1. Spirit Fanfics >
  2. Tempestta >
  3. Vida e Morte

História Tempestta - Vida e Morte


Escrita por: KrikaHaruno

Capítulo 34 - Vida e Morte


Os combates nas regiões de Shermie continuavam intensas. Os cavaleiros faziam a diferença contra as forças de Haykan.

A vitória estava garantida para os santos de Athena, entretanto, não imaginavam que tinham se tornado alvo do líder da galáxia vizinha. Haykan via os como uma ameaça e precisava eliminá-los a todo custo. Durante muitos dias, o líder pensou numa maneira de liquidá-los, mas como não eram homens "comuns" o método teria que ser eficiente. Encontrou a resposta nos geneticistas de sua galáxia. Como ele tinha espiões em várias partes de GS foi fácil receber uma amostra do DNA dos humanos de VL e a partir daí...

Uma nave dirigia-se para o setor sul.

Dite saltou para perto de um prédio.

- Parecem insetos. - comentou.

- Esta área está quase vazia. - disse Dohko, olhando para o céu. - Eles estão recuando.

- Espero que sim.

- Vou olhar mais uma vez, me espere aqui.

Dohko afastou-se. Queria certificar que não havia mais nenhum civil.

A nave localizou o alvo, disparando. Antes que fosse acertado, a nave recuou.

O libriano a viu.

- Chega de fazer vitimas.

Lançou uma rajada de cosmo no míssil. Este explodiu, não causando dando algum.

A cortina de fumaça do míssil foi abaixando e desaparecendo.

- Estou pegando jeito. - sorriu.

Dohko deu um passo, mas parou ao sentir algo sair pelo nariz.

- Coriza? - estranhou.

Não deu muita importância, pois precisava averiguar o restante da área. O libriano andou alguns passos, quando começou a sentir um aperto no peito.

- O que... - teve que segurar em algo, pois a dor era muito forte. - que dor...

Olhou para os lados a procura de alguém, mas a dor apertara, acabando de ir ao chão.

Afrodite ajudou o restante dos civis a entrarem no transporte que os levaria a outro ponto da cidade. Como Dohko estava demorando e viu o brilho do seu cosmo resolveu ir atrás.

Ao chegar não viu nada de anormal, mas achou perturbador o silêncio daquela área.

- Dohko. Dohko.

Sentia o cosmo dele, mas estava bem fraco. Viu um brilho dourado.

- Dohko?! - Dite correu até ele, chamando-o várias vezes, sem resultado. - Dohko... - abriu os olhos dele notando a pupila extremamente contraída. - o que...?

Começou a sentir uma forte dor no peito e os olhos lacrimejarem.

- Que porra é essa...

A dor aumentou, Dite sentiu-se zonzo indo ao chão.

 

Área norte...

 

Saga derrubava a ultima nave de S1. Após isso reuniu-se com Aldebaran numa parte plana do local.

- Parece que eles foram embora. - disse o taurino.

- Mas não podemos baixar a guarda. - Saga olhava para todos os lados.

- Melhor voltarmos para o palácio, Mask pode precisar de nós.

- Sim.

Mal acabaram de falar viram no horizonte algumas naves.  Ela vinham em altíssima velocidadee atirando. Deba e Saga desviavam dos tiros, não percebendo que uma nave vinha por trás. Essa nave atirou contra eles dezenas de tiros, mas sem o propósito de atingi-los.

- Grande Chifre!

- Explosão Galáctica!

Os dois miraram nas naves que vinham pela frente, não se dando conta que a nave de trás partia em retirada.

As naves foram abatidas.

- Espero que sejam as ultimas.

- Vamos voltar Aldebaran, ainda temos muito serviço. - olhou para o céu vendo luzes azuis e vermelhas cruzarem. - ainda podemos ver a batalha na orbita.

Deba também olhou.

- Está certo.

Saga foi o primeiro a sentir uma forte dor no peito. A respiração ficou rápida.

- O que foi Saga? - fitou o geminiano. - Saga as suas pupilas...

- Eu...

Não terminou a frase, sendo segurado pelo taurino.

- Saga! - o deitou no chão. - o que foi Saga?

O próprio taurino começou a sentir a dor, fora as náuseas no estomago que o fazia querer vomitar. Deba levantou para pedir ajuda, mas não houve tempo. Caiu ao lado de Saga.

 

xxxxx

 

Com a área ao redor mais segura, os pacientes mais graves foram levados para uma ala do hospital, enquanto providenciavam um local mais adequado. Beatrice ajudava na coordenação da remoção dos pacientes em estado melhor. Miro estava num pequeno quarto. Por seu estado delicado, ainda estava ligado a aparelhos. A porta do quarto abriu, revelando uma enfermeira. A moça aproximou da cama onde ele estava. Do bolso do avental tirou um pequeno frasco contendo um liquido transparente. De posse de uma seringa, injetou o liquido diretamente na corrente sanguínea do escorpião...

 

 

xxxxx

 

 

Os dois irmãos se olhavam. Sem temer a força de Eron, Iskendar caminhou em direção a ele.

- Seu garoto estúpido!

Eron avançou, Iskendar nem se deu conta, quando o cavaleiro parou diante dele, dando-lhe um soco. Foi jogado longe. Gio fitou a mão, não tinha medido sua força, mesmo sentindo-se fraco certamente Iskendar estava morto. A passos lentos caminhou até ele. O policial estava estendido no chão com um sangramento no nariz.

- Você não me deu escolha. - murmurou o canceriano.

- Sério?

Giovanni foi pego de surpresa. Iskendar o repeliu violentamente usando seu poder. O cavaleiro arrastou-se por metros, mas não caiu.

- Mask! - gritou Aioria, que tinha chegado no exato momento.

- Não chegue perto! - vociferou. Começou a sentir mais dois cosmos conhecidos. - não se intrometam ou mato vocês.

Shaka e Kamus tinham abandonado seus postos se juntando a eles.

Do outro lado, uma nave aproximou tendo o cuidado de não ser vista. Através de imagens Haykan acompanhava. Orrin não demorou a retornar.

- Está feito senhor. Acertamos cinco.

- Ótimo. Vamos acompanhar o resultado e numa próxima oportunidade, acabaremos com os demais.

Orrin voltou a atenção para a imagem.

- Estão lutando?

- Está sendo um espetáculo e tanto.

Dentro do palácio...

- Os dois?! - exclamou Lirya.

- Sim senhora. - disse Mu.

- Não... - murmurou. - eu preciso impedir.

- Não vá a lugar algum, majestade. - a voz de Marius saiu forte. - eles são adultos. Eles escolheram seus destinos.

- Não se trata disso Marius! - exclamou. - eles são irmãos... - os olhos marejaram. - Mu, por favor me leve até eles.

