NARRADORA POV
Os olhos dourados dela brilhavam como ouro. Quem os podia ver de perto, juraria que pequenas faíscas saiam deles. Mas o que realmente chamou a atenção, foi seu tamanho. Dois metros e meio.
Uma onda de poder repentinamente se ergueu ao redor dela,intensa e poderosa, sua pelagem prateada com reflexos em vermelho esvoaçavam-se com o toque do vento.. Anny ergueu a mão para o céu, criando um enorme disco de vento e o lançou na direção dos Yonkou, mas ao invés de atingi-los, o disco subiu na direção dos céus.
— Worororo, não consegue ter controle dos seus poderes quando está nessa forma? — Kaido dizia, decepcionado pelo ataque não ter chegado nem perto de atingi-lo.
— Quem disse que o ataque foi pra você? — Anny apontou para o céu.
Todos ergueram a cabeça para olhar para onde a loira apontava. O ataque chegou até o céu, cortando as nuvens que dissipam-se revelando a lua cheia, brilhando majestosamente.
A lua cheia mexia com seus hormônios. Estar exposta a ela intensificava os seus poderes, bem como suas emoções. Anny sabia que estava se arriscando. Mas naquele momento, quem não estava? Não haveria outra forma de vencer aquela guerra se todos não estivessem dispostos a ir até às últimas consequências para conquistar a vitória.
— Anny-ya, não se deixe influenciar pelas provocações do Kaido. — Law se aproximou da menina, achando totalmente estranho ela estar maior que ele. Mas sua preocupação era outra. Anny tinha dificuldade de controlar essa transformação, e tendia a perder o controle da sua mente para Fenrir.
— Não se preocupe, nesse momento minha raiva é maior do que a de Fenrir. — Ela dizia , sem desviar a atenção dos inimigos. — Sei como é ter uma vida sem sonhos ou esperança. Então, eu definitivamente odeio pessoas que se acham no direito zombar dos sonhos das pessoas, odeio aqueles que são tão soberbos que pensam que podem roubar a esperança das pessoas.
Anny flexionou os joelhos, e começou a correr na direção do kaido, tão ágil que chegava ser difícil acompanhar com os olhos. Segurando Rengoku com toda a sua força. Anny atacou, usando de toda sua força.
O choque entre Rengoku e Kanabo emitiu um estrondo tão alto quanto um trovão. A energia dos dois colidiu, a força de ambos é tão poderosa que provocava tensão no ar.
Mesmo Anny estando maior que o normal, Kaido ainda era três vezes maior que ela. Não que isso a deixasse amedrontada, a determinação de vencer não lhe permitia recuar, ela se mantinha firme na presença do inimigo, sendo capaz de aguentar os ataques fortes de Kaido. Com uma resistência admirável, conseguia suportar os ataques físicos desferidos contra si. Sua força sobre humana vinha da Inu Inu no Mi, mas não somente isso. A fúria que crescia dentro dela também lhe dava forças.
Sonhos… Esperança…
Anny cresceu sem poder saber o que era isso… Como poderia ter se atrevido a sonhar sabendo que não viveria para realizar seus desejos?... Como ter esperanças quando todos diziam que ela nunca viveria até a vida adulta?
Ela reconhecia a dor de não poder sonhar… Era triste… Porque alguém sem sonhos, é alguém que não abre caminho para o futuro…
Anny foi jogada para trás, mas conseguiu manter o equilíbrio, pegou impulso, saltou, acertando em cheio o rosto de Kaido. O Yonkou tentou acertá-la enquanto a garota estava no ar, ela foi rápida, girou inclinando o corpo para esquerda, aterrisando no chão, lançando rajadas de vento nas pernas de Kaido, provocando alguns cortes.
Em cada ataque, Anny carregava a esperança do povo de Wano. Admirava os samurais, que se mantiveram firmes no seu propósito por vinte anos. Que sonham com o dia em que estarão livres dos grilhões que Kaido colou em suas almas.
Apesar de toda dor e sofrimento…Eles conseguiram seguir em frente porque tinham esperança.
Agilmente Kaido tentou desferir outro golpe na garota, antes que conseguisse, foi atingido por rochedos que Law lançou contra ele. Luffy não ficou de fora, encheu seus punhos de ar até que ficassem gigantes e os revestiu com haki do armamento, socando a barriga do Yonkou.
