História Teen Idle - Prólogo.

Harry Styles é o tipico garoto londrino. É doce, alegre, sensível, sincero.

E era isso que ele estava tentando demonstrar para si mesmo em sua nova escola.

Os primeiros dias não foram fáceis. A escola rodava em torno de três jogadores de futebol: Liam, Zayn e Louis. Em seu primeiro dia, Hazza percebeu que aquilo não era simplesmente um local de aprendizado; era uma hierarquia, onde Louis, Liam e Zayn eram os reis, e quem ousasse se rebelar, não teria um fim agradável.

Harry seguiu as regras. Harry vivia em seu mundinho medíocre, onde tudo fazia sentido, onde as coisas eram justas.

O garoto de cachos gostava de se sentar no chão do corredor, exatos dois minutos antes do sinal bater, e quando finalmente acontecia, todas as portas eram abertas de uma vez, fazendo com que ele sorrisse. Por mais bobo que fosse, aquilo havia virado uma rotina. Os professores haviam aceitado aquilo, os próprios alunos aceitaram.

Não podia-se dizer que Harry era um homem. Sim, ele tinha um pênis no meio das pernas, tinha seus fiapos de bigode, e pelos espalhados pelo corpo. Mas isso não significava necessariamente que ele era homem. Styles tinha seu próprio estilo de se vestir. Blusas de uma cor só, blusa com algum tipo de desenho enigmático, bermudas com gatinhos desenhados, como se cada um complementasse o outro. Seus cachos não eram alá cachos normais, como qualquer garoto cacheado tem. Hazz tinha cachos volumosos, fofos. Seu cabelo estava ficando longo, quase batia nos ombros, e ele gostava daquela sensação.

Ele era assim; simplesmente Harry Styles.

O problema era que ninguém que se aceite, ninguém que se ame, ninguém que seja feliz do jeito que é, era feliz naquela escola. Todos tinham problemas, inclusive Harry, mas, como se ele fosse o problema em pessoa, virou o alvo de gozações, de beliscões às escondidas, de chutes no refeitório. O garoto acabou virando a mira favorita de Liam e companhia.

Não que ele se importasse; ele continuava dando bom dia a todos, mesmo que a maioria que recebesse em troca não fosse um ''bom dia'' sincero.

Seu lugar favorito além do corredor, era a sala de culinária, onde havia uma professora para tirar dúvidas, ensinar novas receitas, ou simplesmente adicionar um pouquinho de sal em qualquer que fosse o prato. Foi lá que o garoto conheceu Niall, seu melhor amigo. Era engraçado ir lá todo dia e ver Niall envolto por centenas de garotas suspirando e colocando o cabelo atrás da orelha. Harry já havia aceito que Niall era lindo, mas não fazia seu tipo. Nem ele sabia qual era seu tipo, afinal de contas.

Ter Horan ao seu lado todos os dias na escola permitiu que as coisas ficassem mais fáceis, até que o final do ano veio e mais um ano se iniciou. Harry já estava no segundo ano, já havia provado muitas brincadeiras sem graça dos ''reis'' do colégio, e mesmo que não gostasse nem um pouco, engolia a dor e sorria, como se não tivesse afetado.

O problema era que ele chorava todas as noites em casa.

Sua mãe era a pessoa mais doce do mundo. Anne era a mistura perfeita de avó e mãe, onde tudo se acertava. Quando Styles queria ''sair'' com Niall, a mulher nem se quer questionava, simplesmente gritava da cozinha: ''Volte às 23!'', o que não era necessário, já que Harry não passava mais do que duas horas com Niall.

Por mais que o loiro fosse macho, ele era sensível. A companhia perfeita para Harry. Eles sempre iam ao cinema quando passava algum filme romântico e Hazz prometia chorar, enquanto Niall comia o pote de pipoca, mastigando devagar, olhando de relance para o cacheado chorando. Bem, Horan não sabia o que fazer, então afagava o ombro do menor, enchendo-o de manteiga e voltava a comer.

Aquilo estava de bom tamanho para Harry.

Então, após o filme, os garotos iam para a praça de alimentação, comer uma pizza gigante porque esse era o maior desejo de Styles no momento.

Essa era a vida do garoto. Simples, organizada, chorosa. Ele gostava dessa vida.

~x~

As coisas começaram a mudar na noite em que Niall o ligou, pedindo companhia na festa de Malik. Harry implorou, quase ajoelhou-se via telefone, pedindo para que Niall não fosse, e por consequência, não o carregasse junto. Em vão.

Quando se deu conta, Hazza estava no carro de Horan, ouvindo o barulho ritmado de música. Ele tentou pensar pelo lado bom: iriam se divertir, talvez. Ou pelo lado ruim: Niall poderia ficar muito bêbado e não conseguir dirigir.

Harry arregalou os olhos, virando o pescoço em direção ao garoto:

– Niall, por favor. Prometa que não vai beber. Niall, por favor, eu...

– Hazz, relaxa. – O loiro riu, tirando o cinto. – Eu jamais beberia com você. Você é uma princesa, e princesas precisam de cuidado.

Harry já estava acostumado com aquele tipo de brincadeira do outro. E não o afetava, podia-se até dizer que ele gostava.

O mais novo concordou com a cabeça, suspirando pesado e tirando o próprio cinto. Abriu a porta e saiu do veículo, sentindo suas pernas tremerem.

Styles poderia ser a pessoa mais alegre, educada e fofa do mundo quando estava longe daquela escola, mas sabia que quando invadia o território inimigo, as coisas não terminavam bem.

Talvez ele até já soubesse o seu final.

