— Ainda vai demorar muito? – Taehyun questionou enquanto puxava uma cadeira para se sentar ao lado de Mino.
O moreno estava ali na frente do computador há umas três horas mais ou menos, tentando finalizar a última faixa do próximo álbum. Ia demorar, Taehyun sabia disso, o olhar que o outro lhe lançou como resposta era um misto de desculpa e cansaço.
— Eu fiz o chá que você gosta. – colocou a caneca na mesa. — Você anda tenso esses dias, tome antes de esfriar demais.
— Obrigado. – Mino sorriu por conta do gesto, e deixou um beijo na testa de Taehyun. — Mas chá me deixa sonolento, e eu tenho que entregar isso até amanhã à noite.
— E estressado desse jeito você não vai conseguir produzir nada. – o repreendeu.
Mino fechou os olhos e tombou a cabeça pra trás, não queria concordar mas, estava esgotado – física e mentalmente. Suspirou e pegou a caneca de chá, tomando um gole. A bebida era sua favorita porque lhe lembrava a vida na casa de sua mãe, e todo o cuidado que ela tinha consigo.
— Odeio quando você está certo. – o mais novo riu em resposta. O moreno salvou o arquivo e minimizou a letra incompleta. — Vamos pra sala?
— Okay.
O dormitório deles nunca permanecia em ordem, e a sala era o cômodo mais bagunçado de todos. No sofá os dois gatos de Taehyun dormiam preguiçosamente, Haute estava próximo deles. Na mesa de centro – que também era a de jantar. – Estavam espalhadas diversas folhas em branco junto de canetas e pincéis, obra do mais novo, que costumava desenhava em seu tempo livre. Os sapatos de Seungyoon estavam enfileirados abaixo da TV por falta de espaço no quarto e uns dos moletons de Seunghoon estavam pendurados na porta.
Mino sentou-se de forma desajeitada e ligou a tv em seguida. Taehyun o abraçou de lado, enroscando em seu hyung como um de seus gatos fazia, descansando a cabeça no pescoço dele, sua respiração fraca o arrepiando levemente.
Taehyun adorava ficar daquela forma com seu hyung. Receber carinho era seu ponto fraco, quase ronronou quando Mino afagou seus cabelos, ao mesmo tempo que passeava os dedos pelo fim de sua coluna, a pequena faixa de pele fora exposta quando os dois se abraçaram.
O mais novo brincava com a barra da camiseta regata do moreno enquanto este procurava algo interessante pra assistir.
— Acho que não disse isso antes, mas, gostei da sua tatuagem nos ombros. – declarou.
— Obrigado. – Mino riu. — É um bom mantra, ainda que seja menos legal que essa sua. – entrelaçou os dedos com os de Tae, onde estava gravada a frase “I don’t do drugs, I am drugs”.
— Se você está dizendo, quem sou eu pra negar, não é mesmo? – soltou a mão da do outro, se esticando até a mesinha de centro para alcançar uma caneta. — Enfim, como eu disse, eu gostei dela. Só acho que ficaria melhor com uns ajustes.
Taehyun afastou uma das alças da regata do outro e destampou a caneta com os dentes. Mino fechou os olhos e inspirou o cheiro da tinta da caneta que era consideravelmente forte. Mal sentia os traços leves que Nam aplicava para preencher uma das letras de “Be Nice”.
— Vê? – chamou a atenção de Song. — Assim, um pouquinho mais forte ia combinar mais com você. – pegou o celular e tirou uma foto para mostrar ao seu hyung.
— Eu gostei até. – admitiu. — Mas doeu demais e não estou disposto a mais sei lá quantas horas de tortura.
— Você é muito fraquinho. – mostrou a língua pro moreno. — Nem parece que fez quase um letreiro na costela.
— Você tava lá e viu que eu não estava muito sóbrio. – Mino recordou e os dois riram com a lembrança. Mesmo “anestesiado” ele soltou lagrimas de dor, enquanto Taehyun filmava tudo e ria como se fosse a coisa mais cômica do mundo.
— Você deveria aderir a tatuagens pequenas. Como essa... – sentou no braço do sofá para escrever “endurance” próximo a “Be kind” que ficava no outro ombro do rapaz. Ele formava uma ruga na testa ao desenhar as letras e prendia a respiração, a soltando num suspiro forte que não falhava em arrepiar Mino por conta da proximidade.
A TV ligada servia apenas para iluminar o cômodo, já que não recebia nenhuma atenção de nenhum dos rapazes.
Nam borrou o primeiro traço do pequeno morcego que começava a desenhar quando Mino o puxou pela cintura para se sentar em seu colo. Como era de costume, Tae não teve nenhuma reação a não ser posicionar uma perna em cada lado do outro, sentindo as mãos dele voltarem a passear por suas costas, por dentro da camisa.
Song gostava de sentir a maciez da pele de seu dongsaeng. Gostava de observá-lo concentrado enquanto desenhava. As mãos passeando por sua clavícula, os lábios murmurando uma melodia praticamente inaudível, e os cabelos bagunçados que atrapalhavam a visão dos olhos castanhos tão focados em si.
Para escrever “lonely” em uma letra cursiva no lado oposto que ficava “Deuteronomy” Taehyun teve se se afastar e consequentemente remexer-se no colo de Mino que resmungou.
— Taehyun-ah! Não se mexa desse jeito! – apertou sua cintura.
— Mas porquê? – perguntou instintivamente, percebendo o motivo logo após terminar a frase. — Quem me colocou desse jeito foi você. – riu com a careta emburrada que o outro fez. — Agora se controle que eu ainda não terminei.
Mino ajeitou a postura, afundando o rosto no pescoço de Taehyun, sorrindo contra a pele dele ao inspirar e sentir usual fragrância que ele usava. E essa foi a vez de Nam arrepiar-se. O loiro se moveu – dessa vez de propósito. – ganhando outro aperto nas coxas ao iniciar outro desenho na nuca do moreno. Eram diversas estrelas que seguiam na direção ao meio das costas, algumas ele preenchia, outras não.
Taehyun perdia a noção do tempo quando estava assim, distraído. Só percebeu que a tv havia sido desligada quando Mino o tirou do transe deixando selinhos em seu pescoço. Ele sentia cócegas mas controlou-se para terminar o coração à lá Basquiat que ele sempre fazia.
— Já chega, Tae. – Mino levantou-se abruptamente e seguiu em direção ao seu quarto, segurando o loiro no colo.
— Espera um pouco! – choramingou. — Deixa eu terminar só mais esse!
— Não dá. – empurrou a porta do quarto que felizmente era só seu.
— Seu chato. – murmurou ao ver o desenho inacabado borrado com o suor que brotava nas costas de Mino.
— Shiu. – deitou-se por cima do mais novo, deixou os lábios à altura de sua orelha e sussurrou: — Agora eu vou desenhar em você. – retomou os beijos no pescoço.
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