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História Tempestta - Morte


Escrita por: KrikaHaruno

Capítulo 14 - Morte


 

O dia surgiu frio. A noite tinha sido tranqüila menos para três personagens. Hely, Shaka e Dara, haviam sonhado a mesma coisa: um chão coberto de sangue.

Desde que recebera o aviso de Noah, Marius havia aumentado a segurança em torno do palácio e não era diferente naquele dia. Era a comemoração de uma data civil em Shermie e como já estava planejado há meses, a rainha mais a princesa de Alaron assistiriam a um desfile.

Por causa dos deveres, Célica dispensou rapidinho Deba, pois não queria ouvir comentários da rainha. Ele não se importou.

A dama real checava o esquema de segurança, quando sua mente voou para o dia anterior. Havia sido um dia perfeito. Não era dada a romantismo, mas Aldebaran tinha conseguido.

- "Hely estava certa." - pensou sorrindo. - "quem sabe sigo o comentário da rainha e um kalahasti surja..." - Ela balançou a cabeça. Já estava pensando besteira. - vá trabalhar Célica. - disse a si mesma rindo.

Beatrice que tinha ido cedo para o palácio, apenas cumprimentou Kamus de forma cortes. Havia aceitado o pedido de férias e em uma semana partiria para o interior. Miro achou o fato bastante estranho, mas resolveu não se meter.

Shaka não comentou com ninguém sobre o sonho. Deixaria para mais tarde. Assim como Hely.

Mesmo recebendo o convite, Shion não queria participar, todavia Dohko conseguiu convencê-lo quando soube que Alisha viria.

Para o fácil acesso da rainha, montaram uma grande estrutura em frente ao palácio e os preparativos seguiam a todo vapor.

 

 

O.o.O.o.O

 

Logo cedo, Haykan estava reunido com alguns de seus homens de confiança. A sala era pequena e dois dos participantes estavam presentes como hologramas.

- Diga tudo que sabe Jhapei. - pediu Haykan.

- Serioja entregou  Irian Basty. Ele conseguiu boas provas contra ele e com isso ganhou a confiança do príncipe.

- Eu vi as provas senhor. - disse o homem do holograma. - são incontestáveis.

- Então o Tempestta conta com mais conspiradores?

- Sim senhor.

- E quanto aos ataques?

- As investigações estão sendo alteradas. Jamais irão descobrir quem está por trás.

- Serioja  tem intenção de derrubar Marius primeiro.- disse Jhapei.

- Ótimo. Vamos deixar que eles lutem entre si e quando estiverem fracos, daremos o golpe final. E hoje? - Haykan olhou para o homem.

- Tudo corre como planejado. Assim como os de amanhã. Ao seu comando e tudo será feito.

- Não deixe o menor rastro. Intervenha se for o caso. Quero que pensem que foi obra deles próprios.

- Sim senhor.

- Levarão um golpe hoje e nem terão tempo de se recuperar.

- Será questão de tempo  GS em suas mãos senhor. - disse o homem.

Haykan sorriu.

 

 

O.o.O.o.O

 

Há muito tempo Iskendar estava acordado. Deitado na cama pensava no sonho tido com a mãe e depois com o pai. Cada vez que se lembrava da fisionomia dele ficava impressionado por não parecer praticamente em nada com a mãe. Aquilo o revoltou inúmeras vezes. Queria ser como a mãe e não ter apenas o sobrenome dela: Madden.

Pegou o pingente que carregava, ganho ainda na juventude. Como teria sido sua vida se ela não tivesse morrido? Estaria no seu planeta natal, vivendo tranquilamente? Ou sua vida seria feita de mentiras, como sempre foi? A mãe mentiu, o tio mentiu, tudo por ser parecido com o pai. Tudo por carregar aquele sangue.

O sinal de ligação interrompeu seus pensamentos.

- Iskendar. - abriu a tela sobre seu rosto.

Era Dara. O homem ficou por segundos em silêncio. Havia conhecido o pai de Iskendar e a cada dia ele se tornava ainda mais parecido. Por segundos pensou em se tratar dele e não do garoto.

- O que foi Dara?

- Pensei que estava diante de um fantasma. Pode não concordar, mas está a cara do seu pai.

- O que quer? - indagou seco. Odiava aquela comparação.

- Já está sabendo da ultima?

- Qual? - a voz saiu desanimada.

- Irian Basty foi preso por traição.

- Está de brincadeira.

- Não. Pode consultar os arquivos da policia. Basty foi preso e conduzido para Wan a mando de Eron. Serioja o entregou.

- Serioja?

- Aquele bastardo conseguiu o que queria. Arrumou um bode expiatório e de quebra a amizade de Eron.

- Só se ele for burro em acreditar nas boas intenções de Serioja.

- Serioja é o menor dos problemas. - a voz saiu séria e o jovem percebeu.

- O que houve?

- Sonhei novamente. Vai acontecer alguma coisa no palácio.

- Se matarem Eron estarão fazendo um favor. - disse despreocupado.

- Você não deseja a morte dele.

- Por que não? Muitas coisas poderiam ter sido diferentes.

- Sem ele, poderia ter tido o mesmo fim. Perdido em algum planeta atrasado.

- Que seja. O que quer?

- Fique de olho no palácio. Algo me diz que se essa morte acontecer vai virar tudo de cabeça para baixo.

Iskendar ficou surpreso com Dara. Dificilmente ele se mostrava preocupado com alguma coisa, ainda mais com alguém ligado aos Tempesttas.

- Pode deixar. Hoje terá um evento na cidade. A rainha irá participar. Vou ficar de olho.

- Se tiver informações me avise. Jhapei também estará na cidade.

- Pode deixar senhor Dara. Ficará bem informado.

- Me responda uma coisa.

- Diga.

- Se tiver que matar Eron com as próprias mãos o faria?

- Não faça perguntas que sabe a resposta. - a voz saiu enfezada. - Até logo.

Dara sorriu.

- Até.

 Iskendar levantou da cama mirando-se no espelho. Dara tinha toda razão.

- A cada dia pareço com aquele cara.

 

O.o.O.o.O

 

 

Shion estava refugiado em seu quarto desde que viu a nave de Alisha aterrissar. Dohko tentava convencê-lo a conversar com ela.

- Não teve medo de enfrentar Hades cara a cara, mas está com medo da princesa! - exclamou. - nunca pensei que Shion de Áries fosse um frouxo.

- Dohko! - ralhou.

- Hakurei ia te detonar se visse isso.

- Entenda uma coisa Dohko. Ela e eu estamos em patamares diferentes. Ela é uma princesa e eu?

- Ela ficou impressionada quando soube que ocupava um cargo importante ao lado de um elementar.

Shion o fitou ferino.

- Senhor bicentenário, - Dohko aproximou.

- Você também é. - devolveu.

- Que seja. - sentou ao lado dele. - pelo menos converse com ela. Peça desculpas se isso te incomoda tanto. Eu não me incomodaria. A Yuzi era bonita, mas ela...

- Modere as palavras. - a voz saiu fria.

- Ela é bonita mesmo!

- Sai daqui Dohko. Diga a rainha que estou indisposto e não poderei participar.

- Frouxo! - levantou.

- Dohko.

- Frouxo! O grande mestre não passa de um frouxo!

- Ao respeito!

- Frouxo!

Dohko estava prestes a chamá-lo novamente, quando ouviram batidas a porta. Ele disse um irritado "entre" e a cara foi ao chão ao ver quem era.

- Bom dia senhores.

- Senhorita Alisha. - Dohko fez uma longa mesura. - que surpresa.

- Atrapalho?

- De forma alguma. Shion, estava exatamente indo atrás da senhorita. - sorriu.

- Sério? - ela o fitou.

Shion queria matar o amigo.

- Sério. Eu vou deixá-los a sós. Muito gosto em vê-la novamente.

