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História Tempos Áureos - Obrigações


Escrita por: IchygoChan

Notas do Autor


Mais um capítulo ❤️

Capítulo 21 - Obrigações


Fanfic / Fanfiction Tempos Áureos - Obrigações

Foi uma surpresa para Katsuki ver a barreira desfazer-se liberando sua passagem, afinal ele não esperava que sua tentativa fosse realmente dar certo, não era um dragão, tampouco uma criatura mágica, apenas um humano. Mesmo assim não perdeu tempo para travessá-la, deixando para trás mais do que apenas uma cidade que o marcou de um jeito inominável.

Trazia nas costas apenas uma pequena bolsa com alguns mantimentos, o suficiente para voltar ao seu reino — ao menos acreditava ser — o coração pesado e a mente abarrotada de pensamentos, tão confusa que tentava se apegar apenas a certeza de que tudo se resolveria ou ao menos seria melhor se ele fosse embora de Turandor.

Havia amado a cidade e com certeza sentiria falta do calor e acolhida que vivenciara como Heziel, todavia aquela era uma realidade a qual não pertencia.

O principal motivo de sua partida no entanto era Eijiro. Não lhe parecia justo obrigá-lo a permanecer como guia e mestre do sujeito que o traíra e assassinara sua amiga, mesmo sendo uma suposta missão dada a ele por sua deusa, então tomara a decisão que acreditara ser a mais correta. Sem ele na cidade, Eijiro não precisaria se sentir obrigado a encará-lo ou mesmo ter que lidar com o fardo qhe deveria ser aquela escolha. Esperou o momento ideal, afastando-se do templo e reunindo o pouco que tinha, portando apenas um punhal para se defender de ataques uma vez que sua alabarda havia ficado na Caverna Sagrada na qual não pretendia voltar por respeito.

Por sorte não encontrara nenhum guarda nas proximidades, e se eles o viram então fingiram não ver porque ninguém em momento algum o impediu de avançar. Felizmente os aldeões estavam reunidos nas proximidades do templo, realizando alguns rituais diários.

Sem ter quem o impedisse, Katsuki aproximou-se da barreira fascinado com o fato de brilhar paracamente como que envolvida por uma fina película multicolorida. Criando coragem recitou as palavras de encantamento que ouviu Ochaco falar para liberar a passagem, crente de que falharia. A parede, no entanto, oscilou levemente  ondulando como a superfície de um lago atingida por um objeto redondo, desvanecendo-se e liberando espaço.

Agora estava ali, no escuro, utilizando uma tocha que roubara de uma das casas enquanto vagava a esmo pela floresta. Estava ciente de que era um alvo fácil, mas precisava se afastar o máximo possível da cidadela. O plano inicial consistia em ganhar distância e depois subir em uma árvore onde pudesse dormir até o sol raiar, o que faria depois já não era tão claro.

O pouco que conseguia ver graças a luz alaranjada da tocha parecia estranhamente utópico, como que saído de uma alucinação visual. Haviam cogumelos luminosos estranhamente convidativos e plantas que pareciam se mover em determinadas direções, sem contar toda a sorte de sons que pareciam saltitar aos ouvidos, picados, coaxos e rosnados baixos e distantes. Fora isso o som do cascalho e folhas secas se partindo sob seus passos e o cheiro de orvalho é terra pareciam comuns, pouco destoando das florestas que já comhecia.

Deteve-se ao escutar um rugido alto atrás de si encarando uma figura gigante passar pela barreira em sua direção. Os olhos brilhavam na escuridão como duas brasas, encarando-o como se pudesse despi-lo.

Ia se virar e correr quando ouviu o baque surdo de algo se chocando contra uma árvore seguido por um ganido. O chão estremeceu quando Eijiro caiu, seguido pelo som da árvore tombando, o que fez Katsuki voltar correndo em direção do som com o coração aos pulos.

Encontrou-o caído no chão, em sua forma humanoide enquanto alisava a cabeça, resmungando sobre a dor.

— Você está bem? — Indagou se aproximando e tocando-o. Iluminava o rosto dele com a tocha, estalando a língua ao perceber que sua testa sangrava.

