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História Tell Me You Want - Encontro


Escrita por: pandinne

Capítulo 4 - Encontro


Cheguei em casa sendo recebido pela minha adorada e amada Bada. Dei um oi a ela, que vinha devagar me receber igual um ratinho de tão pequetituxa. Larguei a mochila no sofá e fui até a cozinha pegar o remédio dela. Segurei minha bolinha de pelo no colo, abrindo suavemente sua boquinha e lhe dei algumas gotinhas. A coitadinha nem se perturbava mais de tão acostumada com os remédios controlados que sempre tinha de tomar.

Bada era a poodle toy que ganhei de presente de meu pai, quando eu ainda era adolescente. Infelizmente era havia herdado de um de seus pais uma doença epilética, que se não tomasse remédios acabaria tendo ataques. Uma vez esqueci de lhe dar o remédio e ela acabou caindo do sofá numa das convulsões. Fiquei desesperado naquele dia, e depois disso nunca mais esqueci.

Ela era meu amorzinho, minha bolinha de algodão que não se importava com o quanto tempo fora eu ficasse para trabalhar, mas sempre estava ali na porta para me receber quando eu chegasse.  

Após dar sua cota diária de carinho, abri a geladeira pegando uma latinha de refri, e a abri para beber com toda vontade e sede que eu tinha. Dali fui caminhando por meu apartamento e acabei vendo a pilha de roupas para passar que estavam em cima da cadeira. Embora viver sozinho e ser independente tenham lá suas vantagens, se eu estivesse morando com minha mãe, aquela roupa toda com certeza estaria passadinha e pendurada no armário. E como isso não acontecia mais, eu tinha de fazer por mim.

Encarreguei-me de toda a bagunça enquanto bebia minha lata de refri. Assim que terminei, corri até o rádio e coloquei meu pendrive de músicas mistas e agitadas, que eu mesmo havia feito. Com todo o ritmo, corri para o banheiro, tirando minha roupa pelo caminho enquanto cantarolava I Wanna Dance, de uma dupla superfamosa na Coreia.

Suspirei ao sentir a água quente caindo sobre minha pele, escutando toda minha playlist serpentear meus ouvidos, em misto ao barulho de água batucando na minha cabeça. 

De repente, o senhor EunHyuk, e seu jeito de falar comigo, surgiram em minha mente. Daí em diante, minhas mãos, escorregadias por causa do sabonete, desceram pelo meu corpo. Pensar naquela boca e em como ele percorreu meus lábios com sua língua, me excitava ao extremo. Lembrar-me daqueles olhos e dele todo me deixava a mil. Calor era algo inexplicável quando eu pensava em apenas estar perto dele, ou repetir tudo aquilo de novo.

Minhas mãos deslizaram sobre meu peitoral e seguiram o caminho ao meu abdômen enquanto a voz penetrante dos cantores continuava a ecoar. Toquei meu pênis, fazendo-o endurecer. Fechei os olhos e imaginei que era EunHyuk quem me tocava a cada centímetro de pele que minhas mãos percorriam.  Aquelas palavras dele, de como gostaria de fazer comigo se fosse eu sentado naquela mesa, fez com que eu reproduzisse a cena em minha mente fértil.

Quando menos percebi, eu estava encostado na parede do box com as pernas flexionadas, me masturbando insanamente. Minha cabeça jogada para trás batia contra a parede, na mesma velocidade em que minha mão se esforçava para me dar prazer. Meus olhos estavam fechados, imaginando uma cena maravilhosa em que EunHyuk me chupava com aqueles lábios carnudos dele.

Desci rapidamente uma de minhas mãos, e pressionei o interior de minha coxa em uma vontade imensa de estar ali, sendo envolvido por aqueles lábios que me deixaram louco com apenas um beijo.

A água quente facilitava, e a erupção em que meu corpo estava fazia com que eu me masturbasse com fervor, pensando naquele homem – que eu nem ao mesmo conhecia direito. Eu não conhecia nada sobre EunHyuk; do que ele gostava ou não. Mas sei que sua proximidade me enchia de tesão. E se ele gostava do mesmo sexo, era o mais importante para mim. Já havíamos trocado aquele beijo delicioso e, por sinal, ele praticamente havia me obrigado a sair consigo.

Era engraçado eu querer descobrir aos poucos o porquê de não saber nada dele, mas ao mesmo tempo quase ter descoberto tudo sobre como é se envolver com um homem.

Soltei um gemido bem no instante em que ouvi o toque do meu telefone. Deixei tocar, eu não queria interromper o momento. Mas aquela porra continuava sem parar. No sexto toque abri os olhos e sai da minha bolha de prazer. Peguei a toalha, transpassando-a em minha cintura e corri até o quarto para atender, deixando um rastro de água por todo o caminho.