Na porta, Dohko fitou o ariano e mexendo os lábios, disse: frouxo.

O grande mestre queria voar no pescoço dele.

- A rainha disse que não desceu para o café. Está se sentido mal?

- Não. - ficou vermelho. - Estava apenas... - procurou por uma desculpa. - pensando no santuário. - nem a fitou.

Alisha percebeu o embaraço dele. De certo sua presença o atrapalhava e ele estava apenas sendo educado.

- Desculpe ter vindo. - levantou. - estou atrapalhando.

- De forma alguma. - segurou o braço dela. - nunca atrapalha. - soltou-o. - desculpe.

- Será que podemos conversar?

- Claro. É algo sobre nosso povo? - a fitou fixamente.

- Na verdade... - teve que desviar o olhar, senão perderia coragem. - é sobre nós.

- Nós? - gaguejou. - me desculpe alteza. Eu não tive a intenção de desrespeitá-la naquele dia. - disse tudo de uma vez.

- Eu sei Shion. - o fitou. - é que... desde aquele dia... eu não parei de pensar em você.

- Sério? - até sorriu.

- Sim. - segurou a saia do vestido. - e queria saber se aconteceu o mesmo com você. - o fitou.

O olhar do ariano foi para as iris claras e em seguida para a boca vermelha.

- Eu também. - murmurou. - mas não sei se devo.

- Por que?

- São inúmeros fatores. É uma princesa, talvez se case com Eron, nossos planetas são muito distantes.

- Eu não vou casar com o Eron. - disse. - é como um irmão para mim. Ele pensa a mesma coisa e até me encorajou a conversar com você.

- Conversou com Giovanni antes de vir? - indagou pasmo.

- Sim.

- "Italiano ordinário." - pensou. - "sabe-se lá o que disse para ela."

- O fato de eu ser princesa e de morarmos longe pode ser contornado. Eu só queria... passar mais tempo com você.

- Alisha...

Ela o fitou. Shion tocou no rosto dela delicadamente. A garota deixou-se levar pelo toque. A situação entre os dois, não seria facilmente resolvida, entretanto não queria pensar naquilo. Queria ser apenas uma garota normal de sua idade.

Sentiu os lábios de Shion junto aos seus. O beijo começou tímido e foi ganhando ardência.

Do lado de fora, dois pares de olhos tentavam olhar pela fechadura. Mu assistia a cena.

- Se o mestre perceber ele acaba com vocês.

- Cala a boca carneiro. - disse Mask. - ou ele vai acabar descobrindo.

- Finalmente Shion acordou para a vida. - disse Dohko. - agora vamos deixar os pombinhos.

- Não vamos ver a melhor parte? - Mask o fitou.

- Se não quiser virar pó de estrela, circula. - Dohko o empurrou. - já fizemos nossa parte. E você também Mu.

Dohko os enxotou do corredor.

 

O.o.O.o.O

 

Do alto de um prédio, tinha-se uma vista privilegiada do palácio. Usando óculos especiais conseguia ter uma visão precisa do palanque montado para a família real. Consultou as horas, vendo que faltava pouco para os Tempesttas aparecerem. Montou seu equipamento e aguardou.

Iskendar estava entre a população, vestido a paisana.  Olhou para trás. Havia um espaço de dois metros que separava o povo do palanque que se erguia a dois metros do solo.  Daquela posição poderia acompanhar qualquer evento que ocorresse.

Nos bastidores, Beatrice e Ren tomavam todas as medidas de segurança. Tendo duas casas reais todo cuidado era pouco. Kamus acompanhava com olhar o vai e vem da auxiliar. Ela ora alguma aproximou dele.

- O que você fez a ela?

- Não começa Miro.

- Há vinte e quatro horas estavam in love e agora mal se olham. Que asneira você disse a ela?

- Não aconteceu nada. – Kamus o fitou. – some daqui.

O grego deu nos ombros. Não queria se meter, mas aí tinha coisa e faria de tudo para descobrir.

Aioria olhava a movimentação fora do palácio.

- Está lotado de gente.

- É uma das datas importantes de Shermie. – disse Shura.

- Lembra muito as comemorações da Terra. – Saga aproximou da dupla.

- E o Mask?

- Já deve está chegando.

Cerca de quinze minutos depois Lirya, Mask e Alisha apareceram. Beatrice os conduziu até o palanque. Hely ficou do lado esquerdo e Célica do direito. O restante dos dourados ouviram a ovação pela família real.

- O morto de fome está importante mesmo. – brincou Dite.

- A rainha pediu que fossem para o palanque.  – disse Beatrice. – venham por favor.

Shion posicionou-se perto de Alisha, enquanto Deba perto de Célica. Iskendar aproveitou a deixa para observar mais uma vez os amigos do príncipe, agora, sob a luz do dia. Tirando os dois atlantiks, achou os outros normais, nada que demonstrassem que eles tivessem poderes.

A cerimônia começou. Shaka estava num canto, calado. Desde que pisara naquele tablado, estava com um pressentimento ruim.

Do prédio, o homem contava a quantidade de pessoas no palanque. Havia muitas e elas poderiam atrapalhar seu trabalho. A mira tinha que ser precisa.

Sempre que aproximava do palanque, as pessoas que compunham o cortejo, paravam e faziam uma reverencia. Mask estava achando aquilo chato demais.

- Isso é muito chato mãe. - disse baixo.

- Eron...

- Que tédio... - murmurou.

- Sempre tão paciente. - brincou Alisha.

- Sabe que não gosto dessas coisas. - sorriu.

O cortejo continuava. Shaka estava inquieto. A sensação que algo iria acontecer aumentava a cada segundo.

O homem pegou sua arma, tinha chegado o momento. Com a mira calibrada, viu seu alvo. Ele vestia uma roupa negra.

- Longa vida aos Tempesttas. - disse antes de atirar.

Célica estava atenta a tudo. Vez ou outra olhava para o desfile, mas algo chamou sua atenção: um brilho avermelhado na roupa da rainha. Ainda mais na altura do peito.

- "O que..." - os olhos arregalaram. - majestade!

Tudo foi muito rápido. O grito de Célica assustou a todos. Houve um barulho.

- O que houve? - Beatrice foi até o palanque.

- CÉLICA!!! - berrou Lirya.

Todos olharam para a rainha, ficando pasmos. Lirya segurava Célica ferida nos braços. A dama real tinha pulado na frente dela, levando um tiro.

- Célica! - Dohko a segurou, deitando-a no chão.

- Guardas! - gritou Beatrice.

Ren surgiu e vendo a situação ordenou que uma barreira fosse feita ao redor do palanque. Ao notarem a movimentação dos policiais o cortejo parou. As pessoas ficaram sem entender, inclusive Iskendar. Até que uma mulher olhou para o palanque, soltando um grito de terror.

- Cerquem a área! Tentaram matar a rainha! - Ren gritava a todos os policiais. - reforços! Uma ambulância!

- Célica! - Lirya ajoelhou ao lado dela.

- Cely! - Hely empurrou os cavaleiros, ficando paralisada ao ver a amiga ferida. - Cely. - ajoelhou ao lado dela.

A dama real estava com um grande ferimento no peito. O sangue manchava a túnica branca.

- Cely! - Deba pediu passagem. - Cely! Fala comigo!

Shaka estava paralisado. Era o sonho.

- O que aconteceu? - Marius havia chegado. - Célica?!!

- Uma ambulância! - pediu a rainha. - rápido!! - tentava conter as lagrimas.

- Cely. - Deba a chamou mais uma vez.

Ela abriu os olhos, fitando a rainha.

- A senhora... está bem...?

- Estou. - segurou a mão dela. - o socorro já vem. Não se esforce.

- Consegui cumprir... meu papel... - ela gemeu.

- Cely.

Ela olhou para Aldebaran. Sabia dos limites de sua raça. Uma regeneração seria  impossível e a cada segundo sentia as forças esvaírem.

