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História Tempestades de Paixão - A bordo do Polar Tang - Acerto de contas


Escrita por: Aniayukari

Capítulo 85 - Acerto de contas


 

NARRADORA POV

 

A noite chegou no país de Wano, trazendo uma brisa refrescante.

Law olhou pela janela redonda do quarto, a cortina se mexia conforme o vento soprava e vez ou outra ele conseguia ver as estrelas que iluminavam o céu. Ele sentia os olhos arderem, por mais que tenha tentado dormir, foi impossível. Toda vez que seus olhos rendiam-se ao cansaço, sua mente começava a lembrar de toda a conversa que teve com sua menina. E quando sua mente resolvia dar uma trégua, e finalmente começava adormecer, Anny acordava chorando e assustada, o que colocava Law em alerta novamente.

Convicto que não conseguiria descansar até que resolvesse o que precisava ser resolvido, decidiu que era hora de resolver o que precisava ser resolvido.

Cuidadosamente, Law tirou o braço que Anny estava deitada em cima, e depois retirou a perna direita dela que estava sobre suas pernas. Considerando o jeito espalhafatoso que dormia, julgou que finalmente conseguiu dormir profundamente. Ele sentou na beira da cama, dando uma última olhada na menina  e levantou com a intenção de sair do quarto. 

— Law… — Anny acordou assim que Law deu dois passos. — Está na hora de levantar?

— Não… pode continuar dormindo. — Law voltou a sentar na cama e tirou do rosto dela algumas mechas de cabelo.

— Então fica comigo, não me deixa sozinha. — Sonolenta, Anny falava com os olhos ainda fechados. 

— Operei o Uni hoje cedo, preciso certificar que ele está seguindo os cuidados do pós-operatório. — Law justificou. — Vou pedir para a Ikkaku vim dormir com você, até eu voltar, pode ser? 

— Eu entendo, cuide bem do Uni, por favor. — Anny deu um leve sorriso e voltou a dormir.

Law achava impressionante a capacidade que a menina tinha de conseguir se preocupar com todos, mesmo quando não estava bem. Ele fechou a porta com cuidado para não fazer barulho e acordá-la. Levando em consideração o horário, julgou que todos deveriam ter finalizado o jantar e que estariam limpando o refeitório. 

— Capitão! Como a Anny está? Vocês sumiram o dia todo, ficamos preocupados. — Shachi falou assim que viu Law aparecer na porta da cozinha. 

— Ela está descansando. — Law explicou com poucas palavras, não tinha tempo para enrolação. — Ikkaku, poderia me acompanhar? — Law solicitou sem esperar por uma resposta e foi saindo para fora da cozinha. 

— Precisa de algo, Capitão? — Ikkaku observava o semblante abatido do moreno.

— Tenho que resolver uns assuntos. Mas não quero deixar a Anny-ya sozinha, poderia ir dormir com ela? — Law cruzou os braços, encostando as costas na parede.

— Claro, pensando bem, estou com saudades da loira… —  Ikkaku refletiu que depois que Anny foi sequestrada não teve nenhuma chance de ficar com a amiga, a não ser quando ela estava na forma do filhote travesso.

— Ikkaku… tem mais uma coisa… talvez eu não devesse dizer…mas é algo relevante tanto em relação a você quanto a Anny-ya.

—  O que foi? É muito sério…? —  A mecânica estranhou a forma cautelosa que Law falou.

— O que posso dizer é que Anny-ya passou por algo parecido com o que você passou… no dia que te encontrei.  — Law tentou escolher bem as palavras, apesar do jeito descontraído de Ikkaku, sabia que ela ainda carrega cicatrizes do passado.

— Ooh.. está querendo dizer que a Loira foi… foi… abusaram dela? — Ikkkaku empalideceu.

— Não foi consumado… alguém a ajudou antes que o pior acontecesse. — Law sentia um gosto amargo ao ter que falar sobre o assunto. — Eu não deveria ter te contado… mas a Anny-ya está tendo pesadelos com o que aconteceu, e não quero te colocar numa situação desconfortável ou que te cause sofrimento. 

— Eu já superei, não se preocupe Capitão, vou cuidar dela. — Ikkaku esboçou um leve sorriso para tranquilizar seu Capitão. 

