Nesse mundo branco e vazio, me encontro sozinho, só eu e eu.
Levo minha mão nesse chão branco, a admiro, a arrasto rapidamente a levando para cima e depois a passo ao meu redor. E como esperado, no chão grama começa a surgir, ao meu redor arvores e em cima de mim um lindo céu azul. Todavia, sabe não estou totalmente sozinho, eu posso fazer esse mudo do jeito que quiser, porque ele é meu.
Começo a correr e desviar das arvores. Esse mundo eis belo, e eu gosto daqui, enquanto poder faze-lo quantas vezes quiser, nunca vou me sentir sozinho. Levanto minhas mãos, batos as duas, fecho e depois as levo para cima, e pássaros surgem voando em bando, sorrio.
Viu ? Não estou sozinho.
Desfaço tudo e agora crio casas, muitas casas. Estou em cima do telhado de uma delas, pulo para a outra e continuo a fazer isso, com os braços aberto e acada salto sinto a brisa frescante do vento ao bater em minha face. Estou feliz, muito feliz, mas as vezes sinto algo estranho em meu peito e isso me deixa triste, não gosto de sentir isso. Queria poder desfazer isso.
De repente tudo se desfaz sozinho e um parquinho surge a minha frente. Sinto que já o vi antes, só não me lembro a onde. De novo, o mundo se desfaz, agora havia ficado tudo branco, passo minha mão no chão em uma esperança de criar grama, mas nada acontece, entro em desespero, bato minha mãos, corro nesse vazio branco. Por que ? Por que não esta acontecendo nada ? Eu... eu não gosto disso, é a primeira vez que isso acontece.
A baixo de mim aparece um buraco pequeno, levo meu olho a esse, como esperando, não vejo nada. Levo um susto quando vejo que o buraco começou a aumentar, corro, corro em desespero, não quero entrar nele, estou com medo. Falhei, falhei em correr, o buraco dominou todo o vazio branco e entrei nele de cabeça.
Escuro, aqui só havia escuridão, também parece que não a fim. Vou ficar aqui para sempre ? Não quero, aqui me faz sentir uma grande angustia. Fecho minhas pálpebras, as apertando com força, enlaço minhas mãos e as levo para meu peito, me encolho. Por favor, faça isso sumir, suplico.
Expiro, suspiro. Lentamente abrindo minhas pálpebras e vi que essa escuridão agora esta branca, mas não vazia, tem alguns fragmentos grandes nela, não consigo ver o que tem neles, quando olho para baixo e vejo que vou me chocar com uma delas, tento sai, porem percebo que não consigo, uso as costas dos meus braços para mim proteger do impacto. Não sinto nada, sera que parei ? Ou ele se quebrou ?.
Agora me encontro em uma casa ? Olho para os lados a procura de qualquer coisa que me faça entender o que esta exatamente acontecendo.
- Mamãe
Ouço a voz de uma criança ressoar por esse lugar, olho para os lados a procurando, me viro e deparo com a criança. Uma criança de cabelos encaracolados verdes e preto, com sardas, e orbes esmeraldas. Esse sou eu ? Ele estais a sorrir para mim ? Não, não era para mim. Ele passa por me e vai de encontro com uma mulher magra, alta de cabelos verdes que o abraça. Essa é minha mãe ? Ergo minha mão para tentar toca-la, todavia tudo se desfaz e volto pro mesmo lugar que havia antes. Dessa vez sou jogado brutalmente contra outro fragmento.
Com dificuldade me levanto, levo minha mão para a cabeça que esta a latejar.
- Pare, por favor.
Ouço mais uma vez a mesma voz. Olho para minha direita e vejo uma criança loira de orbes vermelhas, essa pega um brinquedo ? Sim, um brinquedo que aparenta pertencer a criança esverdeada - que sou eu ? -, Ele joga o brinquedo para longe, em uma floresta, o esverdeado cai em seus próprios pés, leva suas mãos aos seus olhos e começa a chorar, a criança loira zomba dele e vai embora. Espero a outra criança ir embora, ando cautelosamente a outra, quando vou toca-la, vejo outra mão a toca-la primeiro, uma mão pequena. Veio outra criança o atormentar ?
Levanto minha cabeça, agora é uma criança de cabelos bicolor, com heterocromia e tem uma queimadura em seu lado esquerdo do rosto. Esse faz cafune no esverdeado e sorrir para ele, ele para de chorar e se levanta com a ajuda do outro. O bicolor bate de leve sua mão em seu peito e vai adentrando a floresta, a criança esverdeada aparenta esta esperançosa. Ele foi atrás do brinquedo ?