- Está bem, mas não saia de perto de mim.

Marius ainda tentou impedir, mas foi segurado por Etah.

- Essa etapa da guerra precisa acabar chanceler. Qualquer que seja o resultado, isso tem que ter um fim. - pegou seu comunicador. - precisamos nos preocupar com que acontece no espaço. Não podemos perder a Ramaei Enterprise.

Mask trazia um sorriso sádico no rosto. Era uma pena o irmão não ter cosmo, pois daria um bom embate.

- Quer levar isso até o final?

- Só há espaço para um Tempestta. - Iskendar cuspiu sangue. Seu rosto estava parcialmente recuperado. - que vença o melhor.

- Eu sou o melhor.

O canceriano avançou sobre ele. Por mais inflável que Mask estava, não conseguia usar a velocidade da luz tão pouco seu cosmo. Estava completamente esgotado por causa do ataque ao palácio. Iskendar recebia os socos, mas conseguiu segurar alguns.  Era de longe mais fraco que o caçula, mas mataria aquele cara. Nem que fosse a última coisa. A galáxia ficaria sem seu rei. Giovanni o pegou pelo pescoço, erguendo-o.

- Vai insistir em me enfrentar? Posso te matar nesse minuto. Eu sou superior a você.

- Superior? Em que? É um assassino. Matava no passado e continua matando. Quantas vidas pereceram desde que você voltou Eron.

- Como?

- Desde que voltou só trouxe tempestade para GS.

- Não seja imbecil. - sorriu. - acha que...

A frase foi interrompida. Mask fez uma careta, instantaneamente soltou Iskendar. O cavaleiro recuou alguns passos levando à mão a barriga. Havia um orifício.

Os cavaleiros olhavam para cena sem entender. O que tinha acontecido? Mask tinha desistido da idéia de matá-lo?

Lirya, que chegara naquele momento, olhava aterrorizada para a cena. Realmente os dois lutavam entre si.

Mask levou a mão a barriga, vendo sangue. Como a armadura poderia ter sido perfurada?

Iskendar trazia nas mãos uma arma.

- Posso não ter cosmo e nem seus poderes extraordinários. Sou mais fraco que você, mas... – sorriu. - não esqueça que suas armaduras são feitas de oricalco, material originado daqui. Há materiais que podem perfurá-las.

A frase deixou todos atônicos.

- Perfurar... - murmurou Shura. - isso é impossível...

- Nem tanto, oricalco é daqui, claro que existe algo que possa destrui-lo, mas... como Mask não viu isso? - Kamus estava surpreso.

- Mask estava tão envolvido na conversa que não percebeu. - disse Shaka. - e Iskendar não tem cosmo, fica difícil detectar as intenções.

Haykan que observava tudo ficou surpreso com a atitude do neto. Não achava que ele tinha pensado de forma premeditada.

O italiano olhava perplexo para o irmão. Aquilo era uma prova que Iskendar sempre quis matá-lo.

- Eu não tenho poder como você Eron, então preciso usar as armas que tenho. É o fim de uma dinastia. A família Tempestta acaba aqui.

O italiano começou a rir.

- Já passei por coisa pior. Não será um tiro que vai me matar.

Iskendar deu um sorriso, passando a olhar fixamente para o irmão.  Não era dotado de cosmo, mas tinha um grande poder mental, tão forte quanto de Soren. Tanto que conseguira modificar por alguns dias as lembranças de Eron em Ikari. E ele precisava de apenas um minuto. Você deve ficar parado, a Nau 3 vai atirar mais uma vez. Jogou diretamente na mente de Giovanni. O cavaleiro olhou para cima. Nesse momento, Iskendar atirou mais seis vezes. Eron foi ao chão...

- Não!!! - gritou Lirya saindo as pressas.

-Gio....? - murmurou um atônico capricorniano. - Mask!

- Filho. - a rainha ajoelhou diante dele. - Eron, Eron! - notou as perfurações na armadura. - Eron!

- Giovanni! - Aioria gritou. - Giovanni!

Os cavaleiros saíram do estado de letargia indo até o canceriano. Aquilo só poderia ser brincadeira, ele não estava...

- Giovanni! - gritou Shura.

Kamus olhava apreensivo. O cosmo dele...

Shaka fitou Iskendar, no final ele tinha conseguido. Orrin trazia os olhos arregalados. Iskendar tinha matado Eron?!

O ex policial assistia a tudo indiferente. Quando soube da sua história, o primeiro pensamento foi desejar a morte de Eron e agora ela se concretizou.

- Oh... -Haykan olhava tranquilamente.  - uma parte concluída.

No pátio...

- Eron... - a rainha estava desesperada. - Eron...

- Seu desgraçado! - berrou Aioria. - eu vou matar você - olhou com ódio para Iskendar.

Aioria disparou contra o policial seus raios. O Tempestta mais velho parou o ataque com seu poder.

- Desgraçado... - cerrou o punho. - vou matar você.

- Não se mexa Aioria. - ordenou Shaka. - a morte dele não trará Giovanni de volta.

Iskendar desviou a atenção para o irmão inerte no chão. O todo poderoso Eron estava morto. Era o fim da família. O policial deu um passo, sentido o pé tocar em algo. Arqueou a sobrancelha ao ver o objeto: a miniatura da Euroxx.

- Não vai trazê-lo de volta, - Aioria estava com ódio. - mas vai aplacar a minha raiva.

Apenas elevou o cosmo, jogando de forma bruta Iskendar no chão.

 

O.o.O.o.O

 

Em Alaron e Clamp as batalhas tinham diminuído de intensidade, mostrando que naqueles locais o conflito chegava ao fim. No espaço orbital de Ranpur, a Nau e a Ramaei trocavam tiros, dando continuidade a batalha. 

A nave de Jhapei viajava a uma velocidade lenta. Muito avariada, a garota, não queria forçar os motores. Ela mesma estava muito ferida e seria milagre chegar a Ranpur viva.

 

 

O.o.O.o.O

 

Iskendar estava no chão. Alguns ossos tinham quebrado na queda.

Percebendo que era o momento de dar a cartada final, Haykan aproximou-se com sua nave.

- É o fim dos herdeiros diretos de Kasnner. - a voz saiu divertida.

- Haykan... - murmurou Shura.

- Eu não imaginei que fosse matá-lo, meu neto. - fitou o policial no chão. - gostaria de ver a expressão de Soren. Irmãos brigando até a morte.

- Desgraçado. - Aioria cerrou o pulso. - arquitetou tudo isso não é?

- De certa forma. Confesso que a vinda de Iskendar foi um bônus, mas no final mostrou que o ódio sempre fala mais alto. A ambição pelo poder.

- Não tem escrúpulos. - disse Mu. - usou Iskendar.