— Obrigado… agora tenho que ir… Se ela perguntar por mim, diga que não demorarei a retornar. — Law deu as costas para a morena e começou a andar.

— Capitão…

— Sim…

— Deveria descansar, está visível o quanto está esgotado… você precisa ficar bem, a loira vai demandar muito cuidado. — Law tinha consciência daquilo, na verdade, teria trabalho dobrado com Anny a partir de agora. 

Ikkaku se direcionou ao quarto, abrindo a porta com cuidado. Ela encontrou Anny adormecida, encolhida em um canto da cama e deitou ao lado dela. A morena apoiou a cabeça no travesseiro e ficou observando a amiga dormir. Não conseguia acreditar que alguém teve coragem de fazer tanto mal para a loira que parecia um ser celestial, puro.

Antes de fechar os olhos, Ikkaku deu um longo suspiro, desejando que a amiga pudesse ter ao menos um momento de paz na vida. 

— Não, não, não…  me solta… me solta… — Anny começou a falar, num tom alto, enquanto dormia.

— Loira?! — Ikkaku abriu os olhos assustada. — Loira, calma, vai se machucar. — Tentou segurar as mãos da garota, como se tentasse tirar algo de cima de si, Anny estava arranhando o próprio pescoço.

— Me larga! Por favor!

— Ei, Loira, acorda, sou eu, a Ikkaku… Acorda. 

— Ikkaku… não deixa ele me pegar. — Anny falou com a voz embargada pelo choro.

— Vem aqui… foi só um pesadelo, ninguém vai te pegar. — Ikkaku abraçou a menina, tentando trazer conforto.

— Law disse que cansou de acordar no meio da noite com o barulho do meu corpo se espatifando no chão. — Anny deu de ombros, achando Law exagerado, pois ela mesma, não se lembra de já ter caído da cama.

—  — Fofinho… posso dormir abraçando você? — Anny afundou a cabeça nos seios da morena.

— Pode… mas não vai me confundir com o Capitão, hem. — Ikkaku  cutucou a bochecha da menina. 

— Os peitos do Law não são fofinhos, não dá para confundir… Aí..aí…aí, aí, aí. — Anny curvou o corpo, sentindo uma dor incômoda na barriga.

— O que foi loira? — Ikkaku sentou na cama, preocupada. — Está passando mal? 

— Cólica… como odeio essas dores. — Anny abraçou a barriga. — Doí muito..

— Quer que eu pegue um remédio? E uma bolsa térmica? — Ikkaku apoiou a mão no ombro da loira, já estava habituada com as cólicas que a menina tinha.

— Poderia fazer esse favor?

— Sim… vou rapidinho e já volto. — Ikkaku saiu apressada.

Anny sentou na cama, tendo a impressão que o quarto estava girando, e cada vez que piscava tudo ficava nublado. Ela apertou a barriga para amenizar a dor que sentia, gotículas de suor escorriam por sua testa, respirando com dificuldade tinha impressão que seu útero se retorcia, as intensas dores expandia-se para suas costas causando uma sensação de queimação.

— Loira voltei… minha nossa, está doendo tanto assim? — Ikkaku encontrou a menina com o corpo envergado para frente e aproximou-se dela.

— Ikkaku… tem algo errado comigo… chama o Law. 

— Isso é sangue?! — Ikkaku viu uma mancha de sangue se espalhando pelo lençol. — Está menstruando?

— Não sei… se for, não é igual das outras vezes… Aííí, doí… tem algo errado… eu quero o Law. — Anny começou a chorar, desesperada. 

— Okay, eu vou procurar pelo Capitão!

— Rápido por favor.

.

.

Law ergueu a cabeça observando a enorme construção. Ele tinha chegado ao seu destino, a prisão de Udon, e agora precisava encontrar uma forma de conseguir executar seu plano discretamente… Tirar Page One da cela sem que fosse visto pelos samurais que trabalhavam ali como guardas.

Não que achasse que fossem se opor a entregar Page para ele… Não depois de saberem de tudo que Anny passou… Mas Law não queria que ninguém tivesse conhecimento sobre o que ocorreu enquanto a menina ficou prisioneira. A exposição provavelmente deixaria Anny envergonhada, e não havia necessidade dela passar por mais momentos de tensão. 

