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História Teoria da Persona Yves - Teoria sobre aparência, caminhos e pensamentos filosóficos


Escrita por: Gucciato e inutsuki

Notas do Autor


Boa tarde, bolinhos! Aqui mais uma vez postando uma fanfic que, sinceramente, tocou no lugar mais profundo do meu coração, sem brincadeiras. Consegui escrever essa fanfic com muito amor e carinho, esta apenas vai ter dois capítulos, porém espero que vocês gostem tanto como eu gostei dela. Agradecimentos lindíssimos para o amor da minha vida @inferus que fez uma betagem tão linda e impecável, ela é um xodó que merece tudinho!

Também a @itzybts pela capa e banner perfeitos, maravilhosos, deem muito amor a ela, é uma capista incrível com um ótimo talento para criar obras de artes no desing.

E desde já, desejo uma boa leitura.

Capítulo 1 - Teoria sobre aparência, caminhos e pensamentos filosóficos


Fanfic / Fanfiction Teoria da Persona Yves - Teoria sobre aparência, caminhos e pensamentos filosóficos

Foi em 1921 que começou minha vida, em uma cabana sem muitos móveis, apenas duas camas, uma cozinha e um sofá. Não havia luxos, apenas trabalho árduo e suor que percorria o corpo a cada hora em que cortava pedaços de árvores que convertiam-se em lenha para dar vida às chamas que manteria-nos aquecidos, em cada vez que ia no jardim e conservaria a colheita de verduras e frutas que serviriam para a sobrevivência.

Meus pais não eram pessoas conhecidas pela vila, ao contrário; eram considerados fantasmas que apareciam em público a cada poucos meses para conseguir suprimentos, até que tive idade suficiente para trabalhar. Aos quinze anos comecei meu trabalho na casa fundadora dos McKenzie, enquanto as senhoras da casa e aquelas que a visitavam vestiam longos e volumosos vestidos, eu estava vestindo um branco e preto; não diria que foi insuportável porque não foi. Nessa etapa da minha vida eu era uma jovem com curiosidade do mundo que jamais me foi apresentado como deveria, acostumada a ter minhas mãos sujas pelo trabalho caseiro, meus cabelos desgrenhados saindo do rabo de cavalo e meus joelhos vermelhos e sensíveis por passar a maioria do tempo em contato com o chão impiedoso.

Aprendi muitas coisas com a senhora McKenzie, uma doce mulher que tinha uma visão distinta da vida. Poderia notar a diferença por como as outras mulheres falavam e ela respondia com suaves e curtas palavras que conseguiam ser tão profundas como as águas do oceano, dando um tom lírico e poético a tudo o que saía por seus lábios rosados.

Ela era uma mulher conhecida por seus próprios méritos, algo que era muito surpreendente, pois normalmente as mulheres das famílias fundadoras eram como jóias ganhas pelos méritos dos homens que eram seus maridos. A senhora McKenzie não me tratava como uma empregada como deveria fazê-lo: para ela não havia status no poder, e sim na moral e dignidade que possuía a pessoa; era misteriosamente cativante e singular, sua mente era como uma incógnita que nem o homem que a amava profundamente conseguia resolver.

No entanto, todas as tardes em que ela sentava-se na mesa do jardim, com folhas e canetas de grafito, eu estava atrás dela, curiosa por saber a quem escrevia as cartas continuamente, embora não fossem cartas. Ela escrevia livros com a filosofía que ela enxergava e moldava com seu olhar azul e seus pensamentos líricos. Ainda podia lembrar-me de como ela sorria, explicava-me o mistério que havia nas letras e como podia usá-las para moldar meu mundo.

Depois de anos conhecendo a senhora McKenzie, ela chegou ao fim de seu caminho. Deitada em uma cama tão vulnerável quanto o dia em que ela veio ao mundo, vítima de uma doença que não tinha misericórdia pela vida humana, e antes de que seus olhos azuis como o céu perdessem sua luz, entregou-me uma folha e uma caneta, dizendo-me entre suaves suspiros que saberia o que fazer com elas.