- Obrigada por ontem... - murmurou.

- Não fale. O médico já vem. Tem que poupar sua energia. - tentava sorrir para mostrar que tudo ficaria bem.

- Minha regeneração não é capaz de curar esse ferimento. - aquela frase a fez buscar o ar.

- Célica, não fale. - pediu Lirya.

- Fique quieta Célica. - Mask não sabia o que fazer. - não se esforce.

- Eu não...

- Não desista da sua vida! - exclamou exaltado. Os olhos marejaram, aquela cena já lhe era conhecida. - eu mato quem fez isso.

Sem se preocupar com a barreira Mask saltou. Ficou entre o palanque e as pessoas. Olhavam para todos os lados a procura de suspeitos. Iskendar o fitou.

Ao longe, já podiam escutar o som da ambulância.

- O socorro já vem. - Deba tocou o rosto dela. - E quando melhorar faremos mais passeios.

Ela sorriu. 

Os dourados estavam em silencio. Alisha estava abraçada a Shion bastante assustada.

- Cely. - Hely a chamou. A garota queria acreditar que tudo ficaria bem, mas as visões dos Eijis dificilmente erravam. Era sobre a Célica e ela... - agüente firme.

- Você estava certa.. - a voz saiu num fiapo. - no final não consegui me manter indiferente... - voltou o olhar para Deba. - não vou esquecê-lo.

- Para de falar assim.

- Célica, eu ordeno, fique em silencio. - disse Lirya desesperada. - cadê os médicos?!

- Deba... - ela tocou o rosto dele, queria memorizá-lo antes de ir.. - obrigada por tudo...

Aos poucos os olhos foram fechando...

- Célica! Célica! - gritou a rainha.

- Cely... - Deba estava atônico. - Cely... acorda... Cely... - não acreditava.

Alisha começou a chorar, sendo amparada por Shion, assim como Beatrice que foi chorar nos braços de Kamus. Dohko acolheu a rainha que estava em choque.

- Cely! - berrou Hely. - Cely!

Mask acompanhava a cena incrédulo.

- Não...

- Célica!! Célica!! - Deba tentava conter as lagrimas. - Célica!

Ren conduziu os médicos até a dama real. Eles fizeram os primeiros socorros, mas infelizmente...

- Eu sinto muito majestade.

- Não!!! - Lirya desmanchou em lágrimas.

- Célica... - o brasileiro começou a chorar.

Hely estava paralisada, bem como as pessoas. Iskendar, lembrou-se imediatamente da visão de Dara. Ela tinha se cumprido.

- "Ele acertou..."

Giovanni via a cena, lembrando-se do que tinha acontecido com ele, há um ano. Olhou para Aldebaran, entendia perfeitamente o que ele sentia. O pai, Célica estavam mortos, assim como Helena. Estavam mortos por obra de alguém.

- Malditos... malditos... - a revolta crescia. Lembrou-se de Loki e Fafner. - Malditos. Malditos...

As pessoas começaram a sentir uma forte ventania, o chão começou a rachar. Estava tão cego de ódio que Mask não percebeu que elevava seu cosmo. A terra começou a tremer.

Iskendar o fitou completamente pasmo. O que era aquela áurea amarela que o circundava?

Os tremores aumentaram, fazendo as pessoas saírem correndo assustadas.

- Eu vou matá-los. - Mask levantava o braço direito. - Sekishiki...

Uma grande mancha negra surgiu no céu. Iskendar olhava assustadíssimo.

- "Que diabos ele está fazendo?"

- Alguém contenha-o! - exclamou Shion, fazendo uma barreira para proteger a todos. - ou ele vai matar todo mundo!

Afrodite deu um salto e lançou algumas rosas nele. Giovanni foi de joelhos, pois sentiu o corpo ficar dormente. O cosmo dele desapareceu na hora.

Iskendar assistia a tudo apreensivo, ainda mais quando viu Dite acertá-lo com quatro rosas, o que fez a energia amarela do príncipe cessar.

- "O que são vocês?"

Aproveitou o tumulto para ir embora. No palanque, recolheram o corpo de Célica levando-o para o palácio.

 

xxxxxx

 

O homem guardou a arma nervoso. A rainha estava na mira, contudo não imaginou que a dama real fosse entrar na frente. Pegou seu comunicador para avisar que o plano tinha falhado.

- Não se mexa.

O homem olhou para onde ouvira a voz.

- O próprio presidente veio me prender? Que honra.

- Ao contrário. - disse Rihen com o olhar frio.

- Posso entregar quem foi o mandante. - sorriu.

- Esse é o problema. Você não é confiável.

O assassino nem viu quando foi atingido com um tiro em cima de uma das suas marcas atlantik. Morreu na hora.

Rihen aproximou do corpo inerte, guardando a arma.

- Não fique triste. Cumprindo ou não seu objetivo iria morrer mesmo.

- Presidente Rihen.

Vários policiais apareceram.

- Levem o corpo.

- Sim senhor.

 

xxxxxx

 

 

No palácio estavam todos consternados. Lirya só acalmou a base de remédios, sendo ajudada por Alisha. Hely tinha se trancado no quarto e Mu tentava consolar Aldebaran. Com o poder de regeneração dos Tempesttas, Mask anulou o veneno das rosas e estava reunido com Marius e Ren. Não mediria esforços para encontrar o culpado.

Os demais cavaleiros estavam numa sala de estar.

- Não conseguimos nem perceber o tiro. - disse Shura. - e podemos ver na velocidade da luz.

- O tiro era para a senhora Lirya. - Afrodite estava preocupado. - alguém queria matá-la.

- Isso é muito sério. - comentou Saga. - se eles tivessem acertado o efeito dessa ação poderia ser catastrófica. Ela é a rainha da galáxia. Poderia culminar numa guerra. A primeira guerra, na Terra, começou assim.

- E aqui teria uma proporção muito maior. - observou Dohko. - quem será que foi o mandante?

- A policia vai descobrir. - disse Kamus.

Shaka não ouvia nada. Sentia-se culpado. Se tivesse alertado as autoridades sobre seu sonho, talvez Célica estivesse viva. O virginiano saiu, já com um local em mente.

- Shaka. - chamou Miro.

- Deixe-o. - disse Shion.  - ele precisa absorver o que aconteceu.

- Como assim? - indagou Aioria.

Shion contou a eles sobre o sonho do indiano.

- Ele pode fazer isso? - Kanon fitou o ariano. - prever o futuro?

- De certa maneira sim. Faz parte da "raça" dele.

- Mas Shaka poderia fazer pouco. - disse Saga. - não foi uma previsão precisa.

- Contudo a partir de agora, precisamos prestar mais atenção nelas. - Shion caminhou até a janela. - podem se tornar importantes.

 

 

O.o.O.o.O

 

Hely não queria ver ninguém. Sentia-se culpada. Havia visto um acontecimento como aquele e no entanto ficou em silencio.

- Vá embora. - disse contra o barulho insistente de batidas a porta.

- Senhorita Hely, preciso conversar.

A dama real estranhou ser Shaka. Abriu a porta.

- Podemos conversar?

Ela não estava a fim, todavia notou a expressão dele. Deu passagem indicando uma cadeira.

- Eu previ isso. - disse de uma vez. Rodeios não traria Célica de volta.

- Como assim?

- Tive sonhos e visões sobre isso. Mas nunca apareceu o rosto, ou quando isso ia acontecer. O senhor Noah disse que tenho essa faculdade, entretanto... - levantou. - eu não sei como funciona. Poderia ter evitado a morte dela...

- Eu também tive uma visão. - Hely contou a dela, era muito semelhante a de Shaka. - não se culpe. É novo aqui, não aprendeu a interpretar.

- Isso é normal?

- Na maioria dos casos sim. - soltou um suspiro desanimado. - e quase sempre não podem ser evitadas.

