História Tempero Picante - Chat Mutt

Já havia amanhecido, e Gambit despertou com os pequenos raios de sol que invadiam seu quarto através da janela, e imediatamente sentiu o cheiro do café da manhã que emanava por toda a mansão, e vinha da cozinha.

Rapidamente ele tratou de vestir um short, pois como de seu costume, dormira apenas de cueca, e saiu de seu quarto sem camisa, exibindo seu belo físico escultural, capaz de arrancar suspiros por onde passasse. Mal ele pisou fora do quarto, ele esbarrou na culpada por ter tido sonhos obscenos durante toda a noite.

- Bonjour, ma cherrie.. - Ele a cumprimentou com um belo sorriso estampado no rosto, enquanto reparava bem na moça à sua frente.

Vampira vestia um babydoll preto de cetim, com detalhes em renda também preta, a blusa possuía alças bem finas, e um notório decote, enquanto que o short possuía um comprimento bem curto. Além disso, usava um par de luvas de seda, também da cor preta, e Gambit pôde notar que todas as peças contrastavam bem com sua pele alva como a lua e com seus cabelos longos e avermelhados com uma mecha frontal branca.

- Bom dia, gato francês ! - Ela também sorriu - Parece que ainda continua me secando, não é ? - Seu sorriso aumentou ao proferir a pergunta que soava mais como uma afirmação.

- Ma petit, eu non sou francês, sou de Nova Orleans, mas sou da comunidade francesa de lá. - Ele também sorri - Pardon, mas vous é muito belle, cherrie, non consigo parar de admirá-la.

- Achei que fosse francês mesmo, por causa do sotaque. - Ela faz cara de sapeca - Mas ainda assim, vou te chamar de gato francês, já que você é um gato - aponta para o peitoral dele que estava exposto - e tem esse sotaque arrebatador. - Ela solta uma pequena gargalhada bem espontânea.

- Chame-me do que quiser, cherrie. - Ele lhe dá uma piscadinha de lado - Vamos descer para tomarmos nosso café da manhã ? - Ele pergunta enquanto estendia o braço para o lado, dando passagem à Vampira, para que ela pudesse ir na frente.

- Vamos sim, Don Juan. - Ela brinca com ele, sorrindo abertamente.

Gambit nada diz, apenas a acompanha, fitando-a, praticamente suspirando a cada movimento que ela fazia. "Pare com isso, Gambit, vous está ficando obcecado justamente pela femme fatale." Repetia para si mesmo essa advertência internamente, mas um singelo formigamento em seu peito teimava a lhe dizer que já era tarde demais para repreender-se.

Ambos chegaram na cozinha, e ao adentrarem juntos no recinto, acabaram atraindo para si todos os olhares presentes. Talvez fosse pelas roupas que vestiam, talvez fosse por demonstrarem tamanha 'intimidade' em tão pouco tempo, ou talvez fosse tudo isso junto, gerando uma certa curiosidade maldosa em todos que estavam presentes no local.

Todos na mansão já sabiam o quanto Vampira era descolada, e que gostava de flertar com todos os rapazes da mansão, mas sabiam também que era muito mais por brincadeira do que por verdadeiro interesse. E para todos, Gambit era bem parecido com ela, com esse aer de conquistador confiante, não se importando com o que vão pensar. Esse contexto fazia deles o casal perfeito aos olhos de todos.

Sem se importarem muito com os olhares voltados à eles, o casal recém chegado sentou-se ao lado um do outro, e conversavam e riam distraidamente entre si, tão alheios ao seus redor, que nem mesmo se deram conta do quão "anormal" era aquela cena, pois pra quem os observava, pareciam estar casados há anos.

- Éhr, Vampira.. Ei, Vampira.. - Chamava Kitty, tentando atrair ao menos um pouco a atenção da amiga - Vampira !

- Ah, sim, pois não, Kitty ? - A mutante de mechas brancas finalmente voltou sua atenção para a amiga, que já a fuminava apenas com o olhar.

- Eu estou há dez minutos te perguntando se você já avisou ao Gambit sobre a sessão de treino na Sala de Perigo, agora pela manhã.

- Oh, eu havia me esquecido completamente ! - Vampira se virou em direção à Gambit - Gato francês, parece que vamos ter bastante ação logo depois do café da manhã.

- Gato francês ?! - Inquiriu Kitty - Desde quando vocês tem esse tipo de intimidade ? E só faz um dia que ele chegou ! - A mutante intangível não parava de tagarelar.

