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História Tão Raro Quanto Uma Noite Ensolarada - Capítulo 10 -Um efeito colateral da paixão? Irracionalidade!


Escrita por: venusspoetry

Notas do Autor


Trago a vocês um capítulo bem menor em relação aos outros, mas nem por isso com menos emoções ksks.

Boa leitura e perdão por qualquer possível erro.💚

Capítulo 11 - Capítulo 10 -Um efeito colateral da paixão? Irracionalidade!


Youngjae olhava para Jinyoung tão intensamente, que o Park chegava a se sentir meio inquieto. Não tanto quanto o Choi, claro, que balançava suas pernas por baixo da mesa sem parar. O ritmo padronizado e harmonioso de talheres se chocando contra pratos, e conversas paralelas, preenchia o espaço ao redor dos dois, durante aquele curto momento de silêncio na mesa.

Estavam numa cafeteria qualquer, que o Choi havia insistido muito para irem.

Porque andava querendo ir nela há um bom tempo, e também… porque Jaebeom estava em casa.

E ele não podia ouvir sobre aquilo que estavam conversando.

— Jae… Eu até entendo que você queira saber a minha opinião sobre isso… Mas ao invés de ficar pedindo opiniões alheias, não seria melhor você simplesmente falar com o Jaebeom? Para resolver toda essa sua dúvida de uma vez. — Jinyoung enfim quebrou o silêncio na mesa.

Youngjae suspirou. Não estava esperando, muito menos querendo, uma resposta daquelas.

— O Taehyung também me disse a mesma coisa, quando me contou sobre o que ele e o Jaebeom conversaram… Mas eu não posso fazer isso, Jinyoung! — Youngjae largou até mesmo seu garfo ao lado do prato com a fatia de bolo inacabada.

— Por que não? — O Park franziu o cenho.

— E a minha dignidade? Ficaria onde?

Foi a vez de Jinyoung suspirar.

— Youngjae, ou você é orgulhoso ou você se preocupa com os sentimentos que o Jaebeom tem por você. As duas coisas ao mesmo tempo não dá.

O Choi pareceu muitíssimo ofendido.

— E quem disse que eu estou preocupado com o que Jaebeom sente por mim?!

— Ah, não está?! Então por que quer tanto assim uma opinião sobre o assunto?

Youngjae abriu a boca, mas nada além de gaguejos incompreensíveis saíram dela. O Choi foi capaz de retomar o controle sobre a sua própria língua, apenas após alguns bons segundos.

— Curiosidade, ué… — Foi tudo o que conseguiu dizer, dando de ombros.

Jinyoung riu, balançando a cabeça negativamente.

— Você é realmente muito bom em mentir para si mesmo quando quer, não é?

O Choi lançou um olhar mortal para o amigo.

Jinyoung suspirou mais uma vez, enfim se rendendo.

— Se você quer mesmo saber a minha opinião… Pelo o que você falou que ouviu o Jaebeom dizer… — Ficou relutante por um momento. — Parece sim… Que ele tem sentimentos por você…

— Você é meu amigo, mas como eu vou acreditar em você, quando está falando com essa incerteza toda?! — Youngjae ficou mais ansioso e inquieto ainda.

— Não é incerteza, Jae, é só que… — Jinyoung ficou hesitante, afinal não queria machucar os sentimentos do amigo. — Você sabe que eu não gosto do Jaebeom, muito menos confio nele… E se ele tiver falado o que falou para o Taehyung, só para bancar o papel de bonzinho e coitadinho?

Youngjae murchou de imediato.

— Eu não tinha pensado nisso… — Murmurou. Voltou a pegar seu garfo e espetou seu pedaço de bolo algumas vezes, apenas brincando com a comida, antes de realmente engolir algumas garfadas. Com novas doses de açúcar entrando em seu sistema, sua feição acabou mudando.

Ficou pensativo, e depois, já não mais tão desanimado.

— Mas… não acho que o Jaebeom faria isso. De verdade. Posso não confiar nele ainda, nem ter perdoado ele… Mas realmente não acredito mais que ele seja um mentiroso desse tipo.

Jinyoung arqueou uma sobrancelha.

— “Posso não confiar nele ainda”? Você pretende confiar no Jaebeom então, em algum momento? — Tinha não só a expressão, como também o tom de voz, meio descontente.

Youngjae ficou surpreso, ao ter as palavras que nem havia percebido que tinha dito, jogadas contra si.

— Eu… E-Eu não disse isso.

— Mas foi o que quis dizer, mesmo que não tenha se dado conta.

Youngjae desviou o olhar, nervoso. 

Bem no fundinho, havia chegado a pensar na possibilidade de voltar a confiar em Jaebeom, algumas vezes…

Porém em nenhuma delas havia conseguido chegar a conclusão alguma sobre aquilo.

Ainda assim, após algum tempo, as palavras começaram a brotar em sua boca.

— O Jaebeom tem me tratado da melhor forma possível, Jinyoung… Andamos nos dando bem… Ou pelo menos, melhor do que antes… De qualquer forma, já faz algum tempo, desde que brigamos pela última vez… Além disso, ele comprou aquela casa enorme, que não foi nem um pouco barata, apenas para morar comigo e com o filhote… Está praticamente me bancando agora, também… E está botando a carreira dele em risco… Não estou dizendo que ele já compensou tudo o que aconteceu… Mas… — Prensou os lábios, ainda mais nervoso, e acabou por diminuir seu tom de voz. — compensou uma parte… Porque ele não faria tudo isso, se não estivesse arrependido de verdade.

Jinyoung se inclinou para trás, colando suas costas completamente à cadeira. Tinha um ar surpreso e irônico ao mesmo tempo.

— Uau, de todas as coisas que eu poderia esperar ver nessa vida, você defendendo o Jaebeom, realmente não fazia parte da lista. — Deu um risinho, não com muito humor.

Não estava irritado com Youngjae. A causa da sua momentânea irritação era a possibilidade que lhe estava sendo apresentada, de mais uma vez ver o Choi sendo machucado por alguém.

E o fato de Jaebeom anteriormente, de fato ter machucado o híbrido, não contribuía muito para Jinyoung ver toda aquela situação com bons olhos.

— Não estou defendendo ele, estou apenas falando os fatos… — Youngjae murmurou, continuando a evitar o olhar do amigo.

— Então, você realmente pretende voltar a confiar no Jaebeom alguma hora? — Jinyoung se inclinou para frente daquela vez, apoiando seus cotovelos sobre a mesa.

Youngjae nada respondeu.

Sua situação com o Im era complicada… Não o odiava mais — se é que algum dia realmente havia odiado —, porém ainda tinham muitos assuntos não resolvidos…

E também, não podia confiar em alguém, que ainda nem havia perdoado…

E aí entrava na tão temida questão, de perdoar ou não perdoar… E aquilo ia muito além do que sentia ou não sentia e até mesmo do que queria.

Porque simplesmente havia prometido para si mesmo que jamais perdoaria Jaebeom.

Então, como poderia voltar atrás…?

Aquilo nem era questão de orgulho, era questão de se manter fiel a si mesmo.

— Não quero interferir nas suas decisões, Jae, mas na primeira vez que você confiou nele, olha só o que ele fez com você. — Jinyoung continuou a falar, diante do silêncio do amigo.

Youngjae suspirou, começando a se irritar.

— Eu sei que quer cuidar de mim e me proteger, Jinyoung, mas eu já sou bem grandinho para saber me cuidar sozinho. E sinceramente, não tem pessoa que melhor se lembre do que o Jaebeom fez ou deixou de fazer do que eu, não acha? — Falou de forma quase ríspida. — Foi você que começou a falar sobre eu confiar nele, eu nunca falei que pretendo ou não pretendo, quero ou não quero confiar no Jaebeom e também nem quero falar. Então será que dá para esquecermos esse assunto e voltarmos a falar sobre o que eu quero?! — Praticamente impôs.

Já era uma pessoa naturalmente sem muita paciência, e com os hormônios da gravidez aumentando cada vez mais em seu sistema, sua pouca paciência apenas vinha se tornando menor ainda.

Jinyoung se encolheu um pouco.

— Tá bom… Desculpa…

Youngjae bufou, voltando a comer seu pedaço de bolo com garfadas violentas.

— Isso aqui ficaria muito melhor com molho de tomate. — Resmungou.

O Park fez uma pequena careta de nojo.

— Os seus gostos realmente estão começando a ficar estranhos…

— Não é como se a culpa por isso fosse minha… — Youngjae prosseguiu resmungando.

— É, eu sei…

Um momento de silêncio se formou na mesa.

Youngjae fez um pequeno bico quando seu pedaço de bolo acabou. Sentia que poderia comer mais uns dez daquele.

Mas não podia pedir mais qualquer coisa. Não tinha dinheiro para aquilo, já havia comido dois grandes salgados antes da fatia de bolo.

Parando de contemplar seu prato vazio, olhou para Jinyoung.

— Você ainda não me respondeu… — Murmurou.

— Respondi o que?

— O que você acha do que o Jaebeom falou… 

— Já respondi sim. Eu disse que realmente parece que ele está apaixonado por você, pelo o que você ouviu ele falar.

Youngjae balançou a cabeça negativamente.

— Mas você não disse com certeza. Disse que ele poderia estar fingindo, para se passar por bonzinho.

Jinyoung suspirou.

— Sim, eu disse, mas isso é porque eu não gosto nem um pouco dele e você sabe disso. Essa é a minha visão das coisas, não uma verdade incontestável.

Youngjae acabou por suspirar também. Não era religioso, mas já estava quase apelando para algum santo, para receber uma resposta.

— A minha opinião mais sincera, Jae, é que você deveria falar com o Jaebeom. Já te disse isso. — Jinyoung falou, diante da evidente frustração do Choi. — Do que você tem tanto medo, afinal? Mesmo que ele não saiba que você ouviu a conversa dele com o Taehyung, não deve ser tão inocente assim, para acreditar que o Tae não comentou sobre nada com você. Então, ele sabe que você sabe sobre o que ele disse. E apesar de tudo que eu penso dele, duvido muito que ele reagiria mal a qualquer pergunta que você fizesse sobre isso, muito menos seria grosseiro com você. O máximo que poderia acontecer, seria ele desviar das perguntas.

Youngjae mordiscou seu lábio inferior.

— Eu sei de tudo isso… Mas mesmo que ele saiba que eu sei o que ele falou… Não pode saber que tenho interesse nisso… — Batucou seus dedos ritmicamente sobre a mesa conforme as palavras foram saindo de sua boca, como forma de aliviar o nervosismo.

Jinyoung franziu o cenho.

— Por que?

— Eu já disse, Jiny! E a minha dignidade?! — O nervosismo do Choi se intensificou.

O Park assumiu um feição quase incrédula.

— Olha, Jae… Você é meu melhor amigo e eu estou do seu lado para tudo, sabe disso, mas é justamente por você ser meu melhor amigo, que eu sei que não vai aguentar viver com essa dúvida por muito tempo. Ou vai acabar dando com a língua nos dentes alguma hora ou pior ainda, vai acabar tomando alguma atitude impulsiva e depois se arrepender. Então não acha melhor falar sobre isso com o Jaebeom agora? De forma calma e racional? Antes que essa sua dúvida te consuma e você acabe fazendo alguma burrada.

— Eu não sou tão impulsivo assim… — Youngjae resmungou, teimosamente não querendo seguir as palavras do amigo.

— Ah, é sim.

O Choi lançou um olhar mortal para Jinyoung.

Mas daquela vez, aquilo não fez o Park parar de falar.

— Jae, vamos ser sinceros aqui, tá? Esse assunto dos sentimentos do Jaebeom, claramente é muito importante para você, então independente do que você define como dignidade, já perdeu isso. Todos perdem, quando começam a se importar tanto com os sentimentos de outra pessoa. O que você está fazendo agora é ser orgulhoso e não querer dar o braço a torcer. Porque não quer admitir que o que você sente pelo Jaebeom continua igualzinho a antes, se é que o sentimento não se tornou ainda maior. — Falou tudo da forma mais calma possível.

Youngjae se sentiu terrivelmente exposto, surpreso e envergonhado, tudo ao mesmo tempo.

— O-O que?! N-Não, claro que não! E-Eu não sinto mais nada por ele! — Tentou usar o seu melhor tom de ofendido.

Jinyoung quase riu.

Podia não gostar de Jaebeom, mas ainda assim, os sentimentos que seu amigo tinha por ele eram e haviam sido muitíssimos claros para si, desde o primeiro momento em que tinha visto os dois juntos. Por isso, lhe era tão engraçado, ver Youngjae negando aquilo, que era algo tão óbvio, por pura pirraça, orgulho, vergonha… ou quem sabe até uma junção dos três.

