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História Tempos Áureos - Fuga


Escrita por: IchygoChan

Notas do Autor


Perdão pela demora, foi mais difícil betar do que eu supus inicialmente, e olha que o texto nem e tão grande, porém é um conceito novo para mim. 

Capítulo 3 - Fuga


Fanfic / Fanfiction Tempos Áureos - Fuga

Bakugou pouco se lembrava daquela noite, apenas de estar disposto a morrer e matar pelo amigo, instigado pela adrenalina que corria a mil em seu corpo, fazendo seu pequeno coração palpitar acelerado.

Então, repentinamente o mundo ao redor começou a ficar estranhamente turvo.

A visão embaçada e os sentidos desligando aos poucos o fizeram perder o controle do corpo. Os movimentos tornaram-se erráticos e fracos quando os músculos misteriosamente tornaram-se entorpecidos.

O mundo rodopiou e as vozes alarmadas dos homens e guinchos de dor de Eijirou se mesclaram em uma confusão cacafonica.

No instante seguinte tombou no chão em câmera lenta, desacordado pela magia lançada por um mago que havia se unido ao grupo de buscas organizado por seu pai, composto em sua maioria por homens que caçavam junto a ele em suas expedições.

Acordou horas mais tarde zonzo e desnorteado. Longos segundos se passaram até que ele se localizasse, reconhecendo estar no próprio quarto. Mal ergueu-se nos cotovelos sendo surpreendido por um abraço apertado da mãe que chorava feliz e tranquilizada, agradecendo a todos os deuses por terem-no encontrado vivo e por ele finalmente despertar.

O carinho, no entanto, durou cerca de dois minutos, quando ela bronqueou sua ação impensada puxando sua orelha dolorosamente.

_Ai, mãe, porra, isso dói!- foi recompensado por sua grosseria com um tapa na cabeça.

_ Olha essa boca, moleque. - novamente segurou sua orelha, puxando-a de maneira inclemente. Algumas lágrimas empoçaram no canto dos olhos e uma careta dolorosa se formou em seu semblante - Agora você vai me explicar direitinho o que diabos estava fazendo na floresta que não voltou antes do sol de pôr. Me colocou em desespero, menino!

_ Floresta... do que você está falando... Eijirou!- gritou desperto recordando-se do amigo ferido com o estômago revirando de terror.

Subitamente se desvencilhou do castigo,  se movendo com pressa para sair do agarre materno. Alguns trechos de memória o haviam deixado inquieto e receoso, e ele precisava descobrir onde e como o amigo estava. Porem, antes que pudesse se levantar, sua mãe agilmente segurou sua mão imobilizando-o.

_ Onde pensa que vai?

Os olhos dele, abertos em pânico e marejados deixaram-na aturdida.

_ O que fizeram com meu amigo? Pra onde o levaram?!

Mitsuki tentava processar o que via. Seu filho era teimoso e indolente na maioria das vezes, sempre turrão assim como ela mesma, mas agora estava ali com aquele olhar sofrido e preocupado, de um jeito que nunca vira em si e isso a deixou sem ação.

O momento entre ambos foi momentaneamente interrompido quando a porta do quarto abriu de supetão revelando a figura do pai que o mirava com um semblante cansado, tendo profundas olheiras. A maneira como ele o fitava alarmou Bakugou. Masuru poderia ter muitos defeitos, e ser talvez até mesmo complacente demais com o comportamento arredio do filho, mas nunca havia olhado para si daquela maneira.

Mesmo assim não foi o suficiente para freá-lo.

_ O que vocês fizeram com o meu amigo?!- interpelou-o sem hesitar.

_ Seu amigo? - o timbre desacreditado e grave que usou deixou ambos alerta. Estava ríspido e desgostoso como nunca antes.- Você considera aquilo um amigo?

Ele parecia realmente decepcionado, no entanto Bakugou não compreendia o motivo. Infelizmente para seu pai, a necessidade que tinha de saber do que aconteceu era maior que a sua surpresa pela nova personalidade dele.

_ Sim, o que fizeram com ele?!- ergueu-se finalmente, desvencilhando das mãos da mãe que pedia que permanecesse deitado.

_ O que fazemos com dragões. - disse sério, encarando-o.

Os olhos rubros de Bakugou se abriram apavorados frente a afirmativa. Balançou a cabeça em negando aquela verdade, desacreditado enquanto sentia o ar lhe  faltar.

Eles o matariam.

Essa certeza sombria fez seu estômago dar cambalhotas tão violentas que ele quase vomitou aterrorizado.

_ Ele não é um dragão!- gritou furioso, partindo para cima do pai e batendo com a mão fechada em seu dorso repetidas vezes. As lágrimas escorriam sem que pudesse controlá-las. - Vocês o mataram!