— Obrigada, rapazes. — Anny levantou, e os dois ficaram ao lado dela. — Eu nunca imaginei que seria capaz de lutar ao seu lado Luffy-nii.
— Shishishi… você tá muito legal nessa forma, Anny… Eeeh, posso montar em você? — Luffy abriu um largo sorriso.
— Eu por acaso tenho cara de cavalo?!
— Ele vai atacar outra vez, fiquem atentos. — Law interrompeu a conversa dos irmãos, já sabendo que aquela discussão resultaria nos dois se estapeando.
Incontáveis foices de vento vieram na direção deles. Anny desmontou o cabo de Rengoku, a dividindo em três partes, ligadas por correntes, dando mobilidade para a arma. A loira girava as hastes, em alta velocidade, rebatendo todas as foices que foram lançadas contra eles.
A luta se intensificava a cada momento, ambos os lados atacavam incessantemente. E a cada minuto que se passava, ficava nítido, que os supernovas começavam a ficar sem forças, a resistência dos Yonkou era maior, e se a luta se estendesse por muito tempo, os piratas novatos não teriam chances.
— Kid, vou usar seus metais como escada. — Anny saltou em cima de umas sucatas que flutuavam perto dela.
— Vai nessa princesa! — Kid sorriu, enquanto movia as peças para que a loira pulasse sobre elas.
Quando estava próxima às nuvens, Anny deu um último salto e caminhou no ar usando a técnica Geppo.
Era como admirar um ser celestial. Com a lua atrás de si, Anny se banhava com seu brilho prateado. Manipulando o vento abaixo dos seus pés, ela conseguia flutuar por alguns segundos. Anny deixou que o poder fluísse por seu corpo, se expandindo.
— Asas da liberdade! — Anny empunhou sua arma. Inclinou o corpo de modo que sua cabeça ficasse voltada para baixo. A técnica exige extrema concentração. Anny cobriu seu corpo com o vento. Pegando impulso no ar, deu início a um voo rasante, o vento em volta dela tomou a forma de um pássaro, muito parecido com o tatuado em seu pescoço.
Do chão, quem visse, acreditaria que realmente fosse um pássaro gigante, sobrevoando os céus. Kaido voltou sua atenção para o céu, sentindo o ataque que vinha em sua direção, ele balançou a Kanabo, tentando atingi-la, foi impossível, o ataque possuía uma velocidade assustadora, superando a velocidade do próprio vento.Só era possível que Anny realizasse aquele golpe quando estava em sua forma híbrida, já que sua pelagem a protegia de sofrer cortes severos provocados pelo vento.
Anny cravou a lâmina de Rengoku em cima do corte que Zoro tinha feito antes no Yonkou. A velocidade, aumentou a força do golpe, sendo capaz de atravessar a pele resistente de Kaido e rasgar ainda mais o ferimento. Ela usava de toda sua força para aprofundar sua lâmina na carne dura dele e seus olhos podiam ver o sangue de Kaido escorrendo, e quando Anny puxou a Naginata, ele cuspiu sangue. O ataque conseguiu causar danos nos tecidos internos, já que Anny fazia o vento fluir pela lâmina, causando danos na musculatura.
— Worororo… impressionante, mas ainda não é o suficiente!
— Eu ainda não… — Anny caiu de joelhos, sendo acometida por uma dor intensa.
Kaido tentou aproveitar o momento para acertar um soco na garota, mas foi impedido por Kid, que fez uma barreira de metal, evitando que Anny fosse atingida.
— Anny! — Luffy correu e pegou a irmã no colo, tirando-a de perto do inimigo.
Ele a colocou no chão e Anny voltou a ficar de joelho, abraçando a barriga, e curvando o corpo para frente.
— Anny-ya, você foi atingida?!
— Na-Não…
— Então o que foi?! — Law ficou a frente dela, impedindo que as lâminas de vento que Kaido lançava na direção deles atingisse a menina.
— Sinto muita dor no estômago… acho que foi efeito colateral do ataque. — Aos poucos, a transformação dela se desfez, Anny tentou levantar mas não conseguiu. — Não consigo ficar em pé… doi muito.
— Trafalgar, você não é médico?! Faça algo útil e cuide dela! — Kid rosnou, preocupado com a garota.
— Não consigo examiná-la enquanto esses dois monstros continuam atacando. — O Cirurgião, tentava evitar que Anny fosse atingida.