— Não? Então por que o que ele sente por você importa tanto assim? Quero dizer, se você não sente absolutamente nada por ele, que diferença vai te fazer, se ele está ou não apaixonado por você?

Youngjae não respondeu nada. Porque simplesmente não havia coisa alguma para responder.

Pelo menos não uma que fosse crível e ao mesmo tempo não fosse contra o que havia acabado de falar.

Um silêncio se criou na mesa. Jinyoung cruzou os braços, à espera de uma resposta, porém quando ela não veio, prosseguiu falando.

— Se o Jaebeom virar e te dizer que está perdidamente apaixonado por você, você não vai fazer nada? Vai só dizer “ah que bom, eu só queria saber”, e seguir a vida? É isso que está tentando me fazer pensar? Porque se for, tenho que te avisar que você não está sendo nem um pouco convincente.

Youngjae reagiu daquela vez, bufando e enfiando o rosto entre as mãos.

— Urgh! Como eu te odeio às vezes!

— Odeia porque eu sempre falo as verdades que você tenta negar, né?

— Cala a boca. — Youngjae tirou o rosto das mãos, emburrado. — Não quero mais falar sobre isso. Vou apenas esquecer o que eu ouvi, pronto.

Jinyoung riu, balançando negativamente a cabeça.

— Pode até tentar esquecer, mas eu sei que não vai conseguir. Assim como não vai conseguir fugir dos seus próprios sentimentos por muito tempo, Jae.

Youngjae lançou mais um de seus olhares mortais para o Park.

— Estou falando isso para o seu bem. — Jinyoung respondeu, não se amedrontando. Após alguns segundos, suspirou. — Só fala com o Jaebeom, tudo bem? Não quero te ver agoniado, por algo que pode ser resolvido com uma simples e inofensiva conversa.

— Simples e inofensiva não sei da onde… — Youngjae resmungou.

Jinyoung riu outra vez, disfarçadamente.

Não entendia como o Choi queria ser tratado como um adulto, quando ele quase sempre costumava fugir de situações que a vida adulta trazia.

Não que o culpasse, claro… Gostaria de fazer o mesmo também. Porque a vida adulta era um verdadeiro saco.

— Jiny. — Após quase um minuto inteiro, Youngjae acabou quebrando o silêncio que havia se formado na mesa.

— Hm?

— Você não ia se encontrar com um ômega hoje? Acabei de me lembrar disso.

— Ah… Eu ia, mas o Yug falou que quer ver um filme comigo, quando ele chegar em casa, então eu desmarquei.

Primeiro Youngjae se sentiu orgulhoso, porque Yugyeom de fato estava seguindo suas palavras e tentando ter um pouco mais de atitude com Jinyoung. Poderia ser à passos de formiga, mas o importante era que estava acontecendo.

Depois, o Choi franziu o cenho, e em seguida deu um sorrisinho de canto, incrédulo.

— Espera aí, deixa eu ver se eu entendi… Você, Park Jinyoung, deixou uma foda de lado para assistir um filmezinho?

Jinyoung não compreendeu aquela surpresa toda.

— É, o que que tem? Amigos são sempre mais importantes do que esse tipo de coisa.

Youngjae balançou a cabeça negativamente, dando um pequeno riso.

— Eu não me lembro de você já ter feito algo desse tipo por mim. Até já fez, em dias em que eu estava mal, mas agora por eu simplesmente querer assistir um filme com você? — Deu outro riso. — Jamais.

Jinyoung pareceu quase insultado.

— Claro que eu já devo ter feito, você que não deve se lembrar.

— Uhum, claro… — Youngjae bebericou seu mocaccino, que havia sido a única coisa que tinha lhe restado para consumir.

Pouco tempo de silêncio foi feito na mesa, antes de palavras brotarem na mente do Choi e em seguida saírem por sua boca.

— Mas… Hm… Já que tocamos nesse assunto… — Começou meio sem jeito. — Você e o Yugyeom já estão morando juntos há um mês ou quase isso, não é?... Então… Hm… O que você… acha dele? — Tentou perguntar como quem não queria nada.

— Como assim o que eu acho dele? — Jinyoung franziu o cenho.

— Ai, Jiny, é uma pergunta bem simples… O que você acha do Yug? Ele é legal? Não é legal? É uma boa companhia? Não é uma boa companhia? Esse tipo de coisa. — Tentou controlar sua ansiedade para receber uma resposta. — Claro que eu estou apenas dando um exemplo, você pode… hm… desenvolver mais, se quiser.

— Essa é uma pergunta meio estranha… — O cenho franzido persistiu na face de Jinyoung por algum tempo, antes de se desfazer. — Mas… Ele é legal. — O Park deu de ombros.

— Legal? Só isso? — Youngjae não foi capaz de esconder a sua profunda decepção.

— É… O que você quer que eu diga, exatamente? — Jinyoung deu um pequeno riso, um pouco sem graça. — O Yugyeom é… Hm… Tímido. Muito tímido. Não que eu ache isso algo ruim, acho bastante fofo na verdade… E também, agora ele parece estar… Hm… Se soltando mais comigo.

— Ah, isso é ótimo! Vocês devem estar realmente se dando muito bem então, porque não é algo tão fácil assim, o Yug se soltar com alguém. — O Choi tentou falar como se não soubesse de absolutamente nada.

— É… Acho que realmente estamos… Fazia muito tempo que eu não me sentia tão bem com alguém, como me sinto com o Yug.

— Ah, é?

Jinyoung balançou a cabeça positivamente.

— Eu nem sei o porquê… Ele só tem aquele jeito dele… Todo fofo, educado, compreensivo e tão… gentil. Tipo, ele é gentil com todo mundo. Até com quem não merece… — Acabou se relembrando do episódio da cafeteria, da forma como o Kim havia perdoado tão facilmente e de forma sincera, aquele alfa nojento e a namorada dele. — Às vezes, me faz sentir como se eu estivesse falando com um anjo, sabe? Ele tem todos os requisitos para ser um. — Deu um pequeno riso.

Youngjae notou a forma como os olhos do Park pareciam estar preenchidos por uma constelação inteira, de tanto que brilhavam. Ele também esboçava um sorriso abobalhado.

Que parecia bastante, ser aqueles do tipo apaixonado…

O Choi não queria se precipitar, mas já estava com quase cem por cento de certeza, de quais eram os sentimentos que Jinyoung tinha por Yugyeom…

Apoiou o queixo sobre a mão, prestando ainda mais atenção no Park.

— É… O Yug realmente tem… — Deu apenas um pequeno incentivo para o lúpus continuar falando.

— Ele até mesmo cuida das pessoas como se fosse um anjo, já percebeu? Está sempre ouvindo os problemas dos outros, aconselhando, dando apoio, mas quase nunca fala sobre um probleminha próprio e parece estar sempre tentando manter um sorriso no rosto. Como se… os problemas das pessoas que ele gosta importassem muito mais para ele do que os dele próprio. É algo realmente admirável… e ao mesmo tempo, que eu considero um grande defeito…

Youngjae se surpreendeu com aquela análise de Jinyoung.

Conhecia muito bem aquele jeito de ser do Kim, porém não esperava que o Park também, considerando o tão pouco tempo que ele de fato havia começado a ter um contato direto com o beta.

Jinyoung nunca havia sido um analista super minucioso… Então ou ele prestava ainda mais atenção em Yugyeom do que Youngjae pensava ou ele simplesmente tinha um talento nato para entender o Kim.

Qualquer que fosse a opção certa… Apenas fazia a imagem na mente do Choi, de Yugyeom e Jinyoung como um casal, se tornar mais nítida.  

— Por que…? — O Choi perguntou apenas por querer ouvir Jinyoung falar, porque tinha ideia da resposta.

— Como “por que”? Eu não gosto desse jeito dele de viver se botando em segundo plano em prol de outras pessoas. Queria que ele falasse mais sobre os próprios problemas… Eu realmente gostaria de ajudar ele, no que quer que fosse… Queria… cuidar dele e protegê-lo.

Youngjae semicerrou os olhos por curtos segundos.

Alfas não tinham o instinto de proteger apenas seus pares românticos, claro, também eram daquela forma em relação à seus amigos e familiares.

Mas ainda assim… A forma como Jinyoung havia falado, tinha parecido um pouco… diferente.

— Ele realmente não fala muito sobre o que se passa na vida dele… Quer tanto cuidar dos outros, que acaba se esquecendo de cuidar dele mesmo às vezes… Mas… Você já cuida do Yugyeom e protege ele, Jiny. Até demais. Não precisa ficar esquentando a cabeça com isso. — O Choi resolveu dar algumas palavras de apoio para o Park, sendo completamente sincero.

Jinyoung acabou por franzir o cenho.

— Já?... Como?

Youngjae deu um pequeno riso.

Será que cuidar de Yugyeom era algo tão natural assim para Jinyoung, que ele chegava a nem se dar conta daquilo?

— Bom… Você não percebe, mas meio que cuida do Yugyeom e protege ele o tempo inteiro, sabia? Às vezes parece até que você seria capaz de carregá-lo no colo, apenas para não deixar ele fazer o mínimo esforço de caminhar.

— É? — Jinyoung franziu o cenho mais ainda.

— É.

O Park cruzou os braços, pensativo e confuso. As palavras de Youngjae realmente não faziam muito sentido para si.

— Talvez… Eu até possa proteger o Yugyeom fisicamente… — Começou, incerto. — Mas… queria proteger o coração dele também. Não deixar que absolutamente ninguém no mundo inteiro machucasse os sentimentos dele, por mais minimamente que fosse.

— É, isso é meio impossível…

— Eu sei…

Um curto momento de silêncio foi feito na mesa.

— É só que… sei lá, ele parece me entender de uma forma inexplicável, sabe…? Ele foi a única pessoa, depois de você, que viu eu perdendo o controle para o meu lobo, e não sentiu medo nenhum… Ficou até preocupado comigo, dá para acreditar? — Jinyoung deu um pequeno riso. — Queria conseguir compreender ele, tanto como ele parece conseguir me compreender.

— Talvez você já compreenda, sem nem perceber, Jiny…

— Não sei… — Jinyoung murmurou, não parecendo acreditar muito nas palavras do Choi.

Mais um momento de silêncio acabou por ser feito.

Uma feição pensativa desenhou os traços de Jinyoung por bastante tempo, até ele acabar quebrando o silêncio.

— Às vezes eu sinto como se eu e ele tivéssemos um tipo de ligação… — Murmurou, quase sem nem perceber.

Youngjae demonstrou interesse imediato. Chegou a até mesmo se inclinar um pouco para frente.

— Do tipo das lendas? Alma-gêmeas? — Tentou perguntar em um tom casual, como se aquilo não fosse nada demais.

Não adiantou de nada.

— O que?! N-Não! C-Como amigos!

— Ah… — Youngjae se decepcionou um pouco.

Mas não foi preciso o silêncio se estabelecer por muito tempo daquela vez, para ele logo ser quebrado. Youngjae decidiu tentar jogar verde.

— Sabe, Jiny… Já que estamos falando do Yugyeom… Vou compartilhar algo com você…

— O que? — Jinyoung se inclinou para a frente. Qualquer assunto que envolvesse o Kim, lhe despertava enorme interesse.

— Eu estou pensando em apresentar alguém para ele.

— Apresentar? Como assim? — Jinyoung deu um pequeno riso, tentando acreditar que aquelas palavras não tinham o significado que pareciam ter.

— Ah, você sabe… Alguém para ele namorar…

— Que?! — O Park desintencionalmente soltou um grito, fazendo a cafeteria inteira olhar para a mesa dos dois.

Soltou um pequeno pedido de desculpas para todos, e assim que a excessiva atenção foi tirada de cima dos dois, voltou a olhar para Youngjae.

— Por que isso tão de repente?! — Falou bem mais baixo, mas nem por isso menos exasperado.

— Não é de repente, eu já venho pensando nisso há algum tempo… Não acha meio triste, alguém como o Yugyeom, que parece quase um anjo, como você mesmo disse, não namorar, nem nunca ter namorado ninguém? Ele merece experimentar esse tipo de amor.

— Eu não acho. — Jinyoung disparou.

— Não acha? — Youngjae cruzou os braços, tentando manter uma pose séria

Era impressão sua ou Jinyoung estava com ciúmes?

— Você vai simplesmente jogar ele nos braços de qualquer pessoa?! O Yugyeom está muito bem sozinho, ele não precisa de ninguém!

