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História Tempos Áureos - Embaraço


Escrita por: IchygoChan

Notas do Autor


Ok, admito que estou um tanto confusa quanto ao que o meu cérebro pretende, mas vamos lá.

Capítulo 23 - Embaraço


Fanfic / Fanfiction Tempos Áureos - Embaraço

Turandor estava viva com as preparações para o Festival da Colheita. Para todos os lugares que se olhasse era possível identificar os moradores empenhados com os ornamentos e rituais. Katsuki ainda não entendia direito como funciona aquilo, mas estava aprendendo aos poucos, a medida que Eijiro lhe explicava.

— Uma vez ao ano comemoramos a nossa colheita — Ele explicava tranquilo enquanto caminhavam pelas largas ruas em direção ao templo. Havia um ar de entusiasmo em cada palavra — é uma época muito movimentada.

— Estou vendo — o loiro concordou. Andava meio curvo com as mãos nos bolsos das calças,ostentando um semblante um tanto desgostoso.

Seu tom de voz aparentemente alertou Kirishima sobre seu humor, pois ele se virou, estranhando a mudança repentina.

— Há algo de errado, Heziel? — indagou um tanto preocupado com o olhar arredio que tentava escapar do seu — Aconteceu alguma coisa?

Bakugou bufou contendo a vontade de xingar. Claro que havia algo de errado, havia muita coisa errada ao seu ver,a começar pelo olhar de alguns infelizes davam a Eijiro sempre que ele os cumprimentava, olhares que carregavam certa malícia e cobiça e isso o fez se sentir desconfortavelmente incomodado. Não que Eijiro fosse seu ou algo do tipo, mas o incomodava mesmo assim.

Droga, porque ele estava se sentindo assim? Não entendia, se repreendia mentalmente e isso o magoava.

A verdade é que nós últimos dias, vendo Eijiro de perto convivendo com ele e ouvindo o som de sua voz e risada algo mudou no coração do loiro. Era complicado de entender e explicar, mas o fazia se sentir entorpecido, encantado e um tanto possessivo o que fez com que ele passasse a nutrir um certo rancor contra os adultos que acenavam com olhares secretamente desejosos toda vez que ele sorria e se havia uma coisa que Eijiro sabia fazer bem e muito era sorrir.

Aqueles dias ao lado de Eijiro o acalmaram, mas ao mesmo tempo ressuscitaram parte da alma inquieta e briguenta de Katsuki. Sentia os punhos tremerem ansiosos, tentando se recompor antes de cometer algum delito. Aquele era o povo da cidade que aprendera a amar e o acolhera como um igual quando na verdade era apenas um assassino, a última coisa que desejava era entrar em conflito com eles.

Por isso vê-lo tão de perto naquele momento, olhos postos nos seus a espera de uma reação o fez desviar o olhar. Sentia vergonha por ter sido pego e uma certa ansiedade por tê-lo tão focado em si.

Bakugou detestou profundamente o coração que bateu acelerado, a boca seca e as mãos suadas por debaixo das luvas.

— Não, nada, impressão sua — resmungou a contragosto.

— Não é não, estou sentindo o cheiro do pânico em você — Kirishima aproximou-se o farejando em análise e os pelos da nuca do loiro eriçaram — Certamente está ansioso por algo...

Oh, céus, ele estava tão próximo que Bakugou sentiu que ia enfartar.

Em um ato impensado ele o afastou com uma mão, envergonhado por estar tão apavorado, temendo que ele pudesse realmente sentir sua vergonha.

— Para de me cheirar como se eu fosse um pedaço de carne, Bafo de Merda! — afastou-se caminhando na frente para evitar contato visual. Felizmente a parca iluminação da noite esconderia bem o rubor de suas bochechas desde que o idiota alado mantivesse a distância segura.

— OK, vamos fingir que não é nada então — o dragão se rendeu jogando as mãos para o ar em desistência e seguindo atrás em passos rápidos até emparelhar com o humano — Não precisa ficar toa defensivo, não é como se eu fosse te devorar.

— Nem é como se fosse capaz— Katsuki brincou, olhando para o amigo com um olhar de mofa.

O semblante incrédulo de Eijiro mudou em segundos, animando-se com a deliberada presunção do humano em lhe desafiar.

— Quer tentar a sorte, Haziel? Que tal uma aposta amigável então? — Propôs com um sorriso travesso.

Um sorriso brincou nos lábios de Bakugou que também sentiu-se animado com a possibilidade de um treino.

— Só tem um perdedor entre nós, Eijiro e não sou eu, não precisamos de aposta para saber a verdade.

Sem que notasse haviam chegado ao templo que se alegrava enfeitado de pedras luminosas que pendiam do teto como estrelas eternamente suspensas em movimentos, e se balançava suavemente como pêndulos.

— Heziel, Eijiro, boa noite, que Na'ha os cubra com seu amor — Momo os cumprimentou com um leve aceno indo ao encontro deles — vieram consultar o oráculos?

— A ideia é boa, mas não o principal motivo da nossa visita — Eijiro iniciou — Em verdade eu vim avisar que a montanha está convocando os dragões.

Os olhos dela se abriram cheios de esperança.

— Louvada seja Na'ha, Eiji, essa notícia é formidável! — havia um enorme sorriso em seu rosto — Quando a ouviu chamar?

— Agora a pouco quando estava nas plantações junto a Heziel.

—Parece até mesmo um sinal...

O dragão levou alguns segundos para entender a ideia por detrás da afirmação, mudando de expressão enquanto ria sem jeito balançando as mãos na frente da casa.

— Não, eu realmente espero que não.