Quando ela se foi uma parte de mim nasceu, como se a alma dela entrasse em meu interior e protegesse meus sonhos, sonhos que nasceram graças a ela. O marido destroçado e ferido deu-me uma oportunidade. O casal jamais teve filhos e desejava ter-me como uma; a princípio não aceitei, decidida a levar minhas raízes camponesas. Dias depois da morte da senhora McKenzie, voltei à casa, sendo recebida pelos braços cálidos de meu pai e minha mãe. Foram dias cálidos para luto que levava em meu coração, mas o pensamento e lembranças sobre a senhora McKenzie continuavam navegando no mar do meu conhecimento, até que finalmente em meios dos meus pertences encontrei a mesma folha e caneta que ela deu-me em seus últimos suspiros.

Não sabia o que fazer ou como usá-las sem que fosse em vão. A lembrança vívida da senhora Mckenzie fechando os olhos e afundando-se em seu mar obscuro onde iria descansar para sempre deu-me incentivo para fazer o mesmo, vendo-me afogada pelos maremotos contundentes que havia em meio interior, como uma besta não domada, até que compreendi que era meu espírito tratando de sair, tratando de viver. Quando abri meus olhos, minha mão e inspiração cobraram vida, e assim nasceram as letras, assim comecei meu caminho, em frases curtas e longas, parágrafos curtos e longos, linhas de pensamentos filosóficos que iriam se contrariar e na mesma vez concordar, um monólogo apenas compreendido por mim.

Mal havia notado que a folha tinha chegado ao fim, não havia mais espaço para continuar e meu coração queria sair de meu peito. Estava insatisfeita. Queria continuar escrevendo, queria continuar a história que cobraria vida em cada capítulo, em cada cena detalhada, em cada sentimento e pensamento; minha necessidade de escrever e criar histórias havia começado com meus vinte anos. Com o dinheiro que havia ganhado comprei mais folhas, cada uma sendo preenchida pelas letras que transbordavam naturalmente, semelhante à minha respiração, uma paixão que não havia sido descoberta até aquele momento e finalmente havia terminado.

Sabia que essa história havia nascido da admiração que sentia pela falecida senhora McKenzie, e no dia seguinte saí de casa à primeira hora do amanhecer, com as folhas pressionadas em meu peito e meus pés guiando-me até a porta da casa McKenzie. O viúvo estava como se carregasse uma nuvem de tempestade em seu rosto, suas íris antes brilhantes pareciam um longo e frio abismo, porém de alguma maneira consegui ver a esperança quando reconheceu meu rosto. Sem palavras, entreguei a pilha de folhas, com a fé de que aceitaria meu presente de consolo.

Ele olhou-me com surpresa, em seus lábios saiu um “sabia que voltarias, filha”, suas mãos trêmulas pegando a pilha de folhas que falavam os pensamentos profundos da senhora McKenzie escritos por meu pensamento jovem. Lembro como passamos horas em seu quarto de biblioteca onde havia um céu do trabalho da senhora McKenzie. O ancião de coração partido lia com interesse abandonado, seus olhos cobrando a vida que antes havia cada vez que tinha a esposa em seus braços, até que teve a mim, usando meu ombro como o consolo para suas lágrimas que não derramou por dias que pareciam sempiternos para ele.

O senhor McKenzie abriu as portas para que continuasse meu caminho com um suporte de sua alma, ainda podia lembrar das palavras dele quando ofereceu sua ajuda incomensurável.

– Filha, darei o que for preciso para que continues, mas terá que usar um nome único. As mulheres não podem dar sua identidade real no mundo literário, sinto muito. – Era decepcionante, mas ainda podia cumprir meu sonho, mas talvez não com meu nome verdadeiro. Decidi olhar isso com um novo pensamento, criar minha própria figura e marca em quem tivesse minhas obras em suas mãos.

