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História Tempos Áureos - Jornada


Escrita por: IchygoChan

Capítulo 32 - Jornada


Fanfic / Fanfiction Tempos Áureos - Jornada

Estavam nos campos quando Eijiro recebeu o recado, entregue por um mensageiro com cabeça de corvo e olhar estoico. Seu corpo era tal qual o de um humano comum e Katsuki se pegou mais curioso do que queria, atento a conversa entre ambos. Muitos nomes lhe soaram estranhos com exceção de um: Selkis. Levou pouco mais de alguns segundos para lembrar que Eijiro havia dito que era sua cidade natal. 

 O curioso no entanto foi a maneira submissa com a qual Eijiro se prostrou diante do homem-corvo, permitindo que ele lhe tocasse a fronto com os dedos lambuzados em uma espécie de óleo e executasse uma oração mágica. 

O homem não era de muitas palavras, retirando-se em direção ao templo assim que terminou o serviço. Eijiro o observou se afastar por um tempo antes de se virar e suspirar pesadamente, o olhar estranhamente preocupado e distante.

— Aconteceu algo sério? — indagou colocando o arado no ombro e limpando a testa do suor assim que o viu se aproximar.

— Tenho que retornar a Selkis, meu pai está convalescendo de uma ferimento de combate. — parecia verdadeiramente tenso, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.

— Oh, é muito grave?

— Aparentemente não, mas eu tenho que ir mesmo assim, sou o único filho vivo dele.

— Eu entendo. — tentou ocultar o vazio que o acometeu só de pensar em ficar longe de Eijiro por muito tempo — Você vai voltar?

— Eu não sei. Por mais que eu ame Turandor o meu verdadeiro lar é Selkis. — seu olhar agora acompanhava o leve roçar dos pés no solo. Era visível que algo o incomodava.

— Você tem problemas de relacionamento com seu pai, Eijiro? —jogou a pergunta.

—Que? Não, definitivamente não! — gesticulava ansioso para desfazer o mal entendido — Eu amo o meu pai e não poderia ser mais grato por tê-lo, o caso é que... Selkis é... bom, foi palco de alguns momentos pesados para mim. Quero dizer, talvez não seja tão severo, eu tenho pessoas amadas lá, que estão me esperando, só que eu deixei muito ressentimento e isso meio que vai voltar.

— Eu acredito que você é capaz de lidar com isso. — afirmou confiante e Eijiro sorriu de um jeito que colocou seu coração em frenesi.

— Obrigado, eu realmente me sinto mal por relacionar Selkis a sentimentos ruins.

Eijiro parecia verdadeiramente mal com a pressão de ter que voltar, tentando não demonstrar o que estava visível em seu rosto. Dragões realmente são péssimos mentirosos e essa ideia fez Katsuki rir.

— Por acaso eu disse algo engraçado?

— Não, me desculpe, é que é estranho te ver assim — ergueu-se se recompondo — Como pode fazer esse tipo de analogia, Eiji? Você conseguiu se livrar do peso, porque está tentando resgatá-lo? Deixe que vá, volte para sua cidade e reveja quem você ama.

— É realmente assustador ouvir você dando esse tipo de conselho. Logo você.

— Vai por mim, também me assusto as vezes. — concordou rindo e voltando ao serviço.

— Você tem razão, talvez eu esteja apenas um pouco assustado com algo que nem deve mais estar lá. — pegou uma enxada e começou a revirar a terra, parando no terceiro golpe enquanto pensava — Eu não queria ir sozinho, sabe?

A fala o pegou de surpresa.

— É sério?

— Claro! Eu não gosto de viajar sozinho é um tanto tedioso.

Mesmo sem ter certeza de que sua ideia seria bem aceita, Katsuki resolveu arriscar e propor.

— Quer que eu vá com você?

A proposta deixou Eijiro tão surpreso que ele errou o golpe de enxada quase acertando próprio pé.

— Um humano em Selkis, a cidade estado dos dragões? Isso nunca aconteceu antes. — sorria, mas não havia graça em seu sorriso.

— É proibido?

— Meio que sim, vocês nos caçam, esqueceu? Seria o mesmo que convidar o seu predador para cear com você à mesa.