— Calma, por que você está ficando tão irritado? — Youngjae deixou uma risada escapulir. — Eu não pretendo jogar ele nos braços de qualquer pessoa, jamais faria isso com o Yug. Vocês dois podem ser os meus únicos amigos, mas eu conheço outras pessoas, sabia? Além disso, do jeito que você fala, parece que eu vou vender ele ou algo do tipo. — Deu mais um pequeno riso. — Vou apenas apresentar o Yug pra outra pessoa, se vai rolar um ou mais encontros depois disso, ou até mesmo um namoro, vai ser ele quem vai decidir, eu não vou obrigá-lo a fazer nada.

— Mesmo assim…

— Mesmo assim o que? — Youngjae interrompeu Jinyoung. — Eu não estou entendendo você, Jiny, tem algum motivo que eu não estou sabendo, para você ser tão contrário a eu apresentar alguém para o Yugyeom? — Resolveu pressionar um pouco.

O Park se sentiu levemente intimidado por aquilo. Mas como nem ele próprio ainda sabia a verdadeira resposta para aquela pergunta, acabou por dizer uma das primeiras coisas que lhe veio à mente.

— Eu apenas não entendo o porquê disso… — Murmurou.

— Como não? — Youngjae fingiu um tom indignado. — O Yugyeom ama livros, séries, filmes, tudo de romance, Jinyoung. Ele sonha em encontrar alguém que faça o coração dele bater mais rápido e então viver um romance digno de um best seller. Eu apenas quero dar uma ajudinha para o destino. Quem sabe, alguém que eu apresente para ele, acabe sendo a tal alma gêmea pela qual ele tanto espera.

Jinyoung perdeu ainda mais a capacidade de esconder sua irritação e incômodo.

— Eu acho isso pura idiotice. Ninguém que você apresentar para o Yugyeom, vai ser a tal alma gêmea dele.

Youngjae semicerrou os olhos.

— Como pode dizer isso com tanta certeza?

— Eu apenas sei.

— Ai, Jinyoung, que negatividade! Você também não é amigo do Yugyeom?! Deveria apoiar a felicidade dele!

— Ele não precisa de outra pessoa para ser feliz… — O Park resmungou.

— Sabe o que parece? Que você está com ciúmes. — Youngjae disparou, resolvendo ser um pouco mais direto.

Jinyoung congelou por um momento, em puro choque, antes de ser capaz de falar qualquer coisa.

— Q-Que?! C-Claro que não! Por q-que eu teria ciúmes do Yugyeom?!

— Não sei. — Youngjae deu de ombros. — Me diga você.

O Park ficou olhando para o híbrido, como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo. Por fim, deu um riso soprado, incrédulo.

— Acho que os hormônios estão afetando o seu cérebro também. Está começando a falar coisas sem o menor sentido, Jae.

— Então tá… Vou começar a ver quem eu posso apresentar para o Yugyeom… Tenho certeza que muita gente vai se interessar, afinal ele é um beta muito bonito e interessante… — Resolveu provocar.

— Não! Você não pode apresentar ninguém pra ele! — Jinyoung chegou a bater na mesa, em uma mistura de irritação e desespero.

Youngjae franziu o cenho.

— Você disse que eu estou falando coisas sem sentido, mas você também não está fazendo sentido algum.

Jinyoung mordiscou o lábio inferior, nervoso, mesmo sem nem saber o porquê. Pensou, antes de falar.

— Jae, olha… Eu sou o seu melhor amigo, não é?

— Claro.

— E você faria qualquer coisa por mim, não é?

— Óbvio.

— Então. Tudo o que eu peço para você é que não apresente ninguém para o Yugyeom, tudo bem? Pode fazer isso por mim, sem ficar me questionando, por favor?

— Agora você jogou baixo… — Youngjae resmungou, e em seguida suspirou. — Tá bom, não vou apresentar ninguém para o Yugyeom, não precisa se preocupar.

Jinyoung deu um suspiro de puro alívio.

— Obrigado.

— De nada… — Youngjae murmurou.

Olhou para o amigo, pensativo.

Poderia não ter conseguido algo claro e direto como um "eu estou apaixonado pelo Yugyeom", porém não era como se aquilo houvesse sido realmente necessário.

O próprio Jinyoung poderia ainda não ter se dado conta do que sentia, mas ainda assim, os sentimentos dele por Yugyeom não poderiam ser mais escancaradamente óbvios.

Era até surpreendente, o próprio Kim não ter se dado conta daquilo. Era muito inteligente, afinal. 

Talvez a paixão afetasse a inteligência...

Youngjae se questionou, se deveria contar para Yugyeom que os sentimentos dele eram retribuídos, ou pelo menos esperar Jinyoung perceber o que se passava pelo seu próprio coração. 

Iria decidir. 

Mas estava completamente certo sobre outra coisa:

Jinyoung estava apaixonado por Yugyeom, tanto quanto o Kim estava por ele.

✩✩☼✩✩

Youngjae abriu a porta da casa com toda a delicadeza possível, e com mais delicadeza ainda, a fechou, não querendo emitir um mínimo ruído que fosse.

Não que andasse evitando Jaebeom, desde que havia ouvido a conversa dele com Taehyung, claro…

Porém meio que estava.

Definitivamente uma coisa que havia descoberto naqueles últimos dias, era que era realmente muito bom em fugir e se esconder dos seus problemas, quando verdadeiramente queria.

À passos de formiga, caminhou até a escada e subiu para o segundo andar. Estranhou um pouco, todo o silêncio da casa e nenhum sinal aparente da presença de Jaebeom, mas também, não era como se fosse tentar achá-lo.

Se ele tivesse saído para algum lugar, melhor ainda.

No segundo andar, continuou caminhando quase na ponta dos pés. Estava quase virando o corredor para o seu quarto, quando a porta do final do corredor principal, que dava para a academia, repentinamente foi aberta.

Youngjae ficou estático no mesmo lugar, enquanto um Jaebeom suado e sem camisa surgiu frente a seus olhos.

O Choi piscou diversas vezes, tentando processar aquela imagem.

Na última e até então única vez em que havia visto Jaebeom sem camisa, a iluminação não era tão boa daquele jeito, para conseguir ver tudo de forma tão… detalhada.

A vista era muitíssimo melhor do que a memória que tinha guardada em sua mente…

— Ah, você já chegou. — Jaebeom disse, um pouco sem fôlego, e deu um pequeno sorriso, se aproximando de Youngjae.

— É… — O Choi até mesmo se esqueceu de como falar.

Com a aproximação de Jaebeom, sentiu seu corpo se arrepiar por inteiro. O cheiro dele estava mais intenso do que o usual…

Aquilo, somado ao olfato do Choi, que andava cada vez mais sensível, era praticamente um empurrão ao precipício da irracionalidade.

— Hm… a saída com o Jinyoung foi boa…? — O Im se forçou a perguntar. Obviamente desde que tinha descoberto que o Park já havia sido namorado de Youngjae, apenas havia passado a detestar o lúpus mais ainda, porém ainda assim, tentava não demonstrar aquilo de forma tão gritante.

Youngjae mal ouviu a pergunta. Estava ocupado demais, babando pelo corpo de Jaebeom.

Contra a vontade do Choi, as memórias da noite em que tinha conhecido o Im, começaram a brotar em sua cabeça sem parar. De forma muito mais detalhada do que deveriam, justo naquele momento.

Mordeu os próprios lábios.

Aquilo era tão injusto… Seus hormônios andavam nas alturas… Assim como sua libido… Já havia chegado a até mesmo ter que se “aliviar” no meio da noite algumas vezes… Enquanto Jaebeom, que era um tremendo gostoso e fodia bem para um senhor caralho, estava literalmente logo ali, vivendo debaixo do mesmo teto que o seu.

Será que ele recusaria, se…

— Youngjae.

— Hm? — O Choi deu um pequeno sobressalto ao ser repentinamente trazido para o mundo real.

Jaebeom riu soprado. Obviamente havia percebido o motivo da tamanha distração do híbrido.

Aquela não tinha sido a sua intenção ao sair da academia sem camisa, até mesmo porque pensava que Youngjae nem estava em casa, porém ainda assim, não poderia dizer que não estava gostando de ver o efeito que ainda era capaz de causar no Choi.

Ele até poderia não ter mais nenhum sentimento por si… Porém definitivamente ainda o atraía fisicamente tanto quanto antes.

Era bom saber daquilo…

— A saída com Jinyoung. Como foi?

— A-Ah… Hm… F-Foi boa, muito boa.

— Que bom.

— É..

— Deve estar realmente frio lá fora, as suas bochechas estão super vermelhas. — Jaebeom tentou resistir, porém acabou caindo na tentação de provocar um pouco o Choi.

— E-Estão? — Youngjae tocou nas próprias bochechas, apenas para confirmar as palavras do Im. O alfa acenou positivamente com a cabeça. — Ah… É, e-está realmente muito frio. — Deu um pequeno riso nervoso.

— Eu imagino… — Internamente, Jaebeom riu. — Bom, eu estou todo suado e grudento, vou ir tomar um banho. — Resolvendo não atormentar muito o Choi, deu as costas para se dirigir ao banheiro.

— Como eu queria ir junto… — Youngjae disse em um suspiro baixo. Sua mente estava completamente incapaz de ter um pensamento racional que fosse.

— O que? — Jaebeom se virou para trás, com o cenho franzido. Para a sorte do Choi, ele realmente não havia ouvido.

O híbrido arregalou os olhos.

— N-Nada. — Correu para o corredor de seu quarto e em seguida se enfiou no cômodo, batendo a porta com um pouco mais de violência do que o necessário.

Encostou suas costas nela, jurando que seu coração rasgaria seu peito e sairia palpitando quarto afora, de tão enlouquecidamente rápido que estava batendo.

Quase havia cometido uma loucura poucos segundos antes! Onde estava sua cabeça?! Tinha que botar ela no lugar!

Se deixou escorregar pela porta, até acabar sentado no chão.

Não sabia se era a convivência com Jaebeom ou um efeito da gravidez, porém verdadeiramente andava perdendo sua racionalidade com uma facilidade impressionante…

Talvez Jinyoung estivesse certo… Talvez realmente devesse falar com o Im, sobre o que havia ouvido.

Antes que aquilo acabasse lhe consumindo e resultando em uma terrível catástrofe.

Mas…

Suspirou pesadamente.

Não sabia se de fato tinha coragem para fazer tal coisa…

✩✩☼✩✩

Jinyoung se espreguiçou ao sair do elevador. Ter saído com Youngjae havia sido ótimo, mas naquele dia em específico, estava querendo o aconchego do seu tão amado apartamento mais do que o normal.

Caminhou pelo corredor até parar diante da porta da sua moradia. Franziu o cenho assim que enfiou a chave na fechadura. Ela já estava destrancada.

Estranho… Àquela hora, Yugyeom normalmente ainda estava na JG…

O que será que havia acontecido?

Preocupado, Jinyoung entrou no apartamento.

E franziu o cenho ainda mais ao ouvir vozes vindo da sala. Uma delas era de Yugyeom.

O Park ficou alarmado ao notar que pelo tom, não pareciam estar simplesmente conversando e sim discutindo.

Yugyeom discutindo… Era uma coisa que nunca havia visto. Quem poderia ser aquela pessoa, capaz de tirar justo o Kim do sério?

A passos cautelosos, Jinyoung se aproximou da porta da sala. Ela estava entreaberta.

Encaixou um de seus olhos na abertura disponível.

— O Jinyoung jamais faria qualquer coisa contra mim! — Yugyeom bradou. Estava em pé no meio da sala e parecia realmente muito irritado.

O Park franziu o cenho, se questionando o porquê o assunto era a sua pessoa.

— Alfas não são confiáveis, Yugyeom! — Ironicamente, as palavras vieram de uma alfa.

Jinyoung a analisou bem. Era bem menor do que Yugyeom, tinha longos cabelos pretos, e… um olhar feroz. E também, parecia ser quase dez anos mais velha do que o beta.

Ficou confuso.

Yugyeom havia dito que seus únicos amigos eram Youngjae, a sua pessoa e aquele tal de Jimin… Então, quem era aquela?

Uma namorada…?

O Park sentiu seu peito doer apenas com aquela suposição.

Mas não… Yugyeom havia lhe dito que nunca tinha gostado de alguém, muito menos se envolvido com qualquer pessoa… Não mentiria sobre aquilo, não é? Jinyoung sabia que não. Não existia qualquer motivo para aquele tipo de mentira, afinal.

Mesmo mantendo aquele pensamento, o Park não foi capaz de sentir a dor em seu peito ir embora.

— Você é uma alfa!

— E é exatamente por esse motivo que estou falando isso!

Yugyeom balançou a cabeça negativamente.

