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Textos sem contexto: compilado. - Paredes


Escrita por: todossaogays2 e todossaogays

Notas do Autor


Eu tinha que escrever um conto para um trabalho de português e isso saiu

Capítulo 5 - Paredes


Fanfic / Fanfiction Textos sem contexto: compilado. - Paredes

As paredes de minha casa fazem barulho.

As vezes, escuto os finos e excruciantes sons de unhas deteriorando a tinta velha. As vezes, é como se rachaduras passassem a se formar. Têm dias que são barulhos baixos e calmos, têm outros que são agoniantes e incessantes. Eu aprendi a lidar com esse fato.

Apesar dos sons reverberantes ecoaram por toda a minha casa, nunca encontrei uma única marca nas paredes. Talvez eu esteja ficando louco.

Hoje, quando eu deitei em minha cama, eu escutei esses sons. As unhas rasgavam as paredes da sala, agoniantemente se aproximando pelo corredor. As rachaduras se formavam em sons altos, dando a sensação que a casa estava se destruindo.

Os sons ficavam cada vez mais altos. Meu pulso acelerou, e eu cerrei meus olhos, cobrindo meu corpo esguio com os cobertores. O terço de minha vó se encontrava em meus dedos enquanto eu repetia com aflição a reza que me fora ensinada.

O barulho chegou ao meu quarto. Alto, incessante e assustador, envolvendo ao meu redor e quebrando as paredes, rompendo a minha paz e dando lugar á preocupação e ao medo. E então, eu escutei.

Um grito. E depois mais outro. As ondas de vozes incessantes, como se as cordas vocais estremecessem e me rodeassem. As lágrimas ardiam em meus olhos e minha garganta fechou, meu coração cada vez mais rápido e a impossibilidade de respirar, enquanto eu sussurrava em uma lamúria desesperada a reza tão bem conhecida, na qual eu conto e reconto todas as noites.

E então, o silêncio. Talvez pudesse indicar a calmaria. O único som que agora podia ser ouvido era o de minha respiração pesada e das batidas rápidas de meu coração. Suor escorria pelo meu corpo, junto com as lágrimas que escapavam de meus olhos. Meus dedos, com as pontas brancas de me agarrar ao terço, afrouxaram o aperto enquanto eu engolia a seco.

Lentamente, eu fui me acostumando ao silêncio. E mais lentamente ainda, fui abaixando o cobertor para analisar o estrago em meu quarto. Tirei o tecido de meu campo de visão, piscando algumas vezes para me acostumar a luz. Eu não lembrava de ter aceso a lâmpada do quarto.

Foi então que me dei conta que a noite havia passado. Os raios de sol iluminavam meu quarto através dos panos finos de minha cortina. Foi então que eu respirei fundo e meus batimentos cardíacos se acalmaram. Meus olhos se voltaram para o relógio no meu quarto. Eram cinco da manhã.

Mais uma noite sem dormir devido as paredes.

Eu tenho que me acostumar com isso.



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