- Se não podem, porque a temos? - aquilo era ilógico.

- Eu disse quase sempre. Há eventos que precisam acontecer. A sua previsão confirma isso.

- Como assim? - voltou a sentar.

- Noah avisou a Marius. Você viu o chão do palácio. Se seguisse a regra, Célica teria que morrer aqui dentro, no entanto foi a relativa distancia. Ela tinha que morrer. Sonhou também que Eron estava em Ikari e ele foi até lá. Tudo se confirmou. Ele cercou o palácio de cuidados no entanto... eu vi a chegada de Eron.

Shaka lembrou-se das palavras de Urara. Ela previu a morte dos pais, mas não conseguiu evitá-la.

- O destino não pode ser mudado? - fitou a jovem dama.

- Creio que não.

 

 

 O.o.O.o.O

 

Iskendar voltou imediatamente para casa. Tentava encontrar uma explicação plausível para o evento de hoje. A tentativa de assassinato da rainha não era nada perto do que viu Eron fazer. Aquilo era inerente aos Tempesttas?

Procurou por seu comunicador.

- Dara.

- Dara... - deu uma pausa, tentando arrumar as melhores palavras.

- O que aconteceu? Está pálido.

- Seu sonho aconteceu. Tentaram matar a rainha.

-  O QUE?? - berrou. - a rainha?

- Sim. Foi no meio da apresentação. Ela só não morreu porque a dama real entrou na frente. Célica. A de Clamp.

Dara ficou em silencio. Como aquilo tinha acontecido? Noah dera o aviso a Ranpur. Era um morte que não poderia ser evitada?

- Se não fosse ela, a essa hora tinha estourado uma guerra. - Iskendar começou a andar de um lado para o outro.

- Eles previram uma morte. Realmente poderia ser de qualquer um. A policia?

- Tem um policial para cada metro quadrado. Shermie está citiada.

- Desconfia de alguém?

- Serioja. Ele teria o maior interesse na morte dela.

- Seria algo muito sério Iskendar. É um passo muito grande para alguém como ele.

- Acha que não foi ele?

- Tenho minhas dúvidas. Mas está pálido desse jeito não é por causa disso.

- O que sabe sobre os poderes dos Tempesttas? - o fitou.

- O mesmo que você. Tudo sobre eles, morreu com Soren ou está no palácio. Por que?

- Acha que lá consigo mais informações?

- Provavelmente. Por que Iskendar? O que mais aconteceu?

- O pirralho... - murmurou, pensando nas melhores palavras para descrever o que tinha acontecido. - ele ficou nervoso pelo acontecimento, aí surgiu uma espécie de aura amarela ao redor dele, o chão ao redor rachou e uma mancha negra apareceu no céu.

- Andou bebendo Iskendar? - riu.

- Veja isso. - mostrou uma foto do chão. Dara ficou surpreso.

- Como... ele fez isso?

- Não sei. E se não bastasse, um dos amigos dele, lançou contra ele quatro rosas. Eron parou na hora com essa aura.

- Rosas? - franziu o cenho.

- Sim rosas. Sei que parece fantasioso, mas eu vi. Dara, foi tudo muito estranho.

- Nunca vi Soren manifestar assim. E eu já convivi com ele. E você...?

- O mesmo dele. Bom, nunca testemunhei nada de diferente.

- Tente entrar no palácio e observe mais de perto Eron e os amigos dele. Me mantenha informado sobre as investigações. As peças do xadrez estão se movendo de forma estranha... - disse pensativo. - Quando a noticia se espalhar, poderá acontecer muita coisa.

- Pode deixar. Até mais.

Desligou, deixando o corpo cair sobre a cama.

- Que segredos esconde Eron?

 

 

O.o.O.o.O

 

Ren ditava as ordens para que o autor fosse preso. Marius e Mask em silencio apenas aguardavam. O chanceler estava abalado. Noah tinha alertado sobre uma morte, deveria ter triplicado a segurança.

- Senhor Marius. - Beatrice abriu a porta. - desculpe interromper, mas o presidente está aqui.

Rihen nem esperou ser anunciado corretamente, entrando.

- Alteza. - reverenciou Mask.

- Ren está tomando todas as medidas. - disse Marius.

- O assassino está morto.

- Como? - indagaram ao mesmo tempo o chanceler e o príncipe.

- Eu o matei.

 - Matou? - Giovanni aproximou. - como assim?

- O tiro partiu de um prédio próximo. Eu estava a paisana em outro prédio. Assim que eu vi o tiro, comecei a rastrear. Felizmente eu estava perto. Peguei o suspeito ainda com a arma em mãos preparando novamente a mira. Não tive opção.

- Não poderia ter o matado. - disse Marius. - como saberemos agora quem foi o mandante?

- Desculpe Marius, mas pensei na segurança da rainha. - olhou para Mask. - Nossa agencia de inteligência já esta agindo. Já identificamos o homem.

- Quem?

- Um pirata atlantik.

- Atlantik? - Marius arregalou os olhos.

- Sim. - respondeu friamente. - Vamos descobrir se ele agiu sozinho ou a mando de alguém. Não tem com que se preocupar, vou descobrir tudo. Assim como o atentado a Beatrice e as outras naves. Eu já tenho um suspeito.

- Quem? - indagou o canceriano.

- Irian. Foi preso e logo após a rainha sofre um atentado? Muita coincidência.

Marius e o cavaleiro trocaram olhares. Irian não era o responsável.

- Muitas pessoas desejavam a morte da rainha. - observou Marius. - Irian não pode ser o único suspeito.

- Não é o único, mas o mais plausível. Vou para sede acompanhar as investigações.

- Quero uma investigação minuciosa.  - disse Mask. - e quando achar o culpado, não o mate. Eu o quero vivo, entendeu presidente?

- Sim alteza.

Rihen os deixou.

- Senhor Marius.

- Sim?

- Desconfio de Serioja.

- Tenho minhas dúvidas se ele chegaria a tanto, mas é um suspeito.

- Convença Rihen a não investigar Irian, senão nosso plano irá fracassar.

- Tomarei todas as providencias alteza.

 

O.o.O.o.O

 

A noticia do atentado espalhou rapidamente. Serioja em Eike ficou surpreso. Quem fosse o mandante teria feito um favor a ele.

- O senhor acha que foi Irian? - indagou Iesa.

- Provavelmente. Nenhum dos nossos apoiadores sugeriu um ato como esse. Cancele meus compromissos de amanha. Farei uma visita de condolência a vossa alteza.

- Sim senhor.

Iesa saiu deixando o só.

- Uma pena o tiro ter pego em outra pessoa. Uma grande pena.

Em S1, Haykan tinha recebido a noticia do atentado. Lamentou o fato de Lirya não ter sido morta. Não dando importância a esse acontecimento, deu ordens para que os planos continuassem.

Noah e Urara ao saberem do fato lamentaram. Mesmo com todo o aviso, o destino da dama real já estava traçado.

Niive ficou chocada quando soube.

 

 

O.o.O.o.O

 

Shaka estava numa das varandas nervoso. Do que adiantava ter aquele dom se não poderia salvar ou evitar tragédias? Era ilógico. Mask que voltava de uma reunião com Ren o viu.

- É melhor ficar dentro do palácio Shaka. - disse com a voz séria.

- Não se preocupe eu não previ minha morte. - respondeu áspero.

- Do que está falando?

- Meu cosmo é ligado a esses Eijis. - o fitou. - eu posso ter visões e tive sobre esse acontecimento.

- Como assim?

- No meu sonho eu vi o chão do palácio manchado de sangue. Eu vi o céu manchado de sangue. Eu previ a morte da Célica.

- Shaka, explique-se melhor. - o canceriano segurou o braço dele.

- Eu vi o chão manchado. A principio não sabia que era aqui, até notar os desenhos do piso. Noah disse que nossas visões não são precisas e que as vezes não sabemos, onde, quando ou o que irá acontecer. Eu sonhei com você em Ikari. Eu sonhei com o meu encontro com a Urara.