          — Por que demorou tanto para atender? – Uma voz me fez revirar os olhos.

          — Eu estava no banho, Amber! – Resmunguei, e ela riu. Sua risadinha acabou por me fazer rir também. – Que foi? Algum problema?

          — Como está a Bada? – Escutei sua pergunta e dei uma longa suspirada.

Era minha irmã. Como sempre, na hora errada, fazendo mil e uma perguntas. Logo na hora que eu estava quase gozando, pensando na boquinha do senhor EunHyuk pagando um dos melhores boquetes que já recebi, ela me liga para perguntar da minha cachorrinha.

Tá de sacanagem, né? Com certeza, vou matar minha irmã por ter me broxado desse jeito.

— Igual ontem. – Dei de ombros e respirei fundo, tentando não mandar ela para o quinto dos infernos. – Sem muita novidade.

Maninho, você tem que estar preparado. Lembra o que o veterinário disse?

— Eu sei, eu sei.

Após um breve silêncio, ela tornou a abrir a boca só para perguntar o que não devia:

E a Jessica... Ela te ligou?

— Não.

E você vai ligar para ela?

— Não.

DongHae! – Exclamou a chata da minha irmã, não se contentando com minha resposta. – Até quando você vai continuar evitando a Jessica? Ela é linda, gentil, maravilhosa e...

— Não enche, noona. – Interrompi as trilhões de qualidades que Amber gostaria de me dizer, antes que continuasse aquele blábláblá.

Hae!

Jessica era a típica amiga da vida toda, que passou praticamente a infância e adolescência ao meu lado. Nós somos de Mokpo e nossos pais viviam naquela cidade linda do interior. Na adolescência começamos a nos olhar de outro jeito e tivemos um rolo que continuou, quando já éramos adultos. Hoje em dia ela é advogada e mora em Tokyo, já eu em Seul. Vemo-nos nas férias de verão e inverno, quando vamos à Mokpo. Ou em viagenzinhas relâmpago, que ela faz à Seul com qualquer pretexto para me ver. Sendo sincero, ela é linda e até é divertida. Com ela eu conseguia passar horas rindo, porque juntos temos um humor inabalável. O problema era que eu não estava tão envolvido com ela, quanto sei que ela estava por mim. Sei que ela tem um encanto irresistível... Eu até gosto dela, mas não ao ponto de já ter me apaixonado. Era apenas meu casinho de verão. Resumindo: trocamos umas e outras gozadas quando ela vinha me ver. Nada, além disso. Não quero mais nada com ela, embora vez ou outra minha irmã, minha mãe e todos meus amigos de Mokpo se empenhavam em nos fazer ficar juntos.

Eu tenho todo meu jeito sensível de ser e, na minha terra, quase todos são gays. Dizem que lá tem uma água “santa”, que quem beber vira homossexual. Essas pessoas só sabem falar idiotice, mas na verdade é que, por mais hilário que seja, parecia verdade. Meus pais já tinham certo pé atrás com relação a minha sexualidade, e nunca foram contra nada, caso eu tivesse o desejo de gostar do mesmo sexo. Porém, eu nunca os deixei saber sobre a minha curiosidade por experimentar algo com uma pessoa do mesmo sexo, apenas Amber sabia de tudo, e, logicamente, meus amigos que me enchiam a porra do saco para ficar com “os gatinhos, cara de bebê”.

Escuta, Hae, não seja idiota. Liga pra ela. Jessica disse que ia te ver antes de ir a Mokpo, e com certeza vai fazer isso.

— Ai, Amber, como você é chata!

Quer vir jantar aqui? – Ela sempre fazia a mesma coisa: enchia-me o saco, e quando percebia que eu ia falar alguma besteira, mudava de assunto.

— Não, eu vou sair. – Declarei e ouvi uma bufada do outro lado da linha.

E posso saber com quem?

— Com um amigo. – Menti. Do jeito que ela era desesperada, se eu dissesse que era com meu chefe, desmaiaria. – E agora, noona, chega de perguntas.

Tá bom, você sabe o que faz. Mas continuo achando que está enrolando a Jessica, e ela vai acabar se cansando de você. Espera só!

— Amber!

Tá bom, tá bom, maninho, não digo mais nada. Aliás, hoje voltei a receber flores do Henry. O que você acha disso?

          — Caraca, Amber, o que você quer que eu ache? – Respondi irritado, revirando os olhos com uma careta. – É um gesto carinhoso da parte dele.

