Justin Bieber P.O.V
Entro no corredor que Ema tínha entrado, e começo a ficar muito nervoso. Faltavam duas horas para meia noite e o plano estava totalmente fora de ordem. Minha escuta estava dando problemas, escutava chiados e não conseguia me comunicar. Acabei jogando ela no lixo. Estava esperando o aviso de Ema nos fundos do casino, mas cada minuto era torturante. Agora, me vejo tomando uma decisão completamente suí...
— Justin. — Ema sussura, escondida atrás de uma planta. — Graças a deus.
— Onde você estava? — Retruco em sussuro também. Ela se levanta, e seu rosto transmitia pânico. — Você conseguiu abrir a porta?
— Eu fiz uma coisa muito ruim. — Ema me puxa para seu esconderijo patético atrás da planta.
Engulo em seco.
— Que merda você fez?!
Ela olha para as duas rotas do corredor, e depois pra cima.
— Uma longa história. Era tudo ou nada, então eu... Cortei. — Seus olhos estavam completamente dilatados, e eu estava no ápice de nervosismo com suas meias palavras.
— Cortou o quê?
Ela respira fundo, abre a bolsa e bota um pedaço de carne humana na palma da minha mão.
— Que porra é essa! — Grito, tacando aquilo no chão. Ela tampa a minha boca para eu não fazer barulho. Segundos depois, voltamos aos sussuros. — Você cortou a porra do dedo cara?
— Eu sei, é muito mórbido e... fodido. Mas eu estava desesperada. — Ela fala rapidamente.
Ouço passos vindo da area leste, então por hábito, tampo a boca de Ema e nos encolho para que ninguém nos veja.
Um bipe exagerado de walkie-talkie inunda o ar, e vozes começam.
— Algum problema na sala do patrão? — Um homem pergunta pelo aparelhinho, sua voz estava meio distorcida.
— Não senhor. Foi só uma vadia burra que apertou o alarme sem querer. Sabe, ela transou com ele e caiu fora.
Imediatamente ligo as coisas, e olho para Ema com os olhos arregalados de raiva. Começamos a brigar com gestos um com o outro. Ela balançava a cabeça frenéticamente e eu resmungava coisas como "Vamos falar sobre essa merda depois." Mas no fundo, eu sabia que aquilo foi só uma histórinha genial que ela inventou para não ser pega.
Quando os passos cessaram, nossas respirações voltaram ao normal.
Ema olhava para o chão lentamente.
— Eu não vou pegar o dedo. — Ela diz com nojo.
— Você cortou o dedo do cara e ainda não quer pegar essa porra? — Digo incrédulo, e seu queixo cai.
— Escuta aqui, eu tive que pensar em um plano b. Hoje não é um bom dia pra você ficar "sentimental". Em algumas horas a droga vai sair do organismo daquele cara e ele vai caçar a gente se não dermos um fora daqui. — Ema esbraveja. Ela se agacha e pega o dedo, em seguida o bota na minha mão. — Com a grana.
— Qual é, eu não estou sentimental. Eu nunca estou sentimental. — Franzo a testa. Ela revira os olhos e me dá um selinho rápido.
Seus saltos somem delicadamente pelo corredor.
O que foi aquilo?
Nunca tínha visto Ema tão determinada, tão decidida. Aponto de cortar um dedo de um ser humano para uma missão ser bem sucedida. Não sabia se me orgulhar ou se temer essa transformação. Ela era uma adolescente, e eu estava empurrando ela para um mundo sórdido e cruel.
— Que porra é essa. — Sussuro, olhando o dedo pálido e morto em minhas mãos.
Amber Holygrail P.O.V
— A transmissão da câmera de Ema parou de funcionar, junto com as escutas de todos eles. — Jace diz desesperado, batendo em milésimas teclas de seu computador gigante. — Isso não pode estar acontecendo.
Estávamos ficando malucos com todas as falhas que estavam surgindo. Até eu, que não entendia muito como aquilo funcionava, estava pirando. A transmissão de Ema tinha se cortado quando a confusão começou, conseguimos ver algumas imagens distorcidas, mas nada claro. O único que ainda funcionava era o bloqueio das câmeras de segurança.
— Tudo bem, fica calmo. Não aconteceu nada com eles, só uma pequena falha. — Tento acalma-lo, que no momento se via desesperado.