— Você não pode me obrigar a sair daqui! Não sou mais uma criança idiota, você não me manipula mais, muito menos manda em mim! — Aumentou mais ainda seu tom de voz.

Jinyoung ficou surpreso.

Não sabia que Yugyeom era capaz de se exaltar tanto daquela forma.

O que aquela alfa havia feito, afinal, para tirá-lo completamente do sério daquele jeito?

— Se for pela sua segurança, posso tirar você daqui até arrastado! — Ela também aumentou o tom de voz.

Jinyoung não gostou nem um pouco de ouvir aquilo. Quase rosnou.

— Você me machucou de um jeito que o Jinyoung nunca seria capaz! — Aquelas palavras, calaram a alfa momentaneamente. Ela não parecia estar esperando ouvi-las… Pareceram acertar em cheio, algum ponto muito delicado dentro dela. — Estou muito melhor com ele do que estava com você!

— Não… Não fala assim… Eu só estava querendo o seu bem… Só queria te proteger de se machucar mais ainda, Yug…

Jinyoung semicerrou os olhos, confuso. Não estava entendendo muita coisa daquela conversa.

Mas de qualquer forma, apenas sabia que estava do lado de Yugyeom.

— Você não protege alguém mentindo e traindo a confiança da pessoa!

Ah, então aquele era o motivo da clara irritação e chateação do Kim…

Jinyoung teve ainda mais certeza de que estava do lado dele naquela discussão.

Apesar de se questionar, sobre o que exatamente, a alfa havia mentido para ele.

— Yug…

— A minha vida inteira… Minha vida inteira, Hwasa, eu nunca, nunca consegui sentir que pertencia àquela casa! Que me encaixava lá ou em qualquer outro lugar! Eu passei tanto, tanto tempo achando que havia algo de errado comigo! Que a culpa era minha, que eu havia nascido com algum erro genético, que eu havia nascido “defeituoso”, como eu tanto ouvi! — Yugyeom deu um riso amargurado, apesar de parecer prestes a chorar. — Mas a culpa nunca foi minha! E você sabia disso! Você sabia e preferiu não me dizer nada! Eu tinha o direito de saber!

Jinyoung sentiu seu coração doer apenas por ver a forma como o Kim parecia tão machucado falando tudo aquilo. Poderia não saber muito bem o que havia por trás daquelas palavras dele, mas ainda assim, tudo o que quis fazer foi abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem.

Mas se obrigou a ficar no mesmo lugar. Sua intromissão naquela conversa ainda não parecia necessária.

A alfa, que agora o Park sabia que se chamava Hwasa, suspirou, parecendo realmente cansada.

— Você realmente tinha, eu admito isso… E eu sei que já disse isso antes, mas… me desculpa. De verdade, me desculpa. Eu não tinha o direito de esconder algo tão importante de você, mesmo pensando que isso fosse ser o melhor… Mas… Agora que você sabe disso… O que realmente mudou, Yug? Nada. — Hwasa pegou a mão do Kim. — Eu continuo sendo a mesma de sempre, você continua sendo o mesmo de sempre… Aqueles dois continuam sendo tão horríveis como sempre foram… E continua sendo nós dois contra o mundo, como sempre foi… — Deu um pequeno sorriso.

Yugyeom abaixou o olhar, olhando para a sua mão junto à da alfa. Fixou seu olhar naquela imagem por alguns segundos, antes de balançar negativamente a cabeça e dar dois passos para trás, quebrando o contato físico e se afastando dela.

— Pode não mudar para você, que querendo ou não, se encaixa naquele lugar perfeitamente… Mas para mim, muda tudo… Saber que eu não pertenço totalmente àquele inferno… Que em algum lugar desse mundo, tem uma casa em que eu me encaixo… muda tudo. — O Kim deu mais alguns passos para trás, até acabar se sentando no sofá. — Saber que eu e você não somos… — As palavras pareceram ficar presas em sua garganta, incapazes de saírem. Acabou por não dizê-las. — Muda tudo.

Uma pontinha de desespero surgiu no olhar da alfa. Ela balançou a cabeça em negação sem parar e se atirou de joelhos na frente de Yugyeom, botando suas mãos nos braços dele.

Jinyoung não gostou muito daquela aproximação.

Bom, talvez não gostasse de pessoas no geral, com exceção de Youngjae, se aproximando do Kim…

— Não muda, não. Não para mim… — A tristeza na voz dela parecia sincera. — Olha, Yug, eu faço o que você quiser… Mas por favor, volta pra casa…

Yugyeom pareceu ficar balançado.

Jinyoung não gostou daquilo. Podia não saber nada sobre aquela situação, mas definitivamente não queria que o Kim fosse embora.

— Você merece um lugar melhor para viver… Lá você vai ter muito mais espaço e conforto… Seu quarto está arrumadinho, apenas esperando por você…

A feição de Yugyeom mudou. Ele acabou por parecer ofendido e irritado.

— Eu não me importo com nada disso… Aqui também é muito confortável e tem espaço mais do que o suficiente… Nem tudo dá para se resolver com dinheiro e bens materiais, Hwasa…

— Eu sei… Mas você realmente não sente saudade de mim, da Yongsun, ou pelo menos… do Cheongsan? Você nem conheceu ele ainda… — Diferente das palavras anteriores, aquelas pareceram acertar Yugyeom em cheio. — Eu sei que eu estou morrendo de saudade de você… E a Yongsun também… Você passou a gravidez inteira ao lado dela, e agora que o Cheongsan enfim nasceu, você não está lá… Ela está muito triste com isso…

Jinyoung semicerrou os olhos. Cheongsan, pelo o que havia entendido, era um bebê… Yongsun era a mãe dele… E Yugyeom havia acompanhado a gestação dela… Mas qual era exatamente a ligação entre aqueles dois, aquela alfa e o Kim?

— Você realmente não sente vontade de pelo menos conhecer o Cheongsan…? Ele é quase uma cópia da Yong, como você disse que ele seria… — Hwasa deu um pequeno riso, tentando aliviar o clima. — Aposto que ele reconheceria a sua voz no mesmo segundo em que a ouvisse, de tanto que conversou com ele enquanto ele ainda estava na barriga.

Yugyeom pareceu ficar verdadeiramente balançado daquela vez…

Mas em seguida, pareceu voltar a ficar irritado.

— Você não acha muito baixo usar o seu filhote para tentar me fazer voltar? — Falou num tom calmo, apesar de tudo.

Ah… Então Cheongsan era o filhote daquela alfa com a tal Yongsun…

Jinyoung se sentiu mais tranquilo, ao saber que Hwasa, aparentemente, já era comprometida.

Porém ainda gostaria de entender qual era a ligação de Yugyeom com aquelas três pessoas.

De repente uma musiquinha irritante e padronizada, tomou conta praticamente do apartamento inteiro. O Park ficou confuso por poucos segundos, até se dar conta da vibração em seu bolso.

Merda! Seu celular!

Recusou a ligação sem nem ver quem era, mas obviamente já era tarde demais.

Assim que olhou para cima, Hwasa já lhe lançava um olhar mortal pela abertura da porta, e Yugyeom apenas tinha um olhar… assustado.

— Ah, então esse é o tal Jinyoung. — Dando um sorriso amargo, a alfa caminhou a passos duros e rápidos em sua direção.

— Hwasa, não!

Yugyeom, impressionantemente, foi mais rápido do que a alfa e se botou entre ela e o restante do caminho até a porta.

— Eu juro por tudo, se você encostar um dedo que for nele, eu realmente não vou mais falar com você pelo resto da minha vida! Estou falando sério!

O que quer que fosse que Hwasa pretendesse fazer com Jinyoung, aquelas palavras pareceram a fazer mudar de ideia num instante.

O Park não tinha a mínima ideia do que deveria ou não fazer, mas o que tinha certeza, era que não deveria continuar atrás da porta, parado como uma estátua.

Sem jeito, terminou de abrí-la e enfim entrou na sala.

— Hm… Oi? — Não tentou ser muito simpático, mas ao menos manteve um tom cordial.

— Espera aí… — Hwasa farejou o ar e em seguida olhou para Yugyeom, irritada. — Você tinha me dito que ele era um alfa. — Falou quase entredentes.

— E ele é… — O Kim murmurou.

A mais velha balançou negativamente a cabeça.

— Você tinha me dito que ele era apenas um alfa… Não me falou que ele era um alfa lúpus! — Aumentou o tom de voz. — Isso piora tudo umas mil vezes! Ah, mas é agora que você vem comigo, querendo ou não! — Andou até Yugyeom, pronta para pegar o pulso dele.

Antes que Jinyoung pudesse se dar conta do que estava fazendo, já se encontrava no meio dos dois. Havia sido um ato automático… Um instinto.

A única coisa que sabia, era que não deixaria ninguém, absolutamente ninguém, tirar Yugyeom daquele apartamento, a não ser que aquela fosse a vontade do Kim.

O que visivelmente, não era.

— Eu não sei quem você é, mas não pode tirar o Yugyeom daqui desse jeito, à força. Ele já é maior de dezoito anos, já responde por ele mesmo, e já disse que não quer ir com você. — Tentou falar da forma mais calma de que foi capaz. Não queria armar uma confusão, apesar de tudo.

A alfa riu de pura incredulidade, visivelmente nem um pouco contente.

— Quem você acha que é para se meter nesse assunto, hein?! Eu sei o que é melhor para ele, e definitivamente não é ficar aqui, com um monstro sanguinário como você!

Jinyoung nem soube como reagir, ao ser chamado daquele jeito de forma tão repentina, quando estava agindo de forma tão contida e cordial.

Yugyeom saiu de trás do Park e pegou o braço da alfa.

— Hwasa, chega! Vai embora! Nós já conversamos tudo o que tínhamos para conversar! Você não vai me fazer mudar de ideia, não importa o que diga! — Começou a arrastar, ou pelo menos tentar arrastar, Hwasa para fora do apartamento.

Ela poderia ser bem menor do que ele, porém ainda assim, continuava sendo muito mais forte.

— Eu não vou sair e te deixar aqui com ele! Você acha que alfas são ruins?! É porque não sabe o quanto alfas lúpus são um milhão de vezes piores! Eles não têm emoções, Yugyeom! Só agem em prol do próprio benefício e prazer! Você só vai entender isso quando?! Quando ele te matar?! Ou te est… — Yugyeom tapou a boca da alfa.

— Hwasa, eu já disse chega! — Daquela vez, gritou tão alto de uma forma que não se lembrava de jamais ter gritado. — Você não conhece o Jinyoung! Para de falar, como se conhecesse! Eu já estou morando com ele há um mês e estou melhor do que nunca! E sabe o melhor de tudo?! Ele nunca traiu a minha confiança, uma vez que fosse! Então para de falar como se fosse melhor do que ele, porque você não é!

O Kim tirou a mão da boca da alfa, mas mesmo assim, ela não se atreveu a falar mais nada.

Jinyoung ficou surpreso ao ver Yugyeom tão furioso daquela forma por sua causa. Ele realmente havia lhe defendido sem nem hesitar…

— Ou você vai embora ou eu ligo para a Yongsun. Ela vai ficar muito chateada com você, se souber da cena que fez aqui hoje.

Aquelas palavras fizeram a alfa ganhar outra postura.

— Não, não precisa ligar para ninguém… Eu vou embora.

— Ótimo.

Yugyeom seguiu Hwasa até a porta. Jinyoung apenas ficou parado, observando os dois.

— Não quero voltar a falar com você… Mas se for me procurar de novo, vá na empresa, não aqui. — Foi tudo o que o Kim disse, antes de fechar a porta na cara da alfa, não a dando nem chance de dizer tchau.

Ainda trancou a porta, como se para se certificar de que ela não voltaria a entrar.

Parecendo exausto, o Kim apoiou as costas sobre a superfície de madeira e soltou um alto suspiro, fechando os olhos.

Jinyoung se aproximou dele à passos lentos, cauteloso.

— Quem era aquela…?

— Hm? — O Kim abriu os olhos, olhando para o Park. — Ah… Não era ninguém…

— Não parecia ser exatamente ninguém, Yug.

O Kim abaixou o olhar para os próprios pés, pensativo. Começou a batucar seus dedos sobre a perna, parecendo nervoso.

— Ela é… sua amiga? — Jinyoung resolveu sugerir, não tendo certeza se alguma resposta surgiria, se deixasse o Kim continuar pensando.

— Hm? Ah… É… Mais ou menos isso. — Yugyeom deu um pequeno riso nervoso. — Mas… Hm… Eu não considero mais ela uma… amiga.

— É… Deu pra perceber…

— Olha, Jiny, podemos não falar sobre isso? É algo que eu realmente não quero.