O italiano o soltou. Estava pasmo com a revelação.

- Sonhou mais alguma coisa?

- Não. - afastou. - não tive mais visões.

- Shaka, - segurou-o novamente. - a partir de hoje tem que me contar tudo que sonhar ou ver.

- Não adianta. Noah, Hely e Urara disseram que não podemos alterar o futuro.

- Não me importo com o que eles dizem. - a voz saiu seca. - sabe que eu confio em você e o que me disser eu vou acreditar. Se as visões existem servem para o propósito de alterar o futuro. E eu farei isso.

O indiano o fitou surpreso.

- Nós, cavaleiros de Atena, sempre fizemos o nosso destino, não será diferente aqui.

 

O.o.O.o.O

 

Lirya tinha decidido levar Célica o quanto antes para seu planeta natal. Logo após o ocorrido os pais dela foram avisados. Alisha estava num jardim interno. Shion estava ao seu lado.

- Eu queria ir a Clamp, mas preciso voltar para Alaron.

- Eu vou com você. - disse Shion. - ficarei mais tranqüilo se a acompanhar. Primeiro os acidentes e agora isso. Tudo pode acontecer.

A princesa o abraçou.

- Também me sentirei mais segura se for comigo. Vou apenas pedir aos conselheiros reais para emitirem uma nota sobre a morte dela. Depois podemos ir.

- Posso levar mais alguém?

- Mu? Claro.

- Não. Mu é muito amigo de Aldebaran. Vai precisar de um ombro.

 - Entendo. - murmurou triste por Célica e Aldebaran. - levará quem?

- Dohko.

E com esse plano em mente, Shion, Dohko e Alisha partiram para Alaron. A bordo da Euroxx, Lirya e os demais partiram para Clamp.

Iskendar soube da partida do príncipe. Com o palácio vazio era uma boa ocasião para levantar dados sobre os Tempesttas.

 

O.o.O.o.O

 

Niniveh estava em luto por causa de sua filha famosa. O cortejo fúnebre seguia pelas ruas da cidade em direção ao cemitério. Os pais de Célica seguiam na frente. Depois Lirya e Mask que a amparava. Deba estava mais atrás junto com Hely e os demais cavaleiros por ultimo. Niive e Beatrice estavam com outros policiais.

Seguindo a tradição, o corpo da dama real seria cremado. No espaço onde ocorria a queima só estavam os mais próximos. Niive entrou, deixando os policiais na porta.

Com uma rosa na mão, Deba aproximou do caixão. O rosto estava sem expressão. Deveria está acostumado a morte, mas não daquela forma.

- Adeus... - depositou a flor.

Um a um foi depositando uma flor sobre o caixão. Quando voltou para seu lugar, Hely parou ao lado de Shaka. Os dois trocaram olhares.

- Célica! - gritou Enya que chorava desesperada nos braços de Kaleb. - minha filha...

Lirya aproximou abraçando-a. Entendia perfeitamente os sentimentos Enya, que perdia um filho pela segunda vez.

Kaleb tentava se manter firme, pela esposa, mas também não agüentou. Chorou copiosamente. Beatrice num canto, lembrava do enterro de sua família. Cobriu o rosto. As lagrimas vieram quando foi envolvida por Kamus.

Niive mantinha-se firme. Kanon a fitava. Giovanni trazia os olhos fixos no caixão. Lembrou-se de Helena.

A hora do ultimo adeus havia chegado quando começaram a descer o caixão. Aldebaran afastou-se pois não queria ver. Enya e Kaleb choravam abraçados.  A portinhola fechou-se completamente o que aumentou o desespero dos pais da dama. Niive saiu do recinto. Kanon foi atrás dela.

A diretora passou pelos policiais, indo para um jardim.

- Niive.

Ela ergueu o rosto.

- O que foi? - tentou controlar a voz e enxugar as lagrimas.

Kanon a envolveu.

- Chorar faz bem. - disse suavemente.

- Eu...- os olhos castanhos marejaram. - a Célica...

- Eu sei...- acariciava os cabelos negros. - eu sei.

Niive ainda tentou, mas não segurou o pranto.

Dentro da sala Mask olhava para os pais da garota. Cerrou o punho, quem fosse o culpado pagaria. A passos precisos foi até eles.

- Senhor Kaleb e senhora Enya. Em nome da casa Tempestta meus pêsames e meu muito obrigado. Célica salvou a minha mãe. E... - ele ajoelhou diante deles. - eu, Giovanni, prometo que o culpado será punido com todo rigor da lei. - os fitou. - eu juro.

- Obrigado. - Kaleb agradeceu.

 

O.o.O.o.O

 

Iskendar havia suposto que a segurança do palácio iria aumentar, mas não imaginou que tivesse sido tanto. Por pouco ele não foi descoberto. Poderia entrar como policial, mas o que o superintendente da área quinze estaria fazendo lá? Usando sua habilidade, descobriu onde ficava a biblioteca principal e depois alterou a memória de uma serviçal que tinha lhe passado a informação. Agindo com cautela adentrou no recinto.

Não sabia exatamente o que estava procurando então todo minuto era precioso.

Acessando o computador, buscou por livros que fosse a época dos primeiros Tempesttas. Havia apenas um em formato de papel e originário de Ikari. Usando o teletransporte pegou o livro e foi para o local onde tinha entrado. Esperou uma chance e saiu.

Já no seu apartamento, afrouxou as roupas e sentou a mesa.

- Vamos ver se será util. - disse olhando a capa negra.

O policial começou a folhear o livro, mesmo estando numa língua antiga, conseguia ler. Já nas primeiras paginas teve a sensação de já ter visto aquele livro.

Ajeitou-se na cadeira e quando mudou de pagina deu um grande sorriso. Era um capitulo que tratava dos poderes dos Tempesttas. Começou a ler velozmente, passando por todos os membros da família e não encontrando nada que se referisse a mancha negra feita por Eron.

- Rainha Bruni... - leu em voz alta. - era a mãe de Soren... tinha o dom da cura... rei Soren... projeção do corpo... - franziu o cenho. Fora as habilidades inerentes a todos, não havia nada em especial. - que droga, isso eu já sei... Soren havia dito que Eron tinha habilidades ocultas, que nem ele mesmo sabia... será que a mancha tem a ver com isso?

Relaxou o corpo na cadeira. Teria que pesquisar mais.

 

 

O.o.O.o.O

 

 

Marius estava trancado em seu escritório. Tinha cancelado todos os seus compromissos e seu único objetivo seria encontrar o culpado pelo o atentado contra a rainha.

Noah havia lhe alertado sobre isso e mesmo com toda a segurança que impôs ao palácio, o autor tinha conseguido. Aquilo mostrava claramente a vulnerabilidade do palácio real. Diante disso e dos atentados contra Beatrice, a rainha e Eron deveriam permanecer estritamente dentro do palácio. Viagens seriam canceladas.

Um bipe em sua mesa chamou sua atenção.

- Não disse que não quero ser incomodado?

- Desculpe chanceler, mas o senhor Craig deseja vê-lo.

Ele franziu o cenho. O que Craig queria? Pediu para que ele entrasse e depois dos cumprimentos o diretor do Cepha sentou.

- Desculpe interrompê-lo num momento como esse. - disse o diretor. - mas é que trago algumas noticias.

- Espero que sejam boas.

- Lembra que fizemos um exame de Dna no Saga?

- Perfeitamente.

- Deu o que eu achei que daria. Provavelmente ele e os outros amigos do príncipe tem uma porcentagem de Dna diferente do nosso.  Stiepan nos enviou o resultado da amostra do Aioria. O dele é ainda mais surpreendente pois não existe o tipo sanguíneo dele em nossa galáxia.

- Não existe? - indagou surpreso.

