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História Tempo perdido - Passado no futuro


Escrita por: PieceWriter

Notas do Autor


Esta é a minha visão para o final de Prison School, após aquela decepção que o autor nos entregou. Prontos? Espero que gostem. Erros ortográficos podem ocorrer.

Capítulo 1 - Passado no futuro


A mente era lotada de pensamentos e flashes ininterruptos e bagunçados. A ansiedade expressiva e agonizante mesclada ao diafragma contraindo-se com força para expulsar o ar que já lhe faltava, tornava tudo mais difícil. Se manter controlado era complicado, conter os instintos animalescos e absurdamente dominantes era praticamente impossível, mas ele precisava pensar no que poderia acontecer se cometesse qualquer engano, se fugisse um milímetro que fosse do que era de costume. Cautela era preciso, ou ele poderia pôr tudo a perder. Entretanto o corpo já dava seus sinais de insatisfação, ele mostrava-se mais imponente do que o esperado. A mão tremia com a necessidade de paciência, ele suava frio e tudo o que podia pensar era no pior, o desafio precisava ser cumprido. Como homem, ele precisava fazer isso novamente. Precisava domar o indomável. E só mais uma vez, permitiu-se despejar-se silenciosamente sobre a própria mão livre, para não sujar a cama.

        Um ato de onanismo para qualquer um não seria tão visceral, mas para um homem casado há dois anos, inacreditavelmente, com a mesma pessoa, era extremamente desafiador e o único que o fazia tremer por completo, que impunha tamanha pressão e satisfação no corpo magro e depravado de Kiyoshi. Um suspiro silencioso foi liberado pelos pulmões, e tudo o que ele conseguia pensar era na possibilidade de ter acordado Chiyo, esta que estava deitada ao seu lado em seu sono taciturno. O de madeixas negras sentia o cheiro de porra subir a ainda assim não conseguia mover um músculo pra conferir se sua punheta matinal havia despertado a mulher, ele apenas manteve-se na mesma posição deitado verticalmente, fitando a parede branca do quarto, enquanto sentia o odor impregnar suas narinas e sua mente, fazendo-o divagar sobre questões que não tinha tempo pra pensar.

          Ele sentiu sua esposa remexer-se na cama, espreguiçando-se e logo um suspiro tranquilo fora captado por seus ouvidos. O único que fez foi unir as sobrancelhas ao sentir as costas serem tocadas pelas mãos da morena e então deslizar o próprio corpo para beijá-la sem desgrudar as mãos das partes íntimas, sem muito pensar. Apenas tocou os lábios dela com os próprios com tensão e melancolia pela inocência que ela não cansava de esbanjar, inconscientemente. Ela sorri pra ele com candura e como sempre, ele só imitava o que ela fazia da maneira que podia, tentando compreender o mistério dessa pureza nos olhares que ela o atribuía, que de praxe o forçavam a se questionar se era real, ou ela apenas habituou-se com seu jeito pervertido e o aceitou por amor.

      Como sempre, desde seu colegial, não perguntaria. Esse sempre foi seu ponto fraco, sempre foi conduzido pelo momento, nunca questionou afundo as coisas que lhe ocorriam. E por um longo tempo ele ficou assim, deitado na cama, ainda indagando o que deveria pensar ou fazer, mas sem chegar à conclusão nenhuma. Com o pau na mão ele fitava o teto, ouvindo - sem ouvir - as coisas que ela lhe contava que faria durante o dia, enquanto a mesma tomava uma ducha.

         Após o banho, nada. Exatamente nada foi diferente. Apenas um sorriso mais largo e romântico e um olhar repleto de agradecimentos era direcionado a ele, sem questionamentos, sem duvidar um tanto que fosse da integridade dele. Ponto para Chiyo, ela tinha os culhões que lhe faltavam, mesmo sem saber. Ele, aquele perdedor, mas que ganhava bem, morava numa casa de dois andares, casado com uma mulher estonteante e repleta daquilo que não era  o que ele imaginava não querer, simplesmente não era capaz de admitir o que descobrira há tempos, o sexo dela não era o bastante.

          Ele se subjugava com lágrimas cheias de dor, um orgulho ferido que envergonharia até o maior dos fracassados. Mais uma vez, Chiyo simplesmente não conseguia enxergar seu desespero e ele desafiava-se outra vez enquanto, no tempo em que ela organizava sua bolsa, ele, heroicamente, caminhava rumo ao banheiro, sem mais se dar o trabalho de fazer a mão de bacia pra poça de porra que há pouco jorrou de seu pinto, ou nos rastros de sua solidão líquida e branca que pingava por onde passava, ouvindo muito vagamente o que sua bela mulher dizia empolgada.