— Eu…eu…po…posso… conti… — Anny tentava voltar para a batalha, mas a dor que sentia em seu abdômen se intensificava.
— Traol! Manda ela lá pra baixo. — Preocupado com a irmã, Luffy ficou com receio que ela fosse atingida.
— Eu já ia fazer isso! — Law usou seu poder, e um círculo azul se formou. — Anny-ya assim que possível, vou te encontrar.
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Anny não sabia exatamente para qual lugar do palácio, Law tinha lhe teletransportado. Ela sentou no chão, encostando as costas em um pilar. Sentia-se zonza, a dor em seu ventre, descia para suas pernas que começaram a treinar. Com muito esforço, tentou levantar, ficar naquele lugar a deixaria exposta.
— Ei, essa não é a garota que estava como prisioneira do Kaido-sama?! — Não demorou muito para que alguns soldados do Kaido vissem Anny escondida atrás da pilastra. — Tenho certeza que o vamos ganhar uma boa recompensa por trancafiá-la outra vez!
Anny fazia esforço para levantar, mas não conseguia, praguejou baixinho por Law não a ter mandado para algum lugar isolado.
— Thunderbolt Temp! —Um clarão amarelo iluminou o lugar e os homens caíram um após o outro, eletrocutados. — Não vou permitir que encostem na Anny-chan!
— Nami…? — Anny sorriu fraco, agradecida por ver a navegadora.
— Anny-chan?! — Nami pulou de cima do Komachiyo. — O que aconteceu?
— Eu estava no telhado, lutando contra o Kaido… — Anny respirava ofegante. — Acho que exagerei.
— Q-q-q-q-queeee? — Usopp começou a tremer só de escutar o nome do Yonkou.
— E como veio parar aqui embaixo? — Nami indagou, preocupada com o estado da garota.
— Law me teletransportou… tenho que voltar… — Ela falou, com a voz quase inexistente, sentindo seu ventre se contrair, odiava aquela dor insuportável que surgia nos momentos mais inconvenientes.
— Primeiro precisa se recuperar, Anny-chan. — Nami apoiou a mão no ombro da loira, com ternura. — Usopp, me ajude a colocar ela em cima do Komachiyo.
— Aneki! — Otama abraçou a loira.
— Otama? O que faz aqui?! — Anny detestava que crianças fossem envolvidas em batalhas.
— Eu vim ajudar, todos estão lutando. Quero lutar também. — A criança falava com convicção.
— Aqui não é lugar de criança. — Anny repreende a menina. Para a loira, crianças deveriam aproveitar sua infância brincando, se divertindo e não correndo risco de vida envolvidas em batalhas sangrentas.
— Quero ajudar o Luffy Anikin, ele está se arriscando, se machucando, eu sei que posso ajudar. — Otama insistia.
— Bom… já que está aqui, não tem mais volta… De o seu melhor, entendeu? — Anny fez um carinho na bochecha da menina.
— Deixa comigo!
— Anny-chan…está melhor? O que aconteceu com você? — A navegadora perguntava, sem conseguir deixar de se preocupar ao ver Anny vulnerável.
— Não se preocupe, estou melhor… não sei ao certo o que aconteceu, apenas que comecei a sentir uma forte dor no-
— Encontrei vocês! — Page One, surgiu repentinamente de um dos corredores.
— Nãooooo! — Nami, Usopp e Otama se abraçaram.
— Eu vou acabar com vocês! — Em sua forma híbrida, Page pulou e grudou na cauda do Komachiyo.
— Você não vai encostar essa sua mão nojenta, nos meus amigos, seu calango subdesenvolvido!! — Anny sentia repulsa só de ter que olhar para ele.
— Sua cadela! Eu fui bonzinho com você, e tudo que recebo é ingratidão. — As palavras de Page faziam o estômago de Anny revirar. Ele não foi bonzinho. Não foi alguém legal. Tudo que ele fez foi fazê-la sofrer.
— Vou retribuir sua bondade! — Anny acertou um chute no rosto dele, e Page One caiu rolando no chão.
— Agora temos uma chance para fugir. — Usopp comentava, um pouco inseguro, já que os “irmãos dinos” sempre davam um jeito de alcançá-los.
— Sigam em frente. — Anny decidiu que iria resolver as pendências com Page One.
— Anny-chan, é perigoso! Por favor, não vá. — Nami ficou aflita, com receio que Anny voltasse a passar mal.
