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História Thank You »» Cockles a.u «« - Dezesseis


Escrita por: dannovak

Notas do Autor


Olá!Mil desculpas pela demora. espero que gostem da história. <3

Capítulo 16 - Dezesseis


Misha sentia seus cabelos grudando na testa e tentava não rir do desespero de Jensen para sair da chuva. O loiro se apoiava em seus ombros e tentava correr mesmo sendo repreendido por isso. Ele não devia forçar a perna mesmo que estivesse havendo um temporal. Um resfriado se curava fácil, um osso nem tanto. Eles entraram na casa e Jensen estava ofegando de cansaço e dor.

-Tenho que comprar um guarda-chuva. -Misha confessou enquanto ajudava o outro a se sentar em uma cadeira e pegava outra para que ele apoiasse a sua perna.

-Bem, já temos uma aventura para fechar a noite. -Jensen riu, a expressão de dor sumindo de sua face. As taças de vinho a mais o deixaram tranquilo e relaxado.

O moreno sentou na cadeira em frente e observou enquanto o outro tirava seu blazer encharcado e começava a desabotoar a camisa de baixo para cima. Tirou a sua sem dificuldades e quando olhou, Jensen ainda estava no meio do caminho.

-Quer ajuda? -perguntou.

-Fica difícil por causa desse braço maldito!

-Não amaldiçoe o seu braço. Vamos, deixe que eu tiro.

Misha abriu devagar os três botões restantes da camisa de Jensen, sentindo a pele molhada sob seus dedos, macia e fria. Os pelos do peito dele um pouco grudados na pele. Conseguiu até mesmo sentir as batidas de seu coração sob sua palma. Subiu as mãos até os ombros e tirou um lado da camisa e depois com cuidado tirou a do braço machucado. Com a camisa em mãos, juntou à sua e ia colocá-las para secar quando ouviu Jensen o chamando.

-Espera.

-O que foi?

-Vem cá.

Então ele colocou as camisas novamente na cadeira e foi até o outro. Em um segundo estava chegando perto e no outro já sentia o gosto de vinho diretamente da boca de Jensen. Ao tocá-lo, percebeu que mesmo molhada, a sua pele já estava quente novamente.

Um pouco relutante, Misha separou a sua boca do outro e pôde perceber (novamente) o quanto ele era lindo. Seus traços pareciam ter sido desenhados e calculados na devida proporção, sua boca, queixo, até mesmo o seu nariz. E seus olhos verdes, que pareciam ter saído de uma das mais belas e dramáticas poesias românticas. Tudo nele era tão intenso e perfeito que Misha sentia que poderia admirá-lo ininterruptamente.

Jensen respirou fundo e decidiu que tomaria coragem para falar. Eles já tinham intimidade o suficiente para aquilo, até mesmo um encontro já tinha acontecido! Ele se sentiria mal se avançasse qualquer passo com Misha sem contar, não queria submetê-lo àquela experiência.
Isso se após ele contar, o moreno ainda quisesse mesmo ter algum tipo de contato. Ele se sentia impuro e não queria que Misha se sentisse daquele jeito também. O que estava pensando? Era ridículo esconder aquilo dele daquele jeito e e expondo-o a qualquer tipo de merda de consequência daquela parte de sua vida.

As mãos de Misha tocaram o seu rosto, levantando-o para mais um beijo.

-Não, Misha. -ele afastou o moreno.

-Ok. Tudo bem. -ele se afastou sem pestanejar. Céus, Jensen sentia com toda a certeza que não merecia aquele homem.

-Droga, porque você é tão perfeito?

-O quê?

-Porque você parou?

-Você disse pra parar.

-Foi. Desculpa, eu não estou acostumado com isso.

-Isso o quê?

-Carinho, gentileza... Olha Misha, antes de tudo... eu tenho que te contar algumas coisas.

-Estou aqui. -ele disse se sentando no chão em frente à Jensen, olhando para ele com aqueles olhos azuis que o acalmavam. Era maravilhoso como ele conseguia fazer aquilo, como se soubesse exatamente o tipo de olhar que os outros precisavam.

-Quando eu saí da casa de meus pais, eu... Tinha tudo planejado. Eu e o Dom iríamos fugir caso nossos pais não aceitassem o nosso relacionamento. Tínhamos pouco dinheiro, mas éramos ricos na ilusão de que com amor, tudo se ajeita. Meus pais disseram que não aceitariam um filho gay em casa. Ainda consigo lembrar de suas palavras, pois ficaram marcadas tanto em minha cabeça quanto em meu coração. -começou a chorar, mas não tinha vontade de se esforçar em parar. Não tinha vergonha de chorar por aquilo, era a sua realidade e ele já tinha aceitado.- Eles me trataram como seu fosse doente. Disseram que eu não podia manchar a família, que iriam me mandar para longe do Dom, que eu não tinha sido criado daquele jeito... Subi para o quarto, peguei a minha mochila que já estava pronta e pulei pela janela. No momento eu estava com tanta raiva que nem olhei para trás, mas eu devia ter olhado. Era a minha casa, passei ótimos momentos lá, afinal de contas.

Estava sendo mais forte do que imaginava que seria quando contasse aquilo para alguém.

-Fui até a casa de Dom e joguei algumas pedras na janela dele assim como tínhamos combinado. Ele não saiu. Eu esperei por algum tempo e quem saiu pela porta da frente foi o seu pai. Ele me disse para ir embora, que eu iria para o inferno sozinho, não iria levar o filho dele. Ele apontou uma arma pra mim. E eu amava tanto o seu filho que hesitei antes de sair correndo. Mas corri. Fiquei esperando o dia amanhecer perto da escola, e ele não foi à aula. Sua irmã me disse para ir embora, que ele tinha escolhido a família ao invés de mim. Eu saí da cidade, em direção à Califórnia, que era onde planejávamos ir, onde nossos sonhos se tornariam realidade. Mas não cheguei nem à metade do caminho. Foi quando eu conheci James.

Levantou os olhos até o teto, limpando as lágrimas com as costas das mãos.

-Mish, eu vou entender qualquer que seja a sua reação... Isso é tão estranho, tão nojento, sei que foi um erro fazer isso, mas eu não tive escolha.

-Jensen, eu...

-Não. Espera eu falar, por favor. Eu... -respirou fundo uma última vez antes de colocar tudo pra fora- Eu me prostituí. Por anos. Foi a única forma que eu tive de continuar vivendo, de ter um lugar pra ficar. Me desculpa se te decepcionei.

Misha simplesmente se levantou do chão e deu a Jensen o abraço que ele precisava. Ele se sentia leve por não esconder mais nada, e se sentia completo ao estar nos braços do outro. Finalmente se sentiu em paz.

 



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