_ Não ainda. - segurou as pequenas mãos, mirando desgostoso o olhar marejado e o rosto tomado de lágrimas de seu primogênito. - Ainda é um filhote, e não oferece muitos riscos, além de ser valioso. E sim, ele é um dragão, Bakugou, disso não tenho dúvidas. O que achou que ele fosse com aquela aparência?

Bakugou agressivamente puxou as mãos libertando-as do aperto do pai. Havia descrença, raiva e medo brigando dentro de si. Muitas emoções conflituosas disputando espaço em seu coração ao mesmo tempo, sendo a mais forte o amor que sentia pelo amigo.

_ Eijiro não é um dragão!- gritou. - Ele não é! Ele fala e se transforma em humano!- sua mãe levou a mão a boca, descrente das sandices que o filho estava falando.

Os olhos do pai semicerram-se.

_ Pois eu não ouvi ele falar nenhuma palavra desde que o encontrei. Apenas guincha e ruge como as demais criaturas estúpidas de sua espécie.

_E porque você não o entende, só eu! Apenas eu posso entendê-lo por causa da magia.- respirava pesadamente.

O clima estava pesado no quarto. Pai e filho se encaravam mutuamente e Masaru não viu qualquer sinal de hesitação no filho, ele realmente acreditava naquilo e isso o encheu de desgosto e tristeza. Seu único filho, o que deveria sucedê-lo estava ficando louco e perceber isso lhe cortou o coração.

_ Chega dessas loucuras, eu vou buscar um curandeiro para você. Está ficando louco.- disse com a voz quebrantada.

_ Não estou louco! - rebateu impaciente e ofendido- Onde ele está, onde o colocaram?! Ele está ferido, precisa de mim.

Dirigiu-se a saída sendo interceptado a tempo pelo pai que o segurou pela mão puxando-o e o devolvendo ao centro do quarto. Os olhos de Katsuki estavam abertos em descrença e raiva.

_ Você não vai sair desse quarto, nem se aproximará mais desse dragão, está ouvindo?- Masuru o intimou, pela primeira vez agindo de maneira autoritária. Era um homem bom, que ouvia os anseios do filho, mas aquela loucura e toda a comoção das últimas horas o deixaram em frangalhos, consumindo seu humor.

Nenhum golpe, no entanto, havia sido mais forte do que descobrir que o filho confabulava com um dragão e ainda afirmava entendê-lo e conversar com ele. Como podia um futuro caçador de dragões manter amizade com sua caça? Isso o tornaria fraco, e selaria seu destino, e isso Masuru não podia aceitar.

_Eu vou sim! Ele é meu amigo, me defendeu e precisa de mim!- ousou desafiar o pai e sair.

Masuro dessa vez segurou em seu pulso, erguendo-o momentaneamente e jogando sobre a cama.

_ Não irá, e isso é uma ordem.

🌟🌟🌟🌟🌟🌟

Durante dois dias conseguiram mantê-lo no quarto, impossibilitando que ele saísse para qualquer lugar. Porém seria inocência crer que algo conseguiria segurar Bakugou, ainda mais depois de ouvir que estavam a espera de um comprador que queria adquirir o filhote de dragão ainda vivo para poder usar em um ritual. Bastou uma brecha na segurança, uma falha aparentemente inofensiva entre as trocas de turnos, para que o loiro escapasse de seu cativeiro, pulando da janela em cima de um carro de feno que amorteceu sua queda.

Rapidamente se levantou esgueirando-se pelas poucas casas, atento a diminuta população do lugar. Por sorte a maioria estava nos campos e os poucos que se distribuíam pelas ruas de terra batida estavam ocupados demais para se importar com outra coisa que não seus afazeres.

Bakugou guiou-se por um estranho sentimento em seu peito. Não fazia ideia de onde o amigo estava, mas sentia sua presença convidando-o. Acabou em um pequeno galpão nos arredores do lugarejo.

Quebrou a tranca do pesado portão usando uma pedra como ferramenta e rapidamente entrou, fechando a porta atrás de si.

Seus olhos logo se encheram de lágrimas ao perceber a condição em que mantinham Eijirou, aproximando-se dele com o coração em pedaços.

Aprisionado em uma jaula minúscula, ele mal tinha forças ou espaço para se movimentar. Provavelmente estava ali desde a captura. Havia uma focinheira de ferro fundido em seu rosto, apertada e provavelmente incômoda, e muitas feridas em seu couro, sujas de sangue seco. A flecha ainda estava lá, cravada na carne que inchou e inflamou ao seu redor, tornando-se uma ferida purulenta onde algumas insetos vez ou outra pousavam.

Katsuki se aproximou sentindo as pernas fraquejarem e as lágrimas descerem descontroladas, pesaroso com a cena. Não fosse por sua culpa Eijiro não estaria ali, ferido e sendo maltratado. A culpa o consumia.

Ajoelhou-se ao lado da jaula, encostando o rosto nas grades para poder ficar mais próximo.

_ Eu vou tirar você daí. - prometeu.