Sim, mas ele nunca tinha me dado dois buquês de flores num intervalo de três semanas. Aí tem. Alguma coisa tá rolando, eu sei. Eu o conheço e sei que ele não é tão gentil assim.

Olhei para o relógio digital sobre a mesinha que marcava oito e cinco, quase me descabelando, mas disposto a aguentar as paranoias da minha irmã. Levei o telefone ao banheiro, deixando-a esperar na linha e passei o desodorante debaixo do braço para depois começar a secar meu cabelo.

— Vamos lá, o que houve?

Como já estava virando rotina, Amber me contava a última briga com o marido. Estavam casados há sete anos, e a vida deles deixou de ser emocionante quando nasceu HyoIn, minha sobrinha, que tinha 5 aninhos. Suas contínuas crises conjugais eram o assunto preferido dela, mas me cansava.

A gente já não sai junto. Não andamos de mãos dadas. Ele nunca me convida para jantar. E agora, do nada, me manda dois buquês de flores. Não acha que ele está se sentindo culpado por alguma coisa?

— Não acho. – Respondi, mesmo que em minha cabeça eu gritava “Sim. Acho que seu marido está te traindo!”. Mas minha irmã era uma sofredora nata, eu não ia fazer isso. – Talvez ele tenha visto as flores e se lembrou de você. Qual é o problema?

Ah...

Após meia hora de papo com ela, finalmente consegui desligar o telefone sem falar do meu estranho encontro com o senhor EunHyuk. Eu gostaria de ter contado a ela, mas minha irmã logo me diria: “Você está louco? É seu chefe?” Ou quem sabe: “E se for um homofóbico assassino?” Então preferi ficar quieto. Não queria pensar que ela podia ter razão.

Naquele enrola-enrola, já eram oito e vinte, coisa que me deixou histérico ao revirar meu guarda-roupa, porque eu incrivelmente não sabia o que vestir. Queria estar lindo como ele me pediu, mas a questão é que minhas roupas eram bem básicas e casuais: ternos para o trabalho e jeans para sair com os amigos.

Acabei escolhendo uma calça preta apertada, que se ajustava perfeitamente às minhas coxas. Uma blusa branca em gola V, com manga até a metade dos braços, bem provocante, deixando meu pescoço à mostra. Coloquei também um colete social para sobrepor uma imagem de luxuoso casual, e meu par de sapatos Oxford; minha última extravagância.

Na minha desnecessária impaciência, voltei a consultar o relógio, nervoso; já eram oito e quarenta. Sem tempo a perder, liguei o secador e sequei meu cabelo, mecha por mecha, que para o meu espanto, o resultado acabou me agradando. Gargalhei balançando a cabeça ao lembrar às palavras de minha irmã, aquela cara de sardinha azeda, que sempre me enchia o saco dizendo:

“DongHae, você é pior que mulher quando vai sair, sempre precisa se arrumar demais. E ainda por cima, seca o cabelo modelando na escova. Tu é uma bicha, maninho, aceite!”.

Já que as palavras dela estavam na minha cabeça, decidi também passar o lápis que deixava sempre meus olhos em um toque mais sensual. E coloquei o brinco solitário brilhante que ganhei de presente de um dos meus amigos.

Assim que terminei de passar o lápis por dentro de minhas pálpebras, o interfone tocou. Desviei os olhos para o relógio e sorri. Era nove em ponto.

Meu Deus, que homem pontual!

Derrubei tudo que havia pela frente e fui atender totalmente nervoso.

DongHae-ssi, estou esperando aqui embaixo. Desça. – Ouvi sua voz no interfone antes de eu ter chances para abrir a boca.

Após balbuciar um tímido “Estou indo”, desliguei o interfone. Em seguida peguei minha carteira, beijei a cabeça de Bada e me despedi dela, que dava pulinhos nas minhas pernas querendo ir junto. Dois minutos depois, ao passar pela portaria, vi aquele maravilhoso homem apoiado numa impressionante BMW, cor branca. O mais impressionante era ele próprio, em seu terno escuro que reluzia em contraste àquela preciosidade. Eu nem sabia dizer o que era monumento, se era o carro ou aquele homem maravilhoso à minha frente.

Quando me viu, EunHyuk veio sem mais e nem menos, me dando um beijo educado na bochecha, que me fez corar instantaneamente.

Como ele fazia uma coisa dessas, num país tradicional, sendo um homem?! Ele acha que a Coreia era tão liberal quanto América?!

— Está muito bonito. – Ele disse enquanto me observava de cima a baixo.

Havia duas opções: sorrir e agradecer ou ficar quieto. E acabei optando pela segunda. Eu estava tão nervoso e desconcertado que, se eu dissesse algo, nem sei o que poderia sair da minha boca.

