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História Tempos Áureos - Família


Escrita por: IchygoChan

Capítulo 48 - Família


Fanfic / Fanfiction Tempos Áureos - Família

A atenção de Lyah foi roubada pelo aroma da infusão que Ochaco preparava, o que a fez se adiantar, curiosa, largando mais do que depressa a atenção que tinha no pequeno Ury — filhote de Ochaco e Izuku — para se aproximar com os olhos atentos a cada movimento. 

Era uma das coisas que mais gostava de fazer: observar a criação de poções,  principalmente quando era a maga quem estava no processo de feitura, pois ela tendia a ser desatenta e era nesses momentos que ela estava distraída com outra coisa para xeretar. 

Aproveitando um momento de distração de Ochaco ela rapidamente pegou o banquinho e subiu, erguendo-se nos pezinhos para poder ver a mistura fumegante e espessa. Algumas bolhas cresceram na superfície, espichando com o ar dentro delas até estourar com um poc que a fez rir. De certa maneira o calor do metal incandescente não a incomodava e ela farejou, tocando a borda com as mãozinhas curiosas.

Através dos olhos estreitos ela observou a camada lilás que ascendia do fundo, espalhando-se ao redor da mistura como um turbilhão e torceu o nariz em desagrado com o aroma. Algo estava errado, podia sentir. Olhou para a mesa ao lado até que encontrar o que precisava, desceu e retornou com algumas raízes, quebrando-as e jogando enquanto mordia a ponta da língua que mantinha fora da boca em sua concentração. 

Os pedaços flutuaram por alguns segundos, descendo vagarosamente até serem engolidos o que fez a superfície parar de borbulhar por um momento. Lyah farejou o preparado e espirrou quando o aroma tornou-se picante, tomando o cuidado de não espirrar dentro do caldeirão. 

O movimento brusco a fez perder o equilíbrio e o banquinho virou sob seu peso. Antes que tocasse o chão, sentiu uma lufada de ar ergue-la no ar, tornando sua queda suave. 

— Lyah, o que está fazendo? — seu padrinho tinha os olhos assustados e respirava ofegante como alguém que acaba de correr uma maratona. 

— Só queria ajudar a tia Ochaco, mas eu me desequilibrei — explicou enquanto ele a levantava. 

— E quase se machucou seriamente, sabe o que o seu pai ia fazer comigo se você se machucasse? — inquiriu com o semblante duro e Lyah abaixou a cabeça, concentrando-se nas próprias botas de tom bege escuro. De repente era mais interessante olhar para os cadarços e plumagem fofa do que para o rosto do padrinho — Lyah? — chamou-a novamente em tom de reprimenda.   

— Ele ia chutar a sua bunda e te chamar de Deku? 

— Isso seria muito gentil para uma reação vinda do seu pai, ele faria bem pior, ainda mais sendo você. 

— Eu sei, tio Dê, me desculpe — pediu arrastando o pé no chão. 

Nesse momento Ochaco voltava com um grimório na mão, analisando algumas páginas quando parou para olhar para eles. 

— Aconteceu alguma coisa? 

Lyah escondeu o olhar dela, com o olhar culpado. 

— Não, mas se eu demorasse dois minutos ia acontecer um assassinato, mas ia ser o meu, porque o Heziel ia me matar por deixar a filha dele se machucar. 

Ela permaneceu em dúvida por alguns segundos antes de se pronunciar com o olhar de quem acabara de ter uma revelação. 

— Não me diga que tentou mexer na poção de novo, dona Lyah. 

Os movimentos dela eram lentos e cômicos de tão ingênuos. Ela não mentira, aprendera que sempre devemos contar a verdade, não importa qual seja.

— Só quis ajudar — defendeu-se, apontando para o nariz — Tinha algo de errado, eu podia cheirar.

Ochaco se aproximou da infusão cuja superfície estagnada brilhava agora em tom de marfim. Suas sobrancelhas se estreitaram e ela piscou algumas vezes antes de voar de volta ao outro grimório sobre a mesa. 

— O que você colocou aqui? 

— Um pouco de raiz de mandrágora, apenas as pontinhas com fiozinhos brancos — explicou prontamente, aproximando-se da mesa mostrando. 

A maga olhou para ela assombrada, mexendo no caldeirão vagarosamente. 

— Você leu isso no grimório, Lyah? 

— Não, apenas pensei que ia deixar o cheiro melhor. 

Mais uma vez ela olhou para Izuku, antes de retornar o olhar para Lyah que já sentia o coração bater assustado com medo de ser castigada. 

— Você disse que sentiu o cheiro, não é? Como que foi isso?