Aceitei as regras que haviam nesse mundo e nasci, começando a engatinhar no mundo das letras. Lembro de como voltei para casa, com um sorriso e meu coração preenchido de sentimentos alegres e ansiosos, mal havia pensamentos medíocres em minha cabeça, tinha fé que meus pais iriam apoiar-me, fui gravemente enganada; ambos pisaram em meus sonhos, ambos questionaram meu futuro. Eles não tinham fé em meu sucesso ou em qualquer coisa que eu queria. Para eles, seria a mesma camponesa que deveria esfregar chãos e cuidar casas de famílias nobres e fundadoras.

Com meu coração amassado e pisado, guardei minhas roupas em um saco, deixei para trás a casa que antes era meu asilo tranquilo e aconchegante. Era jovem e teimosa, e nunca me senti tão agradecida em ter deixado essa parte de minha vida atrás. Não foi um erro abandonar o ninho, era meu dever sair e voar com minhas próprias asas, deixar a proteção que me foi dada quando nasci e passar a ser a única que decidia em minha própria vida e espírito. A responsabilidade caiu como um peso morto em meus ombros, o mundo adulto era assustador e cheio de regras que oprimiam, mesmo assim a garota pequena que havia em mim ergueu o queixo e cruzou os braços, apoiando a mulher que me tornaria, a mulher que sempre havia em meu interior. Escondida no profundo do mar, saiu à superfície e encantou-me com seu canto de sereia.

A casa fundadora McKenzie me aceitou e me acolheu. Não estava atraída no mais mínimo pelo luxo ou comidas saborosas que jamais pensei que tocariam minha boca até aquele momento, mas o senhor McKenzie me guiou e converteu-se no protetor dos meus sonhos. O homem tornou-se vital mais do que pensei, estava tão cativada pela falecida mulher que não notei o quão singular era o marido que a amava com toda sua alma.

Em uma vida como uma escritora, eu não seria compreendida ou uma pessoa comum e monótona; um escritor vivia em um mundo diferente, seus olhos enxergavam a humanidade com um pensamento filosófico diferente, as analogias e teorias seriam totalmente diferentes. Um escritor olhava além do racional e teórico; sabia que seria uma estranha aos olhos alheios, uma figura rara não compreendida ou descoberta, mesmo assim sabia que no meu mundo havia muitos iguais a mim.

Minha segunda obra relata sobre uma mulher que não procurava a felicidade em um casamento, procurava a felicidade por si mesma alcançando a cúspide da montanha que escolheu com apreciação. Esforçou-se com o caminhar, apreciar o que a montanha lhe oferecia, memorizando as ensinanças que lhe dava a natureza e seu conhecimento crescia a cada passo que seus pés davam. Mas sabia que era meu desejo, era minha fantasia em essa obra, ser feliz sem que tenha algo haver com o amor. O mundo emocional era um mistério para mim, um mundo em que tinha medo de afundar-me, porque queria dizer que iria arriscar um pedaço de mim. Já havia sido decepcionada uma vez, não permitiria que acontecesse uma segunda vez.

A teimosia era meu calvário, mas sabia que não estava pronta para navegar em águas desconhecidas sendo tão jovem. Queria dedicar-me em cumprir meu sonho, queria mostrar àqueles que não confiaram em mim que seria uma mulher respeitada por seus méritos – embora uma parte obscura dentro de mim achasse que apenas queria olhar-me no espelho e ver a senhora McKenzie sendo meu reflexo, sorrindo para mim através do espelho.

Quando a minha obra estava terminada, sabia o que chegaria a acontecer. Tinha que pensar em um nome artístico único, singular, aquele nome que pessoas ouviram e sentiram curiosidade. Não foi tão fácil quanto parecia, para muitos seria apenas um nome, tão simples quanto o ar que respiramos, e para mim era um tudo; era o nome que levariam meus livros, minhas criações que custaram-me tempo, dedicação e pensamentos sobre o conhecimento do mundo em que vivemos.

