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História Teus segredos (Kakahina) - O confronto


Escrita por: Lobinha_Hatake e Yasmim2712

Capítulo 15 - O confronto


No meio da noite, Hinata acordava assustada. Dentre as quatro paredes a escuridão tomava conta de tudo. Onde ela estava? Havia chegado em casa? Mas… não se lembrava de nada. 


— Kakashi? 


Antes mesmo de descer da cama, já sentia o cheiro do homem a embriagando. Era fácil cair na tentação, ele estava em todo lugar. Mas não houve resposta e depois que ela acendeu a luz do abajur, teve certeza que estava no quarto do homem. Os olhos perolados desceram sobre o seu próprio corpo, até confirmar que ainda tinha as suas roupas e nada havia acontecido. Se sentia aliviada, mas perdida ao mesmo tempo.


Quando abriu a porta do quarto, o silêncio foi absoluto. Aos seus pés alcançarem a sala, os olhos perolados acharam o Hatake, dormindo no sofá de qualquer jeito. Ela se reprimiu ali mesmo, o fez sair da própria cama, na própria casa. Por outro lado, admirava o homem dormindo. Sereno, Kakashi parecia desarmado sem a expressão séria que sempre carregava. 


Mas Hinata se viu insatisfeita assim que percebeu o rosto do homem coberto pela insistente máscara. 


" — Por que tão difícil, Sakumo? Você poderia facilitar as coisas. 


Entre um vão do escuro, a voz grave se escondia na sala iluminada apenas por uma lâmpada, por todo o galpão. O citado estava desesperado. Na sua frente estavam as noras, ambas choravam e os seus próprios filhos assistiam tudo com temor. 


— Vou perguntar mais uma vez, Sakumo. Qual é a senha? 


Atordoado, o mais velho viu ele sair das sombras. Uchiha Madara, chefe da máfia rival e que terrivelmente os torturava. A arma que fora apontada para uma das noras, deixou seu filho mais velho em desespero. 


— Não! Pai, fala, pai! — Em descendência, o que levava os cabelos prateados gritava, implorando por misericórdia. 


Com a esposa grávida, perderia a família que construiu durante todo o romance com Mei, a jovem prestes a morrer. 


— Não tem misericórdia dos seus filhos, Hatake? Sangue do seu sangue… Deveria ter vergonha. 


Sakumo, aquele julgado, negava implorando, mas não via muitas saídas. 


— Bom, talvez os seus filhos tenham mais consideração um pelo outro. E então, Kakashi? 


Aquele de joelhos; jovem, magro e assustado se viu completamente desesperado quando os olhos verdes da cunhada se banharam em lágrimas. 


— Eu quero a senha ou mato todos, um por um! — O grito do Uchiha ecoou pelo lugar abandonado e Kakashi, pressionado, sentia suas pupilas tremerem dentro dos olhos. 


Amordaçado, o desespero se tornava uma crise de pânico e cada vez ficava mais difícil respirar. Quando os pés do mais velho se aproximaram trazendo junto a mulher, ele negou insistentemente. 


— A senha, Kakashi 


— Eu — O jovem procurava forças, sabia que não havia opções e a verdade doía. 


— Madara, não faz isso — O irmão implorava por piedade, mas aquilo só pareceu satisfazer o ego do mafioso. — Por favor. 


— Por que não deixa seu irmão responder, jovem? — Os olhos malignos voltavam para Kakashi, em intimidação. — Kakashi? 


— E-eu não sei 


CLACK POW! 


Ofegante, Kakashi se deparava com o próprio terror em sua frente. O sangue quente molhava seus joelhos, o chão se tornava vermelho e os gritos de desespero do irmão ecoavam em sua alma."  


Sentindo o rosto formigar, o homem abriu os olhos assim que sentiu o ar correr fresco pelas suas narinas.  No susto, se moveu rápido o suficiente para trocar de lugar com Hinata e a deixar surpresa, ambos também constrangidos. 


— Eu não imaginava que teria essa reação — A mais nova brincou, mas Kakashi permanecia sério. 


A verdade é que sonhava acordado, o pesadelo habitava seu ser. O suor que escorria pela sua testa não passou despercebido por ela e quando voltou para a realidade, foi graças à asma. Tossiu, sem controle, pelo clima frio que ainda pairava sobre a cidade. 


— Tudo bem? — Hinata o viu pegar o inalador, já no primeiro segundo do dia, acordado. 


— Ainda são quatro da manhã, o que está fazendo acordada? 


— Eu que te pergunto por que está dormindo no sofá! — Indignada, acompanhou com os olhos o homem acordar aos poucos. 


— O que foi? Queria que eu dormisse com você?— Kakashi não pensou, foi tarde demais e a menina corou. 