Ele abriu a porta de trás do carro, e me surpreendi novamente após ver que tínhamos um motorista. Após sentir-me ainda mais envergonhado por isso, o cumprimentei e fui retribuído da mesma forma.

Um luxo só.

— KangIn, tenho uma reserva. – Ditou EunHyuk, reto e direto, assim que entrou no carro. Dito isso, ele apertou um botão e um vidro opaco se interpôs entre nós e o motorista.

EunHyuk olhou para mim e eu não sabia o que dizer, muito menos o que fazer. Minhas mãos suavam e meu coração parecia querer sair do peito com apenas sua presença.

— Está tudo bem? – Ele questionou, calmo como se sair comigo fosse a coisa mais normal que já havia feito.

— Sim.

— Então por que está tão calado?

Olhei para ele e encolhi os ombros sem saber o que responder.

— Nunca saí para jantar com alguém dessa forma, EunHyuk-ssi. – Consegui dizer. – Em geral, quando saio para jantar com um homem, eu...

— Sai para jantar com muitos homens? – Sem me deixar terminar a frase, ele me encarou com seus penetrantes olhos misteriosos.

Aquela pergunta me surpreendeu.

Por acaso esse cara se acha o último macho do planeta?

Respirei fundo e me contive para não responder com alguma grosseria.

— Sempre que tenho vontade. – Esclareci, e o pior que não era mentira. Eu saía sim com homens. Afinal, tenho amigos. Senti até vontade de explicar sobre isso, mas o olhar desconfiado que ganhei me fez ferver, acabando por falar mais asneira: – O que eu não entendo é o que faço aqui, em seu carro, com o senhor e indo jantar. – Essa era outra verdade, a que eu realmente ainda não conseguia entender. Ele não respondeu, apenas me olhou. Ficou olhando... E me deixou perturbado com seu olhar. – O senhor vai falar alguma coisa ou pretende passar todo o tempo me olhando?

— Olhar você é muito agradável.

Em um impulso, acabei por xingá-lo bem baixo, deixando um suspiro escapar.

Em que furada eu fui me meter?

— Qual é o motivo desse jantar? – Perguntei, já que não consegui ficar quieto.

— Sua companhia me agrada.

— E por que perguntou se saio com muitos homens?

— Só por curiosidade.

— Curiosidade? – Insisti, coçando o pescoço desconfiado. – Por acaso um homem como o senhor leva uma vida solitária?

— Não, DongHae-ssi.

— Fico feliz em saber, porque eu também não.

— Pare de coçar o pescoço, Lee DongHae. – Ele sussurrou em tom risonho, curvando os lábios. – As alergias...

— Por favor... – Cansado de tanta formalidade, levando em conta tudo o que já aconteceu, eu decidi protestar. Tínhamos de parar com isso logo de uma vez. – Pode me chamar de DongHae ou Hae. Deixemos a formalidade para o horário do expediente. Tudo bem, o senhor é meu chefe e eu lhe devo respeito, mas me incomoda jantar com alguém que fica me chamando formalmente assim.

Ele assentiu cordialmente. Parecia ter ficado satisfeito com minhas palavras. Seus lábios me lançaram um sorriso, e seu rosto se aproximou do meu perigosamente.

— Acho ótimo, desde que me chame de HyukJae ou Hyuk. – Próximo demais de mim, ele sussurrou olhando dentro dos meus olhos. – É desagradável e muito impessoal jantar com alguém que se dirige a mim pelo meu nome de trabalho.

Após suspirar novamente pela proximidade, aceitei e lhe estendi a mão, me afastando com um falso cumprimento: — Combinado, Hyuk, prazer em lhe conhecer.

Ele pegou minha mão e, para minha surpresa, deu um beijo nela.

— Muito prazer, Hae-ah. – Murmurou contra minha pele em um tom de voz dócil.

Eu estaria hipnotizado pelos olhos dele, não fosse o carro parar e KangIn abrir a porta para nós. O senhor EunHyuk, digo, o HyukJae desceu com um sorriso e me ofereceu sua mão para sair.

Acho que ele estava achando que era uma mulherzinha.

Enfim, quando já estávamos os dois na rua, o motorista entrou de novo na BMW e foi embora. Hyuk me segurou pela cintura, e ao olhar em volta para entender onde estávamos, acabei por ler um letreiro que dizia “Lust”. Um nome estranho para um restaurante. Parecia mais com uma boate ou coisa do tipo. Se meu inglês não estivesse muito enferrujado, Lust queria dizer...Luxúria. Mas se ele dizia ser um restaurante, quem era eu para contrariar?