     Ela pegava a bolsa que organizara em cima da cadeira ao lado da cama e observou o corpo do marido caminhar mais lenta e despreocupadamente que o normal rumo ao banheiro ao lado da cômoda de madeira escura. "Sonolência da manhã", ela pensou deixando escapar um sorriso breve, passando a dar uma última olhadela pela enorme janela em frente à cama do casal, após abrir as cortinas como de costume, já podendo sentir o vento frio da cidade percorrer seu corpo, vento esse que movia os cabelos das crianças indo para a escola animadamente, enquanto conversavam. Boas memórias vinham junto a um suspiro longo e nostálgico. Ela se lembrou do que havia esquecido de dizer e o celular tocou na mesma hora em que o moreno ligou a ducha fria, era sua companheira de trabalho, Nara.
Kiyoshi era inundado internamente por emoções que não queria entender e o frio da água ajudou-o a concentrar-se na dor que as gotas gélidas lhe causavam naquele dia frio. Ao fundo, a voz dela era ouvida e ele só captava o que conseguia ou queria entender.

    - Amor... Encontro... Amigos... Vão estar lá... Às... Seis. Tchauzinho!

        A água entrando nos ouvidos e a mente também inundada apenas permitiu-lhe compreender claramente aquilo que realmente pretendia escutar: "Amigos" e "Tchauzinho", era tudo o que ele precisava ouvir. O resto era pura dedução. "Que se foda! Homens são esse tipo de merda" respondeu de si pra si em tom de monotonia. Parando para pensar, despretensiosamente, há tempos não se encontrava com seus amigos, ou falava umas merdas pra alguém. Culpa desse ostracismo a que se condenou. Precisava sair dessa bolha social a qual fora incluído pouco a pouco, essa questão da inocência e do respeito o tempo inteiro, o medo de agir fora do programado, estava deixando-o quase esquizofrênico. Ele não sabia se estava amadurecendo ou regredindo. Então, sem tempo por causa do trabalho e de suas próprias paranoias, se enclausurou mais e mais naquilo que não imaginara ser um buraco sem volta: a vida - monótona - adulta de um quarentão monogâmico e infeliz, embora tivesse apenas 23.

      "O fenômeno chamado insatisfação da vida adulta é tóxico até para os mais habituados", ele refletiu. Esta mensagem havia lido num website sobre fetiches. Ele havia pesquisado para saber se era gay. Por ter um sexo tão ruim com Chiyo sempre, cogitava a possibilidade de não estar fazendo direito, daqueles de virar os olhos, por não ser hétero ou coisa assim. Não era esse o ponto. Ele estava indo caminho errado. Ele ainda pensava sobre como abordar Chiyo para algo diferenciado, ou como explicaria a caixa enviada de um sex shop online para ela. Era questão de se decidir. O mais diferente que já fizeram foi um anal há meses e como ela é tímida e ele um cara insatisfeito a longo prazo, simplesmente deixaram o assunto morrer e ele continua querendo algo que o faça tremer. Suspirou profundamente antes de girar a torneira, observando o último rastro de seus fluídos irem embora junto ao sabão que limpara os vestígios da sua falta de pudor.

         Pensava sobre o quanto a distância entre ele e a esposa aumentava e no quanto a dela pra ele, encurtava. Era incômoda e sufocante a falta de proporção. Poderia conversar sobre os Três Reinos pela milésima vez com Gakuto e seria mais interessante do que o sexo que fizera com a morena ontem. Mas mais broxante do que isso era saber de sua obrigação enquanto supervisor no setor de marketing da empresa que o pai de sua mulher havia indicado-o.

        Enquanto fitava o espelho enorme perto da saída do quarto, ele ajeitava o nó da gravata mais uma vez e removia o pó do paletó enquanto desviava o olhar do próprio rosto, pois quando o fazia, só reparava no quanto seu rosto ainda era o mesmo, mas quem o ostentava, havia mudado tanto. Fechou os olhos e suspirou profundamente antes de criar coragem para se olhar e convencer-se de que era um novo dia, que tudo, milagrosamente, poderia mudar. A vida é um eterno mundo de escolhas, ou seja, ele poderia acreditar, no fim das contas. Isso aliviava pelo menos 50% do mau humor estampado no rosto fino e belo. Permitiu sorrir um pouco antes de catar a maleta e sair pra trabalhar.
Hoje era um dia diferente, então ele decidiu não tomar o café da manhã preferido que ela preparava toda manhã antes de sair, leu apenas o recado na geladeira.