Combinando os poderes da Ope Ope no Mi com seu haki de observação avançado não foi muito difícil para Law conseguir encontrar seu alvo. 

E antes que pudesse perceber Page One se viu fora da sua cela, porém suas mãos ainda continuavam algemadas. Ele olhava o ao redor tentando assimilar em qual situação se encontrava.

— Você quem me tirou da cela? — Page lançou um olhar desconfiado para o Cirurgião da Morte.

— Temos que ter uma conversinha. —  Law tirou o casaco deixando em cima de um rochedo

— Veio tentar me recrutar para o seu bando? Imaginei que logo, logo vocês piratas apareceriam… mas eu não sou tão fácil quanto sua subordinada… —  Page sorriu por baixo da máscara, em sua imaginação, todos os piratas eram iguais apenas almejam conquistar poder militar para se tornarem imbatíveis.

—  Como é? —  Uma sombra escura cobria o olhar do cirurgião.

— Mas com o incentivo certo, posso aceitar… —  Page sorriu por baixo da máscara. — Assim tenho outra oportunidade de pegar a loira. —  Ele resmungou baixinho, mas não o suficiente para evitar que Law escutasse. 

A resposta que Page obteve foi receber uma pancada do cabo da Kikoku em sua boca, ele caiu no chão, e o sangue manchou sua máscara. 

— Vou garantir que nunca mais abra essa boca suja para falar dela. 

—  Eu não disse nenhuma mentira. —  Page tentou limpar o sangue da boca, mas as algemas atrapalharam. 

— Não pense que vai se livrar pelo que fez com a Anny-ya. —  Law desembainhou a espada e lentamente introduziu a lâmina no ombro do pirata, atravessando até sair do outro lado.

— Se quer uma luta, então porquê não tira essas algemas? Ou não tem coragem de me enfrentar de forma justa?

— Eu não quero nada justo… você não deu nenhuma chance para Anny-ya se defender… você vai pagar por cada lágrima que fez ela derramar. —  Law retirou a espada e a enfiou no outro ombro do Page, tendo o prazer de sentir ele ganir de dor. 

—  Eu não sei o que aquela puta te falou, mas só fiz o que ela pediu. —  Page falou, ofegante.

— Aquela “puta” é a minha mulher. —  Law deu um soco e mais outro, escutando e sentindo os dentes do Page se quebrarem. —  E minha menina não pediu para ser abusada.

— Eu...e…hum… —  O ex-tobiroppo não conseguia pronunciar nenhuma palavra audível.

— Ela estava drogada, machucada e amarrada… você é um covarde filho da puta! —  Law ergueu o punho para continuar batendo, mas o barulho de pedrinhas rolando chamou sua atenção. —  Quem está aí?

— Achei que nunca notaria, Trafalgar. —  Kid desconfiou quando viu Law indo na direção de Udon e resolveu segui-lo, estranhando o fato do Cirurgião não ter notado sua presença.

— Vai embora, Eustass-ya… isso aqui não é da sua conta. —  Law puxou a espada do ombro do rapaz, e em seguida acertou um chute no estômago dele. 

— Se esse desgraçado encostou realmente na Princesa, eu também quero arrebentar ele. —  Kid caminhou até a direção onde Law estava.

— Ele é meu… Foi na minha mulher que esse desgraçado encostou. —  Law mantinha uma aura nebulosa ao seu redor.

—  Uma surra a mais será muito bem vinda. —  Kid mexeu o pescoço de um lado para o outro, estalando o pescoço.

— E que direito você teria? Se esqueceu que se aproveita da vulnerabilidade dela, aquela vez na praia? —  Law  lançou um olhar acusador para o ruivo.

— Ela me perdoou por ter feito aquela idiotice. —  Kid baixou o olhar, sempre se arrependeria do que tinha feito.

—  E por ela ter te perdoado não posso quebrar a sua cara… mas ele, a Anny-ya nunca perdoaria. —  Law afundou a Kikoku na coxa esquerda do Page. —  Isso aqui não é sobre você Eustass-ya… gostaria que alguém interferisse se fosse sua mulher?