Entrar naquele restaurante bonito e iluminado me deixava de bom humor. Eu sempre quis ir a um desses luxuosos. Além disso, estava faminto; quase não comi nada na hora do almoço e estava com uma fome absurda.

Ao entrarmos, observei as mesas do lugar e, em especial, os pratos que os garçons serviam, porque minha fome era tanta que eu só conseguia prestar atenção na comida. O maitré, ao nos avistar, sorriu vindo até onde estávamos, fazendo uma leve mesura como de costume.

— Acompanhem-me. – Ele disse após nos cumprimentar.

Hyuk foi me guiando com sua mão na direção de minha cintura e eu me deixei levar. Era estranho demais estar andando dessa forma com meu chefe – que é homem –, num restaurante luxuoso desses, ainda mais vendo que algumas mulheres estavam olhando para nós dois. Isso me enchia de orgulho, por ser eu quem estava ao seu lado, e não elas.

Ao atravessar o salão onde as pessoas estavam jantando, chegamos ao espaço reservado com divisórias em tecido de cetim dourado. Não consegui esconder a surpresa quando o maitré abriu uma dessas cortinas e nos convidou a entrar. Sério, quase dei um pulo de felicidade. Era um lugar luxuoso e iluminado por velas. Num canto havia uma poltrona que parecia confortável, no centro uma mesa redonda e arrumada para dois.

Hyuk sorriu do meu espanto, por eu estar todo deslumbrado com aquilo tudo. Eu deveria estar parecendo uma criança ao ver uma loja de brinquedos. Foi quando percebi que ele dirigiu um olhar ao maitré para nos deixar a sós. Ao que seu pedido foi concebido, ele chegou perto de mim e puxou uma das cadeiras para que eu me sentasse. Ele estava tentando ser educado, mas isso já era demais. Fiquei bastante envergonhado.

— Gostou?

— Uhum... – Respondi acanhado, acomodando-me na cadeira ao que ele dava a volta na mesa, para sentar-se à minha frente.

— Nunca jantou aqui?

— Já passei mil vezes pela porta, mas nunca tinha entrado e nem notado o nome. Só de olhar do lado de fora já dá para saber que os preços são proibitivos para um assalariado modesto como eu.

Em resposta ao que eu disse, HyukJae torceu o nariz e estendeu sua mão sobre a mesa até alcançar a minha. Com toques lentos, começou a acariciar meu pulso, desenhando com o dedo suaves movimentos circulares, que me deixavam cada vez mais sem jeito.

— Para você, poucas coisas são proibitivas. – Ele murmurou de volta, e isso me fez rir.

— Mais do que você imagina.

— Duvido, pequeno. Tenho certeza de que é você quem impõe os limites.

Nesse momento, tudo a minha volta estagnou. Aquele olhar, aquela voz modelada por uma sensualidade nata, e seu jeito de me chamar de “pequeno”, me cativaram. Meu corpo inteiro ficou arrepiado. Ele, o senhor EunHyuk, meu chefe, Lee HyukJae, me fascinava a cada segundo que passava.

De repente, ele apertou um botão verde que ficava na lateral da mesa, e após alguns segundos, apareceu um garçom com uma garrafa de vinho. Enquanto servia a bebida, li no rótulo “Flor de Pingus. Ribera del Duero”. Ele pegou a taça que o garçom serviu, rodou um pouco vendo todo o líquido movimentar, aproximou do nariz e tomou um pequeno gole.

— Excelente. – E sorriu, permitindo o vinho ser servido. O garçom encheu o restante da taça, depois deu a volta na mesa e me serviu também. Instantes depois, ele se retirou, nos deixando a sós. – Prove o vinho, Hae-ah. É maravilhoso.

Caramba...

Eu odeio vinho.

Na verdade, todos os vinhos que bebi com meus amigos eram péssimos e eu sempre passava mal no dia seguinte.

Peguei a taça e fiz cara de sério, como se estivesse travando um desafio com aquele recipiente em minha mão. Eu não queria fazer uma desfeita no primeiro encontro com ele. Logo ele. Ia ser muita falta de educação. Então tentei tomar, mas, quando eu ia levar a taça à minha boca, senti a mão dele sobre a minha.

— O que houve?

— Nada. – Tentei disfarçar, mas ele inclinou a cabeça tentando observar algo.

— Eu te conheço pouco, mas já estou vendo a alergia aparecendo no seu pescoço. Você mesmo me falou sobre isso. O que aconteceu? 

Sem conseguir me conter, abri um sorriso. Esse EunHyuk, ele não perde uma.

— Quer saber a verdade?

— Sempre.