- Negativo. Ele escolheu esse caminho, tudo que fiz foi dá-lo as armas necessárias. O ódio sempre existiu.

O policial que estava apenas impossibilitado de se mexer ouvia a conversa.

- "Sempre me senti assim?"

- Desde o inicio dos tempos, irmãos estão fadados a se odiarem. Ainda mais quando um recebe mais privilégios que o outro.

- Foi por isso que matou seu irmão? - Kamus afirmou praticamente.

- Sim. E Iskendar e Eron não são diferentes.

- Cala a boca seu maldito. - a voz de Lirya silenciou a todos. - Meu filho e Iskendar são diferentes. Eles não se odeiam.

Iskendar ficou surpreso com a frase.

- Ah não? - Haykan sorriu ironicamente. - e a morte de Eron significa o que? Sentimentalismos são para fracos, rainha. Soren está morto pois não quis abandonar sua tripulação. Ele poderia ter seguido com Eron.

- Izanami fez muito bem em não ter voltado. Ela pode ter nascido sloani, mas ensinou os valores da nossa galáxia para Iskendar. Eu afirmo, Iskendar não odeia Eron, assim como Eron não o odeia. Eles são irmãos.

O policial fechou os olhos. Haykan é que tinha razão. Ele sempre odiou Eron e o príncipe odiava-o. Era o destino deles.

- Está errado Haykan. - disse Shaka. - ouvi certa vez, palavras muitas sábias vindas docavaleiro de Fênix. - o indiano lembrou-se do dia que Shun contou sobre a batalha de Asgard. - "sempre existiram brigas entre os irmãos, porém no começo, elas não existem. Os irmãos confiam um no outro quando são novos. Mas de repente a fortuna chega até eles e começam a se odiar e a se matar... mas jamais se esquecem da época que se gostavam... da época que confiavam uns nos outros..."*

Iskendar abriu os olhos, apertando forte a miniatura da Euroxx na mão. Será que foi por isso que o salvou em Ikari? No fundo não...

- Isso é verdade...?

Os olhares foram para o rapaz. Ainda sentindo muita dor, Iskendar sentou. Só o ato de respirar rendia mais dores.

- Eu posso acreditar nisso, Shaka? Eron e eu... nós ainda podemos...

- Isso não vai acontecer, você o matou. - Haykan queria sepultar aquele assunto. Não admitiria perder a pessoa que tinha o poder de abrir hadrens.

- Você se importa com Eron. - respondeu o indiano. - sempre se importou.

Iskendar lembrou-se dos momentos com o irmão depois que se juntaram. Sentia-se bem em saber que o tinha. Levantou e a passos lentos caminhou até onde Eron estava. Lirya não o impediu de aproximar, apesar de achar que era tarde demais. Seu filho estava morto. O policial fitou a face pálida do irmão mais novo. Eron era a única família e agora... Sua mente estava confusa. Queria odiá-lo, queria, mas no fundo... Eron era tão vitima quanto ele. E tudo por culpa do rei.

- "Maldito Soren." - cerrou o punho. Os olhos marejaram.

- Isken...dar...

- Eron! - Lirya tocou o rosto dele. - Eron.

Mask abriu os olhos, fitando primeiramente a mãe e depois o irmão.

- Ikki tinha razão... - murmurou.  - aquele metido tem razão...

- Eron... me desculpe... - uma lágrima escorreu.

- Engole esse choro. - sentou-se com dificuldade. - Eu também tive minha parcela de contribuição.

Haykan fitava-os com ódio. Mesmo levando sete tiros, aquele pirralho estava vivo. E Iskendar parecia mudar de lado.

- "Malditos Tempesttas!"

A guarda de todos estava baixa. Haykan sacou sua arma e atirou. Um dos dois morreria.

Iskendar sentiu algo perfurá-lo pelas costas e sair pela frente. Lirya deu um grito de horror.

Mask viu um filete de sangue descer pela boca do irmão.

- Isken-dar...? - a voz falhou.

O policial tombou, sendo segurado por Eron e Aioria.

- Iskendar! Iskendar! - exclamava. - irmão!

 Ele não respondeu.

- Falta um para fazer companhia a Soren.

- Maldito. - Shura passou a frente. - ele não era seu neto?

- Era apenas um instrumento. - sorriu.

Giovanni olhava para o corpo inerte de Iskendar. Apesar dos tiros, ele usava armadura, mas o irmão mais velho não. Levara um tiro somado os ferimentos sofridos no início da luta e os provocados por Aioria. Começou a sentir uma diminuição na "energia" do policial.

- Iskendar! Iskendar! Acorda! - olhou para os cabelos. Começavam a ficar negros. Lembrou-se do dia da morte da avó... no momento da morte de um Tempestta, os cabelos ficavam negros.

- Is-kendar? - a respiração falhou.

Lirya levou as mãos a boca. Iskendar estava morrendo...

- Não cumpriu o propósito teve o que mereceu. - Haykan falou friamente.

Foi de repente, o cosmo de Mask explodiu de uma vez, arrastando todos. Mu protegeu Lirya.

- Haykan.... - a voz do canceriano estava furiosa. - maldito eu vou matá-lo.

Uma mancha negra apareceu no céu e crescia rapidamente de tamanho. Uma forte ventania assolou o local, não restrito apenas a área do palácio, mas por quilômetros. O cosmo de Gio estava completamente descontrolado.

- Senhor é perigoso ficarmos aqui. - disse Orrin preocupado.

- Vamos para a nave, mas quero ver.

Giovanni segurava Iskendar no colo. Houve mais um aumento de cosmo e os cabelos ficaram brancos.

- Shaka temos que pará-lo. - Aioria tentava se manter de pé.

- Como? - indagou Shura.

- Vai ter que ser a força. - Kamus fechou o punho.

Tudo que estava ao redor de Mask começou a ser tragado pela mancha negra. Escombros, pedaços de nave e até corpos das batalhas nos arredores.

- Eron... - Lirya segurava firme em Mu. - eu preciso pará-lo.

- É perigoso. O cosmo dele está descontrolado.

Dentro do palácio, Marius e Etah viam a mancha negra no céu. De repente a construção começou a tremer.

- Shaka faça algo! - exclamou Kamus. - ele vai matar todos nós!

O virginiano pensava numa estratégia.

- Eu vou matar todos de S1.

Ódio cresceu, fazendo o cosmo aumentar ainda mais. O efeito foi na hora, o chão começou a tremer e a mancha negra a sugar mais rapidamente tudo que fosse mais leve que sua força de atração.

- Não parece com que enfrentamos naquele planeta? - Aioria tentava se manter em pé. -aquela arma que sugava tudo?

- É aquilo. - disse Shaka seriamente.

A mancha cresceu.