- Isso mesmo. Independente da raça, as pessoas da nossa galáxia tem os sangue A, B, e AB. Pelas nossas analises ele tem anticorpos A e B, portanto não pode receber doação de sangue de um dos nossos. Nossos geneticistas ficaram surpresos e estão disputando uma amostra do sangue dele a tapa. - riu.

- Abre um vasto campo de estudos.

- Sim. Também começamos investigar o fato do príncipe conseguir respirar no espaço. O médico da Euroxx está nos ajudando.

- Quando o vi do lado de fora da nave eu fiquei pasmo. Acho que nem Soren fazia isso.

- Estamos nas preliminares, mas parece que o corpo do príncipe consegue sintetizar energia na falta do oxigênio, como algumas bactérias. Ainda estamos investigando como isso é feito e se ele pode ficar muito tempo exposto a condições sem oxigênio e se isso pode afeta-lo de alguma forma.

- Isso pode ser uma habilidade inerente aos Tempesttas. Provavelmente os elementares puros podiam fazer isso.

- É o que vamos estudar. Voltando ao Saga, os dados que coletamos sobre o "golpe" "outra dimensão" nos mostraram que ele abre uma espécie de hadren que leva algo ou alguém para uma outra galáxia ou até um buraco negro.

- Como assim?

- Ele diz o nome do "golpe", um hadren se abre. Esse hadren liga o lado dele a entrada de um buraco negro ou galáxia. Como a gravidade é altíssima o "algo" é puxado.

- Consegue determinar para onde exatamente?

- Não. O algo pode ser jogado para por exemplo VL, S1, ou as outras galáxias que compõe o universo.

- Que algo estranho.

- Mais estranho ainda foi o que ele me disse. Ele pode usar isso em si mesmo, mas de alguma forma Saga não fica "vagando" sem rumo. Quando usado em si mesmo funciona como o teletransporte dos atlantiks.

- Muitas informações a serem estudadas.

- Temos material para anos de pesquisa. - sorriu.

 

 

O.o.O.o.O

 

Após a cremação, Giovanni tinha decidido permanecer em Clamp naquele dia. A comitiva ficaria em Bright.

- Sente-se melhor? - indagou Kanon brincando com os cabelos da diretora.

- Sim. Obrigada.

- Vai voltar ao trabalho?

Ela não respondeu de imediato, olhando para a urna que Enya segurava.

- Quer que eu te leve para a casa do seus avós?

- Sim...

- Vou avisar meu irmão e nós vamos.

Saga não achou muita graça, mas acatou. Aquele não era o momento para discussões.

O marina assumiu o controle da nave de Niive, o que o deixou bastante surpreso. Uma hora depois estavam pousando. O trajeto foi feito em silencio. Kanon não se atreveu a dizer nada.

- Vó!!! A tia Niive voltou! - gritou Estelli.

A pequena correu até a tia abraçando-a. Kanon parou sorrindo. Os avós saíram da casa. Ethel aproximou de Kanon.

- Desculpe vir sem avisar. - disse o marina sem jeito. - Mas ela ficou abalada pela morte da Célica.

- Eu fiquei sabendo. Uma vida tão jovem...

- Sim. - Kanon olhava a diretora brincar com a sobrinha. Aquele contato a faria bem.

Ethel fitou o grego. Ele não estava enganado, Kanon gostava da neta.

- Vamos entrar.

 

O.o.O.o.O

 

O presidente de Clamp arrumou um hotel para todos. Miro aproveitou a deixa para aproximar de Beatrice. Queria descobrir o que tinha acontecido entre ela e o amigo. Encontrou a auxiliar sentada numa das varandas. Ela parecia concentrada em algo.

- Atrapalho? - chegou com um sorriso lavado.

- Não Miro. Só colocando o trabalho em dia. Senta.

- Sua rotina deve ser bem estressante.

- Um pouco. - sorriu.

- Ainda mais depois disso tudo. Foi um fato grave.

- Foi um assassinato. Isso pode trazer muitas conseqüências.

- Kamus acha que não será o ultimo. - disse apenas para ver a reação dela e entrar no assunto.

- Cada um tem a sua opinião.

O escorpião notou o tom de voz. Ela estava com raiva dele.

- Verdade. Mudando de assunto o que faz nas horas vagas? Estou perguntando pois não vi comentários sobre o que os jovens fazem aqui para se divertir.

Ela riu.

- Temos lugares para dançar, teatro, shows, cinemas, talvez não seja tão diferente do que em VL.

- E do que você gosta?

- Gosto de dançar, apesar de não ser muito boa.

- Eu também gosto, pode me convidar. - disse empolgado. - Claro se não tiver namorado. - deu um grande sorriso.

Beatrice o fitou. Miro deveria ser igual a Kamus. Mas se Kamus brincou com ela, porque não dar o troco a altura.

- É uma boa ideia. Vou providenciar.

- Ótimo.

Os dois nem imaginavam que um par de olhos azuis os fitavam com odio. Sabia que o escorpião não valia nada, mas Beatrice já estava trocando-o? Estava prestes a entrar na conversa quando foi puxado.

- Nem pense em fazer espetáculo.

- Não sei do que está falando Gustavv. - virou a cara.

- Está morrendo de ciúme e quer trazer problemas para a senhora Lirya.

- Não estou com ciúmes.

- Está. E por burrice sua! Se diz que não quer se envolver com ela porque ficará pouco tempo deixa-a em paz.

- Mas o Miro...

- O Miro é o santo da história. Ela está com raiva é de você.

- De mim? Eu não fiz nada.

- Fez e vou torcer para que ela conheça um cara legal. - saiu de perto dele indo na direção dos dois. - desculpe interromper, mas Miro posso falar com você um minuto.

- Não posso ficar conversando com uma mulher bonita que vem cortar o meu barato. - levantou.

- Obrigada pelo mulher bonita. - Bia sorriu.

- Nosso convite está de pé.

Afrodite praticamente o arrastou dali. Ao passar por Kamus recebeu um olhar congelante. O aquariano saiu pisando duro.

- O que deu nele?

- Está com ciúme.

- Eu não fiz nada! - exclamou.

- Sei disso, dessa vez você é inocente. Escuta, não se mete com ela.

- Mas eu não ia fazer nada. - defendeu-se. - juro. Só queria descobrir porque os dois estão brigados.

- O motivo é simples. Kamus acha que todo mundo pensa como ele. Que situações não precisam ser explicadas. Acha que todo mundo tem uma bola de cristal.

- A parte da explicação é verdade. - disse Miro pensativo. - mas o que tem a ver com os dois?

- Kamus não quer se envolver porque vai embora e se afastou dela. Só que ele não disse isso a ela. A Beatrice está achando que ele a dispensou. Que queria apenas uma noite.

- Ah... vou lá falar para ela.

- Não vai não. - o pisciano o segurou. - Kamus tem que aprender a conversar com os outros e não apenas deduzir o que os outros pensam.

- Mas...

- Se eu sentir que está se metendo nisso, eu corto seu pinto.

Miro levou a mão ao seu membro.

- Prometo que fico quieto.

- Bom mesmo.

 

O.o.O.o.O

 

 

Aldebaran estava sentado na varanda do seu quarto. Trazia o olhar vago, perdido num canto. Shaka chegou na porta. Estava constrangido.

- Aldebaran.

O taurino o fitou.

- Me perdoe. - disse. - Eu poderia ter evitado.

- Não poderia Shaka. - a voz saiu triste. - a Hely me contou sobre os avisos. Sobre sua visão.

- Mesmo assim. - aproximou. - talvez eu pudesse ter feito a diferença.

- Não se culpe. A Célica morreu cumprindo seu dever. Como nós morremos para salvar Atena. Está tudo bem.

Shaka não sabia o que dizer. Mesmo com as palavras de Deba sentia um peso no coração.

- Eu consegui!

A voz de Aioria chamou a atenção dos dois.