- Kitty, Kitty, respira.. - Dizia Vampira enquanto ria da cara surpresa da amiga. - Nós apenas nos tornamos amigos, acredito que tenhamos compatibilidade, não é mesmo, docinho ? - Se dirigiu à Gambit.

- Oui, ma belle ! - O rapaz respondeu sorrindo. - Nos tornamos amigos pois descobrimos que possuímos bastante coisas em comum.

- Hum.. Que bom que já estão amigos então. - Kitty suspirou - Bom, de qualquer forma, vou indo, ainda tenho que me preparar para a simulação. Nos vemos daqui a pouco então. - Levantou-se e se retirou da cozinha, caminhando a cantarolando distraidamente.

- Não liga pra ela, - disse Vampira indiferente - é doida assim mesmo, mas é uma das melhores pessoas que eu conheço.

- Cherie, vous parece ser muito amiga dela. - Afirmou Gambit.

- Sim ! Quando cheguei aqui, eu dividia o quarto com ela, e como ela é intangível, eu acabava não tendo muito privacidade. - Riu de suas lembranças.

- Eu bem que queria que vous fosse minha companheira de quarto. - Só depois que deixou a afirmação escapar de seus lábios é que se deu conta do sentido que ela poderia tomar.

- Sei bem o porque. - Vampira sorria abertamente - Mas não se preocupe, pela sua segurança, estamos melhores em quartos separados.

- Remy non se importa com o perigo. - Disse cinicamente.

- O problema é que não é uma pequena dose de perigo, ao invés disso, sou um frasco gigante de veneno. - Ela abaixou a cabeça.

- Cherrie.. - Ele não sabia o que dizer.

- Hey, quase casal, o Professor está chamando para começarmos o treino de hoje. - Wolverine grita da porta da cozinha.

- Já estamos indo. - Vampira respondeu se levantando. - Vamos, gato, você vai adorar a tecnologia da sala de perigo.

- Mas pourquoi uma sala de treinamento tem esse nome tão desanimador ?

- Ah, não se preocupe, - Vampira sorriu - você já vai entender o porque, docinho.

Ambos deixaram a cozinha, indo em direção à sala de perigo. Ao chegarem na porta, Gambit finalmente se deu conta de que ainda estavam com suas roupas de dormir, e  Vampira pareceu ler seus pensamentos quando lhe dirigiu a palavra, enquanto mantinha seu sorriso no rosto.

- Nós temos nossos uniformes de batalha, e tenho certeza de que o seu já está pronto. - Ela abriu um pequeno compartimento que ficava do lado direito da porta de entrada da sala de treinamento, retirando dois embrulhos pretos do local. - Não disse, docinho. Aqui está, com etiqueta de identificação e tudo mais. - Ela lhe entregou o que estava com seu nome.

- Os X-Men são realmente muito bem preparados, non é mesmo, cherrie. - O belo ladrão também sorria. - Então vamos nos trocar para começarmos logo com isso.

Ambos se prepararam, e em poucos minutos eles já estavam vestidos à caráter para uma sessão de treinos. Assim que adentraram o local, o casal pôde notar que todos já estavam lá, e faltavam apenas eles para completar a equipe.

- Que bom que está aqui, Gambit. - Falou o Professor, que estava na sala de comando, localizada à cima do salão onde os demais estavam. - Espero que você se adapte, e que dê o seu melhor.

- Pode deixar, Charles, eu irei me esforçar.

O Professor logo deu início à simulação, e a equipe de  mutantes pôde ver a sala deixar de ter uma aparência tecnológica para assumir a aparência de uma localidade extremamente caótica. Eram muitos prédios destruídos, em chamas, ruínas e poeira pelas ruas, carros danificados e abandonados, postes de eletricidade com a fiação danificada e exposta, faíscas, sons de explosões, gritos por todos os lados, um verdadeiro cenário de guerra.

Ciclope fez sinal para que todos se aproximassem, para que assim ele pudesse instruir devidamente a equipe com as estratégias de batalha. Enquanto ele repassava as instruções, Gambit não conseguia deixar de olhar para Vampira.

- E então, todos entenderam bem sua função ? - Inquiriu Ciclope - Preciso que todos estejam focados e concentrados, pois o sucesso da equipe depende de cada um individualmente.

A equipe se separou em duplas, sendo que Vampira e Gambit foram colocados juntos devido a sua inesperada proximidade e compatibilidade, e caminhavam lado a lado, quando foram surpreendidos por uma espécie de raio óptico vindo na direção deles.

Continua