     Tô atrasada, então vou pegar o carro. Sem contar que você é péssimo de roda. Lol. Amo você!

         A última parte ele leu, mas anulou, pois uma mensagem simples como essa, para ele, soava como o juízo final. Então focou no que o momento pedia, ir para o trabalho. Mais alguns minutos ali parado e ele se sentiria sendo sugado para dentro do limbo que é esse jeito amoroso e arrebatado pelos beijos cheios de carinho e boas intenções dela.

Andando pela cidade, ele caminhava, como sempre, sem ver. Pelos cruzamentos e sinais, ele não se importava com o movimento intenso pela manhã, ele não se aborrecia, ou se preocupava com o fluxo de gente tão perto dele pela calçada. Mas hoje especificamente, ele se permitiu procurar por uma cafeteria e a primeira que encontrou foi uma que, talvez, já tivesse frequentado alguma vez. Ele apenas desviou das pessoas que vinham no sentido oposto ao seu e sentou-se do lado de fora, esperando alguma atendente vir falar com ele, sentindo o vento frio bater no rosto. Depois de um bom capuccino, ele sentiu-se pronto pra mais um dia entediante e ali na frente mesmo, ele tomou um táxi. O dia seria longo.

         Horas mais tarde, percebeu que o tempo passava surpreendentemente rápido e na sala calma e confortável, ele refletia sobre a promoção que lhe ofereceram no dia anterior, pra ir pra uma sala maior ainda e ganhar o dobro do salário. Chiyo-chan ficaria feliz e isso o faria feliz também, é assim que casais são, mas ainda falta algo. Pensando na relação sólida que construíram até hoje, existe algo estável. Coisas mudaram, mas num todo, ele conseguiu o essencial pra dizer que vive bem. "É assim que tem que ser" ele pensou, ostentando um sorriso duro enquanto fitava a tela do computador cheio de bundas na tela, ele estava acessando um site pornô gratuito. Prioridades, certo? Ele apenas se tornou o típico cidadão japonês.
           Agora voltando ao que deveria fazer, após um dos seus subordinados aparecer com algumas papeladas, ele focava-se no trabalho neste pouco tempo restante. Já escurecia e ele pensava no rumo que tudo isso estava tomando, quando o celular começou a tocar, outro mini ataque cardíaco, antes de catar o smartphone dentro da pasta. Era Chiyo. Engoliu em seco antes de atender a morena.
       - Sim?
       - Oi, amor! Então. Já posso passar aí pra te buscar? - A voz entusiasmada de sempre.
       - Agora? - Indagou confuso, fitando o relogio de parede em frente à mesa do escritório.
      Já passava das seis.
       - Sim! Então?
      - S-sim. Já estou descendo - respondeu com voz fraca, tentando lembrar o pouco do que entendeu do que ela havia falado mais cedo antes de sair.
         Saindo do enorme prédio, ele visualiza seu Honda Fit vermelho na altura da esquina e já afrouxa a gravata, relaxando o corpo antes de acenar para a morena. Ela estaciona e ele adentra o carro, dando um leve beijo nela. Ela o encara com reprovaçao e uma gota de suor escorre por suas têmporas.
        - Por que você está tão formal? - Indagou e o beicinho formou-se.
        - Eh? Ah... Bem... Eu... - Pensava no que diria, pois não havia entendido a pergunta dela, então teria que improvisar. - Cê sabe que esse é o meu paletó favorito e essa gravata, então. Nem se fala. - Tentou parecer convincente.
          Ela uniu as sobrancelhas, mas o olhar manteve-se focado no dele.
        - Você odeia essa gravata, que eu sei. - Ela deu um sorriso fraco.
          Algo imediatamente despertou-o. Algo diferente.
        - Você sugeriu que eu comprasse, então, é claro que eu tô tentando gostar...
           Fujino sorriu buscando neutralizar o que havia dito.
       - Certo. Mas pra um encontro de ex-formandos seria bom? - Ela perguntou desviando o olhar pra começar a dirigir, já engatando a marcha.
       - Ah!
        Ele respondeu de imediato, surpreso, mas como o que ela acabou de dizer provavelmente teria sido algo que ela falou pela manhã, então ele teria que fingir que se lembrava.
      - Mas é claro. Como eu pude vestir algo tão ruim, não é? Digo, a gravata é ótima, porque você me comprou, mas o resto fui eu que comprei quando fui às compras sozinho... - Ele disse.