— Não gosto de vinho e estou morrendo de vontade de tomar uma pepsi geladinha.

Chocado e irônico, ele olhou para mim como se eu tivesse dito que os Teletubbies era meu seriado favorito e que Harry Potter era meu namorado.

— Você vai gostar desse vinho cor de rubi escuro. – Ele então murmurou com uma voz rouca, porém gentil. – Faça isso por mim e prove. Se não gostar, é claro que eu peço uma pepsi para você. – Sem dizer nada, tomei um gole depressa. – Que tal? – Insistiu, sem tirar de mim seus olhos penetrantes.

— Uma delícia. Melhor do que eu imaginava.

— Quer que eu peça a pepsi?

Sorri e neguei com a cabeça lentamente. Instantes depois, a cortina se abriu de novo e dois garçons surgiram com vários pratos.

— Tomei a liberdade de fazer o pedido para nós dois. Tudo bem?

Assenti positivamente. Não me restava alternativa.

Pouco depois saboreei um delicioso coquetel de camarões, uma sofisticada pasta de berinjela e, em seguida, um ótimo salmão ao molho de laranja. Enquanto isso, nós dois conversamos. EunHyuk se tornou, de repente, um homem com grande senso de humor, e isso me atraía muito.

Entre algumas risadas, me dei conta de que uma luz alaranjada se acendia no canto direito da sala. 

— O que é isso? – Perguntei, curioso.

— Talvez depois da sobremesa eu te mostre. – Ele respondeu, sem precisar olhar. Com certeza sabia ao que me referia. Sorri, e tomei um gole do vinho que, por sinal, eu achava cada vez mais saboroso.

— Por que só depois da sobremesa? – Minha pergunta parecia diverti-lo. Ele me encarou e se recostou em sua cadeira.

— Porque primeiro eu quero jantar.

Não perguntei mais nada e, quando terminei o salmão, os garçons entraram para recolher os pratos. Segundos depois, entrou outro garçom e deixou à minha frente uma fatia de torta de chocolate, acompanhada de uma bola cor-de-rosa.

— Hummm, que delícia. – Meus olhos brilharam ao ver minha sobremesa favorita. Será que aquele homem havia pesquisado sobre mim, tanto assim? – Você não vai comer sobremesa? – Indaguei ao ver que os garçons não o haviam servido.

Ele não me respondeu. Apenas limitou-se a levantar, pegar sua cadeira e se acomodar ao meu lado. Fiquei nervoso, pois ele é tão sexy que era impossível não pensar em mil safadezas naquele momento. Ele pegou a colherzinha, partiu um pedaço da minha torta, colocou um pouco de sorvete e disse: “Abre a boca”.

— O... Quê? – Pisquei meus olhos diversas vezes, surpreso.

Novamente, ele não me respondeu, nem repetiu o que disse. Apontou a colher, fazendo-me abrir a boca e sentir-me extasiado. Ele enfiou a colher na minha boca e eu logo fechei os lábios.

Os olhos penetrantes dele me encaravam, deixando-me arrepiado, nervoso e excitado. Sorri com timidez após engolir a iguaria, que não era apenas uma sobremesa, mas uma troca de pensamentos e olhares nada castos. E então tentei dizer alguma coisa para romper o silêncio, mas ele acabou me interrompendo.

— Está gostoso? – Com meu paladar ainda adocicado pelo chocolate e o sorvete de morango, assenti lentamente, e ele chegou mais para perto. – Posso provar?

Movimentei minha cabeça como um bonequinho inocente para dizer que podia, mas minha surpresa foi enorme quando, o que ele provou, na verdade, foram meus lábios, a minha boca. Ele encostou seus lábios suculentos aos meus e os saboreou, como se eu fosse a sua própria sobremesa. Da mesma forma que fez da primeira vez que nos beijamos: colocou a língua para fora, lambeu meu lábio superior, em seguida o inferior, depois deu uma mordidinha e, por fim, sua língua sensual me invadiu.

E eu fechei os olhos, esperando mais.

Minha respiração acelerou quando senti a mão dele sobre meu joelho, mas não me mexi. Eu queria mais, muito mais daquilo tudo, e deixei que ele continuasse.

Lentamente, ele subia com a mão até chegar à parte interna das minhas coxas, massageando cada parte. Dali, sua mão subiu até minha virilha, fazendo-me sentir seus dedos em uma leve carícia.

De repente, ele se afastou de mim e voltou à sua posição na cadeira. Minhas bochechas estavam pegando fogo. Ardiam, assim como meu corpo inteiro estava ardendo. Aquele contato íntimo me deixou a mil por hora.

O que está havendo comigo?