— Nami, não temos outra escolha que não seja lutar até não podermos mais nos levantar. — Anny ficou em pé, grata pela dor intensa que sentiu ter passado. — Cuidem da Otama…e não percam pra ninguém pessoal!
Anny soltou de cima do Komachiyo e foi na direção de Page One.
Não demorou muito para que o rancor voltasse a tomar conta do coração da menina. Lutar contra os Yonkou parecia menos repulsivo do que lutar com Page One. Ela não queria ter que encostar nele, mesmo que fosse para espancá-lo… e também não queria que o mesmo encostasse nela, nunca mais, um soco dele lhe causava mais nojo do que dor.
— Pra quem diz que não gostou do nosso momento, você sempre vem atrás de mim… o que foi? Quer mais? — Provocativo, Page sabia que aquelas palavras afetariam.
— Garantirei que esse seja nosso último encontro! — Anny disse em alto e bom tom, enquanto suas presas afiadas, ficavam expostas.
Os dois deram início a um intenso combate. A akuma no mi de ambos lhes proporciona resistência, garantindo-lhes capacidade de aguentar longas batalhas e danos físicos.
Page atacava usando suas garras, apesar do tamanho, conseguia ser veloz, ele intercalava os ataques entre tentar atacar usando os punhos e a cauda.
Anny desviava com maestria dos golpes, ela curvou as costas para trás desviando da cauda, para logo em seguida, usar o cabo da Rengoku para se proteger das garras afiadas do seu adversário. Page foi rápido, agarrou no pulso de Anny, a erguendo para o alto, ele a girou no ar, para em seguida lançar o pequeno corpo da menina contra uma parede, que desmoronou com o impacto.
— Porquê se faz de difícil? Eu não quero te machucar. — Page falava com a voz mansa, como se realmente quisesse o bem da garota.
— Você me machucou no momento em que colocou suas mãos imundas em mim! — Anny tentava se livrar dos escombros que caíram em cima dela.
— Hãn? Não fiz nada que você não quisesse, não se faça de vítima.
— Eu não queria nada daquilo, seu desgraçado!!
— Vai se arrepender de não ter aceitado minha gentileza.
— Não há nada de gentil em você, apenas segundas intenções disfarçadas.
— Você fala como se algum homem fosse te procurar para alguma outra coisa que não fosse sexo. — Page agarrou o pescoço dela, e a prensou contra a parede.
— Ne-nem to-dos são nojentos como você — Anny cravou suas garras no antebraço dele, conseguindo se livrar do aperto em seu pescoço.
— Mesmo? Você é uma mulher pirata, só serve pra isso, e garanto que muitos já te procuraram apenas pra te levar pra cama.
A feição de Anny se tornou sombria, como se uma nuvem negra cobrisse seu olhar.
Ela foi tão rápida que Page não conseguiu prever o soco que acertou em cheio o seu rosto, quebrando seus dentes, em seguida foi atingido com um chute no estômago e caiu no chão.
— Desgraçada!
— Vou te enterrar a sete palmos embaixo da terra, pra nunca mais precisar escutar suas palavras podres.
Furioso, tentou avançar contra Anny, mas ela começou a girar sua arma de um lado para o outro, lançando milhares de pequenas lâminas de vento , provocando arranhões e pequenos cortes nele, o ataque não provocava danos letais, mas mantinha ele afastado.
— Acha que pode me matar só com isso?! — Page debochou.
Depois de lutar com Kaido, Anny sabia que ficar tentando causar dano externo seria um gasto de energia desnecessário. O ideal seria um ataque que conseguisse lesionar os órgãos internos… E foi o que fez…
— Penitência demoníaca. — Controlando o vento, Anny começou a forçar o ar a entrar pelos pequenos cortes que provou no corpo do seu inimigo.
O ar que entrava pela corrente sanguínea, provocava o surgimento de bolhas que ocasionaram na obstrução da corrente sanguínea levando Page One a ter uma embolia gasosa. O ataque causava danos no sistema nervoso, fazendo com que ele pouco a pouco fosse perdendo a consciência, e como se não fosse o suficiente, o acúmulo de ar dentro de sua corrente sanguínea, causou uma isquemia cardíaca.
Page caiu no chão, de joelhos, levando a mão no peito, sentindo uma forte dor no peito.