Jinyoung gostaria de recusar aquele pedido, porque ainda tinha umas mil perguntas a serem feitas.

Porém não existia realmente algum pedido de Yugyeom, que o Park fosse capaz de recusar.

— Claro, Yug… Sem problemas…

— Obrigado. — O Kim deu um sorriso fraco, se desencostando da porta e saindo da frente de Jinyoung.

Caminhou, até chegar em seu quarto e entrar nele. Tudo sob o olhar do Park.

O alfa lúpus suspirou ao ouvir o barulho da porta sendo trancada.

Yugyeom realmente queria ficar sozinho naquele momento…

E pelo visto, obviamente não veriam filme algum naquele dia…

Respeitaria o espaço dele… Mesmo que quisesse mais do que tudo abraçá-lo bem apertado em seus braços, até fazê-lo esquecer de qualquer problema que tivesse.

Mas talvez fosse mesmo melhor que não abraçasse…

Havia tentado ignorar, mas as palavras de Hwasa tinham se grudado em sua cabeça.

Yugyeom poderia ter ficado bravo com ela, porém não era como se ela tivesse realmente dito qualquer mentira… Alfas lúpus não eram exatamente conhecidos por serem uma raça bondosa e super amigável, muito pelo contrário…

Não andava pensando naquilo com tanta frequência como no começo, porém o Kim realmente corria perigo ficando tão perto de si vinte e quatro horas por dia…

Era uma bomba relógio afinal… E se explodisse, o beta seria o primeiro e mais gravemente ferido…

Passou as mãos pelos próprios cabelos, nervoso. O que deveria fazer, então? Ter deixado Hwasa levar Yugyeom embora contra a vontade dele? Aquilo seria trair a confiança do Kim, exatamente como a alfa havia feito e tinha o machucado tanto.

Mas talvez… as coisas não seriam melhores daquela forma…? Com Yugyeom longe de si, tanto fisicamente como emocionalmente? No começo, nem havia querido que ele ficasse ali, justamente pela própria segurança dele.

Em que momento tinha se deixado levar e esquecer daquilo?

Jinyoung enfiou o rosto entre as próprias mãos, sufocando um grunhido de pura frustração.

Era melhor ir tomar um banho. Enlouqueceria se continuasse ali em pé, pensando e repensando sobre coisas que simplesmente eram impossíveis de serem solucionadas em questão de meros minutos.

✩✩☼✩✩

Youngjae inspirou e expirou profundamente antes de subir na balança pela primeira vez em um bom tempo. A última vez em que havia feito aquilo, tinha sido poucos dias antes de descobrir a sua gravidez.

Se parasse para pensar, já estava grávido naquela época também… Porém havia sido tão no início da gestação, que não era como se aquilo tivesse feito qualquer diferença.

Naquele momento era diferente… Já estava na segunda semana do terceiro mês, e por mais que tentasse ignorar, as mudanças em seu corpo estavam se tornando cada vez mais visíveis.

Quando enfim reuniu coragem suficiente para olhar para baixo e encarar os números na balança, quis morrer. Havia ganhado dois quilos!

Saiu de cima do aparelho e se jogou na cama, se sentindo capaz de até mesmo chorar. Sabia que tinha que parar de ceder aos seus desejos e comer menos! Simplesmente sabia e mesmo assim havia feito tudo ao contrário! Era um idiota! Um completo idiota! Tinha que comer o suficiente apenas para si e o filhote, não para um batalhão inteiro!

Tirando a cara das cobertas, se sentou na cama e encarou o espelho por alguns segundos, antes de se levantar e se colocar na frente dele. Um pouco receoso, se virou de lado e levantou sua roupa.

Sentiu lágrimas brotarem em seus olhos.

Um volume bastante saliente e visível, apesar de ainda não muito grande, havia se formado em sua barriga.

Sabia que aquilo em algum momento tinha que acontecer, mas ainda assim, era mais fácil apenas pensar no assunto, do que de fato vivenciá-lo.

— Youngjae, eu já…

O Choi olhou para a porta do quarto, assustado com a repentina entrada de Jaebeom.

Houve um momento de silêncio, enquanto o Im alternou o olhar entre o rosto de Youngjae e a barriga exposta dele.

Por fim, o alfa deu um pequeno sorriso, todo abobalhado, e se aproximou do Choi.

— A sua barriga está começando a aparecer! — Não foi capaz de perceber o descontentamento do híbrido com aquele fato.

— É…

Youngjae se sentiu ainda pior do que antes. Fazia poucos dias desde que havia visto o corpo de Jaebeom, todo malhado e definido, e agora ele estava ali, lhe vendo naquele estado tão… deplorável.

Aquilo era humilhante.

— Uau… Que lindo… — Jaebeom se abaixou na altura da barriga do Choi, com os olhos brilhando. — E pensar que o nosso filhotinho está aí dentro, crescendo…

Youngjae queria mais do que tudo apenas abaixar a sua roupa, para que o Im parasse de olhar para a sua barriga tão de perto. Mas não queria ser estraga-prazeres.

— Eu posso… — Jaebeom levantou o olhar para Youngjae, estendendo sua mão em direção à barriga dele, mas a parando, antes de realmente tocar a região.

O Choi entendeu a pergunta.

— Tanto faz… — Murmurou, dando de ombros. Não havia como se sentir mais humilhado do que aquilo, afinal.

Jaebeom então acabou com a distância entre a sua mão e a barriga do Choi, tocando a região de forma tão delicada, quase como se tivesse medo de machucar o híbrido ou o filhote.

Ele deu um pequeno riso para si mesmo.

— Está ainda mais quente do que antes…

— Bom… O filhote está maior… Talvez seja por isso…

Jaebeom acenou positivamente com a cabeça e não disse mais nada por um bom tempo. Parecia quase hipnotizado pela visão em sua frente, que para si, havia acabado de entrar na lista das coisas mais lindas que já havia visto em toda a sua vida, logo depois de Youngjae, que ocupava o primeiríssimo lugar.

Mas após todo aquele tempo, acabou por suspirar pesarosamente, se levantando. Youngjae abaixou sua roupa no mesmo segundo.

— Eu tenho que ir para o fanmeeting que vai ter hoje… Vim aqui, justamente para avisar que já estava indo.

— Ah… Tudo bem, vai lá. — Youngjae escondeu sua chateação. Havia passado a desgostar de ficar sozinho, e justamente naquele momento em que estava triste, desgostaria menos ainda.

Mas não impediria Jaebeom de cumprir seus compromissos por um motivo tão banal…

— Eu prometo que volto o mais rápido possível. — O Im falou, bastante determinado. Não só por Youngjae, mas também por si mesmo.

Estava se tornando cada vez mais difícil passar qualquer tempo que fosse longe do Choi e do filhote.

— Não precisa prometer nada, Jaebeom, eu sei que você demorar ou não, não depende só de você.

— Mesmo assim… Vou tentar não voltar muito tarde.

O híbrido deu um sorriso fraco.

— Tá bom.

— Hm… — Jaebeom ficou incerto do que fazer. Queria abraçar o Choi ou algo do tipo, mas não podia fazer nada daquilo. Optou pela única forma restante de despedida. — Tchau, então. — Deu um pequeno sorriso.

— Tchau…

Youngjae acompanhou com o olhar, Jaebeom cruzar o quarto e sair pela porta.

Logo após aquilo, se atirou em sua cama. Estava com fome… Ou pelo menos pensava que estava, já não sabia mais.

Fome e vontade de comer era algo que simplesmente não sabia mais diferenciar.

Mas de qualquer forma, devido à sua recente frustração, resolveu que o melhor era dormir.

Já que sono era outra coisa que também não lhe faltava.

✩✩☼✩✩

Jinyoung suspirou ao olhar para as horas em seu celular e ver que já eram sete da noite. O tédio lhe consumia por inteiro.

Talvez levantar um pouco da cama e ir pegar uma água poderia fazer algum bem .

Seguindo seus pensamentos, foi exatamente aquilo que o Park fez.

Se surpreendeu ao chegar na cozinha e encontrar Yugyeom recostado no balcão, com os braços cruzados. Ele parecia estar com os pensamentos completamente vazios.

Jinyoung deu um pequeno riso, e daquela forma, sua presença foi notada pelo Kim.

— O que está fazendo aí parado, Yug? — Perguntou, pegando a corriqueira jarra d’água.

Desde o aparecimento da tal Hwasa no apartamento, tentava agir com naturalidade e fingir que não tinha umas mil perguntas a serem feitas sobre aquele assunto.

Afinal, Yugyeom havia lhe pedido no dia em que a alfa tinha estado ali, para não falarem sobre aquilo, e já que o próprio não tinha voltado a tocar no assunto uma vez que fosse, Jinyoung tinha acabado por decidir que não seria ele, a fazer aquilo.

Apenas se questionava, se Hwasa tinha voltado a procurar Yugyeom, porém na JG, como o Kim havia pedido que ela fizesse…

Esperava que não.

Não havia gostado muito dela…

— Estou sem nada para fazer… — Yugyeom murmurou, dando de ombros.

— Ah, entendi… Eu também. — Jinyoung derramou a água dentro de um copo. — Quer ver um filme depois?

Yugyeom, imperceptivelmente, batucou seus dedos sobre o balcão, nervoso.

Youngjae havia lhe falado que precisava ter mais atitude…

Precisava pelo menos tentar…

— A gente podia… f-fazer algo diferente.

Jinyoung tomou toda a sua água em um único gole, antes de responder.

— Como o que?

Yugyeom se sentiu ainda mais nervoso sob o olhar curioso do Park, mas fez o seu melhor para não se deixar intimidar por aquilo.

— Jantar fora… Ou… I-Ir no cinema…? — Aqueles eram os tipos mais comuns de encontros, não eram?

— Não é uma ideia ruim… — Jinyoung se recostou na parede, pensativo. Em seguida, se animou. — Abriu um restaurante novo aqui perto, sabia? Vi um monte de gente falando que é muito bom.

— Podemos ir nele, e-então…

O Park acenou positivamente com a cabeça.

— Vai ser bom, acho que a gente nunca saiu juntos antes. — Deu um pequeno riso, largando o copo na pia. — Ah, falando em sair.

— Hm?

— Daqui a duas semanas vai ser o aniversário do meu pai, e vai ter uma festa e tudo mais… Meus pais me falaram que eu poderia convidar qualquer pessoa que eu quisesse, então… sabe… se você quiser ir… — Jinyoung acabou por ficar meio sem jeito.

— E-Eu quero.

— Sério? — O Park não escondeu sua surpresa.

Yugyeom até poderia andar se comportando de maneira um pouco mais… extrovertida, ao seu redor, porém não havia se esquecido de que ele era uma pessoa extremamente tímida. Não tinha achado que ele iria querer estar no meio de um monte de pessoas desconhecidas.

E no fundo, o Kim realmente não queria. Porém… conhecer os pais de Jinyoung era uma forma de se aproximar um pouco mais dele, não era?

— Uhum.

— Que bom. — Jinyoung quase deu um suspiro de alívio. — Eu estava com medo de você não querer ir. Realmente te quero lá.

Yugyeom enrubesceu e seu coração palpitou levemente.

— P-Por que?

Jinyoung deu de ombros.

— Vai ser mais legal com você lá, e também… quero que você conheça a minha família.

— Ah… — O Kim fez o seu melhor para não corar ainda mais. — O-O J-Jae v-vai… — Se interrompeu ao não conseguir falar uma palavra que fosse sem gaguejar. Se recompôs ou pelo menos tentou e então voltou a falar. — O Jae vai também?

— Hm… Eu ainda não falei com ele, na verdade… Mas ele sempre vai, então duvido que não vá dessa vez também.

Yugyeom foi quem se surpreendeu daquela vez.

— Você falou comigo antes de… falar com ele?

— É.

O Kim ficou ainda mais surpreso. Youngjae era melhor amigo de Jinyoung… O Park não deveria sempre falar e fazer qualquer coisa com ele, antes de consigo?

Aquela não era a primeira vez que o oposto acontecia…

Será que Jinyoung havia passado a lhe considerar um melhor amigo também…?

Aquilo seria péssimo… Mas se não fosse aquilo, então seria o que?

— Por que está com essa cara? — Jinyoung deu um pequeno riso.

Yugyeom despertou para a realidade.

— Hm? N-Nada.

O Park ficou olhando para o Kim por alguns segundos, antes de pegar seu celular do bolso e começar a mexer nele.

O beta se perguntou se ele poderia estar enviando mensagem para alguém…

Não queria bancar o ciumento, até mesmo porque nem tinha o direito de fazer tal coisa, mas… por mais infantil que aquilo fosse, realmente não suportava quando o Park dava atenção a qualquer outra coisa que não fosse a sua pessoa.