Um beijo e um simples roçar da mão do meu chefe quase me levaram ao orgasmo, e isso acelerou minhas pulsações.

Hyuk me observava satisfeito, deliciado. Eu podia ver a chama do desejo ardendo em seus olhos. Ou escutar o pecado de seus pensamentos ecoando por entre seus lábios com uma frase que foi capaz de me deixar desesperadamente louco:

— Eu tiraria sua roupa todinha aqui mesmo.

Que homem é esse?

Socorro!

          Estou tremendo.

Céus!

Vou ter um troço!

Eu desejava mais, e desta vez era eu que começava a beijá-lo. Hyuk aceitou meus lábios, mas quando arrastei os dedos até seu pescoço para agarrá-lo, ele afastou as mãos um pouco de mim.

— Até onde está disposto a ir? – Questionou sedutoramente adulado, bem perto de meus lábios.

Aquela frase me tirou dos eixos. Ele estava se referindo a quê? Porém, o desejo que eu sentia por ele agora era tão forte e tão safado, que respondi completamente enfeitiçado: — Até onde a gente for.

—  Tem certeza?

— Bem... – Murmurei extasiado. – Só não aceito sado.

Ele sorriu. Passou as mãos por baixo das minhas pernas e por minha cintura, sentando-me em seu colo. Não consegui pensar em mais nada, eu ia explodir.

Eu estava no colo do meu chefe...

Hyuk esfregou o nariz em meu pescoço e o senti inspirando meu cheiro, meu perfume: 212 Sexy Men. Fechei os olhos, e quando os abri novamente, percebi que ele estava me olhando.

— Quer mesmo saber o que significa essa luz laranja?

Desloquei meu olhar em direção à luz, que continuava acesa, e fiz que sim com a cabeça. Hyuk mexeu a mão e apertou um dos botões que ficavam na lateral da mesa. As cortinas de cetim que estavam sob a luz laranja se abriram, e um vidro escuro apareceu. Eu me perguntava a todo o momento o que era aquilo, enquanto ele observava cada reação minha. Instantes depois, o vidro iluminou-se, e vi com toda a nitidez duas mulheres em cima de uma mesa fazendo sexo oral.

Alucinado, desconcertado e incrédulo, assisti ao espetáculo que aquelas desconhecidas nos ofereciam quando, de repente, Hyuk apertou outro botão e os gemidos delas ecoaram em nosso ambiente privativo. Eu não sabia o que fazer, nem para onde olhar. Gemidos me excitavam demais, e estar sentado no colo dele já me deixava completamente duro sem ao menos uma palavra.

— Está preparado para isso? – Ele perguntou. Minha pele ardia enquanto eu sentia seus dedos acariciando minha cintura.

— Por que estamos vendo isso? – O encarei confuso.

— Gosto de assistir. Isso não te excita? – Ele perguntou sugestivo. Não respondi. Não dava, eu não conseguia falar. Estava totalmente paralisado, que nem mesmo sei como consegui continuar respirando. – Todo mundo tem seu lado voyer. Ver algo supostamente proibido, bizarro ou excitante nos atrai, nos estimula e nos faz querer mais.

Voltei a desviar meu olhar ao vidro enquanto a respiração das duas mulheres ressoava pela sala. Vi Hyuk apertando outro botão, e as cortinas do lado esquerdo se abriram; ali havia uma luz verde. Segundos depois, o vidro iluminou-se igual ao anterior, e pude ver dois homens e uma mulher. Ela estava deitada num divã, um homem a penetrava e o outro chupava seus seios, ao mesmo tempo em que ela se deliciava, apreciando o momento.

— Cenas como essa merecem ser vistas. – Ele prosseguiu com seus comentários. – As expressões da mulher enquanto permite que desfrutem de seu corpo e de sua feminilidade são enlouquecedoras. Olha como ela está excitada... Hm... Está adorando o que fazem com ela. Veja... Ela se entrega extasiada a eles, não acha?

— Não... Sei.

— Mas os homens são uma contínua fonte de excitação para mim. São deliciosos. – Com o coração a mil, peguei a taça de vinho e bebi tudo em um gole só. Eu estava sedento, precisava encher a cara de qualquer jeito. – Fique calmo. Eles não podem nos ver. Mas se deixam ser observados. A luz laranja permite ver, e a luz verde convida a participar. Você gostaria?

— De quê?

— De participar.

— Não... – Balbuciei, super nervoso.

— Por quê?

— Eu... Eu não faço coisas desse tipo. – Era a única coisa que consegui responder, meu coração quase saía pela boca.

— Você é virgem? – A pergunta dele era acompanhada de um franzir de sobrancelhas.

