Cipriani Wall Street, New York City
2017, September 14th – 9:00pm
A avenida estava agitada, repleta de famosos e jornalistas para recepcionar a terceira edição do Diamond Ball. Um amontoado de fotógrafos registrava a chegada de cada convidado na entrada da solenidade que arrecadaria fundos para a Clara Lionel Foundation.
No banco de trás de seu automóvel recém-estacionado, Rihanna, perceptivelmente nervosa, notava as mãos transpirarem. Neste ano em especial dedicara-se com empenho à realização da cerimônia beneficente para que não houvesse falhas, além de ser o primeiro evento público no qual apareceria em caráter oficial com seu novo escolhido, - o bilionário Hassan Jameel - fato que involuntariamente lhe elevara a ansiedade.
– Você está esplêndida e tudo dará certo. – o árabe lhe falou ao pé do ouvido, fazendo-a corar de imediato tal como a pisciana apaixonada que era.
– Espero que sim. – sibilou um pouco mais tranquila, deixando um prolongado selinho no amado.
Desceu cuidadosamente devido ao peso de seu pomposo vestido de gala, mediante o auxílio de um dos seguranças e escoltada pelos familiares.
A cantora observou o próprio reflexo na janela do carro, ajustando melhor o busto e a saia frontal curta a qual deixava suas belas pernas amostra. Monica Fenty alinhou a parte de trás da vestimenta, composta por uma longa cauda, certificando-se de que a prole estivesse impecável.
O encorpado tecido preto que a envolvia contrastava com a pele negra de maneira ao mesmo tempo elegante e sensual. Trazia como adorno um ostensivo colar cravejado de diamantes. O cabelo escuro solto em ondas emoldurava o rosto de traços marcantes que não necessitou de maquiagem forte para realçar a beleza incontestável.
Todos os holofotes foram voltados para ela assim que surgiu no tapete vermelho com os dedos entrelaçados aos do saudita. Uma enxurrada de flashes lhe dificultava a visão. Aquele seria um prato cheio para todos os portais de notícias e tabloides se fartarem, algo que a artista absolutamente abominava. Todavia, encontrava-se suficientemente plena para conseguir ignorar tal circunstância, ao menos neste dia tão importante em que sua vida pessoal não era, ou não deveria ser o foco principal.
Concedeu entrevistas curtas e posou para algumas fotos antes de finalizar o trajeto e adentrar ao recinto para o início da festividade.
No interior do salão, caminhava junto ao namorado, saudando os presentes. Mãos eram apertadas e palavras de gratidão trocadas na medida em que a alegria da moça era multiplicada. Entretanto, o sorriso largo desenhado em seus lábios grossos foi desfeito ao que acompanhava visualmente uma repentina e imprevista chegada.
– Está tudo bem? – Hassan inquiriu, percebendo a súbita mudança de feição.
Nada estava bem. A morena sentiu momentaneamente o chão sumir sob seus pés. Ansiava por sair dali correndo, mas manteve-se imóvel, incapaz de responder a pergunta ou tampouco se esquivar da figura intimamente conhecida que vinha de encontro a ela em passos largos.
– Como vai, Rih? – cumprimentou-a, utilizando um sutil cinismo.
– Aubrey. – murmurou de maneira inaudível, apenas para si mesma, como uma forma de convencer-se de que não se tratava de uma terrível alucinação. – É uma surpresa vê-lo aqui. – limitou a dizer.
– Não poderia deixar de prestigiá-la. – o tom ácido permanecia com ele. – Não vai me apresentar ao seu amigo? – indagou, indicando o imponente homem que a acompanhava.
– Namorado. – apressou-se o empresário. – Hassan Jameel, muito prazer. – foi educado, lhe estendendo a mão que foi prontamente apertada.
– Aubrey Drake Graham, o prazer é meu. – exprimiu mediante um provocativo olhar de canto para ela. – Um prazer inenarrável.
Rihanna optou pelo silêncio, incrédula com a situação constrangedora. Mirava de um lado a outro, buscando alguma escapatória plausível, que não aconteceu.
Coçou a nuca, demonstrando visível desconforto. Não fazia ideia do motivo daquele comparecimento. Afinal, o término nada amigável - pautado em acusações e palavras duras - não deixara lacunas a serem preenchidas por qualquer crível relação de amizade ou sequer cordialidade, apenas indiferença.
Depois de anos sendo submetida a uma desgovernada montanha russa de sentimentos, a moça estava finalmente em um relacionamento tranquilo. Uma reaproximação com o rapper definitivamente não fazia parte de seus planos.
– Bom, irei procurar alguns amigos. – o canadense enunciou ao que arrumava a lapela. – Parabéns pela iniciativa do evento, com licença. – sintetizou antes de esgueirar-se entre os convidados.
– Toda. – o casal proferiu em coro.