Remexeu as mãos sobre o tecido da sua calça, até se lembrar de algo que Youngjae havia lhe dito.

— Jiny.

— Hm? — O Park guardou o celular no bolso e prestou total atenção em Yugyeom, no mesmo segundo em que foi chamado.

O Kim ficou hesitante.

E se Youngjae estivesse errado…? Apenas passaria vergonha à toa.

Suspirou internamente.

De qualquer forma, era melhor tentar do que nunca saber.

— O que você acha de… eu sair em encontros com algumas pessoas…? — Quase sussurrou. Apesar de por fora agir com normalidade, por dentro queria morrer de vergonha.

— Como assim? — Jinyoung franziu o cenho, com uma feição já não mais tão amigável.

— Ah, você sabe… De eu… conhecer novas pessoas… Sair com elas. Tentar engatar um… relacionamento.

Daquela vez, a irritação tomou conta completamente do rosto do Park.

— O Jae falou com você?! — O lúpus cruzou os braços e encurtou bastante a distância entre si e Yugyeom.

O Kim era mais alto do que ele, porém naquele momento, se sentiu como se fosse muito menor.

— N-Não, eu… E-Eu tive essa ideia sozinho.

— Por que?!

Yugyeom acabou por corar mais uma vez.

— Porque eu quero… n-namorar alguém. — Aquilo não era exatamente mentira… Se substituísse o “alguém” pelo nome do Park.

— O que há, que agora todo mundo está obcecado com essa ideia de namorar, hein?! Ninguém é bom o suficiente para você, Yugyeom! Eu acho essa ideia completamente ridícula!

O Kim se encolheu.

— P-Por que está ficando tão irritado…?

— Porque eu não quero que você namore ninguém! — Jinyoung quase gritou.

Yugyeom se surpreendeu com aquelas palavras. O próprio Park pareceu se surpreender com elas após alguns segundos.

O Kim não sabia definir ao exato o que elas significavam… Mas tinham que significar alguma coisa, não é…?

Houve um momento de silêncio.

Mas o beta decidiu que não deveria deixar aquele assunto acabar tão facilmente, por mais mortalmente envergonhado que se sentisse.

— E se eu saísse com algumas pessoas… s-sem compromisso, c-como você faz…? — Murmurou.

Jinyoung riu em pura descrença.

— Está falando sério?! Yugyeom, você não é o tipo de pessoa que foi feita para fazer esse tipo de coisa! — O Kim não soube definir se o lúpus estava igualmente ou ainda mais irritado do que antes.

— Por que não…? — O beta prosseguiu murmurando.

— Porque simplesmente não é!

Mais um momento de silêncio veio. Jinyoung procurou se acalmar.

Sabia que não tinha o direito de exigir que o Kim não namorasse, nem tivesse qualquer tipo de envolvimento com ninguém, e também nem sabia o porquê apenas aquela ideia lhe incomodava tanto, mas era algo que simplesmente não conseguia evitar.

O beta mordiscou seu lábio inferior, ainda mais nervoso do que antes. Resolveu dar a sua cartada final, mesmo que fosse capaz de sentir suas mãos trêmulas, tamanho seu nervosismo.

— S-Sabe… Eu gostaria… G-Gostaria… d-de… — “Vamos lá, Yugyeom, não é tão difícil assim! Só fala logo!” O Kim disse para si mesmo, em sua mente. — Eu gostaria de namorar alguém igual a você. — Falou quase na velocidade da luz, para não correr o risco de ficar preso em gaguejos mais uma vez.

Jinyoung, mais calmo, franziu o cenho.

— Igual a mim…? Por que…? — Se aproximou ainda mais de Yugyeom.

Apenas mais alguns centímetros e estaria prensando o pobre Kim contra o balcão.

Mas o beta tentou não se deixar apavorar com toda aquela proximidade. Olhou para a mão de Jinyoung, envolvida no cruzar de braços dele, e pensou e repensou em sua próxima ação um milhão de vezes dentro de poucos segundos, antes de em um ímpeto, pegar a mão do Park, a envolvendo entre as suas, quase entrelaçando seus dedos.

— T-Talvez você seja o meu tipo ideal. — Corou violentamente daquela vez, ficando num tom igualzinho à de um tomate, desde a testa até o queixo. Nem sabia mais ao certo, o que estava falando.

O olhar de Jinyoung ficou diferente.

— Ah, é? — Ele se aproximou ainda mais. Um centímetro era tudo o que impedia o seu corpo de se colar ao do Kim.

Yugyeom engoliu em seco.

— É-É.

— Interessante… — Até mesmo o tom de voz de Jinyoung havia mudado. Botou sua outra mão, que não estava sendo segurada pelo Kim, no rosto dele, o fazendo um singelo carinho.

Mas Yugyeom acabou soltando a mão do Park, quando o lúpus findou de vez a distância entre seus corpos, em um pequeno impacto. O Kim agarrou os braços dele com força, sentindo suas pernas amolecerem.

Estavam literalmente colados… Com os rostos próximos demais… O beta se sentiu meio fora de seus sentidos. Nem mesmo o mero ato de respirar, conseguiu se lembrar de como executar corretamente.

Não tinha cem por cento de certeza do que Jinyoung estava pretendendo… Mas ainda assim, definitivamente não daria para trás justamente naquele momento.

— J-Jiny.

— Hm?

— S-Se eu… S-Se eu t-te fizer u-uma pergunta… V-Você promete responder com s-sinceridade?

Jinyoung acenou positivamente com a cabeça.

— Prometo qualquer coisa para você, Yug.

O Kim respirou fundo, dando o seu melhor para não ceder à sua vontade de sair correndo.

— Você… m-me acha… me acha m-mais bonito do q-que os ômegas com quem v-você sai?

— Muito mais. — Jinyoung respondeu no mesmo segundo, sem nem precisar pensar antes. Pareceu bastante sincero…

O Kim perdeu seus sentidos por um momento, quando o Park envolveu sua cintura. Já estavam inteiramente colados, mas aquilo, aparentemente, não era o suficiente para o lúpus. Ele literalmente espremeu seus corpos juntos, quase como se quisesse desafiar a lei de que dois corpos não eram capazes de ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo.

Houve muito contato entre… certas partes. Yugyeom não estava preparado para aquilo. Para si, era simplesmente… coisas demais acontecendo ao mesmo tempo.

Tentando ganhar um pouco de espaço, se sentou no balcão. Não adiantou de muita coisa, pois com a mão em sua cintura, Jinyoung lhe puxou contra ele novamente.

Daquela vez seus rostos ficaram ainda mais próximos do que antes. Yugyeom conseguiu sentir perfeitamente a respiração pesada do Park contra seu rosto, como se ele estivesse fazendo um imenso esforço para alguma coisa.

Enquanto isso, o lúpus sentia sua racionalidade escorrendo por suas mãos, tão rápido e imparável como areia. Por mais que tentasse a parar, parecia simplesmente impossível.

O Kim estendeu sua mão e envolveu o rosto de Jinyoung, apenas porque simplesmente sentiu que deveria fazer aquilo.

Notou a forma como o Park encarava sua boca intensamente…

— Você… ficaria com um beta…? — Sussurrou, devido à extrema proximidade em que se encontravam.

Jinyoung olhou dentro dos olhos do Kim. A mão antes no rosto dele, acabou indo parar em sua coxa. Depositou apenas um pequeno aperto ali.

Se Youngjae chegasse a sonhar com as coisas que estava pensando naquele momento… Definitivamente, no mínimo, quebraria uns três ossos seus. Yugyeom era praticamente um bebê para ele, afinal.

— Eu poderia repensar… — As palavras incompletas ficaram pairando no ar.

Yugyeom ficou em pura expectativa.

Porém tudo mudou em apenas um segundo.

A feição de Jinyoung se alterou completamente e ele se afastou, até quase ir parar na outra ponta da cozinha.

O Kim se sentiu com frio. Não havia percebido, a forma como o Park estava lhe esquentando tanto.

— Não… Não, não ficaria. Alfas e betas… não foram feitos para se relacionarem dessa forma. — Jinyoung repentinamente havia ganhado um ar muitíssimo sério. Sua racionalidade havia retornado no último segundo.

E agradecia imensamente por aquilo.

O que estava prestes a fazer segundos antes… Seria a pior coisa que poderia acontecer entre si e Yugyeom.

— Mas com o Youngjae, você…

— Eu acho melhor a gente deixar para ir naquele restaurante outro dia, Yug. — Jinyoung cortou o Kim, já deixando a cozinha. — Mas come alguma coisa em casa, você está muito magro.

E daquela forma, sem dar quaisquer explicações, foi embora.

Yugyeom ficou olhando para a porta da cozinha por alguns segundos, incrédulo, quase como se esperasse que Jinyoung fosse voltar.

Mas aquilo obviamente não aconteceu.

O Kim suspirou, extremamente confuso e… machucado.

Por um momento, havia chegado a pensar que Jinyoung lhe beijaria… E então tudo havia mudado em um milésimo de segundo, quase como se o Park tivesse assumido uma outra personalidade.

Havia feito alguma coisa errada…? Realmente achava que não.

As palavras dele tinham lhe machucado bastante… "Alfas e betas não foram feitos para se relacionarem dessa forma".

Então, claramente ele não acreditava que podia haver algo entre alfas e betas como um namoro…

Deveria ter esperado aquilo… Por que um alfa lúpus, no topo da hierarquia social, acreditaria em tal coisa? Ele deveria ter noção de que merecia algo muito melhor.

Mas… As ações dele haviam ido completamente contra suas palavras…

Yugyeom passou as mãos pelo próprio cabelo, frustrado. Era capaz de sentir lágrimas se formando em seus olhos.

Sabia que Youngjae era em parte ômega, mas ao mesmo tempo, ele não deixava de ser um beta também… E Jinyoung havia até mesmo namorado com ele…

Qual era o problema consigo, então…?

Será que era porque não tinha pelo menos um traço ômega que fosse…?

Mas Jinyoung havia lhe dito que era muito mais bonito do que os ômegas com quem ele saía…

Havia mentido…?

Sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha. A limpou, mas não adiantou de nada, porque logo outras vieram.

Resolveu sair de cima do balcão e então ir para o seu quarto. Se trancou lá dentro e se jogou nas cobertas, sentindo uma dor lacerante começar a se espalhar por seu peito.

Nunca deveria ter aceitado se mudar para aquele apartamento! Nunca deveria ter se aproximado de Jinyoung!

Nunca deveria ter chegado a cogitar a barbaridade do Park possivelmente retribuir seus sentimentos!

Nunca, nunca, nunca!

✩✩☼✩✩

Bambam suspirou ao encostar sua testa no espelho frio do banheiro. Fechou os olhos, aproveitando a sensação.

Não aguentava mais. Literalmente não aguentava mais. Estava a apenas um fio de explodir.

Após o tal fanmeeting do queridinho Mark, ao qual sua família havia comparecido e lhe arrastado junto, todos tinham resolvido se reunir na casa dos pais do Tuan. E obviamente tinha sido arrastado junto mais uma vez.

Como se aquilo não fosse ruim o suficiente, Jackson ainda tinha ido junto. Não só ele, como seus pais também.

Achava aquilo ridículo. Será que ele e Mark eram capazes de ficarem separados um do outro por um minuto que fosse?!

Eram um verídico casal grudento e meloso… Chegavam a lhe dar vontade de vomitar.

Estava odiando aquele dia mais do que qualquer outra coisa no mundo. Não gostava de Mark, muito menos de Jackson, que eram a atração principal de toda aquela reunião, e lhe irritava ao extremo ver todos em volta deles, babando, como se eles tivessem salvado a pátria ou algo do tipo.

Bela merda que estavam namorando e fazendo sucesso como idols… Não eram melhores do que ninguém por aquilo, continuavam sendo uns idiotas.

Não aguentava mais sua mãe lhe atormentando por causa daqueles dois, falando de alfas para lá e para cá.

A amava imensamente… Mas se perguntava se ela continuaria lhe amando como tanto dizia amar, se vivesse a vida de uma forma completamente diferente da que ela queria…

Se assustou com o repentino barulho da porta do banheiro sendo aberta e em seguida fechada.

Abriu os olhos, e pelo reflexo do espelho, viu a última pessoa que poderia esperar ver ali.

Jackson.

— Então é aqui que você veio se esconder…

— Que porra você quer aqui?! — Bambam se irritou no mesmo segundo, mas não se virou para olhar para o Wang. Conseguia vê-lo perfeitamente pelo espelho e aquilo já era mais do que o suficiente.