Inconformado, Bakugou quebrou o cadeado com a mesma pedra que usara momentos antes e que ainda trazia em mãos. O som incessante das batidas despertou o dragão que o mirou com olhos mortiços, apagados e fracos, fazendo-o se sentir pior.

Assim que o trinco quebrou ele abriu a jaula com urgência, abraçando o amigo o máximo que podia e chorando em cima de si, desconsolado. Com certa dificuldade ajudou-o a sair da prisão, puxando-o como podia até que ele se obrigasse a sair, usando as poucas forças que tinha para arrastar o pesado corpo, escorregando as patas que se moviam lentas, vez ou outra tornava a cair, guinchando fracamente.

Rapidamente Katsuki retirou os pinos da focinheira, beijando cada uma das feridas, e acariciando-o com cuidado. O peso em seu coração era tamanho que sentiu como se estivesse sendo esmagado.

_Me desculpe por ter demorado, Eijiro.- a voz saiu embargada e uma lágrima caiu sobre o focinho dele. A iris rubra o mirou por entre o olhar semicerrado.

Um guincho baixo, quase um sussurro escapou dos lábios do dragão.

_ Estou feliz... que tenha vindo...

_ Eu jamais o deixaria aqui. Eles me prenderam, não queriam me deixar vir, mas eu consegui fugir.

Cansado, Kirishima lambeu o rosto do amigo, enxugando suas lágrimas sem que dessa vez ele se importasse ou reclamasse.

_ Eu também estava com saudades. - segurou o enorme rosto entre as mãos com certa dificuldade e o lambeu também, numa carícia bem vinda ao dragão que esboçou um breve e fraco sorriso- Agora temos pouco tempo. Preciso pensar em um jeito de te tirar daqui.

🌟🌟🌟🌟🌟

Com muito esforço eles saíram do galpão, avançando pela mata fechada como podiam. Eijirou mal conseguia sustentar o corpo fraco nas patas que vez ou outra vacilavam o levando ao chão  e Bakugou pouco podia fazer para ajudar a não ser incentivá-lo, acariciando e prometendo que estava do seu lado independente do que pudesse acontecer. A pata traseira machucada tornava a locomoção ainda mais lenta, dando-lhes pouca vantagem.

Não demorou para que dessem falta de si, e percebessem o desaparecimento da caça, organizando outro grupo de busca.

Logo a floresta se encheu com o som de seus perseguidores, munidos de armas, cães e movidos pelo sentimento de incredulidade com aquela perda.

_Eijirou, me escute, você precisa voar!- Bakugou disse aterrorizado.

_ ... eu estou fraco... não vou conseguir...

_Você precisa!Eles vão te pegar desse jeito!

O dragão ergueu as pesadas pálpebras reptilianas, mirando-o por um instante e abriu as asas, choramigando de dor. Bakugou o incentivou, esperançoso, alarmando-se ao perceber que ele estava realmente tendo dificuldades para se erguer do chão.

Eijirou bateu as asas por duas vezes, levantando parcialmente o corpo do chão, mas mal conseguiu erguer-se

por vinte centímetros antes de cair novamente sobre a perna machucada, enterrando dolorosamente a flecha na ferida infeccionada, causando-lhe uma dor aguda e lancinante que o fez guinchar e perder a consciência por alguns segundos, deixando-o tonto e ainda mais fraco. Assustado, ferido e cansado, Eijirou começou a chorar em agonia.

Ao seu lado, Bakugou chorou mais uma vez em consonância, apiedando-se de sua situação da qual se sentia culpado, atemorizado pelo risco de perder o amigo. Ambos ainda eram apenas crianças no final das contas, mas isso não impediu de tentarem, nem de Katsuki pegar a pequena faca de caça que trazia escondida e se pôr em posição de luta, mais uma vez pronto para defender o único amigo.

_Ninguém vai levar você dessa vez. Eu juro, nem que tenha que morrer.- prometeu seriamente olhando para ele por cima do ombro. 

_... Katsuki...

Poucos momentos depois estavam cercados novamente. Como uma cena repetida, Bakugou se colocava a frente de seu amigo enquanto fitava os demais com o olhar desafiador e concentrado,

_Ninguém vai tocar um dedo no meu amigo!- disse em fúria.

_ Saia de perto desse dragão agora, Bakugou. - a voz de seu pai se elevou autoritária acima das demais, e ele surgiu com o olhar assutador.

_ Ninguém vai levá-lo. - repetiu, travando o maxilar.

Antes que pudessem continuar, um guincho alto e agressivo ressoou pela clareira trazendo terror ao coração de todos os humanos quando um enorme dragão, de pelo menos um seis a sete metros de altura,  desceu no descampado fazendo a terra tremer sob o peso de suas enormes patas. Eijirou guinchou choroso em resposta, e os olhos de Bakugou se abriram de espanto com a fala dele.

_... Pai... socorro...


Notas Finais


Meu coração!!!!!!


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