Bakugou apenas observou a conversa entre os dois, sem conseguir entender ao que se referiam. Não queria ser o chato que interrompe, mas a curiosidade o estava atingindo em cheio, principalmente após ver as bochechas de Eijiro ruborizarem enquanto ele escapava de seu olhar.

— Do que exatamente estão falando? — indagou antes que pudesse controlar as palavras.

As bochechas de Eijiro ficaram ainda mais vermelhas, como se estivessem a contar algo muito constrangedor. A sacerdotisa por outro lado parecia divertidamente entretida com o pequeno show a sua frente e ajeitou a túnica com leves toques antes de responder ao humano.

— Eu realmente gostaria que Eiji lhe explicasse, mas não sei se ele vai querer — riu ainda mais ao ver o dragão balançar a cabeça negativamente, se recusando a tarefa — Tudo bem, não é como se fosse algo muito importante para humanos mesmo. O chamado da montanha é um convite, Heziel, quer dizer, soa mais como uma convocação aos casais informando que a hora de acasalar está chegando.

De repente tudo pareceu fazer mais sentido para Bakugou e um lampejo de compreensão perpassou seu rosto. Então era por isso que ele estava ficando tão sem graça. Ligando ao fato de que Momo havia dito que parecia um sinal e...

Estagnou por um momento antes de completar o pensamento, novamente sendo atingido pela epifania. Eles estavam sozinhos no campo quando a montanha emitiu o tal chamado e...

Ok, Bakugou era inteligente e não foi complicado juntar os indícios, logo ele compreendeu o sorriso sugestivo da sacerdotisa e o acanhamento de Eijiro e não soube como reagir, sentindo o mesmo constrangimento.

— Não, isso não será possível, de maneira alguma! — sem perceber acabou emitindo seus pensamentos em voz alta.

Momo apenas sorriu complacente para os dois que ardiam de vergonha por conta do seu comentário, encarando Heziel enquanto fingia confusão.

— O que exatamente não é possível, Heziel?

— Você sabe... isso!— gesticulava sentindo-se tolo e atrapalhado. Não queria parecer um idiota, mas simplesmente não estava conseguindo se encontrar confortável o suficiente para falar normalmente.

A sacerdotisa parecia se divertir com sua aparente confusão. Era a primeira vez que Bakugou a via agir assim, brincalhona e despida de sua usual aura de guia espiritual e conciliadora.

— Que me lembre não disse nada, apenas explanei a minha surpresa, foi você quem viu a sugestão. — mantinha o semblante plácido como uma pessoa ciente de sua inocência — Apesar de não esconder que, ao meu ver, tamanha coincidência parece ser obra de nossa deusa Na'ha.— aproximou-se e Katsuki previu pelo olhar dela o que estava por vir — Quem sabe não seja uma forma eficaz de se reconciliarem? A menos é claro que você não queira

— Sacerdotisa Momo!— a voz de Eijiro soou atrás, um tanto alta e estrangulada pela vergonha — Como sequer pode pensar algo assim, nós não temos nada em comum, apenas a missão! Não se esqueça de tudo o que ele fez.

— Não há como esquecer de algo assim, Eiji, nem nós, nem ele, tenha certeza. No entanto eu confio nos desígnios de nossa deusa e diria que ela tem planos para ambos.— afastou-se o suficiente para que ambos vissem seu sorriso garo enquanto retornava ao templo — Agora eu vou me retirar para as minhas orações, vocês podem continuar a conversar e aproveitar a companhia um do outro.

O ar pareceu pesar uma tonelada entre os dois enquanto a viam desaparecer pelo vão de templo, sem saber ao certo como responder ou agir.

Haviam tantas coisas que Bakugou queria dizer ao amigo, desculpar-se por aquele momento mesmo que não pudesse negar que gostou da sugestão, só a achava impossível dada a situação em que ambos se encontravam. Eles haviam se unido novamente, mas por causa das obrigações de Eijiro, não por desejo próprio.

— Não se preocupe, isso não vai acontecer. — o dragão o surpreendeu ao assumir a frente.

Mesmo sabendo que era verdade e que não tinha nenhuma chance de ambos se envolverem em algo mais íntimo, não deixou de ser doloroso ouvir aquelas palavras praticamente repelindo a possibilidade.

— Sm, eu entendo — sua voz saiu mais triste do que queria e Bakugou lutou para ignorar a dor incômoda em seu coração e retomar o controle de suas emoções. Não queria permanecer ali, quebrado e permitir que Eijiro o visse daquela maneira então arranjou a primeira desculpa que veio a mente — Eu estou um pouco cansado, acho melhor me recolher por hoje, o trabalho na colheita foi bem exaustivo.

— Mas tão cedo, não quer ir comigo comer algo? Deve estar faminto.

— Eu estou sem fome, quem sabe outro dia.

Ia se afastar quando sentiu novamente os dedos de Eijiro encontrarem suas mãos, fechando ao redor e as entrelaçando.

— Minha obrigação é te escoltar e ficar com você, lembra? — ofereceu seu melhor sorriso, apertando a mão dele contra a sua — Vamos comer um pouco, depois você poderá dormir o quanto quiser, ok?!

Como dizer não aquele olhar e atitude insistente? Eijiro havia ficado balançado com a conversa também, mas aparentava lidar melhor com isso do que ele mesmo, e não deixaria Bakugou se afastar mesmo que ele quisesse, então o loiro apenas assentiu, tentando esconder quão feliz aquela atenção o deixava.

— Pode ser, só vamos logo — resmungou permitindo que o outro o arrastasse. O calor da mão dele contra a sua parecia tão correto e perfeito que ele revidou o toque, segurando em resposta enquanto avançavam pelas ruas.

Bakugou desejou do fundo do coração que ele nunca mais o soltasse. 



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