— Calma, eu vim em paz. — Ilustrando suas palavras, o Wang levantou as mãos em sinal de rendição. — Apenas resolvi te procurar, porque percebi que você tinha sumido já fazia algum tempo.

— Ótimo, agora que já me achou, pode ir embora, então. Acho que você não é capaz de sobreviver se passar mais de dez minutos desgrudado do Mark.

Jackson pareceu se arrepender um pouco de ter ido atrás de Bambam.

— Você realmente não gosta de mim, não é?

— Nossa, mas você é realmente inteligente, né? Quase um gênio. Conseguiu perceber isso sem ninguém te contar?

Jackson suspirou.

— Você gosta muito de ironia, já entendi.

— Gosto de usar ironia só com pessoas idiotas.

Jackson se recostou na parede, cruzando os braços.

— Eu realmente gostaria de entender… Se você não gosta de mim como consequência de não gostar do Mark ou se tem algum motivo verdadeiro para isso.

Bambam enfim se virou, olhando diretamente para Jackson.

— Os dois.

Aquela resposta pareceu surpreender o Wang. Mas ele não pareceu exatamente chateado, irritado ou qualquer coisa do tipo.

Pareceu interessado, na verdade. Talvez quase entretido.

— E qual seria o motivo verdadeiro para não gostar de mim?

Bambam deu um sorriso de canto, nem um pouco simpático.

— Primeiro: Não é que eu não goste de você, eu te odeio mesmo. Segundo: Você é um dos maiores idiotas que eu já conheci na minha vida. E terceiro: Não suporto alfas.

Jackson franziu o cenho.

— Seu pai é um alfa.

— Ele é a única exceção.

— Você é engraçado. É o primeiro ômega que eu conheço, que diz odiar alfas. — Jackson deu um pequeno riso. Sincero, como se realmente achasse graça naquilo. — Posso pelo menos saber o motivo de tanto ódio?

— Eu não suporto esse ar superior de vocês, como se fossem melhores do que alguém só por terem nascido do jeito que nasceram. — Bambam se aproximou de Jackson, falando entredentes. — Que esforço vocês fizeram para isso? Nenhum! Então por que acham que o mundo tem que cair aos pés de vocês por algo que não tiveram o mínimo trabalho para conseguir?!

O Wang não disse nada. Parecia analisar as palavras do mais novo.

— Vocês sempre fazem e deixam de fazer o que bem entendem e dificilmente sofrem alguma consequência por isso. Vivem intimidando as outras raças, como se realmente achassem que são uns reis e o resto do mundo é capacho de vocês. Isso é injusto pra caralho! Essa sociedade regida por alfas não faz nada além de taxar padrões de comportamento idiotas, que apenas ferem as pessoas, e construir uma hierarquia cada vez mais injusta e violenta! Tudo seria muito melhor se o mundo fosse governado por ômegas e betas, ao invés de alfas como você, que não conseguem enxergar um palmo além do próprio nariz!

Jackson precisou de alguns segundos para digerir toda aquela correnteza de palavras.

— Você tem muitos pontos… — Foi tudo o que acabou por dizer, pensativo.

Bambam deu um pequeno riso, sem humor algum. Se afastou do Wang, se recostando no balcão da pia.

— Você não ouviu nem metade. Eu poderia ficar aqui por horas falando sobre isso, se não odiasse tanto olhar pra sua cara.

— Você realmente tem uma personalidade bastante forte, não é…? Agora faz sentido, ser da mesma família que o Mark.

Bambam riu mais uma vez, balançando a cabeça negativamente.

— O Mark não tem uma personalidade forte, apenas finge ter. Se ele realmente tivesse… — A expressão do tailandês obscureceu. — As coisas seriam muito diferentes hoje em dia.

Jackson franziu o cenho.

— Diferentes como…?

Houve alguns segundos de silêncio entre o momento em que aquela pergunta foi feita e o momento em que a feição de Bambam mudou completamente, expressando uma grande irritação. Dentro daquele tempo, inúmeros pensamentos passaram pela mente do tailandês.

— Não é da sua conta. — Disparou, voltando a se virar e olhando para Jackson apenas pelo reflexo do espelho.

O Wang se surpreendeu. Por um segundo, apenas um segundo, Bambam tinha parecido ter baixado a guarda, então tinha esperado receber uma resposta um pouco menos… raivosa.

Um momento de silêncio se fez, até o chinês decidir que ainda não desistiria daquela conversa.

— Mas então… Se você odeia tanto alfas… Nunca vai se casar um dia?

Aquela foi a pior escolha de palavras que poderia ter feito. Bambam se irritou mais ainda.

— Isso também não é da sua conta! — Quase gritou daquela vez.

— Calma, eu estava apenas perguntando. Desculpa, se te ofendi. — Jackson se apressou em dizer. Em seguida, suspirou. — Eu realmente queria tentar ser seu amigo… Mas acho que o que você mais quer, é justamente o contrário, não é?

Bambam voltou a se virar para o Wang.

— Que bom que você já entendeu, agora cai fora! — Começou a empurrá-lo para fora do banheiro.

— Espera!

O tailandês, mesmo sem ter a menor ideia do porquê, acabou automaticamente parando de empurrar o chinês ao ouvir o pedido dele.

— Eu já entendi o porquê você me odeia tanto… Mas e quanto ao Mark? Qual é o motivo?

Bambam riu, amargo.

— Isso você tem que perguntar para ele, não para mim.

— Você não pode me dizer, por favor? — Sem pensar muito, Jackson agarrou uma das mãos do tailandês.

O ômega alternou seu olhar entre a sua mão envolvida pelas mãos do Wang e o rosto dele por mais tempo do que deveria. Pareceu ficar balançado por um momento.

Mas logo voltou a si.

— Tira a mão de mim! — Empurrou Jackson, furioso. — Quer saber?! Se não sai você, saio eu! — Passou pelo Wang como um raio.

Qual não foi o tamanho da sua surpresa, ao dar de cara com Mark assim que abriu a porta.

O Tuan tinha a mão estendida, muito provavelmente estando prestes a abrir a porta, antes de Bambam fazer aquilo.

Os dois se olharam por milésimos de segundos.

— Bela escolha que você fez, meus parabéns. — Bambam disse, amargo e irônico, e passou pelo americano, esbarrando no ombro dele de propósito.

Mark piscou, confuso e completamente perdido.

Olhou para Jackson.

— O que aconteceu…? — Perguntou em um murmúrio.

O Wang suspirou, parecendo arrependido.

— Eu acho que consegui falar sobre absolutamente tudo que ele odeia… E apenas confirmei, que ele realmente não gosta de mim. Não, melhor: que ele me odeia.

Após digerir aquelas palavras por completo, Mark suspirou.

Tudo o que menos queria era que Jackson e Bambam falassem um com o outro, justamente por ter medo de haver uma briga ou desentendimento e tudo ficar ainda pior… E tinha sido exatamente o que havia acabado de acontecer.

Por que as coisas sempre corriam de forma completamente oposta à que as planejava?

✩✩☼✩✩

Jaebeom suspirou de alívio ao enfim chegar em casa. Já estava quase anoitecendo.

Havia sentido um peso no coração durante o fanmeeting inteiro, mesmo sabendo que Youngjae estava em casa, em completa e perfeita segurança.

Se tivesse ocorrido qualquer coisa, o Choi teria lhe ligado, ou mandado ao menos uma mensagem que fosse.

Talvez andasse ficando superprotetor demais…

Mas de qualquer forma, imediatamente foi procurar o híbrido. O primeiro lugar para o qual se dirigiu, foi a cozinha. Ultimamente, se o Choi não estava ali, estava em seu quarto e vice-versa.

Ao não o encontrar no meio de pratos e talheres, rapidamente saiu da cozinha, já se dirigindo às escadas para o segundo andar. Porém abruptamente parou, assim que prestou maior atenção à sua audição.

Levou milésimos de segundos, para se focar em um som em específico e o definir.

Youngjae estava chorando!

Seu coração pesou o dobro de antes e um alarme soou dentro de sua cabeça, no último volume. Seus instintos de proteção vieram com tudo.

Subiu as escadas em uma velocidade impressionante, mal tocando os degraus, e correu para o quarto de Youngjae, irrompendo dentro do cômodo.

O Choi estava sentado na cama, aos prantos e com os olhos vermelhos, indicando que já estava daquela forma há um tempo considerável. Jaebeom praticamente se atirou de joelhos na frente do híbrido.

— Youngjae! O que houve?! — Dentro de poucos segundos, fez uma análise completa no Choi com seus olhos, verificando se ele não estava machucado em qualquer lugar que fosse. Ficou minimamente aliviado, ao ver que não.

— Jaebeom… — O Choi murmurou em meio às lágrimas, surpreso. — Eu achei que você chegaria mais tarde…

O Im acenou negativamente com a cabeça.

— Eu voltei o mais rápido que pude… — Assumiu um tom de voz mais calmo. Com delicadeza, se levantou e se sentou ao lado de Youngjae na cama. — O que aconteceu?

O Choi evitou contato visual, olhando para os próprios pés.

— Nada…

— Como nada? Você não estaria chorando desse jeito por nada.

Um longo momento de silêncio acabou por ser feito. Apesar de sua imensa aflição, Jaebeom se recusou a apressar ou pressionar Youngjae.

O Choi se acalmou por um tempo, mas fosse lá no que ele tanto parecia pensar, acabou fazendo novas lágrimas se formarem em seus olhos, e em questão de poucos segundos, elas começaram a escorrer pelo rosto já marcado com linhas de lágrimas secas.

— Eu estou horrível… — Enfim disse alguma coisa.

Jaebeom automaticamente franziu o cenho.

— Horrível? Como assim horrível, Youngjae? — Estava extremamente confuso. O que o Choi tinha acabado de dizer, era simplesmente inconcebível demais para si.

— Você mesmo viu… Eu estou parecendo um porco… — O choro do híbrido se intensificou. — Daqui a pouco vou estar parecendo uma baleia!

— O que?! Da onde você tirou isso?! Você está ainda mais lindo do que já era! — Jaebeom reagiu automaticamente.

Youngjae balançou a cabeça em negação.

— Você está falando isso só para fazer eu me sentir melhor.

Jaebeom também balançou a cabeça.

— Eu apenas estou falando o que eu vejo. De verdade. — Youngjae acabou olhando para o Im. — Você realmente não consegue ver o quão lindo está? — O alfa perguntou, verdadeiramente curioso e incrédulo.

O Choi tornou a desviar o olhar.

— Eu nunca fui lindo, por que seria justo agora? — Murmurou, remexendo no tecido de sua calça e assistindo suas lágrimas caírem sobre ele, o deixando com pequenos pontinhos úmidos.

Jaebeom se tornou mais incrédulo ainda.

Como era possível que o Choi não se enxergasse da mesma forma que o enxergava?! Aquilo era simplesmente inconcebível! Indignante!

— Você sempre foi lindo, Youngjae. É um verdadeiro tormento olhar para você, sem poder fazer nada além disso, sabia? Apenas olhar. — Começou a falar sem pensar.

O Choi nem se afetou muito por aquelas palavras, apenas balançou a cabeça negativamente e se remexeu, visivelmente desconfortável.

— Eu estou nojento, Jaebeom… Como você consegue dizer uma coisa dessas?

— Nunca mais fala isso. Você está atraente da forma mais tentadora possível, estou falando sério!

Youngjae não conseguia se ver como nada mais do que foco de pena naquele momento. O fluxo de suas lágrimas voltou a se tornar mais intenso.

— Não consigo acreditar em você! — Virou de vez a cara para o Im.

Jaebeom se sentiu imensamente machucado ao ver o mais novo daquela forma.

— Youngjae… — Estendeu sua mão para tocar o Choi. Se lembrou da proibição do híbrido e rapidamente a recolheu.

Mas segundos depois voltou a estendê-la. A deixou pairando no ar, incerto.

Não queria ir contra o que Youngjae havia imposto…

Ouviu o Choi fungando, se afundando cada vez mais em seu choro.

Ah, mas que aquela maldita proibição se explodisse naquele momento! Cuidar do híbrido era muito mais importante!

Enfim agindo, tocou o rosto de Youngjae e delicadamente o fez olhar para si. O Choi pareceu surpreso.

Mas nada além daquilo. Não pareceu irritado, para o grande alívio de Jaebeom.

O Im envolveu a bochecha do híbrido com sua mão e com seu polegar, secou as lágrimas que insistiam em cair.

— Você é perfeito. Simplesmente perfeito. Não há uma coisinha sequer em você que deveria ser mudada ou apagada… E você vai continuar sendo perfeito de absolutamente qualquer forma... Inclusive com dez quilos a mais ou a menos… — Falou com total sinceridade, com a voz toda afável.