— Eu não sei, só tinha um cheiro engraçado, parecia queijo velho, daí eu vi essa raíz e a minha cabeça disse que era a melhor opção e eu fiz. — olhava para os adultos que pareciam conversar entre si através dos olhares — Eu estraguei a poção? 

— Não, Lyah, pelo contrário — Ochaco pousou o pesado livro na mesa, abaixando para ficar perto dela. Delicadamente segurou sua mão — Só prometa que não vai mais fazer algo assim sozinha, combinado? 

Ela assentiu com um movimento de cabeça exagerado. 

— Ótimo, agora vamos para fora que o seu pai já deve estar chegando. — Izuku convocou-a estendendo a mão que ela segurou ansiosa. 

****

A paternidade tinha despertado em Katsuki muitos sentimentos e ativado outros, tornando-os quase insuportáveis, como a saudade que o arrebatava naquele momento. Podia lidar com todas as demais privações, menos o terror que era ficar sem a filha, mesmo que fossem apenas algumas horas. Era simplesmente absurdo o vazio e tristeza que sentia quando ela não estava por perto, como se estivesse sem uma parte de si. 

Ainda mais naqueles dias, quando Eijiro retornava à Selkis para ajudar a lidar com as rebeliões que, felizmente, Lathan conseguira suprimir por todos aqueles anos. 

Talvez a fosse a falta dele agindo como um potencializador, ou apenas o fato de Katsuki sentir que Lyah estava crescendo muito rápido, e não era no sentido figurado, ela realmente se desenvolvia em uma velocidade surpreendente. Desde o seu nascimento haviam se passado três anos, porém ela aparentava ter o dobro da idade e nem mesmo Momo foi capaz de explicar aquele fenômeno. 

Ainda se lembrava da conversa que tiveram quando Katsuki acordou e se deparou com a pequena andando pela caverna. Foi um momento de desespero pois ela tinha saído do ninho sem que ele percebesse e vagava de modo vacilante pelo lugar. Por sorte, Eijiro chegara tarde e deitara na frente da entrada em sua forma de dragão, criando um bloqueio imenso. Mesmo assim haviam algumas brechas em que ela podia ter se arrastado e ganhado liberdade, e além da caverna havia apenas um abismo rochoso. 

Ela ainda tinha seis meses, não deveria estar andando.

— Diferente de vocês humanos, os dragões não possuem uma regra de desenvolvimento — ela tentou explicar. Katsuki estava com ela no colo e pegou uma das frutas que trazia na bolsa para acalmá-la quando ela começou a brigar para ir ao chão — Depende da genética, poder mágico e uma dezena de outros fatores. 

— Já houve alguém como ela?

— Na verdade não, é a primeira criança que eu vejo crescer desse jeito, ainda mais por não ter poder mágico. 

Tudo acerca de Lyah era sempre um mistério. O porquê de ela não se machucar ao tocar objetos quentes, mas queimar-se com chamas, ou de ter um olfato sensível e conseguir entender ideogramas e escritas antigas dos grimórios sem saber ler, apenas dizendo que ouvia as palavras sendo sussurradas em sua cabeça. Ela podia entender e falar a língua materna dos dragões, mas não conseguia invocar nenhum tipo de magia, por mais que tentassem ensinar-lhe. 

Nos anos que sucederam ela cresceu duas vezes mais rápido e se tornou uma garota esperta e saudável apesar de só se alimentar de frutas. Vegetais , carne e leite ainda não tinham entrado em seu cardápio e lhe davam ânsia. 

Katsuki realmente esperava que a velocidade das mudanças parasse em algum momento, ou ele teria que vê-la aos trinta com a aparência de uma anciã de sessenta anos. Lhe dava calafrios só de pensar, por isso se dedicava aos estudos, tentando encontrar algum feitiço que retardasse aquele desenvolvimento exageradamente acelerado. 

Todas as preocupações, no entanto, ficavam de lado quando ele olhava para ela.

Era tão linda sua menina. Os cabelos negros, curtos de pontinhas vermelhas, os dentes ligeiramente afiados que sempre voltavam a forma original, não importando quantas vezes fossem serrados para não machucá-la, as bochechas coradas e sorriso espontâneo. 

Porra, Katsuki realmente poderia morrer por aquela garota e não se importar. 

— PAI! — Ela veio correndo em sua direção, praticamente saltitando e ele se abaixou, ajoelhando e recebendo em um abraço apertado. 

Como ele desejava poder desacelerar o tempo. 

— Que saudade que o pai sentiu de você, meu amor — sussurrou docemente, se afastando para lhe dar um beijo na testa — Como se comportou? 

— Eu fiz uma travessura — revelou enquanto mexia nos fios de cabelo do pai, enrolando-os entre os dedinhos — Subi no banquinho para ver a poção da tio Ochaco e quase caí. 