Foram dias presa no jardim, pensando enquanto o vento de primavera golpeava meu corpo com delicadeza, os raios do sol acariciavam as pétalas das flores que ali cresciam com amor e naturalidade excêntrica, enraizando e criando uma flor única, apesar de ser da mesma espécie; assim era o mundo, eram como as flores. Somos da mesma espécie e tão diferentes, cada um com uma linha de pensamentos que criam a personalidade. Então, decidi renascer com o nome Yves.

Nos dias seguintes em que meu nome foi escolhido, o senhor McKenzie tomou meus manuscritos e os converteu em milhares de livros. Quando chegou o dia das vendas, podia sentir meu coração martelar-me com avidez, haveria alguma pessoa que se interessaria por meus livros? Ou viveria escrevendo e jamais seria notada? Era algo novo que havia sentido: o medo.

Passaram dias e dias. Foi agonizante e cruel a espera de alguma palavra do senhor McKenzie, todavia não podia compreender-me, estava ansiosa por ouvi-lo e ao mesmo tempo aterrorizada de ouvir o que mais temia, então decidi trancar-me em meu quarto. Duas semanas depois, o senhor McKenzie bateu na porta, implorando-me para sair e que tinha notícias. Uma parte de mim não queria sair e a outra queria, era uma batalha brutal que levou-me momentos por sossegar.

Decidida a encarar os resultados que ganhei, finalmente saí do meu asilo que brindava-me um esconderijo onde podia pensar e liberar as frustrações. Mas não era mais uma menina pequena, era uma adulta, e tinha que agir como uma em esse momento. O rosto do senhor McKenzie desencadeou um bálsamo dentro de mim. A princípio acreditando que não havia nenhum resultado, lágrimas amargas saíam de meus olhos e o abraço cálido do ancião me consolou, foi então que percebi que estava fria todo este tempo.

– Filha, conseguiu o que mais queria, muitas pessoas estão encantadas com seus livros. Chore lágrimas de alegria, não de tristeza. – E como se fossem as palavras do todopoderoso, uma emoção cálida abarcou minha escuridão. Não sabia se realmente estava soluçando ou rindo, apenas que estava sumamente feliz.

Com o tempo, me transformei no nome que andava em más e boas línguas. Homens questionavam e analisavam minhas letras, e as mulheres as sentiam. As coisas foram mudando; não apenas tinha que escrever mais livros, como também tinha que tomar aulas de comportamento e modos femininos, idiomas que não sabia que existiam e até havia formas de como sorrir. Estava horrorizada, porém tinha que ser aberta a tudo e entender que a sociedade em que passei a viver era muito diferente do que ter mãos sujas e joelhos machucados.

Haviam muitas pessoas que queriam entrevistar-me, conhecer-me, me chamaram a eventos e bailes que pareciam contos de fadas, e eu sabia que não era para mim. Não importava se tomasse aquelas aulas; estaria fora da casa McKenzie, sorrindo a estranhos. Se não o fizesse, iria começar desde o zero novamente? Iriam considerar-me arrogante? Isso me fez compreender que ainda era aquela menina camponesa tímida que jamais se aventurou na vila, e agora era o momento de fazê-lo.

Foi me ensinado que não teria que revelar quem eu era, apenas meus interesses artísticos, sociais e monótonos que uma pessoa normal levaria em mente por cada pessoa que perguntasse. Nos primeiros bailes e eventos tinha o senhor McKenzie ao meu lado, sussurrando em meu ouvido quando alguém de importância aproximava-se de nós. Foi uma experiência magnífica e apreciei a música clássica que saía dos instrumentos que mulheres e homens tocavam com tamanha paixão.

Minha vida havia mudado escrevendo letras; foram três anos que me tomaram para terminar as aulas e já havia escrito mais de seis livros que eram vendidos por todo o estado. Não havia nenhuma pessoa que não falasse de Yves e seus trabalhos.