Mask não via nada a frente, apenas a vontade de matar.

- Pa-re Eron...

O italiano abaixou o rosto, Iskendar o fitava.

- Desse jeito... vai matar...todos...- um filete de sangue escorreu pela boca. - pare...

- Pare de falar seu estúpido, - o cosmo de Mask estabilizou. - vai piorar o ferimento.

- Me perdoe...

Mask não se deu conta, mas seu cosmo sumiu completamente, assim como a mancha.

Shaka olhava surpreso. Iskendar conseguia influenciar completamente o canceriano. Era porque eram irmãos?

Sem o perigo, Mu liberou Lirya que correu até os dois.

- Iskendar... - a rainha estava desolada.

- Eron... - a voz do policial estava bem fraca.

- Fique calado.

O cavaleiro ficou desesperado, foi do mesmo jeito com Helena... fitou os cabelos que estavam mais negros...

- Iskendar... - os olhos marejaram. - não tem o direito de morrer... Iskendar...

Na nave...

- Senhor temos que ir.

- Está bem. – Haykan o fitou. -Vamos.

Orrin comunicou a Nau 3 sobre a volta do seu senhor. Assim que eles embarcaram, a Nau usando a velocidade máxima entrou num hadren.

- Eles escaparam senhor.

- Droga. - Sttup deu um murro no painel. - retirada.

Dara e Urara receberam o aviso do fim da batalha, indo para o palácio.

Mask segurava o irmão nos braços, faltava pouco para seu cabelo ficar negro.

- Iskendar... - ele começou a chorar.

O policial ao ouvir o nome abriu os olhos, passando a fitar o irmão.

- Eron... - a frase foi interrompida por um filete de sangue que saiu pela boca.

- Não diga nada seu idiota.

Reunindo o resto das forças que tinha, Iskendar tocou nos cabelos azuis do italiano, bagunçando-os.

- Obrigado...  - esboçou um sorriso, os olhos começaram a fechar. - ... por se preocupar comigo...

A mão escorregou, quando os olhos fecharam.

- Iskendar!!!! - gritou desesperado. - Iskendar... Iskendar...

Mask não sentia a energia dele.

- Iskendar!!!! - o berro que Giovanni espalhou-se pelo local.

Os diretores eijis corriam pelo local, vendo os cavaleiros reunidos. Subitamente Dara parou de andar, principalmente ao ouvir o berro do príncipe mais jovem. Teve um pressentimento ruim.

- O que foi senhor Dara?

Ele não respondeu, correndo ainda mais depressa. Ficou branco ao ver Iskendar nos braços de Mask. O cabelo dele estava quase negro.

- Iskendar...

Percebendo o que acontecia, Urara chamou por ajuda.

O socorro não demorou, mas Iskendar foi levado para o palácio, onde os médicos montaram um pequeno CTI. O caso dele era gravíssimo e tinha poucas chances de sobreviver. Os médicos fizeram tudo que podiam, mas apenas a resistência do corpo dele é que poderia determinar se ele viveria.

Giovanni estava trancado em seu quarto, a espera de noticias.

- Giovanni! - Mu teleportou.

- Já disse que quero ficar sozinho!

- É urgente.

O italiano ficou preocupado com a expressão do ariano. Pensou que Iskendar não tinha recuperado, mas a expressão ficou branca, ao chegar em outra ala do palácio.

- O que aconteceu??

- Nossos policiais os encontraram assim alteza. - disse Etah.

- Os cosmos deles estão muito fracos Gio. - disse Shura.

Saga, Aldebaran, Afrodite e Dohko estavam numa maca inconscientes.

- Sem marcas de luta... - Shaka examinava-os. - o que pode ter acontecido?

- Eles estão respirando bem fraco. - Kamus também queria entender.

- Chamem um médico para examiná-los. Agora!

 

xxxxx

 

Dara estava em uma das varandas do palácio. O olhar estava opaco e nem via o pôr do sol de Ranpur. Havia perdido o policial para Haykan e agora perderia-o para morte. Não havia motivos para viver. Seu lar tinha sido destruído e agora sua família.

- Senhor Dara! - Urara entrou as pressas.

- O que foi? - o coração até parou.

- Jhapei.

Não apenas o diretor, como Eron e Marius foram levados para onde a nave de Jhapei aterrissara. Uma equipe médica já tinha sido acionada, mas o estado da espiã era gravíssimo. - Jhapei... - murmurou ao vê-la. - o que houve com você...

- Fizemos de tudo senhor diretor. - disse um dos médicos. - mas...

- Não... ela também não... meus dois filhos...

- Dara... - Jhapei abriu os olhos. - Dara...

- Estou aqui querida. - aproximou segurando a mão dela. - vai ficar tudo bem.

- Não vai... - o fitou. - sabemos que... estou ferida demais... para sobreviver...

- Vai se recuperar Jhapei.

Ela fitou o dono da voz.

- Oi bonitão...

Mask sorriu.

- Eu..não tenho muito tempo... - ela tentou se mexer, mas tudo doeu.

- Fique quieta. - pediu Dara.

- No meu bolso... o bolso... - indicou. Mask colocou a mão pegando um pequeno objeto. - Haykan... construiu uma arma... Obi foi destruído assim... - perdeu o fôlego. - precisam destruí-la... ou toda GS será...

- Arma? - indagou Marius.

- Sim chanceler... é capaz de destruir um planeta... aí, - apontou para o objeto. - tem todas as informações... que eu consegui... e... - perdeu o ar, tentando puxá-lo.

- Já entendemos. - Mask a ajudou. - obrigado. Poderemos salvar vidas.

- E o Iskendar...? Ainda está... com Haykan?

Os três trocaram olhares.

- Ele está conosco. - Mask queria poupá-la.

- Vocês dois formam... uma bela família... – voltou a atenção para o eiji. -Dara...

- Sim? - não queria chorar na frente dela, mas era perdas demais para suportar. - Jhapei...

- Obrigada por tudo... tive uma vida boa ao seu lado...

- Não fale assim...

Ela fez sinal para ele aproximar. Reunindo suas ultimas forças deu lhe um beijo na testa.

- Cuide-se...

Fechou os olhos. A equipe médica ainda tentou, mas sem efeito. Marius saiu em silêncio. Dara abraçou o corpo dela começando a chorar. Mask segurou as lágrimas. Era injusto ela morrer...

Voltou abatido para o palácio. Dara trancou-se no quarto recusando companhia. O italiano andava lentamente pelo corredor que conduzia a ala hospitalar improvisada. Jhapei morta, Iskendar lutando para viver e seus amigos nocauteados. O que mais poderia acontecer? Quando ergueu o rosto, viu Mu, Shaka, Aioria, Shura e Kamus a espera dele. As expressões não eram das melhores, principalmente do aquariano.