— Ao menos faça o serviço bem feito, Trafalgar. —  Kid sentou em um rochedo, permanecendo em silêncio. 

Kid realmente entendia que não tinha nenhum direito ali. Mas não conseguia deixar de sentir a raiva borbulhando dentro dele. Anny tinha se tornado uma mulher que ele admirava, e o fato de ter aceitado que nunca teriam um envolvimento romântico, não anula o apreço que tinha pela garota. Mesmo tendo um jeito bruto e temperamento explosivo, Eustass sabia reconhecer quando alguém merecia ter o seu respeito, e Anny, tinha se tornado uma das poucas pessoas que conseguia ter o respeito do Ruivo. 

 

“puru, puru, puru… puru, puru, puru”

 

Eustass começou a escutar o barulho de um den den mushi bebê tocando, levou a mão no bolso procurando pelo seu, mas percebeu que não tinha nenhum com ele… resmungou baixinho, tinha esquecido de carregar, e Killer provavelmente lhe daria uma bronca.

— Tem um den den mushi bebê tocando, parece que está vindo do seu casaco, Trafalgar. — Kid percebeu que o som vinha da peça de roupa que estava na pedra ao seu lado.

— Deixa tocar… — Law não tinha nenhuma intenção de parar o que estava fazendo. 

 

“puru, puru, puru… puru, puru, puru”

“puru, puru, puru… puru, puru, puru”

“puru, puru, puru… puru, puru, puru”


 

— Seja o que for, está insistindo muito. — Kid começou a bater o pé no chão, incomodado com o barulho irritante. 

— Merda… será que não conseguem se virar nem por uma hora sozinhos? — Law pegou o casaco e começou a vasculhar os bolsos até achar o caracol. — O que foi?!

— Capitão, precisamos de você! 

— O que aconteceu? Estou ocupado. — Law podia perceber o tom de voz alterado de Ikkaku.

— Capitão, tem algo errado com a Loira, por favor, você tem que voltar!

— O que tem de errado com a Anny-ya?! — Law não gostou nenhum pouco do que escutou.

— Ela está com muita dor, e sangrando… por favor diz que está por perto… ela está chorando muito!

— Sangrando? Ela se machucou? — Law sentia sua cabeça ficar pesada, não conseguia processar a informação.

— Não… ela está com muita cólica, é como se estivesse menstruando… mas não tá normal… Capitão por favor seja lá o que estiver fazendo, não deve ser mais importante que a Loira.

— Estou voltando o mais rápido possível…  não dêem nenhum remédio até que eu chegue.

— Ela não pode tomar um remédio pra cólica? Talvez ajude.

— Não a mediquem, esperem até eu chegar.

Law começou a suar frio, tudo estava acontecendo muito rápido e não conseguia acompanhar… Quando foi que perdeu o controle de tudo?...  Sua cabeça que sempre conseguia montar uma estratégia em questão de minutos, parecia ter perdido a capacidade de pensar.

— Trafalgar… o que está acontecendo? O que tem de errado com a princesa? — Kid mantinha um semblante alarmado. 

— Eu tenho que ir… — Law jogou o casaco no ombro. — Eustass-ya, posso contar com você para finalizar o serviço? 

— Não precisa nem perguntar. — Kid esboçou aquele típico sorriso diabólico. — Mas antes me diga o que aconteceu com a… O infeliz já foi!!

Kid voltou sua atenção para Page One, caído no chão, não havia muito mais o que se fazer, mas ao menos teria uma oportunidade de descontar sua frustração… O Ruivo nunca esqueceria do vazio que sentiu quando encontrou a menina quase morta.

— Vou arrancar suas mãos, assim nunca mais vai por elas onde não deve. — Kid abaixou ao lado do corpo de Page. — Apesar que, mortos não colocam a mão em nada.

— Es-Espera… eu… eu… não fiz nada… foi a Black Maria e as seguidoras dela… foi ideia delas maltratar a loirinha. — Prevendo que não estava em uma boa situação, Page tentou se defender.

— Me fale mais sobre isso. — Kid sorriu, exibindo um brilho funesto no olhar.

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E depois daquela noite… Page One, Black Maria e suas seguidoras, nunca mais foram vistas.

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— Doí! Está doendo!! — Luffy acordou, debatendo-se. 