- Eu consegui. - o leonino apareceu na porta. - já consigo controlar os raios sem precisar da luva.

- Tem certeza? - brincou Deba.

- Claro. Olhe.

Ele tirou as luvas, nenhum raio apareceu. Depois ele pensou neles, fazendo algumas descargas elétricas saltarem de uma mão para outra.

- Posso parar quando quiser e sem ajuda do cosmo.

- Nossos poderes ficaram estranhos aqui. - comentou Shaka. - posso prever o futuro, você faz raios...

- Eu posso me curar. - completou o brasileiro. - quando voltarmos isso vai permanecer?

- Creio que não. Só estamos com isso por estarmos aqui.

- E os demais? - indagou Aioria. - não terão algo em especial? Nem mesmo Shion e Mu?

- Os dois conseguem fabricar o Oricalco. - disse Shaka. - já é um feito. Quanto aos demais, talvez precise de um estopim ou algo do tipo. Só o tempo poderá dizer.

 

O.o.O.o.O

 

Noah estava diante da Enraiha. A noticia da morte da dama real o deixou preocupado. Foi um fato que ocorreu no seio do governo da galáxia. O evento poderia ser o estopim para muitos acontecimentos.

 

O.o.O.o.O

 

 

Dohko ficou de boca aberta quando chegou a Alaron. Com os olhos grudados na janela da nave, olhava atentamente cada detalhe da capital. Com o palácio não foi diferente.

- Isso daqui é fantástico! - exclamou.

- Que bom que gostou. - Alisha sorriu. - Rana, mostre para o Dohko o palácio.

A dama real sorriu, achando curioso o amigo de Shion. Dohko a fitou.

- Devo ser o anão daqui.  - riu. - Todo mundo é alto!

- Venha Dohko vou te mostrar tudo.

Shion os viu afastar.

- Tenho até medo do que ele possa falar. - murmurou.

- Estava pensando... não é um bom momento devido o que aconteceu, mas...

- Mas...

- Queria ir a Sora com você.

- Eu gostei da ideia. - sorriu.

Rana e Dohko também gostaram ao ouvir a decisão de Alisha de viajar. Enquanto estavam as sós, conversaram sobre os respectivos amigos, fazendo um acordo para tentarem unir de forma definitiva Shion e Alisha.

O transporte foi providenciado para eles e no cair da tarde chegaram a Sora. Dohko e Shion gostaram da pequena cidade em meio a montanhas. Era um lugar pitoresco e aconchegante, mas a hospedagem não seria na cidade e sim num castelo que ficava no alto de uma montanha.

- Esse lugar pertence há séculos a minha família.

- Tem uma paisagem de tirar o folego. - disse Dohko. - parece com o lugar onde nasci.

O palácio era simples e construído no platô da montanha. Era inteiramente rodeado por jardins e conferia uma vista de trezentos e sessenta graus das planícies abaixo. Ao longe podia-se se ver a cidade de Sora e um rio que passava perto. Foram acomodados em seus respectivos quartos e após um breve descanso foram para um dos jardins.

- Vinha muito aqui? - indagou Shion fitando a princesa.

- Na minha infância raramente. Papai sempre me levava para passear, mas quando pedia para vir aqui sempre desconversava. - sorriu. - quando ele morreu ainda fiquei temerosa de vir, mas nos últimos anos venho as vezes. Inclusive foi aqui que descobri pistas sobre o paradeiro de Eron.

- As vezes ele achava aqui perigoso para você. - comentou Dohko. - crianças adoram correr e num penhasco...

- Pode ser. Não tinha pensado nisso.

- Dohko não quer conhecer o palácio? - indagou Rana. - Acho que vai gostar.

- Claro. - respondeu de prontidão, já compreendendo as razões de Rana.

Shion e Alisha que não entenderam.

- Fala para a Rana abrir os olhos. Dohko faz aquela cara de santo, mas não sei não...

- Acha que estão interessados um no outro?

- Pode ser.

Alisha olhou para os dois que já estavam a certa distancia. Ficou feliz por Rana. Dohko era uma boa pessoa, talvez pudesse fazê-la feliz. Ela fitou Shion. O cavaleiro olhava para a paisagem.

- Gostaria de conhecer a biblioteca do meu pai? Pode achar algo interessante sobre os atlantiks de VL19.

- Adoraria.

A biblioteca de Samir era tão grandiosa quanto a biblioteca existente no santuário. Shion, pensou em Sage na hora. Ele ficaria encantado.

Alisha mostrou as várias anotações que o pai tinha, inclusive os instrumentos de astronomia que ele tinha.

- Seu pai deveria ser muito culto.

- Ainda não conheci alguém como ele. Meu pai tinha resposta para tudo. - sorriu.

O grande mestre caminhou até uma escrivaninha. Cedendo a curiosidade abriu uma gaveta, vendo um livro preto com o entalhe de uma estrela de quatro pontas em dourado.

- Esse livro não é sobre os Tempesttas? - pegou o objeto.

Alisha aproximou.

- Verdade... - murmurou. - eu achava que era único... será que o tio Soren o deu?

Shion abriu.

- É uma reprodução. Veja. - viram a dedicatória que Soren havia feito ao amigo. Nela explicava que era uma reprodução fiel do original. - como os dois eram amigos e seu pai um grande estudioso o rei Soren quis presenteá-lo.

- Plausível. Venho tão raramente que nunca vi esse livro. - saiu de perto.

O lemuriano passou a folheá-lo e numa pagina achou uma foto. O homem da foto identificou na hora. Tinha cabelos lilases e olhos azulados. As duas marcas na testa eram arroxeadas.

- "Deve ser o Samir, mas... " - olhou o garoto da foto. Deveria ter uns dez anos. Cabelos brancos e olhos azuis. Não tinha as marcas e o achou bem parecido com Mask. - quem é esse menino?

Alisha o fitou.

- Meu pai e... - pegou a foto. - eu não sei. - estranhou. - que menino é esse? - perguntava a si mesmo.

- Não o acha parecido com o Eron?

- Parece... mas... parece muito mais com o Soren. - virou a foto. Não tinha nomes e nem data. - que estranho... eu saberia se meu pai tivesse adotado alguém. Mais estranho é achar essa foto aqui.

- Não pode ser o filho de algum serviçal?

- Ele não é atlantik. Vou perguntar aos conselheiros, talvez eles saibam de quem se trata. - guardou a foto.

 

O.o.O.o.O

 

Beatrice tinha terminado suas obrigações e agora caminhava por um parque em frente ao hotel. A noite estava estrelada e convidativa a um passeio.

Andava sem rumo, apenas pensando em sua vida. A morte dos pais, seu emprego no governo de Ranpur, o dia que conheceu Kamus e o acidente. Os últimos dias estavam bem movimentados.

Estava tão distraída que não notou que Kamus também estava ali, mas sentado num banco, olhando a paisagem. Queria distancia de Miro, que a todo momento o olhava com reprovação.

- "Como eu queria estar em Aquário agora." - pensou.

Preparava-se para ir a algum lugar mais fresco, já que estava com muito calor, quando os olhos bateram em Beatrice. A jovem ainda não o tinha visto.

Sentia falta das conversas, mas não poderia ceder. Em breve voltaria para a Terra e seria muito pior se continuassem a se ver.

Bia sentiu-se observada. Ergueu os olhos, deparando-se com o aquariano. Ficaram por segundos se encarando. Tentando não transparecer a surpresa por vê-lo, voltou a andar normalmente e passaria direto se ele não tivesse chamado.

Ela apenas virou o rosto.

- Tudo bem andar sozinha por aí?

- Sei me cuidar. - disse seca. - não tem porque se preocupar.

- Do jeito que as coisas estão pode acontecer alguma coisa. Primeiro foi a Célica...

- Era só isso que tinha a dizer?

Ele levantou, caminhando ate ela. Os músculos de Beatrice tencionaram.