- Iskendar? - temeu perguntar.

- Não. - disse Shaka, ele foi incumbido de dar a notícia. - Miro e os demais.

- Miro? - estranhou.

- Não é só ele.

- Fala logo Shaka. - o tom da voz mudou.

- Na área onde encontraram Afrodite e os outros, acharam uma alta concentração de um gás. Ele é completamente inofensivo aos humanos nascidos em GS, mas..

- Mas...

- Extremamente tóxico na Terra. - completou Kamus. - eles foram envenenados.

- Como é?

- Quiseram matá-los usando o gás. - Shaka tomou a palavra. - Apesar do Dite ser resistente a veneno é a segunda vez que recebe esse tipo de substancia no corpo em poucos dias... ele e os demais... foram bastante contaminados, foi por pouco que não perderam as funções vitais na hora... essas vinte e quatro horas serão decisivas...

A mente de Giovanni trabalhava. Como assim envenenados? Como corriam risco de vida? Eram cavaleiros!

- Está dizendo que eles podem morrer? Os cavaleiros de ouro morrerem por conta de um gás? - era até absurdo dizer aquilo.

- Nossos corpos são normais, Giovanni. - disse Mu. - não somos deuses. Temos mais resistência que uma pessoa comum, mas somos perecíveis.

- Eu quase morri por radiação. - Aioria trazia um semblante triste. - Miro estava em coma por conta dos ferimentos em batalha. Atrás da armadura tem um corpo humano. E aqui em GS ficou ainda mais evidente essa nossa "fragilidade".

- De onde veio esse gás? É natural aqui? - ainda não conseguia processar o fato. - como chama?

- O nome aqui é Urti 35. É normal aqui, mas não da forma como foi encontrado. - Shura soltou um suspiro. - o gás foi "implantado" no lugar. Queriam matá-los e quem o fez sabia exatamente o que estava fazendo. Sabia exatamente que esse gás é tóxico somente aos humanos de VL.

- E o que Miro tem a ver?

- Usaram a mesma substancia nele. Injetaram diretamente a forma liquida. Sua situação ficou ainda pior. - disse Mu.

 - Pela composição química e pelos sintomas parece com nosso gás Sarin*. - disse Kamus.

A mente do canceriano processava. Gás implantado? Gás injetado. Isso só acontecia...

- É uma tentativa de assassinato? - Giovanni até gaguejou.

 - Sim Eron. - a voz de Marius fez presente. - seus amigos têm poderes de elementares e isso é um diferencial numa batalha. - estendeu a mão, para que ele pegasse um objeto.

Giovanni o pegou ainda sem compreender. Quem lucraria com a morte dos cavaleiros de Atena?

O cavaleiro piscou os olhos várias vezes. Voltou a atenção para objeto entregue por Marius, trazia a insígnia de S1.

- Haykan quer eliminar seus amigos e está usando as armas que tem. Elementos biológicos. Contaminou a área que seus amigos estavam e tiveram a audácia de ir até o hospital envenenar Miro. Já foram cinco cavaleiros.

Iskendar e os cinco cavaleiros de ouro seguiam entre a vida e a morte.

A Ramaei passava por reparos, devido a batalha intensa contra a Nau 3. Após os conflitos em Clamp, Niive e sua família permaneceram no abrigo, já que o prédio onde a diretora morava foi parcialmente destruído. Quando soube de Saga, Kanon quis voltar imediatamente para Ranpur, a diretora o acompanhou.

Em Alaron, os combates tinham encerrado e Shion recebia com preocupação a notícia sobre seus subordinados.

E assim findou o dia em Ranpur...

Mask estava sentado de frente as camas de Afrodite e dos demais. Por questões de saúde Miro não tinha sido removido. A expressão estava fechada, abatida. Por sua culpa, seus amigos estavam naquela situação. Os dizeres de Iskendar falando que ele era um assassino e que trouxera mortes para GS quando voltou, estavam certas. Dezenas de pessoas tinham morrido. Célica, Rodhes, Ren, Hely, Noah, Jhapei... Miro, Afrodite, Dohko, Saga, Aldebaran e Iskendar que lutavam para não morrerem... quantas vidas ainda seriam levadas?

- "Isso é castigo..." - pensou. - "é castigo por todas as vidas que tirei..."

Os olhos marejaram. Mesmo Atena perdoando-o, ainda tinha que aprender o valor de uma vida, passar por tudo que fez aos outros passarem quando matava, para aprender.

- Helena... Helena... - começou a chorar. - Helena...

 

xxxx

 

Shaka olhava o céu cravejado de estrelas. As últimas horas tinham sido um verdadeiro teste. Rezava para que os amigos conseguissem se recuperar, mas tinha medo. Se tudo desse errado, como voltariam para Terra sem eles? Aliás, eles voltariam? A guerra estava tomando uma proporção que culminaria em mais mortes.

- Shaka.

O toque de Urara o fez "acordar."

- Eu achava que a batalha contra Hades e Loki tinham sido as mais difíceis, mas elas não passam de algo efêmero perto do que estamos enfrentando. - a fitou. - até parece que foi apenas um teste.

A diretora acariciou o rosto dele. Felizmente, em meio a tudo, a palidez tinha cessado.

- Temos cosmos, o que nos torna mais fortes perante o inimigo, ao mesmo tempo, somos tão normais. Nós sempre pensávamos em nós como cavaleiros e esquecíamos que esse corpo, - tocou no braço. - é mortal. Olha o Miro, Saga e os demais. Até Aioria. Não foi cosmo que quase o matou, foi algo que poderia matar uma pessoa comum.

- Mesmo achando que são pessoas comuns, vocês tem algo a mais. - disse. - sem vocês talvez essa guerra já teria terminado com a nossa derrota. - aproximou tocando testa a testa. - eu acredito que a vinda de vocês é a garantia da nossa vitória. Mesmo que a situação pareça desesperadora.

O indiano sorriu.

- Gostaria de conhecer o local onde nasci?

- Sim. Essa guerra vai acabar e vamos até VL. Eu acredito nisso.

- Obrigado. - deu um selinho. - obrigado por confiar em nós.

 

xxxx

 

Beatrice estava concentrada na tela do computador. Jhapei havia conseguido muitas informações e precisava compilá-las para repassar a Marius e ao presidente da polícia. Silenciosamente Kamus entrou no recinto. Sentou num sofá próximo não querendo interrompê-la.

- Como eles estão? - ela virou-se para ele.

- Ainda é grave. De todos. - esfregou o rosto com as mãos. - O de Miro então...

A garota levantou, agachando diante dele.

- Parece desanimador não é? - o fitou.