— Chopper, tem algo errado com o Luffy! — Nami, que ficou ao lado do garoto de borracha esperando ele acordar, gritou pelo médico.

— Luffy, não se mexa, seus ferimentos ainda estão cicatrizando. — Chopper tentou fazer com que o garoto voltasse a deitar.

— Minha barriga dói! — Luffy reclamava, apertando a barriga.

— Não seria fome? — Robin aproximou-se ao escutar a confusão.

— Tenho que ir… tenho que ir…

— Luffy, por favor não levante. — Chopper tentava parar o garoto. 

— Preciso de saquê… —  Zoro acordou com a gritaria de Luffy.

— Nem pensar! — Chopper começou a ficar irritado com seus pacientes.

— Tenho que ir… minha irmã… tenho que ver a Anny!!

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Luffy levantou e saiu correndo para fora do castelo… ele sabia exatamente onde deveria estar.

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Alguns minutos se passaram desde que Law foi acionado por Ikkaku. 

Ele teve que usar seu poder inúmeras vezes para conseguir retornar para o Polar Tang o mais rápido possível. Assim que colocou os pés no convés, foi recebido por um Shachi, completamente aflito.

— Onde ela está? — Law perguntou enquanto caminhava apressado para o interior do submarino. 

— Não sabíamos ao certo o que fazer, então a levamos para a enfermaria. — Shachi seguia atrás do Law.

Law chegou até a enfermaria, encontrando  Anny contorcendo-se de dor, gotículas de suor escorriam pela testa dela, o olhar dele recaiu para a barra da camiseta manchada de sangue. Ela estava pálida e respirava com dificuldade. 

— Não queria incomodar… mas doí muito. — Anny falou com dificuldade.

— Não está incomodando… vou cuidar de você e essa dor vai passar. — Law deu um beijo carinhoso na testa dela.

O cirurgião foi para a direção do armário que tinha algumas ampolas de remédio. E paralisou. ele não teve tempo de pesquisar sobre gravidez, qualquer erro poderia trazer sérias complicações. Voltou para o lado de Anny para tentar entender o que estava acontecendo, e mais uma vez teve que recorrer ao seu poder, mas toda  a carga de tensão dos últimos dias começou a deixá-lo abatido e seu raciocínio já não estava sendo tão rápido como de costume. 

— Shachi, pegue um saquinho de soro, misture o tranquilizante do frasco verde. — Law instruiu.

— O verde? Mas esse não é o que você diz que não gosta por ser muito fraco? — Shachi percebeu que Law estava fazendo um esforço enorme para ficar em pé.

— Nesse momento é o único que ela pode usar, faça o que mandei.

— Law… não… por favor, sem tranquilizantes… não quero ficar inconsciente. — Anny pegou na mão dele com dificuldade.

— Sinto muito, Anny-ya… mas no momento é o único jeito. — Law fez um carinho na testa dela, aproveitando para conferir a temperatura

— Como vou me defender se for atacada? — Law pode ver uma lágrima escorrer pelo rosto dela, e não soube se era devido a dor ou pelo medo de ser dopada.

— Não vai precisar se defender… eu vou estar ao seu lado pra te proteger. — Ele limpou com o polegar a lágrima do rosto dela.

—Promete que vai ficar aqui?

— Prometo, não vou sair até que acorde. 

Anny balançou a cabeça, concordando em ser medicada. Law fez sinal para que Shachi trouxesse os itens. Law pegou a fina agulha, e tentou introduzi-la em uma das veias da mão da menina. Mas não conseguiu, pois percebeu que estava tremendo… Aquilo era inaceitável… conseguiu cuidar de todos, mas agora que ela precisa dele, não consegue fazer algo tão simples.

— Capitão, porquê não deixa que eu faça? Assim pode segurar a mão da Anny para ela ficar tranquila. — Shachi sugeriu, percebendo a dificuldade do Cirurgião.

— Faça. — Law não teve outra escolha a não ser ceder. Ele ficou ao lado dela, vendo pouco a pouco seus olhos fecharem até que caiu num “sono” induzido. Law deu um beijo na mão de sua menina e se afastou.