— Eu acho que eu não vou conseguir recuperar o sinal. — Ele por fim desgruda os olhos do computador, e os volta para mim. — Eu acho que eles estão sozinhos nessa agora.
Suspiro. A minha preocupação por Ema estava latejando em minha cabeça. Mas algum presentinento, em um pequeno lugar de mim, gritava que ela estava bem.
Teria que me agarrar a aquilo por enquanto.
Jace bate forte na tela do computador, e esconde seu rosto em suas mãos.
— Eu estraguei tudo, eu tinha que ter checado aqueles malditos aparelhos.
— Ei! — Elevo a voz, levantando seu queixo com a mão. — Nada disso é sua culpa. Falhas acontecem. Não quer dizer que eles estão em problemas.
Seus olhos começam a ficar em um tom avermelhado, e ele os prega de novo nos números e letras aleatórias da tela do computador.
— Jace, pare de se culpar por tudo que dá de errado. Não é sua culpa. — As palavras escapam de minha boca, e seu rosto toma uma expressão de choque.
Eu tenho certeza que ele sabia que eu não estava falando dos aparelhos que deixaram de funcionar.
Seus olhos ficam úmidos, mas ele logo disfarça com uma risada forçada.
— Qual é Amber, eu já superei o fato de você ter me largado. Se eu quisesse frases de consolação, eu compraria o livro da Demi Lovato. — Ele resmunga.
Sua forma de entrar na defensiva foi como receber um tapa na cara.
— Eu não quis falar nesse sentido. Você sabe que não. — Sussuro.
Ele gargalha de novo.
— Você nunca quer, não é? O que mais agora? Vai dizer algo como "Não Jace, uma força superior do universo conspirou a favor do meu pé chutar sua bunda. Espero que você entenda."
— Sabe, Jace. Quando uma pessoa ri muito sobre coisas estúpidas, no fundo ela é uma pessoa triste. — Olho nos seus olhos, que desviam dos meus na hora. Seus lábios se abrem pra dizer uma coisa, mas se fecham logo depois. — Quando você tiver novidades deles, me avisa.
Levanto da cadeira, e começo a caminhar. Eu e meu coração que insiste em se estraçalhar a cada ação que Jace Goldenwood decide praticar. Quando estou na metade do caminho, a voz dele me chama.
— Amber. — Me viro lentamente, com a intenção de não parecer nem um pouco abalada. Seus olhos que estavam vermelhos transmitiam tristeza. — Eu nunca vou superar.
Ele ri pelo nariz, e acabo soltando uma risada também.
Rir para não chorar, como dizem.
— Eu também não. — Abraço meus braços, e percebo que é a primeira vez em que nos abrimos em muito tempo.
— Sabe de uma coisa? — Ele dá um meio sorriso, e apoia a cabeça na mão. — Acho que eu vou precisar daquele livro da Demi Lovato.
Dou uma risada em meio as lágrimas.
— Eu também, pode acreditar.
Ele deixa o copo de uísque na mesa, ao lado do teclado. E fica de pé, com os braços abertos.
— Vem cá. — Aquelas palavras foram o suficiente para eu ir correndo me jogar em seus braços. Eles me apertavam de um jeito que eu sabia que estava segura em meio a eles. Escondo meu rosto em seu pescoço, e me permito chorar.
Justin Bieber P.O.V
Boto aquele resto humano nojento no sensor da digital, e quando aquela porta se abre, agradeço mentalmente esse ato bizarro de Ema. Guardo o dedo no bolso, por se precisar.
Mais outro corredor. Esse lugar parecia um labirinto de corredores pacatos. Eu já estava ficando no mínimo irritado de fingir que sou um bêbado perdido cada vez que eu esbarrava com alguém.
Esse corredor era estreito, estreito de uma forma bem inconveniente. No final dele, havia uma escadaria. Eu me sentiria menos inseguro com essa porra de plano se eu ainda tivesse aquela escuta na minha orelha, mas eu ia encarar isso de frente, e sozinho. Não importa se der certo ou errado.
Com a arma na mão, caminho tranquilamente até a escadaria. Aquela calmaria sem guardas estava sendo coisa que se deve desconfiar.
A escada era tão estreita quanto o corredor, por isso tive que me encolher um pouco para subir.
— Riquinhos de merda. Gastam uma fortuna em um casino mas botar uma escadinha decente nada. — Resmungo ao me encolher mais ainda subindo degrau por degrau.