        Com a breve resposta, alguma memória embaçada retornava, mas ele afastou-a e focou-se no olhar ilegível da esposa fitando-a sobre os ombros. Eles ficaram em silêncio por um tempo depois disso. O caminho conhecido da antiga escola embaralhava a cabeça dele. Por um tempo, com o pequeno diálogo que acabara de ter com Chiyo, percebeu o quanto cresceu e quanto do passado ainda permeia sobre sua atual história.
     Nesse momento, uma imagem do Gakuto se cagando num ato no mínimo épico, pôde ser visualizada com clareza por ele, que, inevitavelmente, sem saber o porquê se sentiu nostálgico. Coisas que ele não fazia mais questão de lembrar estavam voltando, enquanto Chiyo falava sobre as pessoas que iriam para o encontro e ele nem se dava ao trabalho de tentar ouvir, porque algo muito mais forte, que Fujino simplesmente não conseguia entender, o dominava mentalmente. O coração palpitava intensamente e ele sentia uma ereção se formando sob a calça conforme eles se acercavam à entrada da colégio. Ele usou a maleta para escondê-la, no tempo em que se sentia mais no passado do que no presente, algo de bom se perdeu e ele não conseguia lembrar. Aliás, ele não podia.
       O movimento tão intenso dentro do local, que ele podia ver pela janela do carona. Outra vez o corpo arrepiou-se, mas uma curiosidade o movia, então ele começou a pensar em coisas nojentas pra acalmar o amiguinho dentro da calça, para que pudesse sair de uma vez do carro. Chiyo-chan estacionou rapidamente e eles saíram juntos.
        Agora com o corpo mais calmo, ele via o pessoal mais à frente. Nesse momento, ele sentiu-se mais invadido do que quando passou por aquele portão pela primeira vez como uma mulher. Um grupo específico lhe chamou atenção, seus amigos. Visualizava Chiyo-chan cumprimentando a todos pelos lados, e limitava-se a sorrir apenas e conduzir-se aos mais achegados. Eles o olhavam com afeto e o acenavam. Era confortável, mais do que ele poderia imaginar. Tanto que até pôde esquecer o pessoal que o chamavam de Piyntoshi, uma minoria, felizmente.
        Ele retribuía os sorrisos e algo maior, uma luz forte gerada por sua imaginação, iluminou uma área em especial, bem no canto esquerdo de onde eles estavam aguardando-o. Algo longíquo, fora do plano em que se encontravam, algo espiritual o chamavam pra lá, mas nada que um abraço apertado e de Gakuto não resolvesse.  
      - Olá! Quanto tempo! Venha - falou sorridente.
      - Kiyoshi-san.
        As meninas Anzu, Mitsuko, Cake e Mayumi.
     Os rapazes o cumprimentaram com um aperto de mão e eles trocaram uma ideia por um tempo e isso o trouxe boas memórias. Em seguida, Meiko e Mari vieram para cumprimentá-lo também. Ele coçou a cabeça um pouco, quando perguntado sobre como andavam as coisas no casamento e na vida. Essas perguntas sempre o perturbavam, mas mais do que isso, outra coisa também que ele não conseguia se lembrar, o perturbava também. Uma sensação de frio na espinha o percorreu e ele desviou um pouco quando o assunto sobre os investimentos no ramo de BDSM de Andre começaram a interagir o pessoal, incrivelmente até Chiyo.
       Algo o obrigava a percorrer o olhar pela escola, o prédio enorme, as salas, o refeitório, área de recreação e um ponto em específico que se recusava a olhar demais: o presídio. Uma sensação de desconforto o assolava. Chiyo e Mari foram buscar o pai que havia ficado preso no trânsito, por causa de uma bunda, então, entretidos com seus respectivos assuntos, fez Kiyoshi perceber que naquela hora, havia se destacado do grupo. Com isso, resolveu dar uma volta pela escola.
       O visual era o mesmo. Era nostálgico a sensação de andar por cada canta da escola, desde a entrada até aonde o corpo o levasse. Ele só visualizava as imagens que o corpo gravou de cada local. A árvore com os corvos, a parte de trás da escola agora menos movimentada. Pegou uma água com numa prateleira que disponibilizaram para o pessoal do encontrinho beber e cada gota daquela água o faziam lembrar mais e mais do passado que estava impregnado em cada canto do colégio e o impulsionava para o lado mais reservado do terreno, inconscientemente.