- Muito. Sermos cavaleiros não é um diferencial e sim um problema. É uma caça as bruxas. A impressão que tenho que entramos numa guerra já sabendo que vamos perder.

- Não é o que eu vejo. - sorriu. - a guerra de hoje está muito mais intensa e destrutiva do que há de quinze anos, contudo... - segurou as mãos dele. - não vou falar como namorada de Kamus e sim como uma cidadã de GS. Mesmo com tudo que está acontecendo, tenho mais esperança que vamos vencer.

Kamus ficou surpreso.

- S1 tem uma arma que pode acabar conosco daqui um minuto, mas... nós temos o príncipe e vocês. Temos os guerreiros da luz e se isso não for um sinal... - tocou suavemente as madeixas azuis.

- Você é otimista como o Hyoga. - sorriu. - talvez ainda possamos fazer alguma coisa.

 

xxxx

 

 

Eron foi para o quarto de Iskendar parando perto da cama, voltou a atenção para uma mesinha que havia do lado. Era a miniatura da Euroxx. Tiraram da mão dele, quando o incubaram.  O cavaleiro puxou uma cadeira, sentando bem próximo.

Notou os cabelos ainda negros, aquilo representava que o irmão corria risco de vida. Era injusto. Depois de tudo que ele tinha passado era injusto. Pegou não mão dele, estava muito fria. Castigo... Ecoou na mente dele. Começou a chorar.

- Me perdoem... - a voz saiu embargada. - todas as pessoas que eu matei... me perdoem... e por favor... tragam o de volta...

O barulho da porta abrindo, fez o cavaleiro enxugar as lágrimas depressa. Era a rainha. Silenciosamente parou ao lado do filho.Lirya olhava as luzes dos aparelhos ligados a Iskendar. O estado dele era delicado e merecia toda a atenção. Os cabelos estavam negros. Lembrou-se de quando a sogra morreu. Os longos cabelos platinados tinham ficado mais negros que a noite.

Fitou a face jovem. Era injusto com uma pessoa que havia sofrido tanto. De todos ali, Iskendar é o que tinha mais padecido.

- Ele merecia ter uma vida feliz.  - disse sem fitar o filho. - vocês mereciam, nós merecíamos.

- Sim.

- Você precisa descansar. - disse fitando a armadura suja de sangue. Pelo menos em meio disso tudo, o filho tinha voltado ao normal.

- Estou bem. - levantou. - eu...

Mask sentiu uma tontura e foi ao chão, não ouvindo o grito desesperado de Lirya.

 

xxxxx

 

Shura, Aioria e Mu estavam no quarto do primeiro. Apesar do pedido insistente da rainha para eles repousarem, não conseguiam.

- O que vamos fazer? - indagou Aioria olhando para os amigos. - cinco de nós estão...

- Tenhamos fé que eles vão se recuperar Aioria.  - disse Mu. - são fortes.

- E se isso não acontecer? - o espanhol estava com o semblante fechado. - temos que ser realistas Mu. Injetaram veneno no Miro! E ele já estava debilitado!

O ariano abriu a boca para fechar.

- Se Iskendar morrer, Giovanni surta de vez. Se eles morrerem como contaremos a Atena?

- Nós passamos por muitas coisas Shura. Vamos conseguir novamente. - Shaka tinha acabado de entrar. - precisamos confiar nos cosmos deles. A guerra ainda não acabou e até lá faremos o possível para suprir a ausência deles.

- Shaka tem razão Shura. - disse Mu. - mesmo que sobre um de nós não podemos desistir. Lembre-se dos cavaleiros de bronze.

Shura sorriu com a fala.

- E as armaduras? - indagou Aioria.

- O senhor Marius falou que elas foram descontaminadas. Foram mais fáceis que com a sua. - fitou o leonino. - depois poderemos pedir ao mestre para banhá-las se for o caso.

Na sala de reuniões, Marius, Sttup, Evans, Etah, Yahiku e Dianeira estavam reunidos, armando um plano de ataque com base nas informações dadas por Jhapei. Teria que ser um ataque único e efetivo.

O grito de Lirya rapidamente chegou aos ouvidos dos militares e dos cavaleiros. Médicos foram chamados para examinarem o príncipe. Shaka que estava com eles, parou próximo ao atendimento.

- Ele sofreu um desgaste muito grande de cosmo. Repelir o ataque da S1 foi algo além da capacidade dele. Fora os tiros.

- Ele está certo majestade. - disse um dos médicos. - ele precisa de repouso, Felizmente os tiros não pegaram em nenhum ponto importante. O príncipe precisa descansar.

Eron foi levado para seu quarto.

 

O.o.O.o.O

 

 

Na sua base, numa lua em GS, Haykan analisava os estragos feitos na Nau 3. Havia sido uma aposta alta, mas estavam num ponto que era tudo ou nada.

- Senhor. - Orrin aproximou. - os consertos avançam.

- Noticias de Ranpur?

- Ao que parece, Iskendar e os amigos do príncipe ainda correm risco de vida.

- Acelerem os reparos e convoque todas as naves que estiverem em bom estado. Iremos dar a tacada final, antes que eles se recuperem.

- E se seu neto sobreviver?

- Mesmo sendo meu neto é um Tempestta. E prefiro um Tempestta morto. Vamos colocar um ponto final nessa guerra. E o plano Alaron?

- Será executado em menos de uma hora.

- Ótimo. Com isso será o sexto. Vou eliminar esses "elementares."

 

 

O.o.O.o.O

 

 

Antes do dia clarear, Alisha e Shion partiram em direção a Ranpur. A todo momento, o grande mestre recebia noticias de seus subordinados.

- Mais uma vez obrigado Rana. - agradeceu.

- Tendo mais noticias virei avisá-lo, com licença.

Rana saiu deixando o casal a sós.

- Espero sinceramente que todos fiquem bem. - Alisha pegou as mãos do ariano. - Eron ficará muito mal se algo...

- Eles são fortes. Já passaram por muitas coisas e passarão por essa também. Inclusive Iskendar. Ele vai sobreviver.

- Os dois tem um destino tão difícil. - levantou, passando a andar pelo quarto da nave. - E já sofreram tanto por causa dele.

- Sairão muito mais fortes quando acabar. - Shion a abraçou.

- Shion... - virou-se para ele. - eu preciso te contar algo. - nem se atreveu a olhá-lo.

- O que? - levantou delicadamente o queixo dela.

- Eu... eu... - desviou o olhar. - eu...

Quando pegou coragem de dizer, o sinal sonoro de perigo soou por toda a nave. Shion e Alisha apenas sentiram o impacto das explosões...

Haykan estava disposto a eliminar todas as pessoas que cercavam Eron. Havia ordenado um ataque a Nias e quando soube que um dos "elementares", como ele chamava os cavaleiros, estava a bordo não hesitou em fazê-lo.