~x~

Faltavam quinze minutos para às duas da manhã. Harry já estava bocejando de sono, por mais que o som ainda estivesse alto, e algumas pessoas estivessem dançando próximo à piscina. Niall bebia algum tipo de refrigerante, sentindo o tédio a cada gole. Por vezes ele tentou convencer o cacheado a se aproximar da piscina, mas o garoto simplesmente abaixava a cabeça e negava, medroso.

Talvez fosse por isso que Harry gostava tanto de Niall. Ele entendia os pedidos do garoto, ele não o julgava com pré-conceitos, ele não ria quando Harry ficava vermelho perto de algum garoto bonito. Niall não perguntava o porquê das coisas quando Hazza negava com a cabeça. O loiro simplesmente entendia.

A cada vez que Styles via um dos três reis, seu corpo ficava tenso, principalmente quando via Tomlinson. O, digamos, mais poderoso. Louis era frágil fisicamente. Era pequenino, uma cor bonita, escura. O cabelo grande, quase como o de Harry, mas um pouco mais liso. O corpo magro e benfeito, os olhos. Os olhos... Harry amava seus olhos.

Niall tocou o ombro de Harry e abaixou um pouco a cabeça, encostando no ouvido do outro, sussurrando que iria tirar o seu celular do carregador, porque provavelmente sua mãe o ligara a noite toda, ele não queria atender. Além da bateria ter acabado na metade do caminho. Styles apenas concordou, dando um risinho para o loiro.

Quando piscou, Styles já não viu mais Niall, então deu de ombros e olho seu próprio celular, notando que havia uma mensagem de sua mãe.

''Olá querido, como está indo a festa? Eu vou dormir. Não chegue tarde! Amo você.''

Hazza sorriu, abrindo o teclado para digitar, mas antes que pudesse fazer isso, ouviu uma risada alta, e como se todos os olhares estivessem sobre ele, olhou para frente. Liam, Louis e Zayn estavam parados, o olhando, como se ele fosse algum tipo de carne podre.

Harry travou o celular.

Antes que pudesse enfiá-lo no bolso, os três vieram em sua direção, como se planejassem algo. Hazz olhou para os lados, à procura do amigo, mas ele não estava ali. Simplesmente não estava.

Sua garganta secou, suas mãos suaram, seu peito se apertou.

Liam agarrou seus braços, Zayn as pernas, e Louis a cabeça.

O que eles iriam fazer? Não, não, não!

Desta vez, todos os olhares estavam de fato sobre Harry. Ele não gostava de atenção excessiva. Ele não gostava.

Algumas pessoas pareciam ter pena, outros pareciam apoiar aquilo, outras simplesmente pareciam não ligar.

Os olhos amedrontados de Harry correram até a piscina, e ele sabia que aquele era o seu destino final. Ele tentou se debater, tentou implorar, tentou de tudo.

Os três ali eram os reis, não adiantava.

Qual era o problema? Era só água. Por acaso iria estragar os cachos da princesa? Iria estragar sua blusa afeminada? Sua bermuda de gatinhos? Faça o favor!

O problema era que Harry não sabia nadar.

Antes de ser jogado na água, Harry olhou para Louis. O garoto esperou que ali tivesse alguma feição de tristeza ou pena. Talvez até uma feição de ''não ligo''. Mas não, Louis sorria. Sorria de verdade.

Ele nem se quer tentou nadar, ou se debater. Ele afundou, e de onde estava, podia ver seu celular indo junto.

Ele nem respondeu a mensagem da mãe.

Harry conseguia ver as três figuras de pé, comemorando. Styles só queria poder entender a mente humana. Só queria poder entender o que corria na veia desses cretinos. Ele só queria entender o que havia no coração de cada um.

Não tentou respirar, não tentou pedir ajuda.

Suas costas bateram no fundo da piscina, lentamente e dolorosamente.

Harry pensou em Niall. E aquilo pareceu ser a demanda para que Horan se jogasse na piscina, com carregador, celular, e tudo que tinha no bolso, puxando Harry pela mão de uma vez só, carregando-o até a borda, puxando o máximo de ar que podia

– Harry! Hazz! – Niall berrava, dando tapas leves no rosto do cacheado. – Hazza! Por favor! – O desespero estava aumentando. Por que ele não acorda? – Hazza!

Niall jogou Harry para fora, pulando em seguida.

O problema era que Niall não notou a força que usara para jogar Styles para fora, e quando isso aconteceu, o mais novo bateu com a cabeça contra o piso anti-derrapante, o que causou um corte não tão fundo.

Se aquela cena não podia ficar mais horrenda, ficou. O sangue começou a escorrer, até tomar parcialmente toda a piscina, deixando a água avermelhada.

Niall não sabia o que fazer. De primeira ele tentou massagem cardíaca, depois, socos, na tentativa de acordá-lo. E por último – e mais eficiente – o boca a boca. Horan puxou ar e tocou os lábios do outro, assoprando com força. Sem resultado. Mais uma vez. Mais uma vez.

– Por favor, Harry, Não me deixe. – Niall tentou mais uma vez.

Como se fosse retirado de seu mundo perfeito, Harry abriu os olhos. Tossiu água, como se todos os seus órgãos tivessem virado o líquido em si. O garoto arqueou-se sobre a barriga, tossindo com força, jogando tudo para fora. Tudo. Havia sangue, havia restos de comida.

Niall não ligava para aquilo, não mesmo. Seu amigo estava de volta, e céus, ele temeu a morte do garoto.

Como se tivesse um estalo, Harry levantou os olhos devagar, vendo todas aquelas pessoas horrorizadas, olhando-o com medo, receio, e mais uma vez, pena.

O problema era que a dignidade de Hazza havia sido colocada à prova, e quando isso acontecia, Harry se transformava em algo que a raça humana jamais viu.

Harry Styles prometeu vingança.