Isso foi até perder meu protetor. Era abril de 1944, o senhor Mckenzie faleceu por causa natural, seu coração havia parado em uma madrugada. Eu sentia uma imensa tristeza; ele havia sido como um avô amoroso e sábio, e dentro de mim havia a esperança de que se existisse um céu, que se encontrasse com sua esposa novamente. Uma semana depois do funeral, um advogado estava na porta da casa. Foi quando eu soube que a fortuna que criaram os Mckenzie à medida dos anos havia sido passada para mim; no testamento e nos corações dos meus falecidos mestres era uma McKenzie, e o aceitei como se fosse o último desejo deles.

[…]

Outubro, 1952

O vento fresco acrisolava minha epiderme enquanto em minhas mãos havia uma carta do alcalde: um convite para outro baile com o objetivo de colher fundos para os orfanatos, e mesmo que estivesse sumamente interessada eu não tinha tempo para dedicar-lhe. O editorial havia feito o pedido de um novo manuscrito e com um tema que jamais havia escrito em meus longos anos como uma escritora; um romance.

Como havia de escrever algo que jamais havia vivido? Ou uma simples fantasia minha alimentaria o interesse do meus leitores e público? O amor familiar era o único que poderia descrever, nunca um amor dirigido a alguém que não considero família, ou era isso o que minha mente independente mostrava.

Depois que o senhor McKenzie se foi, aprendi o que ele fazia por mim. Encomendar materiais suficientes para a fabricação dos livros, entregar os manuscritos e esperar que a pessoa que o revise dê sua opinião; continuei assistindo aos bailes e eventos aos quais me convidavam, até que o trabalho falou mais alto. Não podia perder o tempo, havia temas que desenvolver e não fazer nada seria considerado como uma doença em meu dicionário. Necessito estar ocupada, necessito escrever da mesma maneira que necessito respirar, do contrário, parece que não há sentido em minha vida, estou perdendo o tempo.

Anos atrás, diante de mim havia dois caminhos – voltar a cuidar das casas fundadoras, ou criar um mundo diferente literário –, escolhi o menos recorrido, e assim tudo foi cobrando forma e comecei a ser muito distinta de outras mulheres.

Para elas, as melhores jóias eram os diamantes. Para mim eram os livros; meus livros. Sei disso porque assisti a bailes suficientes para saber que meu espírito não encaixava ali, no entanto, outros procuravam dar opiniões, como se fossem experts; ao mero indivíduo que lhe encanta falar sobre teu jardim, acaba por não cuidar das próprias plantas; dá milhares milhares de inteligências e teorias, e eles irão querer a tua.

Era a realidade daqueles bailes.

– Senhora Yves? – A suave voz de Hyunjin tirou-me de meus pensamentos dirigidos às teorias do comportamento humano. Ela havia trabalhado comigo desde que cheguei nessa casa e por mais que lembre-a que não deveria me chamar senhora como se fosse uma figura superior, iria ignorar. Como se pode vencer um ser ignorante por natureza? Não estava insultando-a, ao contrário, ela ignorava meus pedidos porque ela havia sido educada de certa forma em que ela honra os superiores por status. – Tem uma jovem chamada Kim Jiwoo, disse que é de urgência falar contigo. – A confusão deve ser perceptível em mim, considerando a maneira hilária como Hyunjin encara-me.

– Deixe-a entrar. – Não havia sentido em dizer que não. Normalmente era afônica e não chamava a atenção, saber que alguém deseja falar comigo é relevante e perigosamente curioso. Estou no mesmo jardim onde a falecida senhora da casa gostava refletir, entretanto, a natureza era um mistério para mim. Não refletia, apenas trato de compreender minhas ideias e finalmente moldar em palavras, presa na abside do meu próprio lugar.

Hyunjin acatou minhas palavras, voltando com uma mulher alta que capturou meu interesse. A coordenadora da casa se curvou antes de deixar-nos sozinhas.