Anny não gostava de usar aquele ataque. Na verdade, nem sabia que poderia fazer algo daquele tipo, quem lhe ensinou foi Law, quando estava ensinando ela sobre o corpo humano e sugeriu que aquele ataque seria efetivo, já que poderia levar os órgãos internos a entrar em colapso e não exigiria muito esforço da parte dela… Parecia cruel… Anny julgou aquele ataque como sendo desumano e evitava usá-lo.
Mais Page merecia… Anny tinha convicção de que por culpa das ações de Page One, Law deixaria de amá-la… Aquele pensamento martelava constantemente em sua mente.
— Comunicado a todos de Onigashima! A luta acabou! O homem com a maior recompensa das forças inimigas, o Luffy do chapéu de palha… Foi derrotado e está afundando nas profundezas escuras do oceano!!... Kaido-sama, aceitará suas rendições… Aqueles que se entregarem serão perdoados e aceitos como subordinados!
Um comunicado feito pelas Marys ecoou por toda Onigashima.
— Escu- Escutou?! Seu ir-mão mo-morreu… — Page tinha dificuldade de falar, devido a falta de ar. — Todos que de-safiaram o Kaido-sama… serão mortos ou feitos prisioneiros… e você… será minha… vou te trancar em uma cela… onde só eu poderei te usar!
Anny paralisou…
Não… Não… aquilo não poderia estar acontecendo… impossível… seu irmão…
Ela sentia sua respiração ficar pesada e seu coração se agitava.
Calma… calma… calma… repetia para si mesma.
Ela soltou um risinho, relaxou os ombros e suspirou.
Como pode acreditar nessa informação? Claro que era falsa.
Se seu irmão realmente tivesse morrido, ela teria sentido no exato momento que aconteceu. Não precisaria de um aviso.
Porque Anny tinha absoluta certeza que no momento em que o coração de Luffy deixasse de bater, o coração dela iria se desfazer em pedaços.
Só que, mesmo com a pouca experiência que tinha em batalha, Anny sabia que Kaido não daria uma declaração falsa. O comunicado, era um indicativo que algo na batalha entre o Yonkou e Luffy, estava desfavorável para o lado do garoto de borracha.
Anny voltou a atenção para Page One, que agonizava no chão, sangue saia pelo seu nariz e ouvidos. Um pouquinho mais e tudo estaria terminando.
Só mais um pouco…
Só mais um pouquinho…
Só mais…
E então ela abaixou a mão, parando de forçar o ar a entrar no corpo do seu adversário.
— Eu sabia que iria se render e se entregar…
— Me render? Prefiro a morte. — Anny andou até ficar de frente com ele, então agachou, observando Page completamente sem forças.
— Então porquê desistiu de me matar?
Anny não respondeu, levantou, agarrou firme na cauda dele, e começou a girá-lo no ar, para em seguida, lançá-lo com força contra uma parede.
— Você já manchou demais a minha alma…
Uma morte… um assasinato… Ela nunca tinha tirado a vida de ninguém. Não conseguia nem mesmo imaginar qual seria a sensação ou como se sentiria. Ceifar a vida de uma pessoa lhe parecia algo extremamente horrível. Um lado dela queria ter a certeza que ele nunca mais teria a chance de colocar um dedo nela.
Mas Anny não conseguia matar.
Ela gostava de cuidar, de ajudar, de proteger as pessoas.
Matar ia contra sua índole… Qual o direito que tinha de tirar a vida de alguém?
Anny limpou uma lágrima que fugiu do seu olho… Law tinha razão, no fundo, ela era uma pessoa ingênua demais…
Afinal quem se negaria a matar o inimigo no campo de batalha?
Anny suspirou fundo. Prendeu a naginata em suas costas e começou a correr. Tinha coisas mais importantes para se preocupar do que com seu sentimentalismo bobo. Ela conseguia sentir que seu irmão está vivo, mas não podia ter a mesma certeza dos outros.
Ela corria tentando evitar entrar em combates desnecessários, derrubando um ou outro que surgia em sua frente. Anny ia na direção do palco principal para tentar chegar novamente no telhado. Parou abruptamente quando suas orelhas captaram um grito que parecia ser da Nami, então resolveu mudar o rumo, para certificar se a navegadora está com problemas.
— Kid? — Anny se deparou com o ruivo quando virou em um dos corredores.