— Lyah, sabe que é perigoso, filha, não pode ficar se arriscando. — sentou no chão de pernas cruzadas, ajeitando-se assim que ela sentou em seu colo. 

— Eu sei, pai, desculpe, não mate o tio Dê, por favor. 

Katsuki riu da ingenuidade dela, puxando os fios de seu cabelo com delicadeza para começar a trançar. 

— Vou tentar — puxou-a para abraço, sentindo o coração leve com a presença dela — Daqui há pouco papai vai chegar, quer preparar alguma coisa para ele? 

— Será que o vovó vem  também? — indagou animada. 

— Não sei, filha, ele anda muito ocupado. 

— Ele está sempre ocupado — resmungou chateada, balançando no colo do pai — Acho que mãe Na'ha tinha que dar menos trabalho para ele. 

Aquele detalhe sempre intrigava Katsuki. Toda vez que Lyah se referia a deusa era com o adicional do mãe na frente. Já lhe tinham perguntado o motivo, mas ela não sabia responder, sempre dizia que era uma voz que lhe falava assim. 

— Não vamos desanimar por isso, certo? O papai vai adorar chegar e encontrar uma comida quentinha, ainda mais depois de uma viagem tão longa, então acho melhor nos esforçarmos para recebê-lo bem. 

Lyah concordou, tocando de leve as pequenas tranças que o pai havia feito em seu cabelo.

****

— ELE CHEGOU, ELE CHEGOU! — Ela gritou antes mesmo de vê-lo surgir no céu, correndo para fora a tempo de ver dois dragões em pleno voo, o que a deixou eufórica — O VOVÔ VEIO! ELE VEIO PAI, VEM VER!

Se pudesse se transformar e voar, Lyah já estaria agora há léguas de distância, provavelmente mergulhando com eles pelo céu. Isso a deixava triste na maioria das vezes porque seu sonho era poder voar com os amigos, mas ela se esquecia sempre que estava agitada. 

Katsuki saiu da casa, rindo com a animação da pequena que não sabia ao certo o que fazer, gritando pulando e correndo sem conseguir conter-se. Ver Eijiro em sua forma original continuava sendo uma das imagens mais fantásticas em sua opinião, principalmente pela maneira soberana com a qual voava, agitando as asas de quando em quando e executando movimentos de mergulhos que mais parecia uma dança. Ao seu lado Lathan vinha, mais pesado e menos gracioso, porém decididamente imponente. 

Lyah continuou a gritar, agitando os braços enquanto comemorava até que o pai a pegou, temendo que fosse pisoteada. Não que pudesse acontecer, mas ele gostava de se precaver. A terra tremeu quando eles pousaram e Eijiro rugiu, abaixando o pescoço até que seu gigantesco rosto reptiliano ficasse frente a frente com os dois. Katsuki fechou os olhos já certo do que estava por vir. 

Segundos depois ele sentiu a língua quente e bifurcada de Eijiro por toda a extensão de seus braços e rosto. Era a maneira dele saudá-los. 

— Oh, não, você não! — Katsuki se afastou com a menina quando viu Lathan tentar o mesmo — Já basta um lambendo a gente. 

— É apenas uma saudação afetuosa — ergueu a cabeça rindo de modo metálico — Não deveria se importar. 

— Podem nos saudar com abraços, é mais higiênico e agradável. 

Os dois riram, guincharam, na verdade, reassumindo suas formas humanóides. Era incrível o quanto Eijiro ficava cada dia mais parecido com o pai, não só fisicamente — apesar de não ser exageradamente grande — como também na personalidade. 

Eijiro se aproximou, farejando-os antes de os apertar em um abraço carinhoso.

— Estávamos com saudade, papai! — Lyah disse, risonha, os olhinhos apertados de felicidade.  

— Eu também, amores. — usou a mão para cobrir os olhos da filha e beijar Katsuki que suspirou com o toque — Foi horrível estar longe de vocês. 

— Eu também quero um abraço — Lathan riu, se aproximando e envolvendo todos no mesmo aperto. 

O resto da noite foi animado, com conversas e risos. Lyah adorava o avô, subia e descia em cima dele, empoleirando-se em seus braços enormes ou ombros, como se fosse um filhote de macaco travesso, isso quando não o estava mimando, fazendo-lhe tranças mal feitas nos cabelos e barba ou o chamando para outras brincadeiras. A noite ele sempre a entretinha com teatros de sombra e era nessa hora que Katsuki e Eijiro aproveitavam para se esgueirar para longe e matar a saudade. 

E como a saudade atiçava a vontade de ambos. Katsuki mal conseguia se conter, segurando o esposo pelos cabelos da nuca de um modo rude, como sabia que ele gostava e lhe aplicando um beijo necessitado e bruto. Seus corpos se esfregando, friccionando de um jeito delicioso. 