As lágrimas enfim deram uma pausa e pararam de escorrer pelo rosto de Youngjae.

Os olhos do Choi ganharam um brilho diferente.

E Jaebeom resolveu continuar falando.

— Eu nunca consegui deixar de te achar perfeito, sabia…? Desde o primeiro momento em que botei os meus olhos em você até esse exato segundo. — Talvez estivesse falando um pouco além do que deveria… Mas o que aquilo importava naquele momento, afinal? Estava sendo completamente sincero e queria fazer com que Youngjae se sentisse melhor.

Segundos de silêncio, que pareceram horas, se passaram.

Youngjae tinha um verdadeiro bolo de sentimentos em seu peito naquele momento… Estava tudo uma verdadeira confusão dentro de si.

Principalmente dentro de sua cabeça.

Já fazia algum tempo que estava andando em uma fina linha entre a racionalidade e a irracionalidade, bambeando o tempo inteiro.

Mas naquele momento, acabou por enfim cair para um dos lados.

O menos propício possível.

Jaebeom arregalou os olhos e congelou ao sentir os lábios de Youngjae se chocando contra os seus.

Mas aquilo durou por menos de cinco segundos.

Foi tão natural quanto o ato de respirar, simplesmente fechar os olhos e se deixar esquecer de absolutamente tudo que havia ocorrido, que estava ocorrendo e que viria a ocorrer.

Correspondeu ao beijo de Youngjae com a exata mesma energia do Choi.

Se beijaram de forma um pouco bruta, quase como se tivessem fome um do outro. Bom, talvez tivessem…

Mas também, mesmo que não percebessem, havia muito sentimento ali. Paixão, principalmente. Não era algo simplesmente carnal.

Jaebeom não soube dizer como, mas quando deu por si, Youngjae já se encontrava em seu colo.

As coisas estavam escalando rápido demais.

As mãos de ambos corriam desenfreadas pelos corpos um do outro, parecendo propensas a rasgarem as roupas que os impediam de se sentirem de verdade.

Quando o Choi enfim desgrudou suas bocas, começou a trilhar um caminho de beijos afoitos até o pescoço do Im.

O alfa suspirou pesado, apertando a coxa e cintura do híbrido.

Mas sua consciência, e consequentemente com ela, sua racionalidade, acabaram batendo à porta.

— Youngjae… Não… Espera. — Segurou as mãos do Choi, que já estavam se dirigindo para a barra de sua camisa.

O híbrido o olhou, confuso.

— Que foi…?

Jaebeom suspirou de frustração, olhando dentro dos olhos de Youngjae, ainda um pouco lacrimejantes.

— Eu não acho que deveríamos… fazer isso… Você está em um momento muito frágil, não está pensando direito… Vai se arrepender depois.

Youngjae balançou a cabeça em negativa.

— Não vou, não. — Se desprendeu do toque de Jaebeom e voltou a tentar botar suas mãos na camisa dele.

Apenas para novamente tê-las pegas pelo Im.

— Youngjae… Não. — Jaebeom tentou falar de forma mais firme daquela vez.

Se o Choi pelo menos soubesse o quão difícil lhe era, fazer aquilo…

O queria tanto que chegava a doer… Mas o pensamento de ele transar consigo por pura impulsividade, apenas para tentar buscar algum conforto, doía mil vezes mais.

Já havia o machucado demais… Não queria mais fazer aquilo… Nunca mais.

Sua intenção era boa, mas naquele momento não teve muita eficácia.

Youngjae acabou se sentindo machucado de qualquer jeito.

— Você está… me rejeitando?

Não entendia. Simplesmente não entendia.

Qual era a veracidade de tudo o que Jaebeom havia acabado de falar, então?

E a conversa dele com Taehyung…?

A havia interpretado completamente errado, pelo visto…

— O que?! Não, não é isso! É só que… — Jaebeom começou a se explicar, num tom meio desesperado.

Youngjae balançou negativamente a cabeça, saindo do colo do Im e se botando de pé, dando alguns passos para trás.

Abraçou a si mesmo, se sentindo… exposto, patético.

Era mesmo um idiota…

— Você não me quer… — Daquela vez não perguntou, e sim constatou.

Jaebeom se levantou também, exasperado.

— Youngjae, não é isso! Por favor…

— Vai embora. — O Choi cortou Jaebeom, visivelmente machucado.

— Youngjae…

— Vai embora! Sai! Eu não quero você aqui! — Daquela vez o híbrido gritou.

— Nós não pod…

— Vai! Embora! — Youngjae falou entre dentes daquela vez, empurrando Jaebeom para fora do quarto.

O Im se deixou ser empurrado, mas ainda tentou falar mais alguma coisa. Porém o Choi fechou a porta na cara dele e a trancou, antes que ele conseguisse.

Suspirando, o alfa resolveu não insistir. Parecia que o melhor que poderia fazer naquele momento, era deixar Youngjae sozinho. Não parecia que qualquer coisa que dissesse, adiantaria, afinal.

Do outro lado da porta, Youngjae se botou a chorar outra vez.

Como se tudo já não estivesse confuso e complicado o suficiente, havia feito, sozinho, o trabalho de deixar toda a situação mil vezes pior!

Jinyoung estava certo! Era um idiota que sempre agia na pura impulsividade ao invés de pensar por pelo menos dez segundos antes de fazer alguma coisa!

Era claro que tudo o que Jaebeom tinha acabado de lhe dizer, havia dito por pura pena! Já era impossível ele gostar de si antes, imagine então naquele momento, que se encontrava tão horrível!

E sempre interpretando as coisas de forma errada, havia ido lá e se exposto ao ridículo daquele jeito!

Havia descontado sua raiva no Im, mas estava com raiva mesmo era de si próprio! Se pudesse, daria uma verdadeira surra em si mesmo naquele momento!

Se jogou em sua cama, se envolvendo nas cobertas e não querendo sair delas nunca mais.

Pelo menos se não saísse, no dia seguinte não teria que enfrentar Jaebeom, nem a estupidez que havia feito.

Lhe parecia um ótimo plano…

✩✩☼✩✩

O “plano” de Youngjae, tinha acabado por falhar.

Precisava comer, afinal…

Até que havia aguentado bastante, levando em conta que já era de tarde.

Desceu as escadas para o segundo andar, quase na ponta dos pés. Suspirou de alívio ao não ver Jaebeom.

Restava apenas torcer para que ele não estivesse na cozinha também…

Abriu a porta do cômodo com a maior lentidão possível.

Mas aquilo não adiantou de nada.

Jaebeom estava ali. Coincidentemente, preparando algo para comer também.

Ele estava de costas para a porta… Se Youngjae quisesse, poderia caminhar para trás, fechar a porta e fingir que nunca havia estado ali

E o Choi realmente quis fazer aquilo.

Mas resolveu por não fazer.

Não queria dar uma de covarde. E também, não era como se fosse ser possível evitar Jaebeom para sempre.

Respirando fundo, entrou na cozinha de vez.

Jaebeom se virou no segundo seguinte. Ao ver o Choi, primeiro ficou surpreso, e logo depois todo incerto e receoso.

— Oi… — Quase sussurrou.

— Oi…

Terríveis segundos de silêncio foram feitos, até Jaebeom parecer se lembrar do prato que tinha em mãos.

— A-Ah, eu estava indo levar esse sanduíche aqui para você, mas já que você desceu… — Colocou o prato em cima da ilha da cozinha e o empurrou até Youngjae. — Você não comeu nada de manhã, nem almoçou também, então… Hm… Fiquei preocupado.

O Choi olhou para o sanduíche e seu estômago automaticamente roncou em resposta.

Se sentiu quase literalmente capaz de morrer de vergonha.

— Obrigado… — Sussurrou.

— Ah, não, que isso. — Jaebeom deu um pequeno riso de puro nervosismo. — Eu fiz toda aquela misturada louca que você gosta… Espero que esteja bom…

Youngjae deu uma mordida, se sentindo tenso sobre o olhar tão ansioso que o Im manteve sobre si, como se ele estivesse em uma competição de culinária.

— ‘Tá muito bom… — O Choi sussurrou, logo após engolir o primeiro pedaço.

— Ah, que bom.

Jurou ver Jaebeom dar um pequeno suspiro de alívio.

Um longo momento de silêncio foi feito daquela vez.

O Choi tratou de comer da forma mais lenta possível. Estando com a boca cheia, tinha uma desculpa para não falar.

Mas para a sua infelicidade, aquilo valia apenas em sua cabeça.

Jaebeom acabou quebrando o silêncio.

— Youngjae… Hm… Sobre o que aconteceu ontem…

— Foi um erro. — O Choi disparou, cortando o Im.

— Um… erro? — Jaebeom repetiu, como se nunca tivesse ouvido aquelas palavras antes.

Sua feição se tornou completamente cinza. Aquilo estava bem distante do que iria falar…

— É, um erro. Você tinha razão, eu não estava pensando direito. Agradeço por… você ter me parado. Eu realmente iria me arrepender depois. — Youngjae não teve certeza sobre uma palavra sequer que saiu de sua boca.

Estava apenas deixando seu orgulho falar por si naquele momento.

— Ah… Claro… Não precisa agradecer… — A voz de Jaebeom ganhou um tom bastante morto.

Seu peito começou a doer imensamente.

Achava que o que havia acontecido na noite anterior, havia sido uma prova de que Youngjae ainda sentia alguma coisa por si, por mais mínima que fosse, e que enfim poderia falar com o Choi, sobre os sentimentos que ainda tinha por ele.

Pelo visto, havia se equivocado extremamente… Tinha sido apenas um ato inconsequente, sem qualquer sentimento por trás, mesmo…

— Não vai se repetir, não se preocupa. — Youngjae obviamente não percebeu a dor do Im.

— Uhum…

— Espero que aquela burrada não mude nada entre nós dois e que a gente possa continuar mantendo um bom relacionamento, em prol do nosso filhote. — O Choi falava de uma forma meio distante… Nem mesmo se sentia no próprio corpo.

Estava praticamente em modo automático. Daquela forma, era capaz de ignorar a terrível dor em seu peito.

— Claro… Não vai mudar nada, nem esquenta com isso…

— Que bom. — Youngjae se forçou a dar um fraco sorriso. — Hm… Vou terminar o resto do sanduíche no meu quarto. Obrigado, de novo, por ter feito ele para mim. — Ao fim de suas palavras, já se encontrava na porta da cozinha.

— Não foi nada…

No segundo seguinte, Youngjae já havia desaparecido da vista de Jaebeom.

O Im sentiu vontade de chorar, mas não fez aquilo. Achou que não tinha o direito. O Choi não tinha obrigação nenhuma, afinal, de retribuir seus sentimentos. Principalmente após tudo que havia ocorrido.

Mas ainda assim… Não era porque não se achava no direito, que seu peito não doía como se tivesse uma profunda ferida aberta.

O peito de Youngjae se encontrava da exata mesma forma, porém diferente do Im, ele era muito bom em ignorar e disfarçar. Tão bom que às vezes nem ele se dava conta dos próprios machucados.

Eram realmente duas pessoas extremamente diferentes…

Porém ainda assim… perdidamente apaixonadas uma pela outra.

Mas também escondiam aquilo como duas crianças que não sabiam sentar e conversar.

Jaebeom tinha medo de ser rejeitado e deixar toda a sua situação com o Choi ainda pior, já Youngjae, não só tinha medo da rejeição, como também era orgulhoso demais para dar o braço a torcer tão facilmente. Um medroso e um orgulhoso. Aquela era uma péssima combinação.

Mas… Os sentimentos não funcionavam exatamente à base de lógica… E apesar de tudo, eram duas peças de quebra-cabeça que se encaixam perfeitamente.

Tudo o que faltava, era apenas descobrirem como se encaixar.

Porém aquela era a parte mais difícil…

E até conseguirem realizá-la, alguns grandes estragos poderiam ser feitos…

Principalmente nos corações dos dois. 


Notas Finais


Pela primeira vez em um bom tempo os 2jae se beijaram, mas tudo saiu errado ksks. Ai, ai, às vezes eu realmente acho que eu nem teria o que escrever, se esses dois soubessem dialogar um com o outro, sabe.

Hwasa, vulgo amor da minha vida, enfim apareceu na história, irra! O que vocês acham que ela é do Yug, hein?

Inclusive, o Yug... Coitado, só se estressou e se decepcionou nesse capítulo. Mas quem sabe, a situação melhore nos próximos.

Enfim, já falei demais.

Espero que tenham gostado do capítulo e até o próximo!💚


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