A nave não tinha explodido totalmente com o impacto, mas perdera seus motores sendo "arrancada" de um hadren. Vários tripulantes foram sugados já que pedaço do casco tinha sido arrancado. Ela rodopiou pelo espaço até ser atraída pela gravidade de um pequeno planeta. A bordo, alguns tinham morrido na hora com o impacto, mas a grande maioria estava desacordada ou bastante ferida para se dar conta do perigo.

No quarto de Alisha, a princesa estava no chão tendo alguns escombros sobre ela. Shion não estava muito distante.

- Ah... - o ariano sentia-se zonzo. Levou a mão a cabeça notando um sangramento. - Alisha... - procurou pela moça. - Alisha... - Ficou em pânico ao vê-la no chão. - Alisha! - tirou os objetos de cima dela. -Alisha! - olhou-a, felizmente não estava ferida. - Alisha...

- Sistema de sustentação inoperante... tempo para queda trezentos e sessenta segundos.

- Queda? - olhou pela janela, não viu o azul do hadren.

Sem pensar muito, Shion deixou o quarto. Enquanto andava pelos corredores, notou vários atlantiks feridos e mortos. Com os rodopios, estava difícil se manter de pé. Chegou ao centro de controle.

Todos os painéis traziam luzes vermelhas acessas, quando não piscavam devido a interrupção de energia. Olhou para o painel vendo um planeta.

- O que...

Sistema de sustentação inoperante... tempo para queda duzentos e quarenta segundos.

- Alguém? - muitos estavam caídos.

- Ai...

Ouviu um gemido. No canto esquerdo, dois atlantiks estavam feridos, mas conscientes.

- Estão bem? - tirava os escombros.

- A nave vai cair... - disse um deles.

- Cair? - ficou alarmado. - precisamos fazer algo.

- Estamos sem motores... - disse outro. - não temos como ligar o sistema de propulsão...

- Não tem geradores?

- Me ajude...

Shion ergueu um jovem atlantik de cabelos lilás.

... cento e oitenta segundos...

- E o capitão? - indagou Shion.

O jovem olhou para os lados, vendo o homem caído.

- Só temos nós. - chegou ao painel. - se tivermos pelo menos quarenta por cento de energia... talvez conseguimos... a princesa?

- Está bem.

O atlantik voltou a atenção para o painel. Se não conseguisse aquela energia, todos morreriam no impacto, pois a nave estava rápida demais.

Todas as luzes dos painéis piscaram. O controlador percebeu que nada poderia ser feito. Não teriam tempo de abandonar a nave, pois já sentia a nave trepidar por conta da aproximação do planeta.

- Vamos cair...

... cento e vinte segundos...

- Cair? Em dois minutos?! - desesperou por Alisha.

- Não... a base de dados foi danificada...  mas a essa velocidade três minutos...quatro no máximo...

O grande mestre ficou pálido. O que ele poderia fazer? Não tinha o poder de Aioria para energizar os motores.

- A Nias vai se partir em milhões de pedaços quando tocar o solo...

As luzes dos painéis apagaram, deixando os ainda mais temerosos.

- Alisha... - murmurou o ariano. Não poderia deixá-la morrer.  - e se... - lembrou-se de algo que Mu tinha feito. - se diminuirmos a aceleração, podemos pousar sem grandes danos?

- Sim, mas é impossível na situação que a nave está. Precisaríamos de uma forma de força muito forte ou algo que provocasse resistência para diminuir a velocidade.

- E os sistemas de comunicação?

- A nave enviou automaticamente um pedido de ajuda antes de perdemos a força.

As luzes de emergências acenderam, mas não durariam muito.

- A princesa está no quarto dela. Eu vou parar essa nave.

- Não há como. - o controlador o fitou incrédulo. - estamos condenados.

- Ainda não. Pegue seu companheiro e saiam dessa sala, agora!

O jovem ainda hesitou, mas não tinha muita escolha.

Quando Shion se viu sozinho começou a liberar seu cosmo. Era um plano louco, mas se conseguisse usar sua telecinese como amortecedor faria...

A nave fez um movimento brusco e por pouco Shion não foi ao chão. Os sobreviventes que estavam menos machucados tentavam se segurar. Alisha rolou no chão, soltando um gemido de dor. Quando a mente clareou viu os avisos de queda.

- Shion! Shion! - ficou desesperada por não vê-lo.

- Alteza...

Rana chegou a porta, havia um grande sangramento na testa.

- Rana...

A dama não disse nada, caminhou até uma parede puxando uma alavanca. Um sistema de cintos apareceu.

- Cadê o Shion?

A garota não respondeu. Quase não conseguia manter os olhos abertos, mas protegeria sua princesa. Praticamente a arrastou amarrando-a.

- Rana e o Shion?

- Não sei... - amarrou a si, perderia a consciência a qualquer momento. - mas deve está tentando... fazer algo... - perdeu os sentidos.

- Rana!!!

Sentiram a entrada na atmosfera. Shion via pelo painel a fuselagem da nave pegar fogo ao contato. A imagem do planeta despontou para ele, que continuava a acumular cosmo.

- Mais um pouco, só mais um pouco.

A Nias foi perdendo altitude rapidamente e houve um impacto quando ela bateu no pico de uma montanha. Os que ainda não tinham conseguido segurar foram lançados. Alisha olhou pela janela vendo as montanhas... o segundo impacto veio.

Shion segurou mais um pouco, até que viu que era o momento. Esticou os braços para frente e liberou todo seu cosmo. A frente da nave começou a ser envolvida pela energia dourada, mas aquilo não a fez diminuir a velocidade. O grande mestre concentrou-se ainda mais, precisava retardar mais para que o impacto não fosse grande. Elevou ainda mais seu cosmo. A parte da frente da nave fez um movimento brusco, como se uma força tentasse freia-la. Shion sabia que só aquilo não seria suficiente, precisava se esforçar mais. Pressionou os olhos e aquele ato resultou num novo impacto. A nave bateu contra outras duas montanhas e o cavaleiro já via o solo.

Liberou todo seu cosmo, o que fez com a nave parasse quase que suspensa no ar. Shion sentia um grande desgaste, a boca e nariz já sangravam. Quando fez a muralha de cristal em Sora seu corpo sentira as conseqüência do uso prolongado do cosmo, mas agora, o uso era muito mais concentrado. A Nias era um objeto grande e rápido demais para ser segurado. O cavaleiro foi de joelhos ao chão. Não conseguiria segurar por mais tempo, diminuiu um pouco seu poder, o que fez a nave avançar. Respirou fundo e elevou mais uma vez. O transporte parou novamente. Diminui a intensidade, fazendo a avançar só que mais lenta. A Nias tocou o solo. Com o impacto partes da nave foram arrancados. Alisha soltou um grito quando partes do teto desprendeu-se perto dela.