— Estava com fome do meu pau, não é, dragão safado? — arfou contra a orelha dele, colocando-o contra a parede, de costas para si. 

— Sempre, meu rei... — respondeu com o olhar safado, gemendo ao sentir o pau que ele esfregava em sua entrada com movimentos círculares.

— E acha que merece ser saciado? — desceu mordidas pelo pescoço dele, arranhando a pele do jeito que ele gostava. Adorava quando ele usava aquela forma mais humanóide, sem a maldita cauda e asas. Não que se importasse, mas atrapalhava quando ele estava com tanto tesão. 

Uma semana sem foda era demais para os dois. 

— Farei o que mandar, basta pedir.... hmmm... — a voz quebrou-se quando foi invadido com estocadas brutas, apoiando as garras nas paredes, arranhando-as lentamente. A boca agora abria e fechava enquanto ele xingava. 

— Monta direito esse pau, porra — Katsuki ordenou puxando o cabelo dele e apoiando uma mão na cintura para poder trazê-lo com mais rapidez — Tem que abrir mais, eu não tô conseguindo ir tão rápido. 

Eijiro se contorceu, abrindo mais as pernas e empinando a bunda dando a Katsuki a visão perfeita. Podia ver o pau entrando e saindo, os barulhos cada vez mais altos, molhados e necessitados, misturando-se aos gemidos de ambos. Era quente, bruto, rápido e ambos amavam. 

O interior quente e pulsante dele massageava seu pau como se fosse devorá-lo, sugando-o e Katsuki estalou um tapa na bunda dele apenas para ouvi-lo gemer mais alto. Lentamente desceu a mão, masturbando-o para senti-lo trepidar, usando a outra mão para segurar seu queixo e virar seu rosto em busca de um beijo desleixado, as línguas encontrando-se deliciosamente em uma dança afoita.

— Quer que eu goze dentro de você? Ou prefere... 

— Eu quero... dentro — respondeu alto, revirando os olhos e mordendo os lábios — Por todos os malditos demônios, não ouse gozar fora, Katsuki.

Katsuki riu, descendo as mãos para segurar a cintura dele e ganhar mais velocidade. Eijiro detestava quando ele gozava fora, sempre o xingava e faltava bater, então ele o perturbava com aquelas brincadeiras. 

Terminaram os dois ao mesmo tempo, sincronizados quando Katsuki segurou o pênis dele, apertando onde sabia que seria mais eficaz e se deixaram cair, escorregando pelo chão enquanto se abraçavam, resfolegando cansados e suados. 

— Sempre... tão intenso... — Eijiro disse com um sorriso, recebendo um beijo na testa, dessa vez carinhoso e sem malícia alguma — ... adoro essas fodas de retorno, você fica mais selvagem. 

— E você mais safado — brincou, rindo com ele — Espero sempre ser o único a conseguir apagar esse teu fogo. 

— Continue fazendo um bom serviço e nada mudará. 

— Digo o mesmo para você. 

Continuaram um tempo apenas abraçados, com Eijiro aninhado confortavelmente entre o braço e peito de Katsuki, recebendo doces beijos e afagos enquanto aproveitavam o marasmo. Para Katsuki, eram os melhores anos de sua vida sem dúvida alguma. 

— Suki, eu tenho uma coisa para te contar. — Eijiro iniciou incerto depois de um tempo e Katsuki não gostou do tom de hesitação em seu tom de voz. 

— E o que é? 

Ele não falou nada por alguns instantes, apenas desenhando padrões com a ponta dos dedos no peitoral de Katsuki. 

— Vou precisar voltar com o meu pai para Selkis. 

Aquela fala chateou-o. 

— Mas acabou de voltar para Turandor. 

— Eu sei é que as coisas estão começando a complicar de novo, os aliados de Re'ny voltaram a se manifestar e...

— Você precisa ir mesmo?

Eijiro balançou a cabeça em sinal positivo. 

— Não posso deixar o meu pai lidar com tudo sozinho de novo, não depois de tudo que aconteceu. — suspirou — Eu acho que estamos ficando sem tempo e opções. 

Katsuki sabia bem a implicação daquelas palavras. Significava que ele tinha que ter um herdeiro, o problema era que já havia tentado exaustivamente nos calores dele e nada. Era como se o universo desejasse que eles concebessem apenas Lyah.

Isso amedrontou Katsuki e ele não gostou do sentimento de impotência que o aleijou naquele momento. 

— Podemos conversar sobre isso mais tarde? — pediu trazendo-o para mais perto, beijando-o com ardor — Eu quero aproveitar o tempo que ainda temos antes de voltar. 



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