Ainda atordoada, a garota temeu algum questionamento comprometedor do companheiro, entretanto, antes que tal fato ocorresse, foi abordada por Jennifer Rosales, - sua assistente e amiga pessoal - que agiu rápido após ter presenciado toda a cena.
– Hassan, roubarei Robyn por um momento, está bem? – interceptou retoricamente, a levando pelo antebraço para longe, impedindo qualquer réplica.
– O que Drake está fazendo aqui? Quem o chamou? – a caribenha interrogou-a entredentes a fim de camuflar sua fúria.
– Ninguém! Estamos todos tão perplexos quanto você. – Jenn ponderava. – Agora finja que a presença dele não te afeta, – diminuiu a voz por receio de ser ouvida – ou prefere fazer um estardalhaço?
A barbadiana olhou à sua volta. Um escândalo arruinaria todos os esforços de fazer com que aquela fosse uma noite especial e positivamente memorável.
– Você está certa. – suspirou, contrariada. – Mas não quero que ele chegue perto de mim novamente.
– Cuidarei pessoalmente disso, não se preocupe. – afirmou, transmitindo-lhe segurança. – Agora faça seu show, isso não precisa durar mais do que o necessário. – continuou, recebendo um aceno de cabeça positivo por parte da cantora.
Sem demora, a artista foi conduzida ao palco circular localizado no centro do salão. As palmas que preenchiam o ambiente foram cessadas apenas quando pigarreou frente ao microfone, limpando a garganta de modo discreto.
– Boa noite. Inicialmente gostaria de agradecer a presença de todos... – ela sentia as palavras saírem entrecortadas, era inevitável, pois parecia que não existia ninguém ali além de Drake, que a comtemplava de maneira penetrante a poucos metros.
O rapaz bebericava um uísque cowboy sem desviar sua atenção. Tinha consciência de que a estava desconcentrando e isso o fazia divertir-se por dentro, já ela mostrava incômodo cada vez que seu olhar insistia em magnetizar-se no do canadense. A pálpebra direita da jovem tremulava em tensão vendo-o tão perto, alinhado em um belo fraque e portando o sorriso doce que tanto a derretia. Irresistível, como sempre.
Pondo fim ao seu breve discurso de agradecimento, foi em seguida acompanhada pela Orquestra Filarmônica de New York ao cantar alguns de seus sucessos, entre recentes e antigos.
A melodia forte de Hate That I Love You a fazia estremecer quando as notas extravasavam por cada poro do seu corpo. Efetuava a letra examinando Graham disfarçadamente e abominando-se pela maioria das frases e o encanto harmônico de amor, parecerem propositadamente direcionados a ele. Cerrou os olhos com força ao produzir os agudos de forma perfeitamente afinada. O rapper majestosamente extasiado, apreciava o talento que a mulher esbanjava.
Com o desfecho da apresentação, fora ovacionada calorosamente, de pé. Drake a aclamava com mais veemência do que todos, e ao notar, ela percebeu um arrepio lhe percorrer.
– Você foi incrível, Rob! – sua equipe orgulhosa, a amparava para descer do palco.
– Obrigada. – respondeu-os em um brando transe.
Estava inquieta, necessitava de um tempo sozinha para refazer-se e conseguir manter o mínimo de sanidade no decorrer da cerimônia. Resolveu sair à francesa, se desvencilhando com cautela das pessoas.
As íris esverdeadas vagaram pelo local até encontrarem um refúgio passageiro. Escancarou a porta do luxuoso toalete que por sorte estava vazio e adentrou em disparada, como um míssil, passando a tranca logo depois. Poderia finalmente respirar aliviada distante de todo o tumulto. Abeirou-se a pia, apoiando na bancada desta. Ergueu o olhar para o grande espelho que havia diante de si e ali permitiu derramar as lágrimas reprimidas desde o primeiro segundo em que avistara o ex naquela ocasião.
Censurava-se mentalmente por estar vulnerável à capacidade que ele detinha de desestabilizá-la e trazer à tona sentimentos os quais julgava já estarem completamente superados. Possivelmente nunca tivesse havido amor, mas sim paixão, desejo, ou uma válvula de escape. O certo era que indubitavelmente, aquele homem ainda mexia consigo e isso lhe soava desesperador.
Inspirou e soltou o ar algumas vezes em uma tentativa lúdica de reestabelecer-se. Alcançou um lenço e secou sua face, também limpando o pouco da maquiagem que havia escorrido. Não poderia fraquejar. Precisava transparecer confiança apesar do caos e da angústia que se instalaram confortavelmente em seu peito. E assim, retirou forças de onde nem ela mesma sabia explicar no intuito de deixar o lavabo.
Destrancou a fechadura e antes que pudesse sair, em uma ação abrupta, fora novamente empurrada para o interior do local. Ela quis gritar em surpresa, porém Drake invadiu o cômodo e a boca da amada com fervor, calando-a.