Com o impacto Shion foi ao chão mas mesmo esgotado levantou. Ainda estavam muito rápidos. Forçou seu cosmo mais uma vez, tentando retardar a velocidade. A nave deixava um rastro de poeira e destruição por onde passava.

O cavaleiro viu duas grandes montanhas a frente, precisava parar a nave antes que chegasse a elas.

- "Só mais um pouco cosmo..."

Elevou novamente e a força de repulsão provocada por ele fez a nave trepidar, mas diminuir de velocidade. Respirava com dificuldade e quase sem energia.

Fez o ultimo esforço e a nave parou bruscamente, lançando tudo que estava solto a frente. Sem controle do próprio corpo, Shion foi arremessado violentamente para fora da nave, caindo no casco....

... no espaço as equipes de socorro aproximavam...

O.o.O.o.O

A respiração do canceriano estava pesada. Desde que desmaiou ao lado da mãe havia se passado aproximadamente quatorze horas. Lirya que velou o sono do filho, o fitava preocupada. Aquele sono pesado era normal?

Escutou batidas a porta.

- Majestade.

- Marius.

- O sono dele está profundo. – parou ao lado dela.

- Shaka falou que o desgaste foi grande do tal cosmo.

- Se ele não tivesse parado aquele ataque, não estaríamos aqui.

- Sim.

- Trago noticias de Alaron e não são boas.

- O que houve?

- Um acidente. A nave que trazia Alisha e Shion foi acertada e caiu num planeta. Ainda não temos informações mais precisas, mas antes de cair o capitão pediu socorro. Inúmeras naves estão indo para lá.

- Não é possível! – exclamou assustada.

- Em breve teremos mais noticias.

O som de um resmungo chamou atenção dos dois. Mask abriu os olhos, sentando na cama.

- Eron.

- O que houve? – passou a mão pelo rosto. Ainda sentia um pouco de sono.

- Como está alteza?

- Bem. Eu... – olhou para o lado. – o que eu faço aqui?

- Desmaiou e esteve dormindo todo esse tempo. Precisava descansar.

- E meu irmão? Miro e os demais?

- Do mesmo jeito, alteza. – disse Marius. – sei que a hora não é adequada mas precisa saber sobre o acidente com Alisha.

- O que?

Marius o contou. Mask ficou branco. Não bastasse os últimos acontecimentos, Alisha e Shion... Deu um salto da cama, queria mais noticias.

Mu quando soube ficou atordoado.

Kanon e Niive dirigiam para Ranpur, quando a diretora soube do acidente, mandou Kanon prosseguir.

- Kanon.

- Já souberam sobre Shion? - olhou para os amigos.

- Sim, mas não temos muitas noticias. - disse Aioria.

- Niive foi para lá... - notou a expressão dos cavaleiros. - haviam me dito que algo aconteceu com o Saga...

Os cavaleiros trocaram olhares.

- O que houve com o meu irmão? Me falaram que foi ferido... - ele ainda não sabia da gravidade do problema.

Shura contou todo acontecimento.

- Eu quero vê-lo. Agora.

- Infelizmente não dá Kanon. - disse Shaka. - eles estão numa espécie de CTI, teremos que aguardar.

- Isso é um absurdo, - afastou um pouco. - Miro e eles entre a vida e a morte sem a causa ser cosmo...

- A vinda para GS nos mostrou que somos homens comuns Kanon. - falou Mu tristemente. - a nave que Shion estava caiu...

- E agora?

- Agora vamos nos preparar para o embate final. - Shura caminhou até a janela, olhando o horizonte. - a luta final chegou.

O.o.O.o.O

Muitas naves seguiam para o planeta Celine e uma delas era de Niive. A diretora estava preocupada pelo estado em que encontraria a Nias. A possível morte da princesa de Alaron poderia abalar as estruturas. Seguindo as orientações repassadas seguiram para o local. Cerca de dez minutos depois, viram em meio as montanhas a nave.

- Sem grandes danos... - murmurou aliviada.

As equipes desceram passando a procurar vitimas e feridos.

Alisha sentia-se zonza. Tentou se mexer, mas parecia que estava paralisada. Ela ergueu a cabeça fitando o local. O quarto estava revirado, felizmente grandes partes não tinham sido arrancadas. Ela olhou para o lado vendo Ranna na mesma situação. Com dificuldades desamarrou o cinto que a prendia. Segurou na cadeira para apoiar.

- Ranna. Ranna.

A garota estava inconsciente. Alisha levantou, ela precisava de socorro imediatamente. Tentou abrir a porta, mas estava emperrada.

- Socorro!!! Tem alguém aí!! - batia no metal. - Alguém por favor!!

Não teve resposta. A princesa recuou, precisava sair dali. Não sabia do estado da nave e ela poderia explodir.

- Shion... Shion!!! - gritou pelo ariano. - Shion...

Começou a escutar barulhos.

- Alguém!!! - bateu na porta. - socorro!!!

- Afaste-se da porta. - disse alguém do resgate.

Alisha afastou-se e em cinco minutos abriram a porta.

- Alteza. - Niive entrou logo em seguida.

- Ela precisa de ajuda.

- Vamos tira-las daqui.

- Como estão todos?

- Temos um médico que irá examiná-la, uma nave a levará para Ranpur. - a diretora preferiu ignorar a pergunta.

- Diretora... - temeu por todos. - Shion? Cadê o Shion? - já pensou no pior.

- Vou procurá-lo. Por favor siga com eles. Darei noticias mais tarde.

Alisha não queria seguir com eles, mas acabou concordando.

Niive ordenou que Shion fosse encontrado. Dirigiu-se para a sala de controle, ou o que tinha restado dela. A cena não foi muito agradável. Dos que estavam ali, apenas dois tinham sobrevivido.

- Diretora!

Ouviu um grito do lado de fora da nave. Se desse a volta demoraria muito, então passou pelo buraco do pára-brisa. A frente estava bem danificada, tendo que desviar de partes da nave.

- O que foi Yoku?

- Veja.

O policial apontou para um local, imediatamente a equipe de socorro foi acionada. Em meio ao casco rachado, Shion estava caído com muitos ferimentos.

 


Notas Finais


* A frase que Shaka menciona, acontece na saga de Asgard, na luta entre Ikki e Shun vs Shido e Bado.
* Gás Sarin: liquido sem cor e cheiro que atinge o sistema nervoso. Sintomas quando há a contaminação, coriza, sensação de aperto no peito e constrição das pupilas. Dificuldade em respirar, náuseas, vômitos. Se não administrado o antídoto leva a morte em pouco tempo.
* Imagem retirada na internet


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...