— Princesa, fiquei preocupado. — Kid levou a mão para tocar na bochecha dela, mas Anny deu um tapa na mão dele. — O que foi? — Questionou ao ver a forma desdenhosa que ela o encarava.
— E por qual motivo você estaria preocupado comigo? — Anny mantinha um olhar severo para o ruivo
— Hãn? Porquê está tão arredia comigo, princesa? — Kid não entendia o que estava acontecendo com a garota.
— Porquê você me enganou.
— Porquê está dizendo isso princesa?
— Você disse para sermos amigos… amigos coloridos… e eu ingenuamente acreditei que você realmente queria ser meu amigo. — Anny apertava os lábios, doía pensar que Kid a enganou.
— Eu não menti quando disse que podíamos ser amigos. — Kid sentia um aperto no peito, não conseguia entender porquê de repente a menina deixou de confiar nele.
— Tudo que você queria era tentar me levar pra cama. Fala a verdade Kid! Por isso inventou aquela história de amigos coloridos.
— Nunca menti pra você princesa, não sei porquê chegou a essa conclusão.
— Me explicaram o que era amizade colorida… significa que somos amigos que fazem sexo… eu nunca teria concordado se soubesse, você se aproveitou que eu sou boba nesses assuntos para me enganar. O que achou?! Que iamos nos encontrar conversar como amigos e depois iriamos fazer sexo.
— Nunca pensei isso… não que seja uma má idéia…mas
— Vai se ferrar. Eu deveria ter escutado quando o Law disse que você só queria se aproveitar de mim.. eu confiei em você, te defendi… mas eu não sou nada mais nada menos que um pedaço de carne pra vocês homens, é só assim que vocês me enxergam, não é mesmo? — Anny sentia-se confusa, por mais que tentasse evitar, as palavras de Page tinham influenciado seus pensamentos.
Ela se sentia confortável com Kid, confiava nele, o achava divertido e engraçado. Pensar que o único interesse que ele poderia ter nela fosse sexual a deixou magoada, como se ela não tivesse mais nada a oferecer.
Eustass sentia-se inquieto, vê-la ali quase chorando por supostamente culpa dele o deixava aflito. Kid não conseguia entender o motivo dela ter chegado àquela conclusão. Ele rangeu os dentes, praguejando por ter sugerido aquele tipo de amizade. Na verdade, nem mesmo sabia ao certo o significado de amizade colorida.
— Princesa, nunca escondi minhas intenções de você. Se me disser neste momento que quer ficar comigo, eu te roubo do Trafalgar agora mesmo. Se disser que quer ir pra cama, eu satisfaço a sua vontade. Propus que fossemos amigos coloridos porquê se um dia quisesse algo além de amizade, eu aceitaria sem problemas. Mas se quiser que sejamos apenas amigos, vou ficar satisfeito. — Kid respondeu de forma firme e objetiva, como sempre fazia.
— Porquê você iria me querer como amiga, eu não entendo? — Anny nunca conseguiu compreender porquê Eustass insistia tanto em ser próximo dela.
— Sinto algo aconchegante e familiar perto de você. — Kid ficou ruborizado por confessar algo tão íntimo, mas aquela seria a única maneira de fazer Anny acreditar nele. — Princesa, eu só faço questão de uma coisa, da qual não abro mão.
— Que seria? — Anny lançou um olhar desconfiado para o ruivo.
— Que quando estiver em perigo, que me deixe ajudar. É o que amigos fazem, não é mesmo? — Kid conhecia a dor de perder alguém importante, não queria passar por aquilo outra vez. — Princesa, o que aconteceu para desconfiar de mim tão de repente?
— Nada… talvez só tenha descontado em você o que não devia… — Por mais que tentasse, Anny não conseguia desconfiar de Kid, havia algo que fazia ela confiar nele. E não achava justo descontar nele, a raiva que sentia de Page.
Não entendia o motivo dele ter afeto por ela… Da mesmo forma que ela, nunca conseguiu entender porquê não tinha medo dele.
— Por favor, não mate a gente! — Novamente Anny escutou a voz de Nami, agora mais nítido do que antes
— É a Nami, tenho que ajudá-la! — Anny saiu correndo na frente e foi seguida por Kid.
Quando chegou onde a ruiva estava, Anny também se deparou com Big Mom.
— Puxa Nami, vocês são corajosos, escolheram enfrentar um Yonkou. — Anny ficou admirada com a coragem de Nami e Usopp.