O canadense fechou mais uma vez a porta, com a ajuda do pé, e a enlaçou pela cintura, deixando seus corpos colados enquanto beijavam-se impetuosamente. As línguas enroscavam em um misto de exasperação e saudade. Rihanna não foi capaz de opor-se à própria vontade que a dilacerava bem como excitava, repousando as mãos na nuca do rapaz, o puxando para aprofundar o ato.
Separaram-se por um instante, completamente sem oxigênio. Ele tomou o lábio inferior da garota entre os dentes e o puxou de forma leve em sua direção, arrancando-lhe um gemido manhoso.
Encaravam-se ofegantes, sem saber o que dizer.
– O que você pretende? – Fenty quebrou o silêncio, sussurrando enquanto permanecia em seus braços.
– Sinto sua falta. – respondeu da mesma maneira.
– Só que eu, não. – desviando o olhar e soltando-se dele na sequência, blefou descaradamente. – Tenho outra pessoa, estou feliz e você não irá estragar as coisas. – comunicava, evitando qualquer tipo de contato visual.
– Então quer dizer que não sente mais nada por mim? – ele articulava com tom sedutor, tornando a acercar-se. – Prefere ficar com aquele cara? – as respirações irregulares se misturavam eroticamente.
– E-Exatamente! – gaguejou, voltando a mentir. O som grave e macio daquela voz a fazia vibrar.
– Desculpe, mas não estou totalmente convencido.
Sem direito a mais nenhuma argumentação, Robyn foi prensada na parede mais próxima. A morena fechou os olhos grunhindo baixo ao passo em que Drake distribuía chupões fortes no seu pescoço, raspando a barba mal feita na pele cor de avelã. Encaixou logo depois as mãos nos seios fartos que quase saltavam para fora do vestido, os massageando sobre a roupa, fazendo a mulher revirar os olhos, tomada pelo êxtase que lhe era proporcionado. Ele sabia exatamente como e onde tocá-la.
– Fring... – murmurou o rapaz ao subir a boca de encontro à orelha da barbadiana e lhe mordiscar o lóbulo, extraindo dela um gemido sôfrego ao ouvir o apelido carinhoso que tanto apreciava e sentia falta. Em resposta, tratou de mais uma vez selar seus lábios aos dele, agora de maneira deliberadamente agressiva.
Rihanna elevou uma das pernas até a altura da cintura do rapper, que segurou-a pela coxa, pressionando nela a ereção já proeminente. A jovem movia os quadris, roçando as intimidades ainda protegidas, ao mesmo tempo em que sugava vigorosamente os lábios volumosos deste, estimulando-o a apertar-lhe a bunda por baixo da saia.
O clima no ambiente era delirante. Ambos fervilhavam tomados pelo tesão, como dois adolescentes isentos de limites ou pudores.
Descontinuando o beijo, Graham mordeu o queixo da garota e tateou seu clitóris através da meia-calça, sentindo a umidade que emanava ultrapassar a barreira de pano. Ela gemia continuamente, apoiada em seus ombros fortes, revelando mais entrega a cada atitude ousada. Aproveitando-se disso, trouxe a mão livre dela em união ao seu membro pulsátil sobre a calça social.
– Não. Por favor, não. – a moça interrompeu, recobrando a sensatez, afastando-o.
– Por quê? – se distanciou, obedecendo ao pedido. – Eu ainda te amo. – declarou vacilante.
– Não ama! – irritou-se – Isso foi um erro. – a caribenha engoliu em seco, se recompondo e endireitando as vestes. – Fui fraca, não deveria ter me deixado levar. – suspirou o mais profundamente que pôde. – Conhecemos esse filme de cor e o fim é repetitivo, feridas cicatrizadas sendo reabertas. Vamos fingir que nunca aconteceu.
A frustração podia ser facilmente vislumbrada no semblante dele, o deixando com um olhar triste e perdido.
– Nós não funcionamos juntos e precisamos aceitar isso. – foi sucinta.
– Discordo de você.
Ela deu de ombros e virou as costas, fazendo menção a ir embora.
– Robyn...
Obstruiu o percurso quando escutou seu nome, porém continuou voltada para a direção oposta.
– Ainda iremos terminar de acertar nossas contas. – prosseguiu, convicto. – Com todos os juros.
– Por que não conseguimos nos livrar um do outro? – questionou-o com um ar de derrota.
– Talvez seja carma.
Sem sombra de dúvidas eles conheciam o suficiente sobre carmas amorosos. Emoções mal resolvidas, quem sabe desde outras existências, onde a atração mútua toma vezes de um looping constante e infindável.
– O carma é uma vadia má. – constatou ao se aproximar da saída. – Mas não tanto quanto eu. – finalizou, olhando-o por cima do ombro, para depois deixar o banheiro em passos firmes.
O ciclo vicioso aparentava estar sendo composto uma vez mais.
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