Bakugou se viu obrigado a concordar que a pergunta foi um tanto imbecil. Tentou não se magoar, mas no fundo sentiu-se incomodado. Ele era o predador, afinal, seu passado o condenava.

— Realmente foi uma ideia idiota, esquece. — tentou ignorar o sentimento amargo se focando no trabalho de arar a terra. 

Não demorou para que a mão de Eijiro descesse sobre o seu ombro. Não queria aceitar sua fraqueza, era a sina que deveria carregar, o fardo pelos pecados cometidos. Mesmo assim os olhos arderam com as lágrimas que ele se recusou a permitir descerem.  

— Heziel, me perdoe, eu não quis te magoar — Eijiro disse suavemente. 

— Não tem porque se desculpar, você está certo. 

— Heziel — tocou-lhe a mão impedindo que ele continuasse o serviço — Tá tudo bem, não precisa se sentir culpado pelo que passou, lembra? Você mesmo acabou de me dizer isso. Venha, vamos descansar um pouco, eu te faço um cafuné. 

A proposta deixou Katsuki sem jeito.

— Não precisa, eu estou bem e não posso parar, os campos tem que ser arados. — insistiu e Eijiro o desarmou, retirando o arado de sua mão e o suspendendo no colo — Que merda, me larga!

— Depois que resolvermos uns assuntos. 

— Eu tenho trabalho a fazer! — ainda tentava se libertar.

— Eu também, e preciso da sua ajuda para isso. 

***

Os olhos de Katsuki se abriram em êxtase e de sua boca escapou apenas um suspiro logo de encantamento, como se ainda fosse um garotinho de dez anos.

Montado à garupa de Eijiro ele viu a cidade estado se desvelar a sua frente, majestosa e bela demais para poder explicar. Nunca em sua vida havia se deparado com uma arquitetura mais impressionante, nem mesmo Turandor se igualava.

De tirar o fôlego. 

Sentiu-se, contudo, um pouco de insegurança. Ainda parecia muito estranho que Momo os procurasse propondo que fossem juntos a Selkis, afinal eles mal a tinham avistado e antes mesmo que pudessem falar alguma coisa ela os interceptou com a o pedido. 

Deveriam ir juntos a Selkis. O motivo? Pedido do Tamaki, o oráculo que por algum motivo se mantinha recluso à Camara do Vaticínio sem encontrar com ninguém, incluindo o esposo, Mirio. Aparentemente estava em meio a um trabalho espiritual muito importante e não podia ser interrompido então mandou a mensagem por Momo. 

— Ele disse que devem ir, mas que não se separem por nada. — o olhar dela não deixou espaço para indagações, deixando ambos com uma estranha sensação de temor e desamparo. 

— Então, acho que agora não temos muita opção — Eijiro tentou seu melhor para demonstrar tranquilidade sem muito sucesso. 

E lá se foram ambos, enveredando pelas matas e caminhos até Selkis. Apesar dos monstros que eventualmente encontravam pelo caminho, desconforto, pernilongos, interpéries como chuva e granizo, sem contar o sol escaldante, Katsuki poderia classificar como uma jornada memorável. Estar com Eijiro em uma aventura trouxe um delicioso gosto de nostalgia e alegria ao seu coração. 

Mas também houveram outras situações que marcaram aquela como a melhor peregrinação de toda a sua vida, como o fato de ambos dormirem abraçados um no outro, curtindo o calor da fogueira e protegidos dos animais e monstros graças a uma redoma mágica proporcionada por Eijiro. Isso tudo, claro, depois de foderem até não conseguirem mais. 

Naqueles sete dias de viagem — que de acordo com Eijiro normalmente duram cinco — eles transaram mais do que poderiam contar ou recordar. Cada cachoeira, caverna,  bosque, clareira que encontraram foi bem aproveitado. Como o próprio Eijiro havia deixado claro ele adorava ser submetido e isso Bakugou aprender a traduzir como: me foda de todas as maneiras imagináveis. Parecia que não havia limites para a libido dele e não seria Katsuki a reclamar, pelo contrário, ele mesmo achava tudo muito erótico e natural, como se ambos fossem apenas dois coelhos fodendo sempre que possível. 