- Eu me preocupo com você. - parou bem rente a ela.

- Será mesmo? - a voz saiu irônica.

- Preocupo. - fitou os olhos castanhos.

Os rostos estavam bem próximos, a ponto de sentirem as respirações. Kamus abaixou o olhar mirando nos lábios, Bia acompanhou o olhar.

- Eu preciso ir... - murmurou.

Kamus não escutou, passando a mão pelo rosto dela, até chegar a nuca.

- Eu gosto de você.

- Não diga mentiras. - tentou afastar, mas o outro braço a segurava pela cintura.

- Não estou mentindo... - aproximou ainda mais do rosto dela. Queria muito beijá-la.

- Fique longe de mim. - reunindo forças, o empurrou. - fique longe de mim.

Saiu correndo.

O cavaleiro fitou o caminho que ela passou.

- Espero que entenda um dia... - murmurou soltando um suspiro.

De repente Kamus sentiu a temperatura diminuir drasticamente, estranhou, pois não usava seu cosmo. Surpreendendo-o mais, sentiu algo gelado no rosto. Olhou para o alto, ficando surpreso. Ainda não acreditando no que acontecia, abriu a palma das mãos.

- Neve...?

Quando se deu conta, estava nevando...

As pessoas que estavam no parque olhavam assustadas para o céu, nunca havia nevado em Clamp. Para se protegerem do frio, pois não estavam acostumadas a aquela temperatura, correram. No hotel, que não era muito distante dali, Shaka, Aioria e Deba viam o fenômeno.

- Não estava muito quente para nevar? - comentou o leonino.

- Aqui nunca nevou. - disse Deba. - da onde vem isso?

- Que porra é essa? - Mask chegou na porta. - da onde veio esse frio?

- Até parece que estamos em Aquário... - murmurou  Shaka.

- O que deu naquele idiota? - reclamou Miro aparecendo na porta. - está com raiva de si mesmo e desconta na gente? Que porra!

- É o Kamus? - indagou Deba olhando para ele.

- Só pode!

No parque, Kamus olhava a neve. Devido a temperatura a fonte que tinha perto havia congelado. Ele estava intrigado com o fenômeno. Não usava seu cosmo tampouco sabia que as condições climáticas de Clamp não permitiam neve. Bia também olhava surpresa para o céu.

- "Kamus?"

A garota voltou, ficando admirada por ver o francês no meio da neve. Seria ele mesmo o causador?

- Kamus.

Ele a fitou.

- É você que está fazendo isso?

- Não... acho que não... eu não sinto minha energia...

Ela deu um passo, mas parou ao sentir uma queda maior na temperatura. Olhou para o chão ao redor do cavaleiro, vendo que tinha congelado.

- Vá para o hotel. - disse ele, com receio do que poderia acontecer. - chame Saga ou Shaka por favor.

Ela concordou.

No hotel, os dourados reuniram-se na varanda.

- É o Kamus, apesar de não sentir o cosmo dele. - disse Saga.

- E onde ele está? - indagou Shura.

- Disse que estava com calor e foi para o parque. - respondeu Miro. - alguém pode fazer ele parar? Estou congelando.

- Não só você. As pessoas daqui não estão acostumadas a isso.

- Vamos até ele. - disse Mask. - consegue nos levar Mu?

- Sim.

Deram as mãos e Mu os teletransportou.

O chão ao redor de Kamus continuava a congelar, deixando-o temeroso.

- Kamus! - Miro teve que equilibrar para não cair. - que porra é essa?

- Eu não sei... - murmurou. - Saga. - o fitou.

- Não está usando seu cosmo?

- Não.

- De certo é o mesmo efeito que Aioria está tendo. - disse Dite. - seu corpo está reagindo a atmosfera daqui.

- Mas já tem alguns dias que estamos aqui. - falou Shura.

- Talvez agora o efeito tenha surgido.

Interrompendo-os a neve parou de cair. A temperatura voltou a subir.

- Acabou? - Deba olhou para o céu.

- Precisamos ficar atentos a isso. - disse Shaka aproximando do francês. - realmente pode ser efeito de GS.

O aquariano concordou.

- Vou relatar isso ao Skip. - Mask pronunciou. - não é todo dia que neva em Clamp.

 

O.o.O.o.O

 

Antes mesmo do jantar terminar, Niive pediu licença, saindo. Kanon, não disse nada esperando a hora certa de ir atrás dela. Ele ajudou a tirar a mesa e depois levou Estelli para a cama. Usain estava fora, numa excursão escolar.

- Durma bem Estelli. - deu um beijo na fronte.

- Acha que sou mais bonita que a minha tia?

Riu com a pergunta.

- É uma princesinha. - sorriu. - E mais simpática. - riu. - sua tia vive me batendo.

- Normal.  Ela é assim. Mas você é o namorado dela?

- Bem... - não sabia o que responder. - eu não sei. O que acha?

Estelli o fitou atentamente.

- Se mesmo ela batendo em você, continua com ela é porque gosta. O vovô vive reclamando da vovó, mas está com ela. Diz que gosta dela.

- Adultos são complicados.

Ela não disse nada, como se estivesse pensando.

- Precisa dormir. - disse antes que ela fizesse mais perguntas difíceis.

- Usain disse que você já morreu. É verdade?

Kanon coçou a cabeça.

- Depois te explico direito.

- Promete que não vai morrer? Eu vou ficar triste se você morrer. A tia Niive também.

- Estelli... - murmurou. - prometo. Mas agora vá dormir, senão chamo a sua tia.

- Já estou dormindo. - cobriu a cabeça.

Ele riu. Niive deveria ser um carrasco. Deu mais um beijo de boa noite e saiu. Na sala perguntou pela diretora, Ethel disse que ela ainda não tinha voltado. Kanon prontificou-se a procurá-la.

Andou sem rumo certo, pois conhecia pouco a vila. Acabou por encontrá-la na ponte que ligava as duas partes. Ela estava apoiada no parapeito da estrutura.

- Você costuma ameaçar a Estelli na hora de dormir?

- Se não for a base de ameaças ela não dorme. - riu. - e te enche de perguntas.

- Agora entendi. - sorriu.

Ficaram alguns minutos em silencio.

- Você está bem?

- Naquela hora me lembrei do enterro dos meus pais.

- Foi mais ou menos igual a mim. - disse fitando o rio iluminado pelas estrelas. - mas como era muito pequeno não me dei conta do acontecido.

Niive o fitou.

- Obrigada.

- As ordens. - sorriu.

Os dois se olharam por instantes.

- Vou te deixar sozinha. - não queria forçar nada, ainda mais depois da cena na biblioteca.

- Espera. - ela segurou a mão dele. - eu... - desviou o olhar, pois não sabia o que falar. - desculpe pela forma que te tratei.

- Não se preocupe com isso. - disse. - vi que não é pessoal, que faz isso com todo mundo. - riu.

- Não... - murmurou. - com você é diferente... uma hora está me irritando, na outra... - suspirou. - e eu não entendo... por que é o único que me faz sentir assim...

Kanon continuou calado, completamente surpreso.

- Eu nunca trouxe ninguém aqui... - não tinha coragem de encará-lo. - não achava que ninguém merecesse conhecer as pessoas que mais amo... mas você...

Os olhos encheram de água, o que deixou o marina sem ação.

- Niive...

- Eu não quero gostar de você, pois vai embora... todas as pessoas que amo foram embora... você também vai...

- Niive. - ele a abraçou. - confesso que no começo queria apenas te provocar. Eu adoro suas expressões quando está com raiva, fica tão linda... - levou a mão até o rosto dela. - eu gosto de você.

Ela deixou uma lágrima cair. Não poderia ouvir aquilo, ele ia embora. Ele ia embora... Kanon aproximou e a beijou. Niive ainda demorou a se entregar no beijo, mas cedeu...

 



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