Quando chego ao segundo andar, dou de cara com uma porta simples. Alguém com claustrofobia iria se foder por aqui. Fico encarando os únicos dois métros de comprimento da porta e a parede cheia de mofo.
— Não era pra ser assim, tem alguma coisa errada. — Sussuro para mim mesmo.
Abro a porta lentamente, e o chiado de madeira velha se abrindo atordoa meus ouvidos. Quando entro, reviro os olhos ao ver outro corredor. Porra. Mas quando começo a prestar atenção nos detalhes, ele é constituido por muitas portas, escuto vários murmúrios, risadas e até som de televisão.
Aquilo não fazia sentido. Nada fazia.
Olho pro relógio: Faltava uma hora.
Uma garota baixa de cabelos ruivos sai de uma das portas, me fazendo me tirar do transe.
— Não Stacey, eu não vou ir para o Crooders amanhã á noite. Eu tenho que estudar e... — A garota para quando me vê, e fica me encarando. Outra garota aparece do lado dela, com uma lata de cerveja na mão.
— Você está perdido por aqui ou...? — A garota ruiva por fim fala, e eu tento elaborar um plano B também.
— O meu chefe me mandou aqui pra checar seu cofre, mas confesso que me perdi. — Coço a minha tempora, e a garota sorri.
— Se quiser eu posso te ajudar. Sou filha do dono disso tudo aqui, sei todas as habitações de cor. — Ela joga o cabelo pro lado.
Porra, isso é a sorte voltando pro papai.
— Se não for de muito incomodo, adoraria. — Me aproximo dela, e lhe dou meu melhor sorriso. Se eu quisesse sair de lá milionário e vivo, eu teria que usufruir de todas as minhas armas.
— Stacey. — Ela chama a amiga, sem tirar os olhos de mim.
— Que foi, Lisa? — A tal de Stacey ressalta o seu nome, que a faz ficar visivelmente irritada.
— Vou sumir uns minutinhos, não sinta minha falta. — Ela faz um tchauzinho e enrola seu braço no meu.
Lá vamos nós.
Fico com o maxilar tenso com o grude daquela menina irritante. Ela era bonita. Não como Ema, mas bonita. Só que em circunstância nenhuma eu transaria com essa garota. Odeio menina mimada.
— Bom, meu chefe é Kane Smith. Você sabe me dizer que quarto pertence a ele? — Pergunto, e ela me olha como se eu fosse ingênuo.
— Tem 109 quartos com gente hospedada aqui, é muito difícil adivinhar essas coisas. — Ela para de andar, e fica olhando pro chão, como se estivesse pensando. — Pra isso precisaríamos checar o livro onde estão registrados os proprietários dos quartos. Sabe, muitos só o usam para guardar pertences importantes. Afinal, quem iria desconfiar desse lugar?
Ótimo, a menina não era tão burra como eu pensava. Ela sabia de tudo, muito mais do que Jace. No momento, gostaria de esgana-lo por não ter se preparado pra isso.
— Então, aonde está esse livro? — Pergunto, já ficando nervoso. Se todo o plano estava modificado, e que havíam partes que não se encaixavam, o que me asegurava que eu ainda tinha aqueles 60 segundos para entrar no quarto?
— Vem comigo. — A tal de Lisa me puxa para dentro de uma das milhões de portas daquele lugar.
Quase caio pra trás ao ver o imenso quarto rosa que havíamos entrado. Era cheio de ursinhos e de barbies.
— Meu pai ainda me trata como criança. — Ela acrescenta, quando me vê avaliando a decoração daquele quarto horroroso. — Bom, não importa. Eu não moro aqui mesmo.
— Quantos anos você exatamente tem? — Pergunto, enquanto ela procurava alguma coisa no meio dos brinquedos enfileirados da estante.
— Dezesseis.
Reviro os olhos. A que ponto eu cheguei, precisar da ajuda de uma criança para finalizar um plano.
Até que ela estava sendo prestativa. Porém, sabia que ela iria querer algo em troca.
— O que exatamente você está procurando aí? — Lhe pergunto cético, e me sento em sua cama rosa, que faz um som estranho com meu peso.
— Meu pai esconde o livro nesse quarto, ninguém procuraria aqui. — Lisa explica, ainda bisbilhotando os ursinhos. — Achei!
Ela tira um livro de couro de tras do boneco, e dá um sorriso. Quando vou pegá-lo de sua mão, ela o esconde atrás de si.