Ele precisava pensar e encontrar uma solução. Naquele ritmo, Anny acabaria sofrendo um abordo espontâneo.  A placenta descolou e o sangramento ainda continuava, porém, Law não sabia qual procedimento realizar diante daquela situação. Ele foi em direção da mesa pegar alguns livros que tinha separado porém acabou sentindo algumas pontadas na cabeça e derrubou os livros no chão.

— Capitão, você está bem? — Penguin questionou, a situação era tensa para todos.

— Porquê não nos deixa ajudar? Te acompanhamos por anos, se nos der instruções, não precisa fazer tudo sozinho. — Shachi não se lembrava da última vez que viu Law a ponto de entrar em colapso. 

— Não tem nada que possam fazer. — Law abriu um livro e começou a folhear, não queria ter que dar explicação sobre a gravidez de Anny, não antes de ter uma conversa com ela.

— Capitão, é demais pra carregar sozinho. Você está a dias sem descansar… e agora a sua garota, está passando mal e grávida… é muita pressão… quem está nessa maca é a mulher que você ama, ela não é apenas sua subordinada… Deixa a gente ajudar…? — Ikkaku imaginava que ter nas mãos a vida da pessoa que mais amava, era um fardo pesado para carregar.

— Como sabe que ela está… grávida? — Law estranhou, pois não comentou com ninguém.

— Eu sou mulher, esqueceu? Juntando os sintomas que ela apresentou e o fato dos dois idiotas ficarem dizendo que escutaram o coração da Anny bater na barriga dela… não foi muito difícil adivinhar. — A mecânica olhou para Penguin e Shachi que encolheram os ombros. 

— Tem razão, ela está grávida. — Law sentou em uma cadeira, suspirando fundo. — Toda a pressão da batalha, ter ficado prisioneira, teve consequências… ela teve um deslocamento da placenta, se não estabilizar… não posso deixar que o pior aconteça… Anny-ya ainda não sabe, ficaria arrasada. 

— A Anny é alguém importante para nós também… então vamos trabalhar juntos Capitão. — Shachi relembrou Law que todos ali se importavam com Anny, e que estavam dispostos a fazer o que fosse preciso para ajudá-la.

— Certo… Shachi, coloque a Anny-ya no oxigênio, o tranquilizante pode dificultar que ela respire sozinha. — Law continuou a folhear o livro, enquanto dava instruções. —  Penguin, coloque os monitores cardíacos… preciso saber como estão os batimentos dela. 

— E o que eu faço, Capitão? — Ikkaku indagou, queria ajudar, mas entendia bem pouco sobre cuidados médicos.

— Troque a roupa dela e limpe o sangue… vou precisar acompanhar o fluxo de sangue e ver se diminui. —  Law solicitou e ficou observando Ikkaku sair da enfermaria, ele deu um leve sorriso, no fim, acabou ficando por responsabilidade da morena, trocar e limpar a loira toda vez que esta ia parar na enfermaria. 

Law foi até o estoque de medicamentos pegando alguns itens e começou a preparar o medicamento descrito no livro, que por ironia comprou justamente para usar as informações no desenvolvimento  do remédio para prevenir uma grávidez.

O Cirurgião estava cansado, as últimas semanas foram desgastante. Os acontecimentos envolvendo Anny vieram como uma avalanche, e ele reprimiu o pensamento de que seria… Pai… Naquele momento era muita informação e ele já estava sendo: Capitão, médico e namorado… mais uma função em seus ombros e ele iria desabar

— Que gritaria é essa? — Law teve sua concentração atrapalhada por sons que pareciam vir do lado externo do submarino.

— Não faço ideia. — Shachi respondeu.

— Penguin e Ikkaku, vão ver o que está acontecendo. — Law voltou a concentrar-se no remédio que estava produzindo. — O tranquilizante que dei pra Anny-ya é leve, e não quero que ela acorde. 

Os dois Heart sairão apressados… eles sentiam como se estivessem vivendo em uma montanha russa… Quando tudo parecia estar normalizando, algo acontecia deixando tudo de ponta cabeça.

Law finalmente conseguiu finalizar o medicamento que serviria para baixar a pressão arterial de Anny, e também, para relaxar o útero, inibindo as contrações. Ele administrou  o remédio no soro com cautela, não poderia baixar a pressão dela muito, porque seria arriscado.