— E se eu quisesse? — Com o dedo na boca, seus lábios se curvaram em um sorriso divertido. 


— Isso seria um grande problema — Kakashi riu, sem malícia. 


— Por que? 


— Tenho 27 anos, Hinata, sou solteiro e moro sozinho, por que? Ninguém me suporta dormindo. Na verdade, eu nem consigo dormir — Mais uma vez, Kakashi sorria amargo ao lembrar de águas passadas. 


— Você podia parar de tanta conversa… Eu tô com sono! — Quando a mais nova resmungou, ele riu. 


Sabia muito bem que quando um Hyuuga queria algo, não desistiria enquanto não o tivesse. E agora, Hinata o queria na cama, o que ele poderia fazer? 


Na realidade, Kakashi sabia andar em ovos. Respeitava estritamente a privacidade da mais nova, contudo, também tinha seus motivos para deixá-la dar sempre os primeiros passos. Assim que foi puxado para o quarto, viu o comportamento da mais nova mudar. 


Insegurança reinava, desconforto então? É claro que falar é uma coisa, fazer é outra. Kakashi sabia e entendia tudo aquilo, tinha paciência quando e com quem queria. Os olhos perolados quase brilhavam no escuro, quando olhavam para os seus. Os cabelos longos logo se espalharam pelo peito do Hatake, e em um mero afago, ela voltava a dormir nos braços do homem — depois, claro, de ver que não tinha necessidade de tanto desconforto —.


— Eu não posso atrasar hoje, nem meu uniforme está aqui — De olhos fechados, Hinata se preocupava com as suas responsabilidades. 


— Vou passar na sua casa, não por isso. Agora dorme, descansa que depois eu te acordo — Em tom sereno, o professor disse. 


Ambos se viam desconfortáveis; qual foi a última vez que houve uma segunda pessoa na sua cama? Hinata então, deitada pela primeira vez no peitoral do homem. Contudo, os dois admitiam que era bom e o frio ajudava a ficarem unidos por baixo das cobertas. 


A Hyuuga conseguia ouvir a respiração falha dele, o coração batendo rápido e a garganta fechada. Tudo aquilo era reprimido por ele, em tentativa de deixá-la descansar. Queria tossir, precisava do inalador e a garganta coçava como em uma gripe de inverno, mas mesmo assim, o homem se contia. 


Duas horas se passaram assim, admirando a mais nova dormir e ele sem conseguir pregar os olhos. No meio tempo Kakashi pôde se lembrar dos tempos em que tinha namorada, saindo da adolescência. Não durou muito, mas os momentos ao lado daquela passaram a ser eternos e vividos em sua mente, quando não mais estava na Terra. 


Como qualquer um dormindo, Hinata definitivamente não conseguia ficar parada. Primeiro sua perna passou por cima das do homem e quando ele percebeu, a jovem Hyuuga já o cobria por inteiro. Se viu preso, parcialmente agoniado, mas acolhido. Aquele era um calor humano que para Kakashi, não deveria ser levado na maldade. Era raro, era único. Gestos simples que não teve por anos, coisa que qualquer um da sua idade deveria ter todos os dias. 


Carência? Talvez, mas ele podia afirmar que passar todo aquele tempo sozinho não era bom. Hinata completava a casa, tirava a sua solidão e pintava o sorriso em seu rosto sem ao menos perceber. Seria amor ou paixão? Para ele não importava, muito menos o seu cargo dentro de onde ela estuda, só precisava ter ela por perto e nada mais. 


Quando o ponteiro bateu às seis, Kakashi ficou intransitável uma vez que teria que acordar a mais nova para se levantar e tomar banho. Não queria despertar quem dormia serena, muito menos para se ver mais uma vez em desconforto. A segurou pela cintura e da forma mais sigilosa que conseguia, inverteu as posições. Embora seus motivos fossem cautelosos, os olhos perolados se abriram em confusão. 


— Dorme, vou tomar banho — Ele deixou a mais nova na cama, assim que desferiu um beijo em sua testa. 


Em pouco mais de cinco minutos, o homem entrou e saiu do banheiro. Kakashi agradecia a água quente, mas não sabia como seria enquanto dava aula. Precisava da máscara e dar explicações das matérias também, mas em um frio como esse as coisas ficavam cada vez pior. Não gostava de demonstrar fraquezas, muito menos na frente dos alunos. Seu cargo dentro da escola exigia exemplo, não poderia errar nisso. 


— Hinata, vamos — Já vestido e com a moça acordada, a chamou. 


A Hyuuga acordou de supetão, havia dormido bem — melhor do que esperava —, mas ainda se sentia incomodada ao ver que Kakashi se aguentava na doença. O ouvia tossir seco, no banheiro, depois de segurar tudo enquanto a tinha nos braços. 