— Eu... Não! – Respondi muito puto da vida. Depois parei para pensar e a verdade era que, no sentido em transar com um homem, eu era sim virgem. — Quer dizer, eu...

— Tá bom. Entendo. Você faz sexo tradicional, certo? – Como um idiota, balancei a cabeça afirmativamente, e ele segurou meu queixo para que eu visse o trio, que continuava com sua brincadeirinha voluptuosa. – Eles também fazem sexo tradicional. – Acrescentou. – Mas às vezes brincam e experimentam algo diferente. É sério que isso não te atrai?

Sem conseguir tirar os olhos, eu os observei e um gemido acabou saindo instintivamente de dentro de mim quando vi o tesão daquela mulher. Eu estava muito mais do que excitado. Aliás, acho que nunca fiquei tão duro em toda minha vida.

— Não... Er... Que… Eu...

— Você se incomoda a falar de sexo? – A pergunta me fez encará-lo surpreso. Onde ele queria chegar com essa pergunta? – Seus olhos mostram que está nervoso, mas sua boca denunciou seu desejo. – Ele insistiu com um sorriso de lado. – Você não pode negar que o que está vendo o deixa excitado, e muito, certo? – Não respondi. Recusei-me a dá-lo a tão esperada resposta. – Você se sairia muito bem. – Sussurrou em meu ouvido, completamente no controle da situação. – Muuuito bem, Hae-ah. Eu iria lhe proporcionar todo o prazer que você quisesse. É só me pedir e eu te darei.

          Como um bobo, assenti ofegante. Nunca pude imaginar que algo assim acontecesse na minha vida. Eu não sabia para onde olhar, estava tão excitado que sentia até vergonha de admitir. O lugar, o momento e o homem que estava me envolvendo em tudo aquilo, não me deixavam continuar pensando. As mãos dele acariciavam o volume em minha calça de forma tão tentadora, que minha vontade era pegar sua mão e mandá-lo me masturbar ali mesmo.

— Nessas salinhas privativas, quem quiser pode assistir a uma cena deliciosa e algo mais. Apenas um seleto grupo de pessoas pode entrar aqui. E, se depois de assistir à cena você quiser participar, é só apertar esse botão e os vidros desaparecerão.

De repente, fiquei histérico e muito nervoso. Eu não queria nada do que ele estava me oferecendo. Tentei me levantar, mas Hyuk me segurou, não permitindo que eu me mexesse. E com a respiração super acelerada, sussurrei um “Quero ir embora” engasgado.

— Ainda são onze horas.

— Não importa... Quero sair daqui.

— Por que, Hae-ah? – Ele percebeu que eu não o respondia pelo nervosismo. – Pelo que eu me lembre, você disse que estava disposto a tudo.

— Não me referi a isto. Eu... Eu não faço essas coisas.

Ele me segurou com mais força e me obrigou a olhar para ele.

— Você se surpreenderia se experimentasse. – Com sua áurea sedutora, ele murmurou perto da minha boca após cravar seus olhos predadores em mim.

— Hyuk, eu não...

— Hae, sexo é um jogo muito divertido. Você só precisa ter coragem de experimentar.

Neguei com a cabeça, desconcertado. Eu não queria experimentar daquele jeito. O sexo normal que eu conhecia era mais que suficiente e me satisfazia. E o que eu queria experimentar, com um homem, não era assim. Ao perceber que não era isso o que eu queria, ele apertou os botões e os gemidos sumiram. Instantes depois, os vidros ficaram escuros e as cortinas se fecharam.

— Obrigado. – Agradeci em um balbuciar.

— Vamos, DongHae. – Seco demais para que eu conseguisse me sentir menos envergonhado, ele me levantou de seu colo e me olhou com uma expressão séria. – Vou levá-lo para casa.

 

Meia hora mais tarde e após um estranho, mas não incômodo silêncio – rompido apenas por sua conversa ao telefone com uma mulher –, chegamos à minha rua. Ele desceu do carro comigo e me acompanhou. Sua atitude voltou a ser fria e distante, eu não consegui nem ao menos me desculpar. Afinal, eu não teria o porquê pedir desculpas se o atrevido era e sempre tem sido ele desde que nos conhecemos.

Entramos no elevador, e quando estávamos diante da minha porta, senti uma vontade imensa de convidá-lo a entrar, mas ele me interrompeu antes mesmo de eu abrir a boca.

— Foi um jantar muito agradável, DongHae-ssi. Obrigado por sua companhia.

Dito isso, ele beijou meu rosto e foi embora.

Excitado e sem palavras, às onze e meia da noite, eu voltei a ser “DongHae-ssi”?



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