Enfim o resto da excursão teve que ser feita pelos céus, atravessando uma cadeia de montanhas escarpadas e muito íngrimes para qualquer ser humano tentar a sorte escalando, o que não impediu Eijiro de parar no primeiro lugar válido e plano para se oferecer de modo exibido e sem vergonha, esfregando-se sem nenhuma reserva nos quadris de seu passageiro. Para Katsuki foi insano e muito louco transar com ele em meio a um desfiladeiro. Toda vez que olhava para baixo e se deparava com a escuridão que ocultava o fim da queda, podia sentir seu pau estremecer ainda mais. 

Eijiro era definitivamente louco e ele adorava isso. 

Agora estavam a poucos metros do lugar e tudo o que Katsuki conseguia fazer era olhar para a cidade com assombro, totalmente deslumbrado. Até pouco tempo atrás não era capaz de ver nada além de mais e mais montanhas que pareciam não ter fim. Foi somente quando Eijiro rugiu criando uma passagem que ele pôde ver. Oculta pela redoma mágica, que se fechou quando passaram, estava a cidade estado dos dragões: Selkis. 

Não havia um único humano ou híbrido nas ruas asfaltadas com blocos alvos, todos os moradores eram dragões.

As casas dos mais variados formatos e os prédios maiores ostentavam flâmulas que tremulavam ao vento com as mais variadas cores e símbolos, hasteadas no ponto mais alto, bem como estandartes que pendiam nas paredes. Katsuki supôs serem pertencentes aos clãs de dragões, surpreendendo-se com a quantidade. Selkis realmente parecia uma cidade estado, comparada à ela, Turandor era quase uma vila monótona.

O mais surpreendente foi um prédio que se erguia a direita do templo, ostentando pesados e gigantecos estandartes de muitos metros de comprimento na cor rubra, que desciam das janelas e terminavam pouco antes do chão. Parecia um castelo e era maior que os demais, perdendo em imponência apenas para o templo. 

E foi justamente nesse que entraram. 

******

A mente de Katsuki quase travou quando deu de cara com o pai de Eijiro: Lathan o Justo. 

O homem parecia uma montanha de tão grande, o tronco largo e o semblante fechado, ostentando um orgulhoso e cheio bigode que em nada se comparava ao tamanho de sua barba ruiva.

Ele não parecia estar à beira da morte, em verdade sequer parecia estar se recuperando de um ferimento pois o encontravam ativo em seu jardim, alimentando uma criatura estranha que Katsuki sequer deu atenção. Assim como Eijiro ele tinha os pés em garras, grandes asas às costas e chifres em sua testa. Mas não era a única característica compartilhada por ambos e isso ficou claro quando ele abriu a boca. 

O olhar severo e estoico se desmanchou em segundos e ele largou o que estava fazendo para abraçar o filho de modo emocionado, ambos chorando como duas crianças. A diferença é que parecia que Eijiro ia desaparecer no mar de músculos que era o sujeito. 

— Filho, você parece melhor, mais leve — segurou as bochechas de Eijiro apertando-as com as gigantescas mãos — Eu não sinto mais aquela energia pesada em torno de você, que Na'ha seja louvada!

— Foi bom estar  em Turandor, me ajudou a me reconectar com a minha essência. — explicou sem jeito acariciando as bochechas. 

— Posso ver e sou grato por isso, estava me preocupando com toda aquele rancor — acariciou os cabelos dele como se ele fosse um pequeno garoto — E Momo, como está? 

— Ela está bem — parou por um momento esfregando a nuca sem jeito — Eh, pai... eu tenho alguém para lhe apresentar. Esse é Heziel, ele veio comigo de Turandor.

O semblante do homem se fechou por alguns segundos enquanto analisava Katsuki que sentiu-se quase despido. Não que temesse alguém, não era o caso, estava pronto para uma boa pancadaria a qualquer hora, contudo esse era o pai de Eijiro e estava com o dorso enfaixado e na própria casa. Eram muitos elementos contra para Katsuki arriscar se comportar errado. 

— Humano... — sibilou com o tom rouco e severo. 

— Pai, por favor, não faça isso — Eijiro pediu com um suspiro cansado, massageando as têmporas. 