        De frente para a porta de entrada da prisão, ele olhou para os lados e tudo foi tomando forma, imagens de sete anos voltavam à tona como flashes, forçando-o a apertar as têmporas numa tentativa falha de controlá-las. Ainda lutando pra dominar o fluxo instável das memórias turvas em sua mente, ele cobriu o rosto desesperadamente enquanto um zumbido mais agudo do que poderia suportar o fez perder o equilíbrio. Esta era uma luta, e seu cérebro ganhava de lavada. Ainda cobrindo o rosto atordoado, tentando impor algum controle aos próprios pensamentos, ele corre um pouco e a porta dupla que o separava do interior da prisão se abriu num rompante.
        Ele caiu no chão de joelhos, agora se apoiando também com as mãos, voltando lentamente o olhar pra dentro da prisão e outra vez a luz de sua imaginação quase o cegou, mas dessa vez ele permitiu, desistiu de lutar. Uma força invisível lhe deu um soco na boca do estômago, tal que o fez arfar e salivar. Ele era consumido por lembranças que permaneciam frescas. Outras imagens vinham à tona e ele não conseguia conter o intenso fluxo de sensações que o dominava. "Onde tudo isso estava guardado?" indagou mentalmente. As sobrancelhas unidas era prova de que não conseguia discernir o momento.
       Uma corrente de ar forte refrescou o seu rosto com a intensidade de um tapa e outra vez ele lembrava de momentos como a fuga da prisão como se fosse ontem. Nomes, momentos, pessoas, sentimentos, sensações, primeiras vezes, eram as palavras chave. Num momento de fraqueza, visualizando a si mesmo, como uma miragem, em todos aqueles momentos que viveu, ele forçou-se a olhar para o chão por um momento e não havia nada ali. A única coisa era uma garrafa PET e outra vez seu coração batia forte. Ele tocou o próprio pau que queria despertar outra vez e algo ainda maior, mais intenso lutava pra aparecer diante de seus olhos.
Kiyoshi precisava assimilar tudo, mas o tempo era curto. Ele levantou-se carregando o garrafa consigo, enquanto andava calmamente pelas celas no corredor silencioso e vazio. De alguma forma, aquilo o trazia certa esperança no amanhã, ele se sentia um mártir caminhando para um palco mais alto, o mais próximo dos céus. As grades o faziam lembrar tanto do passado, que agora ele se sentia nas roupas de encarcerado. Uma felicidade fugaz.
        Outra fisgada no estômago o atormentava, esta se devia a quê? Ele estava em frente a sala de auditoria, mas dessa vez um vazio enorme o preencheu. Quando ele sentiu o sopro frio do local vazio ele descobriu imediatamente que faltava algo. Ali, era o local do pico de seus sentimentos. Onde maior sentiu qualquer coisa boa. Ele amassou com força a garrafa PET que estava na mão esquerda e algo engasgado na garganta lutava pra sair enquanto ele gaguejava e fitava as paredes nunca esquecidas por ele.
        - Hana-san...
E foi quando ele se sentiu completamente perdido numa solidão profunda, num sentimento de repulsa enorme, quando a única resposta que teve foi o eco da sala vazia. Quando foi que ele havia perdido tanto, se aqui ele ganhara muito também? Era um caminho sem volta, um tempo perdido, que lutava pra voltar e ele relutava por tanto tempo, mas estando naquele local especificamente, era impossível conter agora. Ele sabia o que estava sentindo, as lágrimas lutaram pra sair, na mesma medida que ele lutava pra contê-las e a ereção pulsante latejava.
      - Eu... perdi.
       Nesta hora, o ranger da porta se abrindo o despertou e nada podia mudar o fato de que ele não poderia esconder o que sentia naquele momento. Era amor e a maior solidão de sua vida. Os sapatos pararam de estalar no chão, um suspiro engasgado foi ouvido e um perfume convidativo o obrigaram a virar e averiguar quem seria. De qualquer maneira, aquele era o fim. O fim de tudo, inclusive de tudo o que lutou pra negar e esconder no fundo do coração, este sentimento latente em seu ápice, na ponta de sua ereção dolorida. E quando seus olharess se encontraram, ambos se desestabilizaram. Agora ele arregalava os olhos, rezando pra que de alguma maneira, aquilo não fosse sua imaginação. Por cima dos ombros era difícil enxergar, mas era a única maneira de esconder as reações de abstinência de um momento tão marcante em seu corpo.
     - Kiyoshi?


Notas Finais


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