Sem mais delongas, partiram para a estrada, dessa vez com rumo a casa dos Hyuuga. Quando o carro parou na frente da porta da residência, Kakashi sorriu fraco. 


— Se quiser eu te espero — Hinata por outro lado teve vergonha, se sentia especial ao lado dele. 


— Não acho que seria bom nos ver saindo juntos, além do mais, meu pai vai estranhar. 


E em falar no homem, a porta da casa foi aberta e de braços cruzados, Hiashi olhava ambos com uma expressão séria. Hinata temeu o pai, mas Kakashi temeu a conversa, pois sabia o que viria. 


— Eu quero os dois lá dentro, agora. 


— Pai


— Agora, Hinata! 


Sob pressão, os olhos perolados se encheram d'água e pela primeira vez, o Hatake a viu chorar. Conhecia o homem, sabia que a pressão feita nas palavras doía, mas não imaginava que vê-la chorar seria mais doloroso. Sem muitas opções, ambos entraram. Hinata por sua vez segurava o choro, não sabia o que viria. 


— Se arruma para a escola — A mais nova não quis, mas acatou a ordem do pai assim que Kakashi afirmou, tranquilo. 


Ao contrário dela, o Hatake sabia do que falariam, sabia sobre o que iriam conversar. Quando a porta do quarto da menina bateu, ambos se olharam. 


— O que pensa que está fazendo, Kakashi? Ela é minha filha, você sabe dos riscos que corre! — Os homens voltaram em um passado sombrio, repleto de traumas e pesadelos vívidos. 


— Não vejo mais perigo, Hiashi. — Sem preocupação, Kakashi se pronunciou. 


— Não vê perigo? Você mais do que ninguém sabe que a qualquer momento eles podem voltar, nos descobrir! Fizemos um juramento, você não vai quebrá-lo.


— Você me criou de pequeno e sei me defender muito bem, acha que não posso protegê-la como fiz com Neji? 


— Kakashi, isso exige cuidado, cautela… — O homem, preocupado, detalhou. O outro riu sem humor. 


— O senhor fala como se eu não fizesse isso diariamente. Eu tenho meus problemas e mais do que ninguém você deveria saber o quão difícil isso está sendo pra mim. 


— Kakashi, ela é minha filha. Perdi muitos naquele dia, ela é a única coisa que eu tenho, não vou deixá-la ter um futuro arriscado. 


— Eu não posso te entender porque diferente de você, Hiashi, eu perdi todos, até a minha filha. E na minha opinião, um futuro arriscado seria uma vida ao lado de um outro que se levar um tiro grita de dor. — Kakashi, com indignação, apontava para o quarto da menina, protegendo o seu ponto de vista. 


— Kakashi — O Hatake continuou


— Acha que não sou um homem preparado? Ou talvez desconfie que eu ainda esteja envolvido? 


Depois da intimação, houve silêncio. Kakashi esperava por uma resposta coerente mas o mais velho nada formulava. O homem não teve mais tempo para ouvir algo, Hinata já saia do seu quarto, pronta, depois de ouvir os gritos da discussão. 


— Depois vamos conversar, Hinata — Na mesma hora, os olhos perolados se marejaram em temor. Significava medo e respeito entre os últimos Hyuuga 's.  


— Não, você não vai falar sobre isso com ela. Basta, Hiashi. 


— Quem pensa que é para querer mandar na minha própria casa?! — Alterado, o Hyuuga deu um último grito. 


Mais alto que a sua voz foi a porta da entrada que bateu, assim que Kakashi saiu com raiva. Hinata, assustada, via o professor raivoso, assim como o irmão via o pai do outro lado da sala.


— Deveria ver como ela fica perto dele — A voz do filho chamou a sua atenção, no sereno que trazia com Neji. 


— Não importa, Neji. Não foi atoa que fizemos um juramento em não deixá-la se envolver com alguém ligado, de qualquer modo, à máfia. 


— Está querendo dizer que a felicidade da sua filha não importa pra você? — Incrédulo, o mais novo exigiu resposta. 


— Quer ouvir o coração, Neji? Eu já fiz isso com a mãe dela, com o seu pai, sabe onde eles estão? De baixo da terra, apodrecendo por anos. 


Dessa vez o mais novo se viu assustado, com o sangue frio do tio. Aquele que o considerava como filho não julgava as suas próprias atitudes como ruim, já que a razão sempre o mostrou ser o melhor caminho. Mas a verdade é que estava sendo realista, a vida real não é um conto de fadas. Kakashi sabia se defender, mas não era um príncipe encantado. 


O que nenhum deles imaginava era que, inesperadamente, Hiashi Hyuuga estaria certo. 











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