Suspirou aliviado ao perceber que o sangramento da loira cessou e as contrações também. Porém a placenta ainda continuou descolada, Law tinha esperanças que o processo de cura de Anny fosse reverter a situação, mas não foi o caso, ao que parece, uma peculiaridade da habilidade de regeneração da Inu Inu no mi, é que ela não interfere no que diz respeito ao que é natural do corpo humano. 

— Eu quero entrar… quero ver a minha irmã. — Aquela voz familiar fez Law bufar, já que ela sempre vinha acompanhada de confusão. — Me solta…

— Pare com essa gritaria, Mugiwara-ya. — Law falou entre os dentes. Quando abriu a porta, encontrou Penguin e Ikkaku agarrados no garoto de borracha tentando impedi-lo de andar. 

— Traol… o que tem de errado com a minha irmã? — O garoto falava com voz aflita.

— Ela passou mal, mas já estou cuidando dela. — Law não precisava nem perguntar como Luffy soube sobre a irmã… a conexão que os gêmeos carregavam era algo que admirou por um certo tempo, até o momento em que Anny desistiu de viver quando sentiu o irmão morrer… o fato de sentirem o que está acontecendo um com o outro, poderia se tornar um problema muito grande.

— Eu quero ver ela… por favor me deixa ver a Anny. — Luffy suplicou.

— Agora não é o momento, ainda estou realizando o tratamento e ela está desacordada. — Law podia ver a melancolia estampada na face do Luffy. 

— Por favor Traol… só quero ficar com a minha irmã… não vou atrapalhar. — Desde crianças, Luffy sempre ficava perto da irmã quando ela passava mal.

— Talvez se a Loira sentir o irmão por perto, isso ajude na recuperação dela. — Ikkaku reforçou o fato do Luffy sempre influenciar no temperamento da irmã.

— Tudo bem… mas não faça barulhinho Mugiwara-ya. — Law permitiu que o garoto entrasse na enfermaria.

Luffy entrou quietinho, aproximando-se da maca onde a irmã estava adormecida, com uma máscara de oxigênio no rosto. Por mais que fosse uma cena familiar, ver Anny naquela situação o fazia se sentir mal. Seu desejo sempre foi que Anny um dia se tornasse alguém saudável, e não vivesse sempre doente

— Traol…  a Anny está doente outra vez? — Luffy pegou com cuidado a mão da irmã.

— Não precisa se preocupar, sua irmã não corre risco de vida. — Law explicou, sabendo que o medo do garoto de borracha era a irmã ter adoecido a ponto de poder morrer. 

— Então o que aconteceu? Porque ela teve que ficar assim?

— Desde a batalha contra o Doflamingo, sua irmã vem passando por muitos períodos de tensão… conflitos tão decisivos é algo muito novo pra ela… Quando alguém passa por um período muito grande de estresse ou trauma, pensamos em algo emocional… mas no caso da Anny-ya o corpo dela também sofre, tem náuseas, fortes dores de cabeça, entre outros sintomas. Quando a mente sofre, o corpo sofre… É difícil desfazer esse dano porque uma ferida na alma não cicatriza tão rápido. 

— Humm… então ela vai melhorar quando acordar? — Luffy não entendeu praticamente nada da explicação do Law.

— Sim… ela vai… — Law suspirou, explicar coisas complexas para o Mugiwara era perda de tempo.

— Luffy… Luffy é você…? — Anny começou a resmungar.

— Oi Anny eu estou aqui. — Luffy apertou a mão dela entre as suas.

— Fiquei preocupada… — Anny tentava tirar a máscara do rosto.

— Eu tiro… não faça esforço. — Cuidadosamente, Law tirou a máscara.

— Luffy… pensei que tinha morrido… fiquei assustada. — Ela apertou os lábios, e fez esforço para levar a mão até o rosto do irmão fazendo um carinho.

— Desculpa Anny, eu não quis te assustar… — Luffy coçou a cabeça, triste por ter deixado a irmã preocupada.

— Tudo bem… fico feliz que está vivo… — A voz de Anny saia arrastada, ela ainda estava sonolenta.