— Sem essa!! Quem seria idiota de fazer isso?! — Usopp tremia feito folha de coqueiro em dias de tempestades.
— Anny-chan… não aguento mais ser perseguida. — Lágrimas escorriam pelos olhos de Nami.
— Ei sua velhota banguela deixa meus amigos em paz! — Anny gritou.
— Hãn?! Você é uma garota mal educada, não te ensinaram a ter respeito?! — Lilin retrucou diante da provocação da menina.
— Me desculpe, não foi minha intenção desrespeitar a senhora. — Anny fez uma reverência com o corpo.
— Não peça desculpa pro inimigo!! — Usopp retrucou.
— Mas a Senhora Fumiko me ensinou a sempre respeitar os mais velhos. — Anny fez um biquinho, se Fumiko soubesse das malcriações dela, ficaria chateada, e daria várias broncas na loira. Fumiko sempre a educou para ter bons modos e respeitar as pessoas, e num único dia Anny xingou e bateu numa velha.
— Anny-chan, essa regra não vale quando a pessoa mais velha em questão, está tentando te matar. — Nami tentou convencer a menina.
— Não vale? — Anny coçou a cabeça, talvez existissem exceções em casos de vida ou morte.
— Não!
— Mas não quero ser acusada de ser uma menina que maltrata velhinhas. — Anny fez cara de choro.
— Se fosse o Luffy já tinha descido a porrada. — Usopp pontuou.
— Anny-chan, se você derrotar ela, vai poder ficar com o território da Big Mom.
— E porquê eu iria querer isso?
— Porque toda a ilha da Big Mom é feita de doces. — As orelhinhas de Anny aparecerão assim que Nami terminou de falar.
— Bom… nesse caso, é para um bem maior né?! Não tem perigo eu ir pro inferno?
— Claro que não… você vai salvar muitas pessoas inocentes.
— Anny pode até não ir para o inferno, mas não podemos dizer o mesmo de você, Nami. — Usopp cochichou no ouvido da ruiva.
— Calado!! — Nami deu um soco no atirador.
Anny se preparou para lutar, seus olhos brilhavam, mas não por empolgação de lutar… e sim por imaginar que teria uma ilha de doces só pra ela.
— Punk Gibson! — Big Mom foi atingida por um enorme braço de metal.
— Capitão Kid! — Usopp e Nami falaram ao mesmo tempo.
— Saiam daqui Mugiwaras, essa velha é minha presa! — Kid exibiu seu típico sorriso selvagem.
— Pode deixar, a gente já está saindo, não se preocupe… — Nami se preparou para sair correndo dali.
— Ei! Você sua ruiva desgraçada! Não pense que esqueci que você me eletrocutou! — Kid rosnou.
— Anny-chan!! Não deixa ele me matar!! — Nami começou a correr, junto com Otama. e Usopp.
— Kid, não tem vergonha de ficar assustando uma garota? — Anny lançou um olhar de reprovação para ele.
— Foi mal princesa.
— Mamama… O Mugiwara, já está morto… e vocês serão os próximos!
— Eu sou, Kouzuki Momonosuke! Eu vou contar para vocês as palavras do Luffy-san… Ele está vivo… E disse que logo vai voltar! Portanto continuem lutando!! Mesmo que seja difícil ou doloroso. Por favor, enquanto tiverem vida, continuem lutando! O Luffy-san, disse que vai voltar e derrotar o Kaido!
Anny sorriu ao escutar o que Momonosuke informou.
— O Mugiwara vai derrotar o Kaido? Que piada… Mamamama! — Big Mom começou a gargalhar.
— E quem se importa com aquele borrachudo, idiota?! — Kid rangeu os dentes.
— Eu me importo com aquele idi- com o meu nii!! — Anny inflou as bochechas.
— Eu mesma queria matar o Mugiwara! Aquele destruidor de festas! Mas se ele caiu no mar, já deve estar morto.
— Meu irmão não está morto, ele prometeu que não iria morrer, e o Luffy-nii nunca quebra uma promessa que faz pra mim! Além do mais, eu posso sentir que ele está vivo.
— É engraçado, mas tenho a certeza que o Mugiwara-ya dará um jeito. — Law apareceu atrás do Kid e da Anny.
— Law! Fiquei preocupada. — Anny suspirou aliviada ao ver seu namorado.
— Chegou quem não faltava! — Kid resmungou.