Lathan se aproximou, os passos duros e as feições terríveis, sem jamais tirar os olhos de Bakugou que devolvia o afronte. Não o insultaria ou começaria uma luta, assim como não desviaria o olhar, por intimidador que o outro parecesse. 

— Humano... — demorou-se na pronuncia da última vogal, bufando no rosto de Bakugou que se manteve impassível. 

— Sim — respondeu de modo prepotente. 

— Pai... — Eijiro pediu de novo. 

— O que faz aqui, humano?

— Vim a pedido da sacerdotisa de Turandor. — enfrentava sem se deixar amedrontar, a postura quase insolente. 

— E exatamente para o que? 

— Não faço a mínima ideia. 

Um bufo quente escapou das narinas de Lathan junto com um pouco de fumaça. 

— Sabe o que costumamos fazer com humanos por aqui? 

— Vocês os comem? — indagou sem se importar. 

— Ah, não, nós fazemos pior. 

Antes que Bakugou tivesse tempo de processar, Lathan o pegou pelo queixo e o virou de costas, prendendo-o em seus braços maciços. Estava pronto para mordê-lo ou chutar para se ver livre quando sentiu o punho dele contra o topo de sua cabeça, girando de um lado para o outro de modo frenético enquanto ele ria. 

— Pai, vai abrir um buraco na cabeça dele, lembra que é um humano. — Eijiro advertiu. 

A risada do homem era grave e reverberava pelas paredes como uma sentença de morte, seu olhar, no entanto, era divertido e hospitaleiro. Ele soltou Katsuki que ficou atordoado sem saber o que fazer por alguns instantes. 

— Ayoama me avisou que você viria. — iniciou a fala voltando para o trabalho que executava antes — Eu te convidaria para comer, mas pelo visto já lanchou bastante o meu filho pelo caminho. 

— PAI! — Eijiro gritou constrangido. 

— Eu estou apenas falando a verdade, vocês dois estão empesteados com o cheiro um do outro e de outras coisas mais. — falava com uma naturalidade assustadora — Um humano em Selkis, a nossa deusa realmente deve estar pensando em algo interessante.  

— Eu tenho que admitir que estava delicioso — Katsuki audociosamente entrou na brincadeira levando um olhar fulminante de Eijiro. 

— Posso apostar que sim, nós dragões de fogo somos uma iguaria — riu novamente, passando pelo filho e apertando-lhe as bochechas uma vez mais — Não fique assim, filho, eu estou feliz que esteja de volta, feliz e tranquilo. Estava sendo difícil lidar com o seu humor. Tinha quanto tempo que não nos abraçavamos? 

— Muito tempo mesmo — admitiu sem jeito. 

— Eu não podia afinal, você estava muito magoado e irritado e eu com muitas preocupações — ergue-se os levando para dentro do palácio — Quase morrer me fez perceber que estavamos nos distanciando, Eijiro, e eu não quero que isso aconteça mais. 

— O que aconteceu pai, quem te machucou? 

— Longa história, filho. Longa, exaustiva e que trataremos depois. Agora venha, vamos descansar um pouco, foi uma longa viagem, afinal de contas.

****

O templo era maior e mais sultuoso que o de Turandor, com vários dragões brancos passeando por entre as câmaras e corredores. Contudo, Katsuki se sentiu um tanto desconfortável ali, de um modo que nunca ficou em Turandor. Podia sentir que alguns dragões olhavam para si de modo estranho.

Permitiu-se desapegar daquele sentimento enquanto se concentrava nas tapeçarias e esculturas ao redor.

Quando deu por si estavam em uma ala mais afastada onde, momentos depois, acabou trombando com Eijiro que havia parado e permanecia em silêncio contemplativo.

— O que...? — a pergunta morreu na boca assim que visualizou a câmara com as Pedras Sagradas, afastando-se alguns passos sem tirar os olhos da quantidade.

Eram tantas, por Na'ha, quantos dragões haviam perecido.

— Eiji, eu não devo — as palavras escaparam livres e temerosas.

O semblante de Eijiro era uma mistura de compaixão e dor.

— Venha, eu preciso te apresentar alguém — estendeu a mão convidando-o.

— Eu não posso estar em um lugar assim.

— Será breve, prometo.

Ainda relutante, Bakugou se permitiu avançar. Os passos eram leves, como se ele temesse magoar o chão com uma pisada mais severa.