— Anny-ya… como está se sentindo?  — Law ficou do outro lado da cama, conferindo o ritmo cardíaco dela.

— Cansada… e com um pouco de dor na barriga… mas não dói tanto quanto antes. — Anny piscava lentamente.

— Entendi… você vai precisar tomar outro soro para  hidratar e repor minerais. — Law trocou o saquinho de soro e colocou uma dose pequena do remédio que preparou.  — Agora precisa descansar.

— Meu irmão pode ficar comigo? —  Anny lançou um olhar manhoso para o Cirurgião.

— Na verdade, preciso conversar em particular com você, Anny-ya. — Law decidiu que não havia um momento ideal para contar para a loira sobre a gravidez, e que esperar muito, poderia deixar a situação ainda mais complicada. 

— Mas eu quero ficar com o meu irmão, seja o que for, não me importo que ele saiba. — Anny queria ficar perto do irmão até aquela sensação ruim de sentir ele morrer ir embora. 

— Seria melhor conversarmos a sós… — Law insistiu.

— Ei Anny, porquê não conversa com o Traol, enquanto eu vou lá fazer uma sopa pra você? — Luffy sugeriu, não queria que a irmã ficasse agitada.

— Você vai fazer sopa? — Anny sorriu.

— Sim, sim… bem gostosa… quando estiver pronta eu trago pra você.— Luffy deu um beijo na testa da irmã e saiu da enfermaria, ele ficou mais tranquilo depois de saber que ela estava fora de perigo.

— É tão ruim, o que tem para me dizer? Estou morrendo? — Anny falava com a voz fraca.

— Não, você não está morrendo. — Law sentou na beirada da maca ao lado dela. 

— Então o que tem de errado comigo? — Anny não conseguia acreditar que estava tudo bem.

— Você se lembra dos sintomas que vinha sentido? Náuseas, tontura, cólicas? 

— Sim… sempre me sinto assim quanto fico muito ansiosa… mas o que isso tem haver? 

— Na verdade, esses sintomas não são porque ficou ansiosa, são por outro motivo. — Law falava com cautela, não sabia ao certo como Anny reagiria a novidade. 

— Estou com alguma doença…? Eu estou morrendo, não estou? Pode falar… eu… eu… aguento a verdade. — Anny mantinha um semblante calmo, saber que ia morrer não era bem uma novidade para ela. 

— Não Anny-ya… você não está doente  e nem morrendo…

— Então eu estou …?

— Você está grávida…

— Ah.. eu não vou morrer, eu só estou grávida… QUEEE???

— Calma Anny-ya… não pode ficar nervosa… — Law ficou nervoso ao ver aquelas duas íris azuis arregaladas, encarando ele.

— Isso é loucura… é impossível… eu tomei o remédio certinho… que brincadeira é essa?

— Não estou brincando, aconteceu, Anny-ya… eu também fiquei surpreso.

— É… eu… eu… o que senti horas atrás é por causa da grravidez? É um sintoma também? — Anny começou a ficar nervosa e Law ficou preocupado que a frequência cardíaca dela aumentasse.

— Na verdade… devido a batalha e todo estresse que passou, você quase sofreu um aborto… você sabe o que é isso? — Law pegou a mão da Anny, era nítido que ela parecia perdida, não conseguindo absorver a informação.

— Sim… está dizendo que estou grávida mas que por pouco eu não estaria?

— Mais ou menos isso… eu sei que é confuso, mas por hora você realmente precisa descansar. — A poucas horas atrás ela passou mal, outra onda de estresse e realmente o pior poderia acontecer.

— Tem um bebê… tem um bebezinho crescendo dentro de mim…? — Anny levou a mão na cabeça, era estranho, parecia algo impossível, irreal.

— Na verdade… são dois… — Law prendeu a respiração

— Dois…? O que são dois…?

— São dois bebês…

— Como…? Eu não entendi…

— Você está grávida de gêmeos.

 


Notas Finais


Olá pessoal 💜💜
Estou bem cansadinha, então não consegui revisar com cuidado o capítulo, perdão por qualquer erro.

Mas agora vamos ao que interessa...

Anny está gravidinha de gêmeos!!!

Quais são suas apostas? Duas meninas? Dois meninos? Uma menina e um menino??


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