso minha mãe que ele passará para busca-la.
~ ~ ~
Estaciono o carro perto da academia e conforme vou me aproximando da sala de treino posso ouvir os gritinhos de Lara vindos de lá.
— Oi! — Digo entrando.
— Oi, campeã! — Allan vem me cumprimentar. — E esse meninão, aí?
— Tá enorme! Daqui a pouco não vai mais me deixar treinar. — Digo passando a mão na barriga e sorrindo.
— Mamã! — Lara diz e fica batendo na grade do octógono tentando sair.
— Oi, filha! — Digo e ela fica parada próximo à escada esperando que eu a pegue. — E aí, como se saíram?
— Muito bem. Foi tudo ótimo por aqui, quem sofreu foi o Bob, coitado.— Ele diz se referindo ao boneco que usamos pra treinar. — Levou uma surra daquelas.
— Você bateu no Bob, amor? Não acredito!— Digo e ela sorri apontando o boneco.
A deixo no chão de novo e vou trocar de roupa.
— Mamã, mamã! — Escuto sua voz fofinha e batidas leves na porta quando já estava saindo. Abro e ela entra com um embrulho em mãos.
— Onde você pegou isso?— Digo e Allan vem até nós, quando saímos do vestiário.
— Eu comprei pra ela!
— Olha, neném! O que será? — Digo e a coloco no chão para que ela abrisse.
— Óh, mamã! — Ela me mostra um pequeno quimono.
— Ai, que gracinha! Obrigada mestre! Dá um abraço nele, neném!
— Êh, lindona!— Ele diz e esmaga suas bochechas em um beijo enquanto ela sorri.
— Vamo colocar pra você treinar com a mamãe?
Levo-a para o vestiário e coloco a vestimenta por cima roupa que ela já estava, depois ligo para Zeca vir busca-la para que ela não fique cansada.
Subo no octógono com ela. Allan ensina algumas coisas simples e ela realizava direitinho, fiquei toda boba com minha neném.
— Cumprimenta, mamãe. Assim!— Digo mostrando como faz e ela repete. — Isso! Coisa linda!
— Agora eu vou treinar sua mamãe e o pequeno Theo vai participar, também!— Allan diz a colocando em um cantinho com seus brinquedos. Ela chora.
— Pode deixar o Bob com ela?
— É uma boa.
deixo o boneco deitado para que ela o alcance e ela já começa a bater no boneco com uma luva que eu também deixei com ela.
— Gente! Essa criança vai atacar os coleguinhas quando estiver na creche!— Érica diz entrando junto com Zeca, que pega a neném no colo.
— Vai nada! Até lá eu ensino a ter disciplina. — Digo descendo para cumprimenta-la.
— E aí? Nossa você tá maravilhosa grávida! — Ela diz girando meu corpo.
— Eu to enorme! Isso, sim!— Digo rindo e vou abraçar Zeca.
— Oi, amor!— Ele diz e me beija nos lábios.
— Oi, amor!
— Papa!— Lara diz deitando no ombro de Zeca, já dando sinais de sono.
— Leva ela, amor! Eu vou mais tarde, tá?
— Tu vais demorar?
— Uma hora. Eu te ligo quando estiver saindo.
Ele arruma as coisas da bebê, se despede e sai.
( . . . )
Chego em casa e Zeca está deitado assistindo tv.
— Amor? — Digo lhe beijando o rosto.
— Oi. — Ele diz e não me encara.
— Já jantou?— Pergunto colocando as chaves e a bolsa em cima da mesa.
— To com fome, não. — Suspiro pesado e me sento ao lado dele.
— O que foi? Você tá estranho desde que chegou!
— To normal!— Ele diz dando de ombros.
— Não, você não tá! O que foi, hein?
— Tu! Ficas incentivando a menina a ser violenta e ficar brigando! Gosto disso, não!
— Eu, o que? Incentivando? Ah, por favor!
— Por favor, digo eu! Depois a menina ficas aí toda bruta, toda arrebentada igual...— Ele não continua.
— Igual à mim? — Digo e ele desvia os olhos.
— O que eu to querendo dizer é que não dá pra ficar deixando a menina fazer esse tipo de coisa!
— Por que? Zeca, ela estava apenas imitando o que o Allan faz comigo! Ela me vê treinando na garagem ás vezes, e quer fazer igual! Qual o problema? É ela bater? Eu vou ensinar a disciplina pra ela! Que não se bate em todo mundo por nada, essas coisas! Isso, se ela quiser fazer jiu-jitsu ou qualquer outra luta... Se ela quiser — Digo frisando o "se".
— Mas luta é muito bruto pra ela! Não quero a menina toda arrebentada, já tá cansada de saber o que eu acho disso! — O encaro com um olhar cético.
— Eu achei que você tinha mudado, Zeca... Achei que seu pensamento tinha mesmo mudado...— Digo indo em direção ao quarto.
— O que vai fazer?—Não respondo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.