Acompanhou Eijiro até um diamante rosa encrustrado na parece.

— Heziel, essa é Mina, a que você encontrou antes de mim.

A mente de Bakugou travou e ele sentiu-se tonto, segurando a boca para tentar afastar o vômito que ameaçou quando o estômago revirou violentamente. Respirava afoito, entrando em pânico ao se lembrar de tudo: os gritos dos homens, o sangue espirrando em si, os lamentos e o pavor ao descobrir que podia entendê-la.

Ele a matou de modo bárbaro, tão brutal sem se importar, sem saber da verdade. Agora ela era apenas uma pedra, toda sua vida presa em uma simples pedra encrustrada em uma parede. Ele arrancou de si a vida, a matou por mesquinharia, não merecia estar ali, não merecia...

Assassino...

... Louco!

— Heziel, fique comigo! — Eijiro o sacolejou pelos braços e só então ele percebeu que estava respirando rápido e fundo, criando chiados horríveis enquanto chorava e se debatia — Se acalme, está tudo bem.

As lágrimas continuavam a descer pesadas enquanto ele lutava para se controlar. Sentia-se fraco, enojado de si mesmo como quando chegou a Turandor.

— Não, eu não posso estar aqui... Eu não tenho direito... Eu...!

O rosto queimou suavemente quando Eijiro o beijou, ajudando-o a sair do transe e parar de se debater.

— Está tudo bem — ele repetiu pausadamente, o abraçando com força.

— Por que me trouxe aqui? — indagou angustiado em meio as lágrimas.

— Porque você precisa. Nós precisamos. — corrigiu beijando o rosto de Katsuki enquanto as próprias lágrimas escorriam — É importante se desculpar e agradecer, Heziel, nos ajuda a fazer as pazes com o nosso passado, aceitar que o que passou não pode ser mudado. — beijou sua fronte uma vez mais, seus dedos entrelaçando os dele — Eu entendi o significado disso somente quando me permiti enfrentar de frente o que aconteceu conosco. Precisei deixar as mágoas para trás para recomeçar. É difícil, eu sei, mas necessário.

Eijiro se afastou se certificando de que Katsuki não ia desmoronar e tocou a pedra, seus olhos registrando cada movimento ao redor de si.

— Mina, eu voltei e trouxe alguém comigo. — olhou para Katsuki chamando-o com um leve mandar de cabeça — Venha, toque-a.

Katsuki estava a um ponto de se desfazer em lágrimas, a garganta travada.

— Não vai machucá-la, pode tocar. — o dragão incentivou.

Os dedos trêmulos tocaram a superfície lisa e estrangamente cálida.

— Diga olá, Heziel — incentivou, a boca próxima ao ouvido.

E presença de Eijiro agia como um tranquilizante para Katsuki. Ele podia sentir o calor da mão dele sobre a sua assim como o leve pulsar dentro da pedra como se ela realmente estivesse viva ali dentro, isso o ajudou a prosseguir.

— Olá... — a voz trêmula denunciou seu estado de espírito quebrado —... Me perdoe, eu não... Juro que não faria se soubesse antes... Eu nunca poderia... Merda, isso é tão errado, eu não deveria estar aqui depois do que fiz, mas mesmo assim... Eu quero me desculpar...

O cerne da pedra brilhou intensamente em resposta, as matizes rosas se intensificando na câmara.

— Ela está feliz que esteja aqui. — Eijiro sibilou docemente — E agradece que tenha vindo.

— Como sabe? — parecia se apegar a qualquer indício, ansioso por uma palavra de conforto — Você consegue ouvir?

— Não, eu simplesmente sei. — tocou a pedra por cima da mão de Bakugou e ela pulsou mais intensamente — Mina e eu compartilhavamos muitas coisas, ela era uma ótima amiga. Nossa relação é eterna, transcendental, nem mesmo a morte pôde quebrar esse vínculo. Posso não tê-la fisicamente, mas ela sempre vai estar do meu lado e eu sinto que é a vontade dela.

Aquelas palavras acalmaram Katsuki.

— Obrigado... — sussurrou para Eijiro e depois para a pedra sentindo-se enfim livre de um peso. 



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