— Ah não. — A garota balança a cabeça. — Quero alguma coisa em troca.
Viu.
— O quê exatamente? — Já estava de saco cheio daquela menina.
— Eu preciso de alguém pra tirar minha virgindade... E você é o homem mais gato que eu já conheci. — Ela chega mais perto, e eu rio pelo nariz.
Que se dane.
Em um movimento rápido, a jogo na cama atrás dela, e a beijo. Seus dedos se infiltram pelo meu cabelo, e automaticamente tiro sua mão. Só gostava quando Ema fazia isso.
Porra, não acredito que pensei nisso.
Balanço a cabeça para afastar Ema da minha cabeça agora. Eu não estava pegando essa garota porque queria, mas era preciso. E vamos combinar, não é nenhum sacrifício.
Minhas mãos vão para dentro de sua saia, e ela geme. Rio pelo nariz, e beijo sua testa.
— Sabe, Lisa. Você não pode confiar em todo homem de terno que cruzar com você. — Ela me olha confusa, enquanto eu a faço gozar.
— O-o quê? — Sua voz sai entrecortada, e então, pego a seringa do meu bolso e injeto o sedativo em seu pescoço.
A garota pisca algumas vezes, e logo apaga. A substância deve sair do corpo dela só amanhã, e mais duas horas demorará para ela finalmente acordar.
— Você supera. — Sussuro em seu ouvido, e a cubro com os lençóis, para que ela tenha uma boa noite de sono.
Ema Bieber P.O.V
Saio do Casino imediatamente quando não encontro Chaz e Ryan. Espero que nada tenha acontecido com eles. Penso em procurar um telefone público para ligar para Jace e Amber, porém não tínhamos pensado na brilhante ideia de comprar celulares por se acaso o plano A não desse certo. Penso se não seria melhor esperar Justin, mas ia ser bastante arriscado. Os seguranças já desconfiavam de mim, e alertá-los mais uma vez seria suícidio.
Meia hora. Faltava meia hora para meia noite.
— Por favor Justin, você consegue. — Sussuro, sentada em um banco á uma rua do Casino.
Fazia bastante frio, mas estava suando tando que nem fazia muita diferença. Milhares de pessoas se espalhavam pelas ruas, conversando, apressados. Avistei dois grupos de adolescentes bêbados rindo histéricamente com garrafas nas mãos. Eles não se preocupavam com nada, só estavam se divertindo.
Percebo que começo a chorar quando sinto lágrimas rolarem por minhas bochechas. As seco rápidamente. Eu tínha a mesma idade que eles, eu merecia poder não me preocupar com as coisas também.
Porém, eu que escolhi isso na hora em que abri a porta para Justin a dois meses atrás. Eu escolhi abrir mão da confiança do meu pai, e dos meus princípios.
Eu de algum modo, o escolhi.
Uma mulher de mais ou menos trinta e cinco anos se senta do meu lado no banco, quando a olho, um presentimento muito forte me inunda gritando que eu a conhecia. Não que fosse relevante, mas não conseguia parar de olhar para ela.
A mulher misteriosa acende um cigarro, e me vê observando.
— Quer? — Ela me oferece, e eu faço que sim com a cabeça.
Quando nossos dedos se tocam ao me passar o cigarro, sinto um choque. Ela parece também sentir, porque recolhe a mão.
Tento ignorar aquilo.
Quando levo o cigarro a boca, percebo que nunca havia fumado antes. Eu não sabia muito bem como tínha que fazer, e acabo soltando o ar.
— Você tem que levar ele até o pulmão, e depois soltar o resto. — Ela explica, como se fosse óbvia minha inexperiência.
Tento fazer o que ela disse, mas acabo tossendo sem parar. Começamos a rir, e ela balança a cabeça.
— Bom, leva tempo.
Jogo o cigarro no chão, e o vejo apagar com o solo frio e úmido daquela cidade.
— Eu te conheço de algum lugar? — Pergunto, e ela me olha confusa.
— Sabe, eu também tenho a sensação que te conheço de algum lugar. — Ela diz, enquanto dá uma tragada.
Ela tinha cabelos castanhos claros, a cor natural dos meus. Mesmo sendo uma mulher madura, parecia bem jovem.
Eu a conhecia, só não sei de onde.
— Bom, sou Ema Haloway. — Ofereço minha mão. Ela a aperta, mas não parece conhecer o nome.
— Caroline Young.
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