Ela irradiava juventude doce com o sorriso largo que decorava seu belo rosto esculpido, onde havia duas estrelas brilhantes ilustradas em íris; seu longo cabelo caía em ondas suaves, algumas acariciavam sua testa e bochechas, onde podia ver um rubor de cereja. Seu corpo alto acariciado pelo longo vestido azul espumoso e seu chapéu que combinava finamente.

– Olá, senhora, sou Kim Jiwoo, tu és Yves? – Ao princípio, sua voz me pareceu uma longa melodia de piano, e ao terminar suas palavras, algo dentro de mim se quebrou. Jamais havia recebido essa pergunta, então, porquê sentia-me decepcionada? Talvez porque não queria que descobrissem? Dentro de mim desejava viver anonimamente?

Não calculei quanto tempo se passou em que estive em um silêncio abrupto que tomou a paciência da jovem diante de mim, ela apenas agiu com naturalidade, sentando-se na cadeira vazia e mostrando-se verdadeiramente feliz.

– Sempre soube que eras tu! Custou muitos bailes para juntar provas suficientes, até que por fim tive a oportunidade de ver-te firmar o livro, a última que firmou, e quando obtive o livro, vi tua firma. Tu és Yves! – Ela era como uma bufada de ar quente de verão, o sol brilhando e alimentando a natureza, ela estava alimentando-me com seu brilho, embora estivesse verdadeiramente surpresa de que gastasse tempo para procurar a pessoa que era Yves. Até que finalmente achou-me, como uma agulha em um jardim.

– Sou, mas qual és teu propósito? Era conhecer-me ou algo mais? – Nesse momento, Hyunjin voltou com uma bandeja, sabia que ela trazia chá e biscoitos e estava feliz de que recebesse uma visita, porque nenhuma alma visitou-me antes. Ela só colocou a bandeja e se retirou em silêncio, que foi cortado pela voz alegre de Jiwoo.

– Oh, meu propósito? Bem, estava realmente curiosa de saber quem eras tu, não sabia que iria conseguir realmente, mas... – Tomei a xícara de porcelana com cuidado, soprando lento e levando até minha boca. Como esperava, já estava adoçado; Hyunjin sempre esteve à par de minhas necessidades. Coloquei a xícara em cima do prato, de repente a jovem alegre foi substituída por uma jovem insegura.

– Diga-me, Jiwoo. – Não sei se foi minhas palavras ou o nome dela em meus lábios que a incentivou a não olhar-me, como se suas mãos tivessem a resposta.

– Sou jornalista, faço artigos para o jornal da vila, mas ultimamente estão desmerecendo meu trabalho. Queria saber se poderias deixar-me entrevistá-la...

– Se desejas receber algo de mim, antes deve mostrar os olhos. – Era bastante desconfortável perder o olhar dela. Estava curiosa e queria estudar o mar de suas íris; ela olhou-me, podia ver o brilho de esperança misturado com a insegurança. Não havia deixado passar quando ela disse que não valorizavam seu trabalho, queria ajudá-la. Porém, queria fazer isso para mostrar ao mundo que não deveriam excluir uma pessoa ou porque podia olhar-me na determinação dela?

Suspirei. Não tenho motivos para negar-me, mal saio desta casa e não tenho uma vida social que não seja sobre meus livros. – Venha ver-me amanhã, senhorita Kim. – Foi a última coisa que disse a ela nesse dia.

O que estava esperando dessa entrevista? Sabia que estava sendo egoísta. Eu não tinha interesse na entrevista, estava muito mais interessada nela. Queria conhecê-la, queria saber seus desejos, seus sonhos; o quê a levou a caminhar o longo caminho do jornalismo; onde enfrenta o bem e o mal a cada dia.

Estava tão afundada em meus pensamentos que não consegui escrever um parágrafo completo do meu livro. Se escrevesse, seria sobre Kim Jiwoo.


Notas Finais


E como sempre, estou boiando no meio do oceano porque essa fanfic tem alguns fatos reais kskskskks. Espero que tenham gostado, mais uma vez, deem amor a @inferus e @itzybts, elas são incríveis! Obrigada e beijinhos!


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