Ema Bieber P.O.V
Abro as pálpebras com muita relutância. Respiro fundo e olho para aquele teto ridículamente branco do meu quarto. Até que ponto eu cheguei?
— Você está bem? — Sinto a voz do meu pai ecoar pelo silêncio, e quase caio da cama.
Olho para o lado, e o vejo sentado na poltrona. Me pergunto a quanto tempo ele estava aí.
— Você é péssimo nisso.
— No que? — Ele pergunta confuso.
Rio pelo nariz.
— Fingindo que se importa.
Me levanto da cama e vou em direção ao meu armário. O único móvel daquele lugar que me trazia lembranças que eu gostava de lembrar.
— Você vai à escola hoje. Dei um jeito de te botar lá de novo. Mas com as suas faltas, é impossível você passar. Por isso você vai ter que fazer supletivo.
— Tudo bem, que seja.
Eu iria fugir daqui há alguns dias, todos os planos que ele fizesse seriam totalmente descartados posteriormente.
O meu sonho sempre foi fazer supletivo para acabar a escola rápido. Ainda faltava um ano para eu terminar o colégio, por isso eu estive o ano inteiro implorando para meu pai me deixar fazer um curso de seis meses para terminar esse ano mesmo. A antiga Ema já estava com seus planos feitos, e um ano mais de escola só retardaria todo o seu "futuro."
Agora isso parece uma besteira tão grande.
Abro o armário e me deparo com milhões de vestidos alinhados e passados com perfeição.
Reviro os olhos.
— Eu tenho alguma coisa que não seja vestidos?
— Tem algumas roupas suas no quarto da sua mãe se você quiser procurar.
Engulo em seco.
— Para de tentar me fazer sentir culpada por não acreditar na sua mentira contra ele.
Ele me encara com ódio, e segundos depois me puxa pelo braço para a porta.
— Ei! — Tento me soltar, mas ele apertava mais forte a cada passo que dava até seu quarto. — Me solta, caralho.
Ele me senta na cama e tira uma caixa de baixo dela. Eu fico de pé, sem entender nada. Ele nem olhava para mim, só ficava procurando algo naquela caixa cheia de cds. E então, ele pega um, que o bota para tocar no computador.
— Não acredita em mim? Veja você mesma.
O computador faz um bipe ao ligar, e segundos depois a tela se preenche com uma filmagem de uma notícia. O jornalista estava parado na frente da minha antiga casa.
O que diabos era aquilo?
— Nesta manhã de sexta um acidente terrivel deixa está casa aos pedaços. Causando a morte da mãe, companheira e querida por todos: Ema Haloway. — O jornalista fala. Aquilo era a notícia do acidente. Eu jamais tinha a visto. — O seu cunhado adolescente provocou acidentalmente o incendio com um cigarro. Segundo as informações que foram fornecidas, ele conseguiu tirar a filha de Ema á tempo. Mas não sabia da presença da mesma em casa, que estava dormindo. É com você, George. Um bom dia.
Segundos antes do jornalista encerrar, consigo ver Justin sentado na parte de trás da ambulância. Com as mãos no rosto e tremendo. Uma garotinha estava parada ao lado dele e dos bombeiros, sem entender nada.
Aquela era eu.
E então, meu pai fecha o computador, me olhando com seu semblante de "eu sempre tenho razão."
Não consigo sentir meus pés, e minha respiração parecia socos em meus pulmões.
Justin era a causa de minha mãe ter morrido, e ele nunca nem me contou.
— Se você tivesse ao menos me escutado... — Ele começa, a falar.
— Vai se foder!
Saio correndo de seu quarto, e desço as escadas quase rolando. O ódio estava me consumindo. Ele havia tirado a chance de eu ter uma mãe, e nem se quer teve a coragem de olhar em meus olhos e dizer.
O nojo crescia dentro de mim e a única coisa que me faria sentir melhor seria despejando nele.
— Ema, volte aqui! — Ouso um eco do meu pai me seguindo, mas minha fúria era tão grande que eu já estava em seu carro dando partida.
Meu rosto ardia, e minhas lágrimas me impediam de ver as ruas direito. Eu dirijia desnorteada, havia passado três sinais vermelhos e quase atropelado um homem que estava atravessando a rua.
Ele teria que estar lá, eu precisava olhar na sua cara e ver o que ele diria dessa vez.
Estaciono na frente da mansão dos The Hunters, e olho impaciente para os seguranças que não me queriam deixar passar.
— Só com a autorização dos chefes, garota. — O homem de terno rugiu, e eu engulo em seco.
— Então chama a porra dos seus chefes, porque daqui eu não saio até falar com Justin Bieber.
O guarda me olhou feio, mas se comunicou pelo walkie-talkie fazendo o que eu pedi.
Eu estava com a pressão baixa. Não conseguia escutar mais nada, só o meu cerébro latejando tão forte que conseguia sentir ele por explodir. Eu merecia saber daquilo, eu merecia saber..
E então, o vejo saindo da casa, com um sorriso no rosto.
Empurro o guarda da minha frente e vou correndo em direção á ele, lhe dando um tapa na cara.
Eu olho para minha mão sem entender.
Eu não havía sentido o tapa.
— Ele te contou, não foi? — Justin diz sem expressão, me fazendo dar uma gargalhada nervosa.
— É óbvio que ele me contou. Coisa que você não fez em três meses!
— Ema, você foi longe demais. Não acha? — A voz dele ecoa pela minha cabeça, como se ele estivesse á métros de mim. O olho confusa.
— O que? Longe demais no que?!
— É hora de você acordar.
— Dá pra você parar de falar coisas como se fosse um doente mental e resolver como um adulto?! Por que merda você não me contou?!
Eu sentia o meu corpo fraco, e estava sendo dificil me manter em pé.
— Porque eu amo você. E exatamente por isso estou pedindo pra você acordar. Isso foi longe demais...
Demoro uns segundos para perceber que sua mão estava em meu braço. Eu simplesmente... não a sentia.
— Acorde Ema.
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Sugo todo o ar que eu conseguia aspirar. E abro os olhos. A claridade faz meus olhos arderem, e tento tampá-los com o braço. Mas vários fios me impediam de movimentá-los, e o bip de um aparelho estava atordoando meus ouvidos.
Eu estava em um hospital.
— Ela acordou! Dr Chapmann, a paciente 307 acordou! — Um homem começa a gritar em frente de minha porta, fazendo minha cabeça arder.
Paciente 307? Ele estava se referindo á mim?
Examino o quarto do hospital, estava com alguns balões pendurados na cadeira, do lado de um ursinho dizendo "Feliz aniversário." Havia um porta-retrato do meu lado, com uma foto minha aos treze anos abraçada com uma mulher loira, e meu pai do meu lado.
Eu não lembro de ter tirado aquela foto.
Um médico entra no quarto, com os olhos arregalados.
— Depois de quatro anos, você finalmente acordou.
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