— Estaria melhor se não me obrigasse a voar de noite, obrigado — Eijiro resmungou descontente aceitando a ajuda dele para se levantar. Sentia-se desconjuntado — O que diabos pensa que está fazendo, essa floresta é perigosa à noite, sabia? Não é como as florestas humanas, existem orc's, duendes e toda a sorte de bestas.

— Acha que eu tenho medo de um duende?

— Não riria se já tivesse passado raiva na mão desses malandrinhos. — levantou-se ainda com a mão sobre o quadril, praguejando sua má sorte — Agora venha, vamos voltar.

De costas, Eijiro começou o trajeto de retorno, parando momentos depois ao perceber que não estava sendo acompanhado.

— O que houve? Venha logo, não estou nenhum pouco a fim de entrar em luta com nenhuma criatura por causa de você — resmungou descontente reiniciando a caminhada. Dessa vez escutou o som de passos, demorando um pouco para perceber que estavam se distanciando — Bakugou!

— Pode ir, eu não vou voltar — avisou continuando o caminho sem se deter — Eu já lhe causei problemas demais, não quero que seja obrigado a nada por minha causa.

— Vai me causar mais problemas desse jeito, o que acha que a sacerdotisa e o oráculo vão dizer ao perceber que eu o deixei ir embora e falhei na minha missão?

— Você não é obrigado a cumprir essa missão, pode muito bem apenas ignorá-los e continuar sua vida.

— Não, eu não posso, foi uma missão dada a mim pela minha deusa. — seguiu atrás dele, marchando rapidamente para o interceptar.

— Isso foi o que eles disseram, pode ser que não seja verdade.

— Oráculos não mentem, Bakugou, eles não podem e nem ganhariam nada com isso.

— Ah, ganhariam sim. É muito mais fácil manipular as pessoas pela fé que pela força, já via acontecer muitas vezes.

— Com os humanos pode até ser, mas dragões não agem dessa maneira. Não somos iguais a vocês.

— Tem razão, mais um motivo para eu me afastar de vocês.

— Bakugou, não seja teimoso, droga!

Ele parou de repente, encarando o céu estrelado como se buscasse algo na imensidão. Eijiro aproveitou e se adiantou, parando a sua frente, observando o rosto dele enquanto ele abaixava a cabeça aos poucos, encarando-o na mesma intensidade.

— Eu sei que não quer que eu volte, Eijiro, não precisa se esforçar para tanto. Ambos sabemos o que aconteceu entre nós, o que matou a nossa amizade.

— Isso não importa agora, eu tenho uma missão.— tentou disfarçar que concordava com ele.

— Importa sim, e sempre vai importar. Você me deu um poder, a sua confiança e amizade e eu simplesmente... — suspirou cansado, fechando os olhos por alguns segundos enquanto lutava contra a emoção — ... pare de tentar tanto , Eijiro. Apenas me deixe seguir o meu caminho, voltar para os humanos e tentar conviver com a minha culpa.

Toda aquela conversa estava cansado Eijiro de uma maneira que sequer conseguia classificar.

— Escute aqui, Bakugou, eu não vou fugir das minhas responsabilidades, pois foi isso que nos trouxe até aqui. Se eu não tivesse feito com você aquela magia na cachoeira, quando ainda éramos crianças, se eu apenas tivesse deixado você ir não estaríamos agora nesse impasse. Fui eu quem decidiu acreditar em você e não fosse a minha falta de responsabilidade naquela época nada de ruim teria acontecido, você não seria um caçador tão implacável e talvez Mina e os outros ainda estivessem vivos, mas não dá, entendeu? Já passou, não tem como consertar, apenas aprender a lidar e é exatamente o que eu vou fazer. Assumo a minha culpa e responsabilidade e não fugirei mais das minhas obrigações. — segurou na mão dele a contragosto, guiando-o de volta para a cidadela — Agora venha, vamos voltar e encarar as nossas responsabilidades. Se é desejo da minha deusa que eu e você nos reconciliemos então assim será, não importa o quão difícil seja.



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