— Você é o único sobrando aqui Eustass-ya.
— Por acaso veio me atrapalhar, Trafalgar?!
— Big Mom é a inimiga aqui… Vê se cresce, ô, Eustass-ya!
— Quem você está mandando crescer, sua vareta de casaco!!
— Vocês dois não conseguem ficar sem briguinhas por um segundo? — Anny suspirou.
— Eustass-ya, eu te proponho uma aliança temporária. — Law sugeriu.
— Me recuso! Eu nunca mais me aliarei a ninguém. — Kid mantinha seu ressentimento, ter formado uma aliança o levou a humilhação, seus companheiros foram feitos por prisioneiro. Estava decidido a nunca cometer o mesmo erro.
— Kid, por favor… — Anny tocou no braço dele. — Você pediu para que eu confiasse em você. Então agora é minha vez de pedir que confie em mim.
— O que quer dizer com isso, princesa?
— Eu dou a minha palavra, que o Law vai honrar a aliança que vocês fizerem… ninguém será traído. — Enquanto esteve presa, Anny soube sobre o que aconteceu com Kid, e entendia o motivo dele não querer confiar em ninguém.
— Hmm… vou confiar no que a Princesa diz, mas se me atrapalhar, vou te matar, Trafalgar. — Kid resolveu ceder ao pedido de Anny.
— Tsc… digo o mesmo, não seja um peso, Eustass-ya. — Law voltou sua atenção para a loira. — Anny-ya… venha aqui. — Fez sinal com o dedo, a chamando.
— De-Desculpa, ter me intrometido. — Anny se aproximou dele com a cabeça baixa.
— Você está estranha, porque está evitando de olhar para mim, Anny-ya? — Law não entendia aquele comportamento dela.
— Não é nada… só estou preocupada com a batalha.
— Você não parecia tão preocupada enquanto conversava com o Eustass-ya.
— Hãn? Não…não…não é o que parece Law… eu não fiz nada…só… — Anny sentiu a visão escurecer e teria caído se Law não a tivesse segurado.
— Eustass-ya, consegue segurar a Big Mom até que eu examine a Anny-ya?
— Já vou ter matado essa velha quando você terminar, Trafalgar. — Kid posicionou-se para lutar.
— Law…só encontrei o Kid por coincidência…eu só…
— Calma Anny-ya… eu só pensei que talvez esteja magoada porque não vim te resgatar antes.
— Não. Não estou magoada com você, Law… é que… ficar presa e… não quero conversar agora… temos que focar em lutar. — Anny tentou sair dos braços de Law mas ele a impediu.
— Primeiro vou te examinar…
— Não Law, eu já estou melhor, não tem necessidade.
— Tem sim, não é a primeira vez que passa mal durante uma batalha, eu já devia ter feito isso antes, Anny-ya.
— É por causa da droga que injetaram em mim, ainda me sinto um pouco fraca. — Anny mentiu, não queria que Law a examina-se, tinha medo de descobrir que voltou a ficar doente.
— Sempre tão teimosa, eu disse para não lutar até ter se recuperado. — Law suspirou.
— Law…só quero lutar dando o máximo de mim pra garantir que ninguém tenha que passar pelo que passsei. — Anny apertou os lábios.
— Tsc… Okay, mas depois da batalha, vou examinar até a ponta do seu cabelo, entendeu? — Law ajudou ela a ficar em pé.
— Tudo bem, não vou me opor.
— E quando tudo isso acabar vamos descansar em uma ilha tropical, que tenha uma pousada, o que acha? — Law sugeriu, fazendo um carinho na bochecha dela. Depois de tudo que Anny passou, Law sabia que ela iria precisar desfrutar de tranquilidade para se recuperar.
— Acho uma boa ideia. — Anny esboçou um leve sorriso.
Ela realmente achava uma boa ideia… só não tinha certeza se Law ainda iria querê-la por perto quando tudo acabasse.
Anny não sabia nem se ela mesma conseguiria lidar com as lembranças de tudo que aconteceu enquanto esteve em cárcere.
Quanto de sofrimento uma pessoa é capaz de suportar antes de se entregar ao desespero?
Quanto é possível manter sua sanidade, quando a pessoa que você mais ama morre?
Como seria se você conseguisse sentir o exato momento em que o coração da pessoa que você tanto ama parou de bater?
Anny logo descobrirá a resposta para essas perguntas…
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