O esverdeado se senta no chão, passa seus braços pelo joelho e deita seu queixo nesse, e fica a encarar sorrindo para a floresta a espera do bicolor. O imito, mas invés de encara a floresta, fico o encarando, fecho minhas pálpebras e conto até dez, quando abro essas, já esta anoitecendo e a criança esverdeada se levanta com um semblante de pese, faço o mesmo levando minha visão para frente, a criança bicolor esta toda encardida, cabisbaixo, enquanto aperta uma parte de sua camisa, sem o brinquedo. Parece que ele não conseguiu encontrar.
Tudo se desfaz e eu volto a onde estava antes de tudo isso acontecer. Cabisbaixo encaro o telhado. O que foi tudo isso ? Seria lembranças ? Mas, como eu iria ter lembranças ? E lembranças do que ? Não entendo o que estais acontecendo. O que aconteceu comigo ? Eu morri ? Aquela criança era eu ? E as outras crianças ? São tantas perguntas sem respostas. Levo minha mão ao meu peito, aquele sentimento voltou, mas agora esta crescendo cada vez mais. PARE ! NÃO QUERO SENTI-LO ! NÃO ESTAIS VENDO QUE ESTA ME MACHUCANDO ? PARE ! Eu suplico. Um liquido estranho escorre dos meus olhos, tento limpa-lo, mas não quer cessar. Me lembro da criança esverdeada, estou chorando ?
Encaro minhas mãos molhadas com esse liquido. Não tenho motivos para chorar, sempre estou feliz, sempre. As casas se desfaz e caio na grama, me sinto sozinho, esse sentimento é de solidão ? Parece ser isso mesmo. Perdido nesse sentimento, sinto algo a dá brilho em minhas mãos, ergo meu rosto rapidamente e olho para cima, uma luz estranha esta a brilha fortemente. Minhas pernas começam a se mover sozinhas, me fazendo corre para quela luz que parece esta desaparecendo aos poucos, montanhas surgem que parecem estarem a me ajudar a alcançar a luz. A luz vira uma bolinha, aumento a velocidade e quando chego na ultima montanha, pulo em direção a luz e a toco antes que desapareça.
Aperto minhas pálpebras, lentamente essas começam a se abrir, vejo um teto branco, olho para o meu lado esquerdo e vejo maquinas e ao mesmo tempo ouço sons que ressoam das maquinas. Ainda um pouco confuso, ergo minha costas, olho para o meu lado direito, na poltrona jogado nela um garoto, o examino e percebo que esse é aquela criança loira, em um susto deu-me um pulo na cama que se mexeu com a ação. Ouço o abri de uma porta e quando levo minha visão para esse som, o vejo, é ele, acriança bicolor.
Ficamos a nos encara, mantendo um contado visual que da minha parte, eu não queria que fosse desfeito. Mantendo nosso contado visual, ele coloca alguma coisa embrulhada em um pano, no canto da cama, se curva e vai embora. Com um pouco de medo, pego esse embrulho e o esfaço, e o que o vejo me deixa em estado de choque. Era aquele brinquedo, o mesmo brinquedo que.. eu ? Sim, o mesmo brinquedo que perdi.
Sem hesitar, tento chamar por ele, tento pedir auxilo, porem nenhum som sai de minha boca, então desisto disso e pôs as minhas pernas no chão, é nesse momento que elas bambeiam e eu caio nesse chão gélido. Não, eu não posso desistir, eu tenho quer. Forço minha mão contra o chão tentando levantar, minhas pernas ainda tremulas as obrigo a ficar firme, uso o auxilio da parede para continuar de pé. Abrir a porta com brutalidade, não estava com tempo para ser cauteloso, ele iria embora. Abandonando a parede saio do quarto e corro a trás dele nesse longo correndo, contudo eu caio sentado em minhas próprias pernas, aos poucos estou presenciando ele desaparecer desse corredor, aquele sentimento em meu peito volta mas ele vai embora quando sinto alguém me abraçar e algo quente a molhar meu rosto, no canto do olho estou a ver aquela mesma mulher de cabelo verde, é a minha mãe ? Por que ela chora ? Por que eu- Sou interrompido de pensar quando também sinto alguém abraçar minhas costas, olho por cima de meu ombro, é o loiro e aos poucos mais pessoas aparecem com o semblante de perplexos, quanto mais aparece, mais eles estão tampando minha visão dele.
Entendo, aquele sentimento foi embora porque agora não estou mais sozinho, a solidão foi embora. Sorrio, aperto o brinquedo que esta em minha mão, ainda com um espaço sobrando e com o garoto desaparecendo aos poucos na multidão, levo o brinquedo ao meu peito, o aperto com força, aquele liquido sai de novo dos meus olhos que cai no brinquedo, agora sinto que posso falar.
- Obrigado.
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